Como é feita a espirometria na asma, seu preparo, riscos e resultados

Por Dr. José Aldair Morsch, 26 de dezembro de 2018
Espirometria na asma: como é feito, preparo, riscos e resultados

O exame de espirometria na asma pode fornecer valiosas informações no diagnóstico dessa doença respiratória.

Também chamado de prova de função pulmonar, o teste indica a partir de seus resultados qual deve ser a conduta médica no tratamento ao paciente.

A realização do exame é bastante simples, mas a interpretação precisa atender a um alto padrão de qualidade, para o qual muito têm contribuído os avanços tecnológicos.

Neste artigo, vou explicar o que é asma, trazer detalhes sobre o exame e os achados espirométricos que avaliam a gravidade da asma.

Você vai descobrir como é definida a classificação da asma pela espirometria e também se há riscos ou contraindicações quanto à sua utilização em pacientes asmáticos.

Vou falar ainda como a telemedicina tem possibilitado que mais unidades de saúde pelo país ofereçam o diagnóstico de asma pela espirometria.

Boa leitura!

O que é asma?

O que é asma?

O que é asma?

A asma é uma doença respiratória crônica, caracterizada pelo estreitamento dos bronquíolos, o que dificulta a respiração.

No indivíduo asmático, ocorre uma inflamação das vias aéreas, levando ao aumento na produção de muco e manifestando ainda tosse em condições variadas (com catarro, seca e durante um exercício físico, por exemplo) chiado no peito e até mesmo ritmo cardíaco acelerado.

Segundo dados da Pesquisa Nacional da Saúde da Boehinger, 6,4 milhões de brasileiros acima de 18 anos sofrem com a doença, que atinge 39% mais mulheres.

Enquanto doença crônica, significa dizer que a asma não tem cura e pode provocar sintomas durante toda a vida.

Por outro lado, o seu diagnóstico permite o controle da doença, evitando a manifestação de sintomas e gerando maior qualidade de vida ao seu portador.

Ao mesmo tempo em que é possível levar uma vida normal com o acompanhamento médico, a asma pode até matar em crises agudas.

Além da morte, outras possíveis complicações dessa doença respiratória são:

  • Fadiga
  • Insônia
  • Insuficiência respiratória com exigência de ventilação mecânica
  • Hospitalização em crises de asma.

Como é feito o diagnóstico da asma?

Inflamação brônquica

Como é feito o diagnóstico da asma?

O diagnóstico da asma começa com uma avaliação clínica, o que só reforça a necessidade de procurar um médico tão logo os primeiros sintomas apareçam.

Durante a consulta, serão realizados exames físicos e também a anamnese, com perguntas que buscam elucidar a condição de saúde do paciente.

Fazem parte dessa investigação questões sobre casos de asma na família, presença de tosse e a manifestação de sintomas após a exposição a poeiras, fumaça, mofo e mesmo perfumes.

Vale destacar que o indivíduo asmático é mais sensível a esses fatores externos e apresenta falta de ar, principalmente.

Ao desconfiar de asma, o especialista solicita exames que podem confirmar ou descartar a doença.

O principal deles é a espirometria, que avalia a respiração a partir do volume de ar e da velocidade com que é expirado.

Qual a função da espirometria na asma?

Espirometria faz o diagnóstico de asma

Qual a função da espirometria na asma?

O uso da espirometria na asma se dá por duas razões principais:

  • Diagnóstico: é o principal exame para confirmar ou descartar a asma em indivíduos que apresentam sintomas característicos
  • Classificação: além do diagnóstico, a espirometria permite ao médico estabelecer uma classificação de gravidade para a doença.

Como não poderia deixar de ser, quanto mais intensos forem os sintomas, mais grave a asma é considerada.

Para essa determinação, a espirometria é insubstituível.

A partir daí, o médico responsável pelo acompanhamento do paciente pode estabelecer com maior assertividade o tratamento adequado ao seu caso.

Classificação da asma conforme gravidade

A classificação determinada a partir da espirometria na asma é dividida em quatro níveis de gravidade.

São eles: intermitente, persistente leve, persistente moderada e persistente grave.

Vou explicar cada um deles a partir de agora.

Intermitente

Na asma intermitente, o indivíduo apresenta sintomas no máximo duas vezes por semana e não há limitação à realização de qualquer atividade.

Crises agudas são muito raras, ocorrendo uma vez por ano ou até mesmo sem registro desse tipo de episódio, tecnicamente chamado de exacerbação.

Persistente leve

A asma persistente leve é caracterizada pela manifestação de sintomas mais de duas vezes por semana, embora não diariamente.

Atividades físicas são realizadas normalmente, exceto quando há exacerbações – que acontecem pelo menos duas vezes por ano.

Persistente moderada

Na asma persistente moderada, os sintomas aparecem todos os dias.

Ao menos uma vez na semana, o indivíduo asmático desperta à noite com falta de ar.

Ele também encontra limitações em crises agudas, que se repetem duas vezes ao ano ou mais.

Persistente grave

A asma persistente grave, como o nome indica, é um quadro que impõe maiores desafios ao seu portador.

Os sintomas costumam ser diários e contínuos. Também o despertar noturno se repete com grande frequência.

As limitações físicas são permanentes, o que significa que, nesse caso, o asmático não consegue realizar atividades sem que a doença imponha prejuízo a elas.

Também as crises agudas ocorrem no mínimo duas vezes ao ano.

Passo a passo de como fazer a espirometria na asma

Como dito mais ao início do artigo, a espirometria na asma é um exame simples, que pouco exige do paciente.

Vou trazer mais detalhes sobre ele nos próximos tópicos.

Preparo para a espirometria

Todas as orientações quanto à realização da espirometria são informadas pelo médico solicitante ou no momento do agendamento do exame.

Em geral, o paciente é orientado a não fumar e nem consumir bebidas com cafeína (como chá e café) até seis horas antes do procedimento.

Não é necessário realizar jejum, ou seja, estar um período sem se alimentar.

Dependendo do tipo de medicação que o paciente utiliza, pode ser indicada a sua suspensão horas antes do exame. Nesse caso, estamos falando principalmente dos medicamentos broncodilatadores (que dilatam os brônquios).

Importante referir ainda que, se o paciente estiver gripado, a espirometria não deve ser realizada, pois seus resultados não serão precisos.

Como é feita a espirometria na asma

A espirometria na asma é feita com o paciente sentado, sem precisar realizar qualquer tipo de movimento ou esforço.

O profissional que o acompanha coloca um clipe nasal em suas narinas, de modo a impedir a passagem de ar pelo local durante o exame.

Quando o teste inicia, o paciente deve soprar em um tubo com bocal descartável, que é ligado a um aparelho chamado espirômetro – é ele que recebe os dados para posterior análise.

No começo, a sua respiração deve ser normal. Quando orientado, precisa encher os pulmões com ar e soltar com força, tudo de uma só vez – com a força e rapidez possível para ele.

A ação do paciente durante o exame é fundamental para os resultados obtidos.

Se o seu sopro não for contínuo, esvaziando o pulmão, se o tempo de sopro for insuficiente ou se as manobras de sugar e soltar o ar forem realizadas de forma incorreta, isso pode comprometer os resultados.

A primeira fase do exame termina aí. Em alguns casos, como na espirometria na asma ou havendo suspeita da doença, é realizado ainda o teste de broncoprovocação, sobre o qual vou falar agora.

Teste de broncoprovocação da espirometria na asma

O teste de broncoprovocação da espirometria na asma nada mais é do que a repetição do exame após o paciente inalar um medicamento broncodilatador.

O objetivo é verificar a facilidade como os brônquios do paciente respondem nesses casos.

A suspeita de asma costuma ser confirmada quando há hiperresponsividade brônquica, ou seja, um aumento da sensibilidade nos brônquios que é comum ao paciente asmático.

Resultados da espirometria na asma

O que a espirometria diagnostica na asma?

Resultados da espirometria na asma

A interpretação dos resultados da espirometria na asma exige do médico responsável a análise de diferentes indicadores.

Entre os principais, estão os seguintes:

  • Capacidade vital (CV): maior volume de ar mobilizado na inspiração e na expiração
  • Capacidade vital forçada expiratória (CVF): maior volume de ar exalado com esforço máximo
  • Volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1): volume exalado no primeiro segundo durante a manobra de CVF
  • Relação VEF1 / CVF: razão entre as duas medidas
  • Pico de fluxo expiratório: fluxo máximo de ar na manobra de CVF
  • Volume residual (VR): volume presente no pulmão após expiração máxima
  • Tempo da expiração forçada (TEF): início e término da manobra de CVF.

Esses e outros indicadores são decisivos para que o laudo médico aponte resultados normais ou alterados, como irei explicar agora.

Resultados normais

Quando a espirometria retorna resultados normais, dentro de valores de referência pré-estabelecidos, significa que o paciente não possui doença respiratória, como asma ou outra.

Resultados alterados

Resultados alterados na espirometria podem indicar quatro condições possíveis.

São elas:

  1. Distúrbio ventilatório obstrutivo (leve, moderado ou grave)
  2. Distúrbio ventilatório restritivo (leve, moderado ou grave)
  3. Distúrbio ventilatório misto (presença de anormalidade obstrutiva e restritiva)
  4. Exame inespecífico (há anormalidade ventilatória, mas não é possível detectar obstrução ou restrição com clareza).

Vale dizer que, no caso da asma, estamos falando de um distúrbio obstrutivo, ou seja, cuja característica principal é a obstrução das vias aéreas.

É também o caso da bronquite e da doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) – esta bastante confundida com a própria asma.

Diferença entre Asma e DPOC em resultados de espirometria

Diferença entre Asma e DPOC

Diferença entre Asma e DPOC em resultados de espirometria

As semelhanças entre asma e DPOC exigem muita atenção do médico responsável pela análise dos resultados de uma espirometria.

Na Comparação da variação de resposta ao broncodilatador através da espirometria em portadores de asma ou doença pulmonar obstrutiva crônica, os autores citam consensos de entidades médicas internacionais utilizados para o diagnóstico diferencial entre as duas doenças.

Segundo eles, a precisão diagnóstica depende da análise dos parâmetros do exame.

Para a American Thoracic Society (ATS) e a European Respiratory Society (ERS), a asma é identificada quando há importante aumento no VEF1 pós-broncodilatador, artigo publicado na scielo.

Já a Global Initiative for Chronic Obstructive Lung Disease (GOLD) recomenda o não uso do grau de reversibilidade da limitação ao fluxo aéreo para diferenciar DPOC e asma.

A proximidade entre as doenças é um ponto de atenção a gestores de unidades médicas, que precisam se valer de profissionais experientes para a interpretação dos resultados em espirometria.

Riscos do exame de espirometria em pacientes asmáticos

Existe algum risco do exame?

Riscos do exame de espirometria em pacientes asmáticos

Como a espirometria é um exame minimamente invasivo, seus riscos são igualmente pequenos.

Eles estão relacionados às substâncias broncoconstritoras utilizadas, que podem desencadear sintomas como tosse, falta de ar ou mesmo uma sensação de aperto no peito.

Mais raramente, o medicamento usado no teste de broncoprovocação pode dar início a uma crise de asma.

Esses episódios, no entanto, podem ser prevenidos com a interrupção do exame assim que determinados parâmetros são observados pelo profissional que o conduz.

Contraindicação na espirometria na asma

Quando não devemos realizar espirometria

Contraindicação na espirometria na asma

A grande maioria das contraindicações na espirometria são relativas. Ou seja, são condições que podem ou não influenciar os resultados ou desaconselhar a realização do exame.

Relatos de náuseas pelo paciente, por exemplo, assim como alterações no seu estado mental, podem levar a conclusões ruins.

Já a realização do exame não é indicada quando há angina recente (dor no peito), edema pulmonar, hemoptise (expectoração de sangue), crise de hipertensão e aneurisma de aorta torácica.

Também pacientes com histórico recente de infarto ou acidente vascular cerebral (AVC) – dois a três meses antes – podem ser desaconselhados a realizar a espirometria.

Telemedicina e comodato como solução para exames de espirometria

Telemedicina e comodato como solução para exames com espirometro

Os resultados da espirometria podem ser vistos no seu smartphone

Como vimos ao longo do artigo, a espirometria na asma é um exame de realização simples, mas interpretação complexa.

Suas semelhanças para a DPOC são apenas uma razão para se cercar de especialistas e alcançar diagnósticos mais assertivos.

Essa é uma exigência nem sempre fácil de atender, considerando a falta de médicos, especialmente em cidades no interior do país.

Para oferecer a espirometria na sua unidade de saúde, portanto, a solução pode estar na telemedicina.

Funciona assim: você contrata uma empresa parceira que vai receber os dados do exame via plataforma de telemedicina.

Ali, mediante login e senha, um médico faz a análise dos resultados e apresenta as suas conclusões em um laudo online, que é assinado digitalmente e fica disponível na mesma plataforma.

A partir de então, pode ser consultado pelo médico solicitante, por outros profissionais de saúde e, em alguns casos, pelo próprio paciente.

No caso da Telemedicina Morsch, ao contratar laudos à distância, a unidade de saúde pode ainda receber um espirômetro em comodato.

Isso significa acesso a um equipamento moderno sem custos durante o período de parceira.

Conclusão

Este artigo apresentou informações sobre o exame de espirometria na asma, como é realizado, os resultados que apresenta e a exigência de interpretação qualificada para um diagnóstico assertivo.

Se a sua unidade ainda não oferece essa possibilidade aos seus clientes ou precisa reduzir os custos com o procedimento, a telemedicina é a solução ideal.

Você pode otimizar o orçamento e ainda ganhar em agilidade e qualidade nos diagnósticos.

Permita que a Telemedicina Morsch seja a sua parceira nesse processo.

Para saber como a plataforma médica funciona na prática e, assim, ver os benefícios que pode oferecer para a sua clínica, fala com nossa equipe!

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Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin