Doenças do sistema nervoso: conheça as principais, sintomas e tratamento

Por Dr. José Aldair Morsch, 26 de setembro de 2022
Doenças do sistema nervoso

Você sabia que existem centenas de doenças do sistema nervoso?

A grande quantidade indica a importância e complexidade desse sistema, responsável por comandar cada função corporal.

As desordens que afetam as estruturas nervosas provocam patologias que comprometem a qualidade de vida do paciente, em maior ou menor intensidade.

Epilepsia, Alzheimer e esclerose múltipla estão entre as mais conhecidas.

Neste artigo, vou falar sobre essas e outras doenças do sistema nervoso, suas causas, sintomas e medidas preventivas.

Você ainda vai conferir um bônus com soluções de telemedicina para qualificar o diagnóstico desses distúrbios, viabilizando a detecção e tratamento precoce.

Siga acompanhando este conteúdo até o final!

O que são doenças do sistema nervoso?

Doenças do sistema nervoso são aquelas que atacam cérebro, medula espinhal, nervos e terminações nervosas.

Sua manifestação clínica se dá através de sintomas capazes de prejudicar desde funções básicas, como reações motoras, até as complexas, a exemplo das capacidades cognitivas.

Isso porque o sistema nervoso está presente em todo o organismo, elaborando e transmitindo comandos para que os demais sistemas cumpram seu papel.

Ele é dividido em sistema nervoso central (SNC) e periférico (SNP).

O SNC é composto por cérebro e medula espinhal, com a responsabilidade de construir pensamentos, armazenar a memória, receber e gerar sensações em resposta a estímulos.

Já o SNP é formado pelos nervos e terminações nervosas, que se espalham pelo corpo para transmitir os estímulos enviados pelo SNC.

Para se ter uma ideia do número de nervos, há 31 pares deles apenas ligando a medula espinhal ao restante do organismo.

Todo esse aparato pode sofrer com traumas, infecções, anomalias congênitas, destruição progressiva das células, alterações nas atividades neuronais e sensoriais, entre outros problemas.

Conforme o tecido afetado, os distúrbios têm o potencial de provocar mudanças na consciência, capacidades mentais, coordenação motora, sentidos e padrões de sono.

Quais são as principais doenças do sistema nervoso?

Como adiantei na abertura do texto, há centenas de doenças do sistema nervoso.

Tanto que elas estão divididas em grupos para facilitar sua localização em ferramentas como a Classificação Internacional de Doenças (CID) da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Patologias inflamatórias, degenerativas e transtornos dos movimentos são exemplos de grupos de distúrbios do sistema nervoso.

A seguir, discorro sobre os principais.

Doenças degenerativas do sistema nervoso

Como o nome sugere, as patologias degenerativas são provocadas pela morte de células nervosas.

Células como os neurônios não são repostas, o que leva a um efeito progressivo e irreversível, deixando o paciente cada vez mais debilitado.

Geralmente, as doenças degenerativas têm avanço lento e maior incidência em idosos.

Alguns exemplos são:

  • Parkinson: desencadeada pela perda irreparável de neurônios presentes numa área cerebral chamada substância negra, a doença é caracterizada pela queda na produção de dopamina, tremores e rigidez nas articulações. Segundo estimativa da OMS, 1% da população com mais de 65 anos sofre com Parkinson
  • Alzheimer: transtorno que afeta cerca de 35,6 milhões de pessoas no mundo, é a maior causa de demência, ou seja, perda da capacidade cognitiva. Memória, orientação, atenção e linguagem ficam prejudicadas, começando pela perda de memória recente e desorientação no tempo e espaço
  • Esclerose lateral amiotrófica (ELA): inicialmente, afeta um dos lados do corpo, diminuindo o equilíbrio e levando à atrofia muscular. Seu avanço impacta a capacidade motora geral do doente
  • Esclerose múltipla: outra doença comum, a EM atinge 2,8 milhões de indivíduos em todo o planeta. Esse distúrbio é autoimune, fruto de descontrole nas células de defesa do corpo, que passam a combater e danificar a mielina (isolante para os nervos). Fadiga, transtornos visuais e espasmos estão entre os sintomas.

Na sequência, falo sobre as doenças do SNP.

Doenças do sistema nervoso periférico

São transtornos que acometem células nervosas do SNP, prejudicando especialmente as funções motora, sensitiva e autonômica (que controla órgãos internos de forma autônoma).

Conheça alguns deles:

  • Mononeuropatia: descreve a lesão de um único nervo periférico, causada por eventos como trauma, infecção e atritos
  • Polineuropatia: refere-se a danos que se estendem a diversos nervos periféricos. Geralmente, é desencadeada por complicações do diabetes, infecções ou intoxicação
  • Síndrome de Guillain-Barré: distúrbio autoimune que provoca redução nos reflexos e fraqueza muscular.

Ainda quanto a doenças que atingem o SNP, há as condições desmielinizantes.

Doenças desmielinizantes do sistema nervoso periférico

Patologias desmielinizantes têm origem em ataques à mielina, camada gordurosa responsável por envolver as células nervosas.

Danos à mielina podem ser observados tanto no sistema nervoso central quanto no periférico.

Inclusive, a esclerose múltipla é o principal transtorno desmielinizante do SNC.

Geralmente, há reflexos para SNC e SNP, de forma simultânea.

Confira exemplos desses distúrbios:

  • Polineuropatia desmielinizante inflamatória crônica (PDIC): doença crônica caracterizada por períodos de fraqueza muscular intensa que permanecem por mais de dois meses
  • Transtorno do espectro de neuromielite óptica: doença autoimune que afeta especialmente o nervo óptico e a medula espinhal, causando problemas na visão e controle dos movimentos.

Como você pode ver, a lista de doenças do sistema nervoso é extensa – e ainda não acabou.

Doenças nervosas periféricas

As doenças do sistema nervoso classificadas como degenerativas têm avanço lento e maior incidência em idosos

Doenças do sistema nervoso autônomo

Descrevem as patologias que impactam o funcionamento do sistema nervoso autônomo, que realiza as funções independentes de comandos conscientes ou vontade.

O prejuízo ao paciente depende do órgão afetado, pois as funções autônomas são diversas.

Esse grupo de doenças engloba:

  • Síndrome de Horner: desencadeada pelo rompimento das fibras nervosas que fazem a conexão entre cérebro e um dos olhos, a síndrome se manifesta por ptose (“pálpebra caída”) e miose (pupila contraída)
  • Neuropatia hereditária: distúrbio autossômico do sistema nervoso autônomo e periférico presente desde o nascimento (congênito), que provoca sinais como hipotensão ortostática, problemas na regulação da temperatura e pupilas dilatadas.

A seguir, destaco as doenças do sistema nervoso de característica infecciosa.

Doenças infecciosas do sistema nervoso

São provocadas por agentes biológicos como vermes, vírus, protozoários, fungos e bactérias.

Ao se alojarem nas estruturas do sistema nervoso, eles iniciam quadros inflamatórios de maior ou menor gravidade, dependendo da região afetada.

Lembrando que as doenças bacterianas do sistema nervoso costumam desencadear formas mais graves, por vezes, ameaçando a vida do paciente.

Veja exemplos dessas patologias:

  • Meningite: descreve a inflamação das membranas que envolvem cérebro e medula espinhal (meninges). Na maioria das vezes, é viral ou bacteriana
  • Encefalite: é a inflamação do encéfalo, capaz de gerar edema (inchaço), convulsões e síncope
  • Neurocisticercose: surge pela infecção após contato do verme Taenia solium com o cérebro, ingerido junto a alimentos contaminados
  • Abscessos cerebrais: são como bolsas contendo células mortas e pus. Também provocam edema cerebral, podendo surgir a partir de infecções em outras partes da cabeça ou do corpo, ou pela entrada de bactérias após lesões na região.

Agora, é a vez de conhecermos os transtornos convulsivos.

Transtornos convulsivos

São provocados por descargas elétricas anormais no cérebro, que atingem diferentes áreas e têm o potencial de impactar movimentos, sentidos e consciência.

Autoridades de saúde como a Liga Internacional Contra a Epilepsia (ILAE) reconhecem 27 tipos de crises epilépticas, nem todas relacionadas ao diagnóstico de epilepsia.

Entre as crises mais comuns estão:

  • Crise generalizada tônico-clônica: afeta mais de uma região cerebral, levando a vítima a sofrer quedas, rigidez nos membros, movimentos bruscos, salivação e emissão de gemidos. Pode durar alguns minutos e sempre inclui perda da consciência
  • Crise generalizada de ausência: caracterizada pela súbita interrupção de uma atividade, dando a impressão de que o doente está “fora do ar”, sem se mover ou responder a estímulos externos. Geralmente, a vítima não se lembra do tempo que permaneceu ausente
  • Crise focal atônica: concentra os efeitos nos músculos, causando fraqueza súbita capaz de provocar queda e perda dos sentidos
  • Crise focal mioclônica: costuma atingir a parte superior do corpo, provocando a sensação de choque e movimentos não intencionais.

Para completar, listo as doenças raras que atingem o sistema nervoso.

Doenças raras do sistema nervoso

Uma série de transtornos que afetam o sistema nervoso podem ser considerados raros.

As já citadas esclerose lateral amiotrófica, síndrome de Guillain-Barré e síndrome de Horner se enquadram nessa definição.

Outras doenças neurológicas raras são:

  • Síndrome de Rett: causada por mutação genética que leva à deterioração neuromotora de meninas, com manifestação clínica geralmente entre seis e 18 meses de vida. O distúrbio afeta habilidades de comunicação, aprendizagem e desencadeia movimentos repetitivos das mãos
  • Miastenia Gravis: autoimune ou congênita, a patologia surge em decorrência de problemas na passagem de um comando do nervo para o músculo – causado pelo ataque de células do sistema imunológico ao neurotransmissor acetilcolina. Gera fadiga, fraqueza muscular excessiva e visão turva.

Importante destacar que cada uma das doenças pode se manifestar de forma única e exigir tratamentos específicos, como explico a seguir.

Sintomas e tratamento das doenças neurológicas

A lista de sintomas é longa.

Ela reúne alterações na sensibilidade, sentidos, movimentos, consciência, cognição e sono.

Obviamente, um único distúrbio não é capaz de provocar todos esses incômodos, porém, estamos falando de centenas de transtornos.

Que podem apresentar sintomas como:

  • Dor de cabeça ou no pescoço
  • Dor nas costas
  • Dor do tipo facada nas extremidades dos braços e/ou pernas
  • Tontura
  • Convulsão
  • Sensação de desmaio ou síncope
  • Paralisia facial
  • Enrijecimento de parte do corpo
  • Espasmos
  • Movimentos estereotipados e descontrolados, por exemplo, tiques
  • Zumbido
  • Visão embaçada ou turva
  • Alucinações
  • Tremores
  • Sensação de formigamento
  • Problemas de equilíbrio
  • Problemas de marcha
  • Insônia ou sonolência exagerada
  • Dificuldades para se concentrar
  • Perda frequente de memória
  • Confusão mental
  • Dor nas articulações
  • Perda súbita da força muscular.

Assim como os sintomas, diferentes patologias exigem tratamentos específicos, geralmente por meio de medicamentos e técnicas de reabilitação como a fisioterapia.

Dependendo da doença, há fármacos que atuam na minimização dos sintomas e no retardo da progressão do distúrbio, preservando a qualidade de vida por mais tempo.

Isso porque a maioria dos transtornos neurológicos são crônicos, marcando presença durante toda a vida do paciente.

Anticonvulsivantes e antidepressivos estão entre os medicamentos indicados para indivíduos com neuropatias, pois ajudam a suprimir a dor.

Enquanto os inibidores das colinesterases ajudam a diminuir o ritmo de evolução do Alzheimer, conservando as capacidades mentais.

Como prevenir doenças do sistema nervoso?

Não se sabe se há medidas de prevenção específicas para cada distúrbio do sistema nervoso.

Contudo, há indícios de que uma alimentação balanceada, combinada à prática regular de exercício físico, diminui as chances de desenvolvimento dessas patologias.

Atividade física é importante para fortalecer as conexões neurais, oxigenar o cérebro e evitar a atrofia de nervos e músculos.

Já a alimentação deve priorizar ingredientes que preservam microbiota intestinal, como verduras de cor escura, cereais e frutas, evitando a gordura saturada.

Manter uma rotina de convívio social e tarefas que estimulam as funções cognitivas também ajuda na prevenção e avanço de doenças degenerativas como Alzheimer.

Outra dica é conhecer o histórico familiar, a fim de se manter alerta para o início de sintomas de transtornos do sistema nervoso.

O diagnóstico precoce é fundamental para receber o tratamento adequado e, em alguns casos, minimizar as manifestações clínicas.

Saúde do sistema nervoso

O aparelho nervoso está presente em todo o organismo, elaborando e transmitindo comandos para todo o restante

Doenças do sistema nervoso relacionadas ao trabalho

A exposição ocupacional a metais como mercúrio e manganês pode provocar alterações neurológicas, desencadeando doenças.

Outra causa possível é o contato contínuo com monóxido de carbono, tolueno e brometo de metila.

E o risco de transtornos neurológicos não se restringe à exposição a agentes químicos.

O trabalho noturno (risco ergonômico), por exemplo, pode desencadear distúrbios do ciclo vigília-sono, provocando insônia, fragmentação do sono e/ou sonolência excessiva.

Encefalopatias, polineuropatias e até Parkinsonismo secundário devido a agentes externos podem ter origem em condições de trabalho insalubres.

Veja a lista completa de doenças neurológicas relacionadas ao trabalho neste manual do Ministério da Saúde.

O papel da telemedicina nas doenças neurológicas

A telemedicina fornece soluções para otimizar resultados de exames neurológicos.

Isso, por sua vez, dá agilidade ao diagnóstico de doenças que afetam o sistema nervoso.

Tudo começa com a assistência ao paciente na teleconsulta com neurologista.

Em apoio ao especialista para o diagnóstico, um dos procedimentos mais importantes é o eletroencefalograma (EEG), que usa eletrodos para captar a atividade elétrica cerebral.

O laudo do EEG dá suporte na identificação de anormalidades nos padrões cerebrais.

Dessa forma, contribui para a detecção de epilepsia, enxaqueca e outras cefaleias, tumores e acidente vascular cerebral.

Plataformas completas, como a da Telemedicina Morsch, oferecem teleconferência em neurologia, auxiliando no diagnóstico rápido e tratamento imediato do AVC.

Nosso time de neurologistas está sempre a postos para avaliar, interpretar e emitir o laudo online dos seguintes exames:

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Conclusão

Falei neste artigo sobre as principais doenças do sistema nervoso, como se desenvolvem, tratamentos e prevenção.

Rotinas de checkup com bateria de exames e monitoramento de trabalhadores colaboram para o diagnóstico em estágios iniciais, evitando a progressão rápida das patologias.

Conte com a Morsch para reforçar seu time de neurologistas, conferindo agilidade aos laudos de eletroencefalograma e polissonografia.

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Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin