Neurorradiologia: o que é, áreas de atuação, como funciona e formação do profissional

Por Dr. José Aldair Morsch, 24 de janeiro de 2024
Neurorradiologia: o que é, áreas de atuação e principais objetivos

A neurorradiologia é uma das especialidades médicas que mais avança no mundo, crescendo no ritmo das inovações em equipamentos e técnicas.

A aplicação desses conhecimentos no dia a dia das unidades de saúde trouxe muitos benefícios para os pacientes, que contam com novas possibilidades de diagnóstico e tratamento.

Mas a sua importância se estende também para gestores e profissionais de saúde, que utilizam equipamentos e técnicas modernas para qualificar a assistência.

Neste artigo, apresento a neurorradiologia diagnóstica e intervencionista, explico como atuar nessa área e de que forma a telemedicina acelera a entrega dos laudos de exames de imagem.

Acompanhe até o final para conhecer as melhores soluções em telediagnóstico.

O que é neurorradiologia?

Neurorradiologia é uma subespecialidade da radiologia médica que identifica e avalia anormalidades no sistema nervoso, cabeça e pescoço.

Como o próprio nome sugere, a área une conhecimentos em neurologia e radiologia para diagnosticar e tratar problemas nessas áreas do corpo.

Tumores na cabeça, aneurisma cerebral e acidente vascular cerebral (AVC) são algumas patologias registradas e tratadas por essa especialidade.

A neurorradiologia pode ser dividida em diagnóstica e intervencionista ou terapêutica.

Ambas utilizam exames e procedimentos minimamente invasivos no diagnóstico e tratamento de doenças da cabeça, pescoço e sistema nervoso, tanto central quanto periférico.

O sistema nervoso coordena as ações realizadas pelo corpo, conduzindo informações através das células nervosas.

Medula espinhal e encéfalo (formado pelo cérebro, cerebelo e tronco encefálico) constituem o sistema nervoso central.

Já o sistema nervoso periférico é composto por nervos que se originam no encéfalo (nervos cranianos) e na medula espinhal (nervos raquidianos).

Qual a origem da neurorradiologia?

A disciplina teve início com a realização das primeiras radiografias para estudo da anatomia craniana.

No entanto, o exame de raio X não se mostrou muito promissor para captar alterações no encéfalo, devido ao registro em duas dimensões e tons de cinza.

Tudo mudou em 1972, quando o sul-africano Allan Cormack e o britânico Godfrey Newbold Hounsfield construíram o primeiro tomógrafo no THORN EMI Central Research Laboratories, na Inglaterra.

Graças a um tubo que gira ao redor do paciente, o aparelho de tomografia é capaz de captar centenas de imagens em cortes transversais da área examinada.

Elas são combinadas por um computador, de modo a evidenciar detalhes da anatomia.

Naquele mesmo ano, a primeira tomografia com fins diagnósticos foi realizada, confirmando uma suspeita de tumor na cabeça.

As imagens desencadearam uma revolução na medicina mundial.

Desde então, a tomografia computadorizada tem auxiliado profissionais no diagnóstico de patologias em várias partes do corpo.

Mais tarde, a tecnologia da ressonância magnética também passou a ser aplicada para o estudo de alterações no sistema nervoso, cabeça e pescoço.

Aplicações da neurorradiologia

Criada a partir dos avanços da tecnologia na saúde, a neurorradiologia é útil em diversos contextos.

Veja detalhes sobre os principais abaixo.

Diagnóstico e tratamento de doenças do sistema nervoso

Tomografia, ressonância e outras técnicas de diagnóstico por imagem possibilitam detectar até pequenas alterações no cérebro, medula espinhal e nervos.

Lesões decorrentes de traumatismos, tumores malignos e benignos, aneurismas (trechos enfraquecidos nos vasos sanguíneos) e acidente vascular cerebral (AVC) estão entre as condições identificadas por meio da neurorradiologia.

Assim como doenças degenerativas que afetam as células do sistema nervoso, a exemplo da esclerose múltipla e Alzheimer.

Técnicas minimamente invasivas, como a angioplastia e a embolização,também são empregadas no tratamento de doenças neurológicas.

Monitoramento de patologias crônicas e tumores

Exames não invasivos permitem o acompanhamento de doenças crônicas e/ou degenerativas, fornecendo detalhes sobre sua evolução.

Oferecem ainda imagens de lesões no cérebro e medula espinhal, auxiliando na adaptação da abordagem terapêutica escolhida para obter resultados positivos.

Essas informações são essenciais não apenas para o sucesso do tratamento, mas também para aumentar a qualidade de vida do paciente.

Apoio a cirurgias

Panoramas ofertados pela neurorradiologia contribuem para reduzir a mortalidade e morbidade inerente a cirurgias da cabeça e pescoço.

Afinal, eles possibilitam o estudo aprofundado de cada caso e, por consequência, adequações relativas aos procedimentos invasivos.

Daí a colaboração entre neurocirurgiões e neurorradiologistas na rotina dos hospitais.

Origem da Neurorradiologia

Neurorradiologia se vale de procedimentos minimamente invasivos para o diagnóstico e tratamento de doenças

Áreas de atuação da neurorradiologia

Tanto a neurorradiologia diagnóstica quanto a intervencionista proporcionaram avanços significativos no campo da medicina.

Graças a elas, é possível examinar diferentes tecidos humanos sem precisar de cirurgia.

A tecnologia também permitiu o desenvolvimento de técnicas para avaliação e tratamento de doenças antes incuráveis, como aneurismas.

Seguindo a trajetória da radiologia em geral, a neurorradiologia começou atuando no campo diagnóstico e, aos poucos, se expandiu para a prática terapêutica.

Neurorradiologia diagnóstica

Essa área de atuação utiliza exames de alta tecnologia e sensibilidade para o diagnóstico de alterações no sistema nervoso, cabeça e pescoço.

Como mencionei acima, a neurorradiologia foi criada para fins diagnósticos, e vem sendo empregada desde a década de 1970.

Os principais testes neste campo são tomografias e ressonâncias magnéticas, que permitem o registro de imagens claras e de alta resolução.

A indicação de tomografia ou ressonância depende dos objetivos e recursos do paciente e unidade de saúde. Os dois exames oferecem vantagens e desvantagens.

O tomógrafo é mais barato, e o exame é realizado em menos tempo.

No entanto, utiliza radiação ionizante, que está relacionada a diversos tipos de câncer – embora tenha efeito cumulativo, e a TC não exponha o paciente a altas doses de raio X.

Já a ressonância magnética pode ser feita até por grávidas, pois não usa radiação ionizante, além de oferecer imagens em vários planos diferentes.

Mas esse exame é caro, mais demorado e não recomendado para pacientes claustrofóbicos, que precisarão ficar dentro do tubo do aparelho de ressonância.

Aplicada ao diagnóstico, a neurorradiologia pode ser utilizada para confirmação da hipótese diagnóstica, investigação ou registro da resposta ao tratamento de doenças.

As principais condições médicas que afetam a cabeça, pescoço e sistema nervoso podem ser detectadas graças a essa especialidade.

Equipamentos médicos utilizados na neurorradiologia

Ressonância magnética é um exame seguro e moderno, que pode ser feito até por grávidas

Neurorradiologia intervencionista

Também chamada de neurorradio terapêutica, essa especialidade utiliza tecnologia de ponta para tratar doenças e lesões na cabeça e pescoço.

Com o apoio de exames de raio X, ultrassonografia, tomografia e ressonância, a neurorradiologia intervencionista viabiliza a realização de procedimentos minimamente invasivos.

Cateteres, balões e stents são alguns itens de suporte a esses procedimentos.

A neurorradiologia terapêutica representa um grande avanço, pois reduz a necessidade de cirurgias em áreas delicadas do corpo, diminuindo riscos e também o tempo de recuperação do paciente.

Assim como na radiologia intervencionista, grande parte das práticas são técnicas para o tratamento de doenças vasculares.

Os resultados obtidos com esse tipo de tratamento costumam ser melhores quando comparados aos das cirurgias convencionais.

Afinal, as cirurgias envolvem riscos de infecção, complicações devido ao uso de anestesia, são dolorosas e demoradas.

Já a maioria dos procedimentos menos invasivos não precisam de anestesia ou internação.

Como funciona a neurorradiologia intervencionista?

As arteriografias ou angiografias e coletas venosas seletivas são alguns exames diagnósticos realizados na neurorradiologia intervencionista.

Coletas venosas seletivas podem ser direcionadas a hormônios ou veias localizadas em regiões específicas do crânio.

Em geral, são feitas através de cateterismo – inserção de um tubo fino, flexível e de pequeno calibre (cateter) na veia.

Já a arteriografia usa um cateter e contraste para mostrar a parede de artérias.

O procedimento revela problemas como malformações e embolias – um tipo de obstrução nos vasos sanguíneos, provocada por um êmbolo (corpo estranho) que é deslocado pela corrente sanguínea.

A arteriografia pode ser tanto eletiva quanto de urgência, dependendo da suspeita clínica.

Durante o teste, o cateter é introduzido em uma artéria e conduzido, com a ajuda das imagens geradas por fluoroscopia, até o local a ser examinado.

Por meio de raios X, a fluoroscopia fornece imagens dinâmicas, em tempo real, de partes internas do organismo, que podem ser visualizadas em um monitor.

Quando o cateter está posicionado no lugar desejado, o médico injeta contraste na artéria do paciente, a fim de obter imagens claras dos vasos sanguíneos.

Por fim, são feitos filmes com as imagens mostradas, permitindo o estudo da circulação do sangue.

Além da angiografia convencional, existem versões que empregam tecnologias mais modernas, como a angiotomografia e a angiorressonância.

Quais são as principais doenças tratadas pelo neurorradiologista intervencionista?

A partir da neurorradiologia, uma série de doenças pode ser diagnosticada e tratada

Quais são as principais doenças tratadas pelo neurorradiologista intervencionista?

Vimos acima que algumas doenças do sistema nervoso, cabeça e pescoço podem ser tratadas a partir de procedimentos pouco invasivos.

Acidente vascular cerebral (AVC), estenose dos vasos pré-cerebrais, malformações e fístulas arteriovenosas medulares e cerebrais são as principais patologias tratadas.

Acidente vascular cerebral (AVC)

O AVC é causado pela interrupção da circulação sanguínea no cérebro, provocada por trombos (corpos estranhos que se deslocam até os vasos sanguíneos na região).

Atualmente, existem procedimentos conduzidos pelo neurorradiologista intervencionista para combater o AVC.

Chamados de trombólise intra-arterial, eles são capazes de dissolver ou retirar o trombo, liberando a circulação do sangue e reduzindo os danos ao cérebro.

Outro procedimento dessa disciplina, a angioplastia, é usado para tratar estenose dos vasos pré-cerebrais (artérias carótidas e vertebrais).

Estenose dos vasos pré-cerebrais (carótidas e vertebrais)

Estenose é o estreitamento anormal dos vasos sanguíneos, causado por obstruções conhecidas como aterosclerose.

Essa condição consiste no desgaste da parede das artérias com depósito de gordura que, aos poucos, vai reduzindo o espaço para a passagem do sangue.

Feita com um cateter balão, a angioplastia serve para desobstruir as artérias.

Após esse procedimento, é implantada uma prótese (stent) para manter os vasos sanguíneos abertos.

Malformações e fístulas arteriovenosas medulares e cerebrais

Malformações e fístulas nas artérias ou veias medulares e cerebrais também podem ser tratadas com um procedimento pouco invasivo: a embolização.

A embolização consiste no preenchimento de espaços nos vasos sanguíneos.

No caso de um aneurisma, por exemplo, essa técnica pode impedir que ele se rompa, preenchendo seu interior e colaborando para a circulação normal do sangue.

A embolização também é útil no combate a tumores benignos e câncer, pois proporciona a interrupção no fornecimento de sangue necessário para que o tumor se mantenha e cresça.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Radiologia Intervencionista e Cirurgia Endovascular, pacientes com grandes tumores no fígado, rins, pulmões ou ossos podem se beneficiar desse tratamento.

Formação do neurorradiologista

A formação em neurorradiologia requer esforço e dedicação durante cerca de 11 anos.

Primeiro, é preciso ingressar na Faculdade de Medicina para estudar temas como anatomia, farmacologia, bioquímica, física etc.

A graduação se estende por seis anos, com aulas teóricas e práticas, incluindo um estágio em regime de internato.

Uma vez aprovado, o profissional obtém registro no Conselho Regional de Medicina (CRM) de sua região, podendo atuar como clínico geral.

Em seguida, o médico deve cursar uma residência ou especialização em Radiologia e Diagnóstico por Imagem, Neurocirurgia ou Neurologia.

Se for aprovado no programa de residência, já sairá titulado, enquanto a especialização médica exige a realização do exame de suficiência da entidade médica responsável, vinculada à Associação Médica Brasileira (AMB).

Só então o candidato poderá participar do exame de suficiência para obtenção do Certificado de Área de Atuação em Neurorradiologia, coordenado pelo CBR (Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem).

Área de atuação da Neurorradiologia

Especialista tem formação em Radiologia e Diagnóstico por Imagem, Neurocirurgia ou Neurologia

Telemedicina Morsch na emissão de laudo a distância na radiologia

Por tratarem de áreas complexas e fundamentais para a saúde de qualquer pessoa, os exames em neurorradiologia exigem conhecimento e zelo na interpretação.

Assim, apenas neurorradiologistas são capacitados para laudar esses exames com qualidade.

O problema é que, muitas vezes, esses especialistas não estão disponíveis, principalmente longe dos grandes centros urbanos.

Nesse cenário, a telemedicina se apresenta como uma solução interessante, pois oferece laudos a distância emitidos por radiologistas para qualquer parte do Brasil.

Contratando os serviços da Telemedicina Morsch, unidades de saúde podem oferecer resultados de forma ágil e segura.

Após a realização de radiografias, tomografias ou ressonâncias magnéticas, os dados são compartilhados através do PACS (Picture Archiving and Communication System).

Assim, ficam armazenados na plataforma de medicina (na nuvem) e podem ser acessados pelo radiologista em poucos minutos, por meio de login e senha.

Considerando o histórico do paciente e suspeita clínica, o especialista avalia as imagens do exame e registra suas conclusões no laudo médico.

Em seguida, finaliza o documento com sua assinatura digital e o disponibiliza para a clínica ou hospital.

Os laudos a distância podem ser emitidos em apenas 30 minutos, possibilitando a escolha e início do melhor tratamento.

Tudo isso com toda a confiabilidade e segurança de uma plataforma que obedece às exigências de entidades como o Ministério da Saúde e o Conselho Federal de Medicina (CFM).

Conclusão

Neste artigo, apresentei conceitos e áreas de atuação da neurorradiologia.

Deixei clara a necessidade de contar com especialistas qualificados para laudar os exames dessa especialidade, tão complexa quanto importante na atenção à saúde.

Permita que a Telemedicina Morsch apoie sua clínica na emissão de laudos online de forma rápida e segura.

O processo é simples, e o investimento cabe no seu orçamento.

Entre em contato para conhecer as melhores formas de parceria.

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Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin