Placa de ateroma: o que é, como se forma e qual o tratamento?
Uma placa de ateroma é formada por colesterol, cálcio e outras células, a partir de reações inflamatórias.
Aos poucos, essa massa cresce e provoca estenose, reduzindo o fluxo sanguíneo em artérias de grande e médio calibre.
O maior risco está no rompimento das placas, que causa o bloqueio da artéria, levando a eventos críticos como infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral (AVC).
Essas causas são responsáveis por 85% das mortes por doenças cardiovasculares no Brasil, segundo o Estudo Global Burden of Disease.
Portanto, conhecer os mecanismos de formação da placa de ateroma, seus tipos e exames de diagnóstico interessa não apenas a cardiologistas, mas a médicos de diferentes especialidades.
Além de generalistas, pois o clínico geral certamente irá se deparar com esses casos em consultório.
Pensando nisso, montei este artigo com as principais informações sobre placas de ateroma.
Leia até o final e confira um bônus para otimizar a interpretação dos exames usando a telemedicina.
O que é placa de ateroma?
Placa de ateroma é uma massa formada na parede interna de uma artéria, capaz de obstruí-la de forma parcial ou total.
Geralmente, é manifestação clínica da aterosclerose, patologia inflamatória progressiva que provoca o desgaste do endotélio – tecido que reveste o interior desses vasos sanguíneos.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a patologia pode ser definida como:
“Afecção resultante do acúmulo focal de lipídios, hidratos de carbono, sangue e produtos sanguíneos, tecido fibroso e depósito de cálcio”.
Esses são os materiais que podem se acumular e formar placas de ateroma.
Fatores de risco para a formação de placas de ateroma
Fatores comuns da vida moderna, como alimentação rica em colesterol e sedentarismo, contribuem para que a maioria das pessoas com mais de 50 anos tenha ateromas.
Enquanto não provocarem sintomas ou complicações, elas raramente serão detectadas.
No entanto, existem fatores de risco além da idade, por exemplo:
- Tabagismo: substâncias presentes no cigarro tornam as paredes das artérias mais ásperas e receptivas aos cristais de colesterol
- Hipertensão: agrava o desgaste interno das artérias
- Diabetes: mantém altas taxas de açúcar no sangue, facilitando inflamações
- Obesidade e falta de atividade física
- Ingestão excessiva de gordura, que é transformada em colesterol e pode se prender ao endotélio
- Hipercolesterolemia.
Como ocorre a formação da placa de ateroma?
O processo de formação da placa de ateroma é gradual.
Como mencionei acima, o mais comum é que o paciente sofra de aterosclerose, condição degenerativa que torna as paredes arteriais mais espessas e rígidas.
Esse cenário favorece o depósito progressivo de materiais como cálcio, cristais de colesterol, linfócitos e outras células presentes no sangue na área interna das artérias.
Conforme descreve artigo sobre o tema, a dinâmica ocorre da seguinte forma:
“A placa de ateroma é formada por depósitos de gordura, principalmente de colesterol, na camada íntima da artéria e que tem sua formação iniciada por injúrias no endotélio decorrentes dos fatores de risco aos quais o indivíduo está exposto. Um aumento da espessura da camada íntima é observado, podendo sofrer deposição de sais de cálcio, produzindo diferentes graus de calcificação distrófica que recebem o nome de ateromas”.
Ao longo dos anos, as placas vão recebendo mais materiais e aumentando de tamanho, o que resulta no estreitamento ou estenose do vaso sanguíneo.
É nesse ponto que a irrigação a certos órgãos diminui, podendo desencadear eventos isquêmicos como a angina, que indica baixa oxigenação do músculo cardíaco.
O rompimento da placa de ateroma pode colocar a vida do paciente em risco, desencadeando a obstrução completa da circulação sanguínea em áreas vitais.
Nesse cenário, existem altas chances de que a vítima sofra infarto do miocárdio, trombose, AVC ou embolia pulmonar.
Falo mais desse assunto nos próximos tópicos.
Quais os sintomas da placa de ateroma?
Nos estágios iniciais, não há qualquer manifestação clínica da placa de ateroma.
Os sintomas surgem apenas quando há redução considerável no fluxo sanguíneo, e dependem da região afetada e do nível de obstrução.
Vale ressaltar que a aterosclerose é uma doença sistêmica, porém, as áreas mais comprometidas são aquelas irrigadas pela artéria obstruída.
Embora as massas possam se desenvolver em diferentes vasos sanguíneos de grande e médio calibre, as partes mais comumente acometidas são o coração, cérebro e membros inferiores.
Nesse contexto, trago os principais sintomas conforme a área afetada pela placa de ateroma:
- Artérias coronárias: o comprometimento do fluxo sanguíneo na região cardíaca pode se manifestar através de dor precordial típica (angina), aumento na pressão arterial e dispneia
- Artérias carótidas: regiões como a bifurcação carotídea são especialmente suscetíveis à formação de placas de ateroma. Sinais que indicam a condição são desequilíbrio, vertigem súbita, confusão mental, perda temporária da visão de um olho, dor de cabeça severa
- Artérias dos membros inferiores: quando a região afetada fica no entorno da artéria femoral e demais vasos que irrigam as pernas e pés, o paciente pode sofrer de doença arterial obstrutiva periférica (DAOP). Segundo a Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV-SP), a manifestação clínica mais característica é a claudicação intermitente (dor proporcional ao esforço das pernas, normalmente sentida na panturrilha e que cessa com o repouso), seguida por diminuição dos pelos nas pernas e atrofia muscular.
Tipos de placa de ateroma
As placas de ateroma podem ser classificadas de maneiras distintas.
Uma delas indica o local de sua formação, a exemplo da divisão que fiz acima.
Essa classificação é importante para relacionar o ateroma a manifestações clínicas.
Entretanto, na maioria das vezes, a aterosclerose é uma doença silenciosa, que só dá sinais em estágios avançados.
Portanto, outras divisões também podem interessar aos médicos, considerando fatores como a composição e estabilização do ateroma.
Esse é um processo que depende, principalmente, da formação de tecido fibroso, que confere rigidez às extremidades da placa.
Estudo divulgado pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) mostrou uma relação entre a estabilização das placas e o risco de infarto.
Com base nessas evidências, podemos separar as placas de ateroma em dois grupos, como detalho abaixo.
Placa estável
Formada em maior parte por fibrose, a placa estável tem baixa porcentagem de lipídios em seu interior.
Ainda que cause larga oclusão da artéria, o risco de ruptura é pequeno, uma vez que o material menos denso fica envolto numa capa firme.
Segundo relata o já mencionado estudo da SBC:
“Estas placas eram usualmente menores, contendo menor quantidade de gordura e maior de fibrose, além de menor inflamação tanto na placa quanto na adventícia. Geralmente não se associavam com remodelamento positivo, mas, ao contrário, apresentavam remodelamento negativo ou ausência de remodelamento, ou seja, pequenas placas de ateroma podiam causar grande obstrução da luz”.
Placa instável
Seu alto teor de gordura favorece a ruptura e consequentes eventos severos, como o infarto.
No mesmo estudo da SBC, os autores descreveram as placas instáveis da seguinte forma:
“Elas eram grandes, cheias de gordura e com capa fibrosa fina. Um aspecto novo foi que a inflamação por linfócitos estava presente não só na placa, mas mais intensamente na adventícia. Além disso, apresentavam remodelamento positivo, ou seja, dilatação de toda a parede de tal forma que, apesar das placas serem grandes, não obstruíam de forma significativa a luz do vaso”.
Placa de ateroma e infarto: qual a relação?
A relação entre placa de ateroma e infarto é evidente quando se recorda a causa do infarto.
Essa doença decorre da falta de oxigenação suficiente para um tecido, que leva à necrose ou morte de células.
Falando especificamente do infarto agudo do miocárdio (IAM), sua alta incidência na população mundial é decorrente de uma combinação de fatores.
Começando pela fragilidade do músculo cardíaco, que precisa de oxigênio constantemente para funcionar.
Sem sangue suficiente, esse órgão logo se deteriora, provocando consequências de maior ou menor magnitude.
Indivíduos que sofrem de aterosclerose têm risco aumentado de infarto e outros eventos trombolíticos.
A razão está na possibilidade de rompimento das placas de ateroma, principalmente daquelas instáveis, como expliquei acima.
Seu volume de gordura lhes confere a capacidade de expansão e agravo de inflamações, causando sua ruptura.
Quando os lipídeos e demais células são lançadas na corrente sanguínea, provocam uma reação de coagulação do sangue, obstruindo a artéria por completo.
Caso esteja localizada nas artérias coronárias, a oclusão súbita cessa o fluxo sanguíneo que alimenta o miocárdio, resultando em IAM.
Já a obstrução de artérias carótidas desencadeia acidente vascular cerebral, enquanto nos membros inferiores, o evento pode levar à gangrena.
Qual o tratamento para placa de ateroma?
O diagnóstico das placas de ateroma é realizado com o suporte do exame clínico, especialmente a palpação do local afetado.
Durante essa atividade, o médico pode sentir a forma irregular e enrijecida das artérias.
Ainda costumam ser feitos exames complementares como doppler e arteriografia, a fim de avaliar o caminho percorrido pelo sangue.
Em fases iniciais, o teste ergométrico sinaliza problemas com a irrigação cardíaca.
Uma vez detectada, a condição requer tratamento para evitar complicações, reduzindo a velocidade de avanço da aterosclerose.
É fundamental que o cardiologista conheça o histórico de saúde e estilo de vida do paciente para que escolha a abordagem terapêutica adequada.
Doentes com dor no peito intensa podem se beneficiar dos nitratos, que auxiliam na estabilização do fluxo sanguíneo ao coração.
A redução dos cristais de colesterol emprega estatinas, enquanto diuréticos diminuem a pressão sanguínea e a quantidade de líquido no corpo.
Ainda entre as opções medicamentosas, há betabloqueadores para corrigir arritmias e inibidores da enzima conversora da angiotensina, que baixam a tensão nas artérias.
E também os bloqueadores de canais de cálcio, potentes no relaxamento da área cardíaca.
Já os antiplaquetários previnem o surgimento de coágulos sanguíneos.
Casos mais graves necessitam de intervenção cirúrgica para evitar agravos, a exemplo de:
- Cateterismo: uso de um fino tubo para desobstruir a artéria. Geralmente, usa-se um cateter balão, que é inflado para que o vaso recupere seu calibre e, em seguida, recebe um stent
- Ponte de safena: consiste na substituição do vaso obstruído por outro
- Endarterectomia: esta é a cirurgia clássica para remoção da placa de ateroma. Indicada, geralmente, quando a oclusão afeta as artérias carótidas.
Como dissolver placas de ateroma?
Até o momento, não há tratamento capaz de dissolver placas de ateroma.
O que se pode fazer é prescrever medicamentos e cirurgias, quando necessário.
Além, é claro, da orientação sobre a importância de mudanças no estilo de vida que ajudam a prevenir complicações da aterosclerose.
Parar de fumar, adotar rotina de atividade física regular e dieta balanceada, com ingestão reduzida de gorduras e açúcar, é um bom começo.
Telemedicina no diagnóstico e tratamento da placa de ateroma
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Conclusão
Abordei neste artigo os tipos, processo de formação e como tratar a placa de ateroma.
Assim como outras patologias, o diagnóstico precoce permite reduzir a progressão da aterosclerose, dando maior qualidade de vida ao paciente.
Nesse cenário, vale usar o serviço de laudos a distância da Morsch para ganhar rapidez nos resultados de exames.
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