Pneumotórax no raio X: veja como diagnosticar a condição

Por Dr. José Aldair Morsch, 2 de fevereiro de 2023
Pneumotorax raio x

Identificar o pneumotórax no raio X é uma tarefa corriqueira nos serviços de emergência e urgência.

O diagnóstico parte de manifestações clínicas como dispneia e dor torácica aguda, utilizando radiografia para a confirmação do quadro.

As informações disponibilizadas pelo raio X de tórax tem grande relevância até para determinar o tamanho do pneumotórax e definir o tratamento ideal.

No entanto, a baixa sensibilidade do exame exige alta capacidade analítica e conhecimento sobre a anatomia das estruturas torácicas, a fim de que pequenas alterações sejam percebidas.

Falo mais sobre elas nas próximas linhas, além de boas práticas para laudar o raio X e benefícios dos resultados emitidos via telemedicina.

Como identificar pneumotórax no raio X?

A combinação entre sintomas sugestivos e raio X do tórax é capaz de confirmar ou afastar a suspeita de pneumotórax.

Em especial quando existe história de eventos e/ou doenças capazes de provocar essa condição, a exemplo de:

  • Trauma torácico ou lesão penetrante
  • Tabagismo
  • Doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC)
  • Asma
  • Tuberculose
  • Reanimação cardiopulmonar (RCP), aspiração transtorácica com agulha e outros procedimentos médicos invasivos.

Para compreendermos melhor como acontece o diagnóstico de pneumotórax a partir do exame de raio X, vamos entender mais sobre essa condição.

O que é pneumotórax?

Pneumotórax é um quadro caracterizado pela entrada de ar na cavidade pleural, localizada entre os pulmões e a caixa torácica.

A presença de ar entre as duas camadas da pleura (membrana que envolve pulmões e parte interna da parede do tórax) eleva a pressão local, desencadeando colapso pulmonar.

Existem diferentes tipos de pneumotórax, classificados de acordo com a causa e complicações.

O mais grave é o tipo hipertensivo, que ocorre quando o ar entra progressivamente na cavidade pleural e fica retido na membrana.

Aos poucos, aumenta a pressão sobre os órgãos e vasos sanguíneos do tórax, podendo desencadear choque se não houver socorro rápido.

Há também o pneumotórax espontâneo, que pode ser primário ou secundário.

O tipo primário é mais raro, acometendo geralmente pessoas jovens e fumantes ou que tenham bolhas subpleurais devido a fatores hereditários.

Essas bolhas se rompem, permitindo a passagem de ar dos pulmões para a cavidade pleural.

O pneumotórax espontâneo secundário costuma ser mais grave, resultando de patologias pulmonares como DPOC, fibrose cística e certos tipos de pneumonia.

O acúmulo de ar na cavidade pleural ainda pode ser consequência de trauma (tipo traumático) ou procedimentos de saúde invasivos (pneumotórax iatrogênico).

O raio X pode identificar o pneumotórax?

Sim, o raio X torácico é capaz de identificar o pneumotórax, principalmente nos casos em que há volumes maiores de ar na cavidade pleural.

Normalmente, o exame é feito em posição ortostática e durante a inspiração para evidenciar o quadro.

Simples, indolor e não invasiva, a radiografia torácica oferece imagens internas do arcabouço ósseo, pulmões, mediastino, linhas ou bordas cardíacas e vasos sanguíneos.

Suas principais vantagens estão na rapidez para aquisição dos registros e possibilidade de ser feita mesmo em pacientes acamados.

A técnica empregada é a emissão de radiação ionizante, que ultrapassa os tecidos e é absorvida em parte por eles.

Partes densas aparecem claras nas imagens radiográficas, a exemplo dos ossos, enquanto as de menor densidade são retratadas em tons de cinza ou mesmo em preto, como o ar.

Assim, dá para diferenciar contornos dos pulmões e a presença de ar fora desses órgãos.

Quais os sinais de pneumotórax no raio X?

Conforme estudo publicado no Jornal Brasileiro de Pneumologia,

“A radiografia simples do tórax geralmente confirma o diagnóstico através da presença de faixa de ar entre a parede torácica e/ou diafragma e a pleura visceral. A radiografia com incidência lateral é útil em algumas situações, podendo ser complementada pela radiografia obtida durante expiração forçada, que pode evidenciar pequenos volumes de ar no espaço pleural, não visualizados na radiografia convencional”.

Devido à sua menor densidade, a faixa de ar aparece mais escura que os pulmões.

Nesse cenário, também não é possível observar a área periférica dos vasos sanguíneos do pulmão afetado.

Pneumotorax radiografia

As imagens do raio x do pulmão oferecem um retrato em duas dimensões de estruturas tridimensionais

Como laudar um raio X de pulmão?

A interpretação e laudo do raio X de tórax são reservados a radiologistas especializados na área deste exame, como determina o Conselho Federal de Medicina.

Afinal, as imagens oferecem um retrato em duas dimensões de estruturas tridimensionais, com uma série de sobreposições que podem confundir médicos inexperientes ou de outras especialidades.

A qualidade das imagens é outro fator por trás da baixa sensibilidade do raio X, uma vez que registros da tomografia ou ressonância magnética têm maior nitidez e resolução espacial.

Outros pontos de atenção que devem guiar o radiologista na elaboração do laudo são:

  • Movimento inspiratório: quando é feito corretamente, espera-se que a imagem apresente de 6 a 7 costelas anteriores ou de 9 a 10 posteriores
  • Características das estruturas conforme o ponto de vista, ou seja, a incidência radiológica
  • Diferenças entre o pulmão esquerdo e o direito
  • Penetração adequada para o exame: é atestada quando há boa visualização das linhas dos corpos vertebrais atrás do coração
  • Possibilidade de rotação durante o exame, que pode ser descartada ao verificar que a distância entre a porção medial da clavícula e o processo espinhoso são iguais bilateralmente.

Na sequência, falo sobre as contribuições da telemedicina para o diagnóstico médico.

Telemedicina agiliza o diagnóstico de pneumotórax com raio X

A alta demanda por radiografias pode sobrecarregar os radiologistas locais, pois a interpretação do exame pede dedicação exclusiva.

O cenário fica ainda mais complicado para pequenas clínicas em locais distantes dos centros urbanos, onde há carência de especialistas e até de médicos generalistas.

De olho nessas barreiras, empresas de telemedicina criaram a opção de laudo eletrônico para o raio X.

Basta que a unidade de saúde tenha um dispositivo com conexão à internet para se beneficiar do telediagnóstico, disponível 24 horas por dia, sete dias por semana.

O médico ou técnico em radiologia faz o exame normalmente e, em seguida, usa seu login e senha para acessar a plataforma de Telemedicina Morsch.

Ele compartilha as imagens no sistema, permitindo que um radiologista online inicie sua avaliação.

O especialista compõe e insere sua assinatura digital no laudo médico, garantindo a autenticidade.

Assim, o documento é liberado em minutos na plataforma.

Veja mais detalhes nesta página e leve essa inovação para sua clínica!

Conclusão

Agora que você sabe reconhecer o pneumotórax no raio X, a rotina no pronto-socorro vai ficar mais simples.

Não se esqueça de treinar com frequência para identificar diferentes tipos de emergências médicas.

E siga acompanhando as novidades do blog sobre tecnologia e saúde.

Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin