Para que servem e quais os tipos de exames contrastados

Por Dr. José Aldair Morsch, 28 de novembro de 2018
Exames contrastados: para que serve, tipos de contrastes e riscos

A realização de exames contrastados ainda desperta muitas dúvidas – e não apenas entre os pacientes, mas também quanto a profissionais de saúde.

Isso acontece muito em razão da existência de vários meios de contraste, cada um com suas indicações e riscos.

É inegável, contudo, a importância dos exames contrastados para um diagnóstico de qualidade usando métodos por imagem.

Por isso, reuni neste artigo as principais informações sobre o uso dessas substâncias, sua função e recomendações médicas.

Você vai conferir o que são e os tipos de exames contrastados, meios de administração, contraindicações e riscos envolvidos.

Também apresento ideias para otimizar a emissão de laudos dos exames com contraste a partir da telemedicina.

O que são exames contrastados?

Exames contrastados são testes radiológicos que utilizam meios de contraste para evidenciar determinadas partes anatômicas.

Radiografias, tomografias e exames de ressonância magnética são exemplos de procedimentos radiológicos que podem utilizar meios de contraste.

Essas são substâncias químicas capazes de realçar tecidos que, normalmente, não apareceriam com nitidez em uma imagem radiológica.

Em geral, o contraste altera a capacidade de absorção da radiação ionizante dos tecidos durante o procedimento diagnóstico.

A maior parte dos exames contrastados é realizada na região abdominal, a fim de mostrar órgãos e outras partes dos sistemas digestivo, reprodutor e urinário.

História dos exames contrastados

O estudo de possíveis meios de contraste começou apenas um ano após a descoberta do raio X, que rendeu um Prêmio Nobel de Física ao alemão Wilhelm Conrad Roentgen, em 1901.

Em 1895, o físico compartilhou sua descoberta no artigo “Sobre uma nova espécie de Raios”.

Naquele mesmo ano, Roentgen fez a primeira radiografia, que durou cerca de 15 minutos e mostrou a mão esquerda de sua esposa.

A possibilidade de visualizar partes internas do corpo humano sem recorrer à cirurgia exploratória causou grande impacto na medicina mundial.

Mas, logo, cientistas e médicos perceberam que havia limitações nas imagens radiográficas, principalmente por causa da sobreposição e diferenças na densidade dos tecidos.

Se a ideia era observar os ossos, por exemplo, as imagens eram mais nítidas; o mesmo não valia para os órgãos e vasos sanguíneos.

Assim, um ano depois da publicação do artigo de Roentgen, foi feito o primeiro teste utilizando o realce do contraste.

Era um raio X que mostrou o estômago e intestino de um porco, realizado com os órgãos cheios de subacetato de chumbo.

Em 1897, um estudo pioneiro sobre a radiopacidade de agentes de contraste foi publicado.

O material resultou da comparação de substâncias como iodeto de potássio e subnitrato de bismuto.

Adicionando subnitrato de bismuto, foi criado um alimento que permitia a observação do processo digestivo, tanto a fisiologia quanto a atividade dos órgãos envolvidos.

Em 1918, o primeiro contraste iodado, com iodeto de sódio, foi administrado por via intravenosa.

Agentes de contraste continuaram sendo testados, desde o ferro até um pó explosivo chamado tântalo.

Até que, em 1960, três compostos passaram a ser usados em conjunto: ácido metrizóico, triiodado e metal acetamido benzóico.

Mais tarde, eles integrariam o chamado contraste iodado padrão.

Importância dos exames contrastados na radiologia

Como citei acima, as imagens radiográficas têm limitações que impactam no estudo de alguns tecidos.

As partes mais opacas, como ossos, aparecem de forma clara, enquanto rins, estômago, vasos sanguíneos e outros tecidos são de difícil visualização.

Isso ocorre porque as áreas do corpo preenchidas por fluidos possuem densidade semelhante em toda a estrutura anatômica.

E as imagens radiográficas são formadas de acordo com a densidade.

Os ossos são mais densos e, portanto, absorvem mais radiação e aparecem em tons claros.

Já órgãos e partes moles absorvem menos radiação, aparecendo escuros em registros de exames não contrastados.

Por isso, se não houvesse contraste, não seria possível examinar diversos órgãos e vasos sanguíneos, prejudicando um diagnóstico confiável.

No caso das veias e artérias, por exemplo, o contraste possibilita a verificação de sua anatomia e do caminho percorrido pelo sangue, identificando obstruções e outros problemas.

Tipos de contrastes

Os meios de contraste podem ser classificados a partir de propriedades como a capacidade de absorção e composição química.

Agentes de contraste radiopacos ou positivos aumentam a capacidade de absorção de radiação ionizante.

Já os radiotransparentes ou negativos diminuem essa capacidade.

O bário é um meio de contraste positivo, enquanto o ar é negativo.

Classificando as substâncias por composição química, existem os contrastes iodados, que contém iodo em sua composição, e os não iodados.

Bário e gadolínio são os principais exemplos de meios de contraste não iodados.

Contraste iodado

Administrado por via oral ou intravenosa, pode ser utilizado para realçar diversos órgãos do aparelho digestivo, urinário, vasos sanguíneos em qualquer parte do corpo e útero.

O contraste iodado se apresenta em compostos iônicos ou não iônicos.

Os compostos iônicos têm alta concentração do contraste, podendo levar a reações adversas que detalharei nos próximos tópicos.

Já os compostos não iônicos têm concentração de contraste menor que a do sangue, e raramente provocam alguma reação adversa.

Sulfato de bário

Indicado para estruturas do trato digestivo, não costuma provocar reações adversas.

Pode ser administrado via oral ou retal e, inclusive, junto a outro meio de contraste (negativo), como o ar.

Gadolínio

É a substância utilizada em exames contrastados de ressonância magnética.

O elemento não costuma provocar reações, além de ser útil na identificação de males como tumores e infecções.

Quais são os exames contrastados?

Quais são os exames contrastados?

Médica interpretando uma TC no computador

Os principais exames que utilizam meios de contraste são realizados na área abdominal, que reúne muitos órgãos e vasos sanguíneos sobrepostos.

Eles envolvem tomografias computadorizadas e ressonâncias magnéticas dessa área.

Tomografia é um teste que usa radiação ionizante e um tubo giratório para colher imagens internas transversais do organismo.

Já a ressonância usa um campo magnético para fornecer imagens extremamente precisas de estruturas anatômicas.

Além dos testes no sistema digestório, urinário e reprodutor, os agentes de contraste são usados em procedimentos que servem para regiões variadas, como angiografia e cintilografia, incluindo todo o sistema cardiovascular.

Angiografia é um procedimento que permite a observação da anatomia interna de veias e artérias.

Na cintilografia, radiofármacos são absorvidos pelos órgãos, emitindo radiação que é captada pelo equipamento usado no exame. O nome completo do exame é cintilografia miocárdica de repouso e pós-dipiridamol ou pós-esforço.

A seguir, conheça outros testes, de acordo com o sistema estudado.

Exames contrastados do sistema urinário

Formado pelos rins, ureteres, bexiga e uretra, o aparelho filtra o sangue, eliminando impurezas na forma de urina.

Urografia excretora e uretrocistografia são alguns procedimentos realizados com o auxílio do contraste.

A urografia excretora é comum, sendo solicitada para avaliação geral do sistema urinário, em casos como litíase ou pedra nos rins.

Nesse exame, contraste iodado é administrado por via intravenosa, e são feitas radiografias do abdômen.

Uretrocistografia é o exame que usa contraste iodado e raios X para estudar especificamente a uretra e a bexiga.

Exames contrastados do sistema digestório

O sistema digestório compreende o trajeto dos alimentos ao serem digeridos, ou seja, desde a boca até o reto.

Alguns testes que usam meios de contraste são enema opaco, seriografia e trânsito intestinal.

Intestino grosso e reto são objetos de estudo do enema opaco, que usa, normalmente, sulfato de bário e raio X para auxiliar no diagnóstico de problemas como pólipos.

Esse exame pode ser realizado com um ou dois agentes de contraste; o duplo contraste costuma incluir ar, além do sulfato de bário.

Seriografia de esôfago, estômago e duodeno (SEED) é uma série de raios X para avaliar o trato gastrointestinal alto (TGI – esôfago, estômago e duodeno).

O teste de trânsito intestinal mostra a forma e funcionamento da área do intestino delgado, através de radiografia e contraste.

Exame contrastado do sistema reprodutor feminino

Útero e trompas são avaliados durante o exame de histerossalpingografia, que envolve a administração de contraste iodado pela vagina.

Esse teste costuma ser indicado para investigar a infertilidade e anomalias no sistema reprodutor feminino.

Vias de Administração dos meios de contraste

Vias de Administração dos meios de contraste

Vias de Administração dos meios de contraste

Ao longo deste texto, mencionei algumas formas de administração dos meios de contraste.

Elas dependem do tipo de contraste utilizado e da recomendação médica.

A seguir, conheça as vias para administração de contraste:

  • Oral: se refere à ingestão da substância pelo paciente, que pode ocorrer antes, ou em determinados momentos do exame
  • Parental: também chamada de intravenosa, ocorre quando o contraste é injetado nos vasos sanguíneos
  • Endocavitária: quando o agente é administrado por orifícios naturais, como reto e vagina
  • Intracavitária: o contraste é inserido através da parede da cavidade que será examinada.

Contraindicações para exames contrastados

Dependendo do tipo de contraste que será usado, existem algumas contraindicações, especialmente para o contraste iodado.

Uma das principais, nesse caso, é para diabéticos que usam medicamentos com cloridrato de metformina.

Associada ao iodo, essa substância pode levar ao desenvolvimento de insuficiência renal aguda.

Algumas pessoas têm alergia ao iodo, o que pode ocasionar outros riscos (falo mais sobre eles no tópico abaixo).

Pacientes com hipertireoidismo manifesto e insuficiência renal não devem ingerir compostos iodados.

Outra contraindicação vale para procedimentos com sulfato de bário, pois a substância é insolúvel, ou seja, não se dissolve, nem é absorvida pelo corpo.

Portanto, está contraindicado quando há suspeita de perfuração das vísceras, para que o composto não escape para fora do aparelho digestório.

Se o paciente estiver desidratado, em fase pré-operatória ou sofrer obstruções nos órgãos, o uso do contraste pode piorar o quadro.

Principais riscos dos exames com contraste

Os riscos também dependem do tipo de contraste utilizado.

No caso do sulfato de bário, reações alérgicas são muito raras.

O principal perigo ocorre quando o composto escapa por uma perfuração durante o exame, podendo provocar males como a peritonite aguda.

Essa é a inflamação da membrana que reveste as paredes do abdômen, o peritônio.

Meios de contraste iodados em solução hipertônica (tipo iônico) são reconhecidos por reações adversas, que podem ser leves, moderadas ou graves.

Enquanto essa substância é administrada por via intravenosa, o paciente pode sentir calor, gosto metálico e náuseas, que devem terminar assim que acaba a infusão.

Conheça outras reações, que podem ocorrer durante ou depois do exame:

  • Urticária (irritação na pele)
  • Edema (inchaço) nas pálpebras e face
  • Náuseas, vômito e diarreia
  • Tontura
  • Dor de cabeça
  • Aumento na pressão arterial
  • Convulsões
  • Falta de ar
  • Tosse, pigarro, rouquidão
  • Edema de glote
  • Arritmias (alterações na frequência cardíaca)
  • Insuficiência renal – perda súbita da capacidade dos rins de filtrar o sangue
  • Parada cardíaca, quando o coração para, ou bate num ritmo insuficiente para bombear o sangue.

Devido ao risco de eventos graves, como a parada cardíaca, exames contrastados só devem ser feitos se houver estrutura para atendimento de urgências.

Telemedicina na emissão de laudos a distância na radiologia

Telemedicina na emissão de laudos a distância na radiologia

Por sua complexidade, exames contrastados precisam ser laudados por profissionais experientes e com conhecimento sobre os meios de contraste.

Essa não é apenas uma questão de qualidade, mas também de atendimento às exigências de entidades como o Conselho Federal de Medicina (CFM).

No entanto, contratar especialistas suficientes para realizar e laudar todos os exames contrastados pode sair caro.

Mesmo quando há orçamento para isso, clínicas e hospitais enfrentam a carência de médicos especialistas fora dos grandes centros urbanos.

Para solucionar o problema, unidades de saúde podem reforçar a equipe com serviços de laudos à distância.

A telerradiologia, especialidade que une a telemedicina e exames radiológicos, funciona de maneira simples e ágil.

Primeiro, os testes são realizados por profissionais capacitados, com o auxílio de equipamentos digitais.

As imagens são enviadas a um software específico, armazenadas e compartilhadas via plataforma de telemedicina.

Em seguida, especialistas dedicados à interpretação de exames analisam as imagens, suspeita clínica e informações como o histórico do paciente.

Eles registram suas ideias e conclusões no laudo médico, que fica disponível online.

Todo esse processo leva menos de uma hora quando o diagnóstico é urgente.

Além da agilidade, a telemedicina confere segurança para as imagens registradas, a partir do armazenamento de dados em nuvem.

Em caso de dúvidas, a equipe das unidades de saúde também pode solicitar uma segunda opinião junto aos especialistas da empresa de telemedicina.

Conclusão

Exames contrastados: para que serve, tipos de contrastes e riscos

Neste artigo, você conferiu informações sobre tipos e indicações para exames contrastados.

Ao avançar sobre o assunto, fica claro que tais procedimentos devem ser realizados por médicos, mas que há vantagens nos laudos à distância.

Permita que a tecnologia eleve o rol de exames oferecidos por sua unidade de saúde.

E conte com a Telemedicina Morsch para garantir laudos com agilidade e confiabilidade.

Entre em contato para saber mais e garanta o seu teste grátis.

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Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin