Taquicardia: o que é, causas, como identificar e possíveis tratamentos

Por Dr. José Aldair Morsch, 21 de agosto de 2024
Taquicardia

A taquicardia ou taquiarritmia pode ter diversos significados.

Muitas vezes, trata-se de uma resposta a estímulos capazes de acelerar a frequência cardíaca (FC) normal de forma passageira.

Enquanto outros quadros remetem a doenças cardiovasculares e eventos potencialmente fatais, como o infarto agudo do miocárdio (IAM).

Daí a importância de que não apenas cardiologistas, mas profissionais de diferentes áreas da medicina entendam sobre as causas, riscos e qual a conduta médica em casos de taquicardia.

Falo sobre esses e outros pontos ao longo deste artigo, incluindo como otimizar o diagnóstico usando a telemedicina.

O que é taquicardia?

Taquicardia é uma arritmia de padrão rápido.

Ou seja, uma condição em que o coração bate mais rápido que o normal.

Num adulto saudável, ela pode ser observada quando a FC supera os 100 bpm em repouso, interrompendo o ritmo sinusal ou normal.

Como vamos ver ainda neste texto, a taquicardia pode ser causada por estresse, ansiedade, febre, exercício físico, consumo excessivo de cafeína ou álcool, e também pode estar relacionada a problemas cardíacos.

Embora nem sempre seja grave, a taquicardia prolongada pode sobrecarregar o coração e exigir tratamento médico.

Qual a diferença entre arritmia e taquicardia?

Mencionei acima que a taquicardia é um tipo de arritmia.

Segundo o documento III Diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia sobre Análise e Emissão de Laudos Eletrocardiográficos, a arritmia cardíaca é uma: Alteração da frequência, formação e/ou condução do impulso elétrico através do miocárdio”.

No entanto, nem sempre essa alteração acelera os batimentos, pois existem bradicardia e taquicardia.

Caso a FC fique abaixo de 50 bpm num adulto saudável em repouso, trata-se de bradiarritmia.

Ou seja: toda taquicardia é arritmia, mas nem toda arritmia é taquicardia.

Quais os sintomas da taquicardia?

Há casos em que a taquicardia é assintomática, diagnosticada por meio do checkup cardiológico, por exemplo.

Em outras vezes, o paciente percebe manifestações clínicas concomitantes ao aumento da FC, sendo as mais comuns:

A seguir, falo mais sobre as causas da condição.

O que causa taquicardia?

Esta condição pode ter diversas causas, inclusive fatores externos, como o consumo de estimulantes (a exemplo da cafeína), emoções fortes, consumo de álcool e esforço físico.

Geralmente, esse cenário é relacionado à taquicardia sinusal, que tem efeito passageiro, desaparecendo espontaneamente.

Contudo, há uma série de doenças capazes de desencadear taquiarritmias, tais como:

Se você desconfia da condição, veja na sequência quando procurar um médico.

Como saber se estou com taquicardia?

Nos casos em que há palpitação, o paciente é capaz de perceber o coração acelerado.

Entretanto, é preciso passar por avaliação cardiológica para receber o diagnóstico correto, confirmando que se trata de taquicardia.

O exame padrão nesses casos é o eletrocardiograma, que utiliza eletrodos conectados a um monitor para avaliar a atividade elétrica do miocárdio.

Se houver dificuldade para identificar a taquicardia, o médico pode recorrer também a variações do ECG, como o holter ou eletrocardiograma de longa duração.

Esse exame estende os registros dos batimentos cardíacos por 24 horas ou até 7 dias, permitindo detectar arritmias silenciosas ou esporádicas e relacioná-las a sintomas.

Certos quadros podem ter indicação para o teste ergométrico, um ECG dinâmico que coleta dados do ritmo cardíaco durante esforço físico (corrida em esteira ou pedalada em bicicleta).

Ou ainda para o ecocardiograma (ultrassonografia do coração), que oferece detalhes sobre as cavidades e paredes cardíacas.

Taquicardia do coração

Há casos em que a taquicardia é assintomática, diagnosticada por meio do checkup cardiológico

Taquicardia pode matar?

Sim, a taquicardia é fatal em alguns casos.

Um exemplo é a fibrilação ventricular ou taquiarritmias que evoluem para esse quadro, que aumenta o risco de parada cardiorrespiratória e morte.

Tipos de taquicardia

Existem diferentes classificações para as taquicardias, que incluem maior ou menor detalhamento.

Para simplificar, falo sobre os principais grupos abaixo:

  • Taquicardia sinusal: corresponde a frequências superiores a 100 bpm, por vezes sem relação com patologias
  • Taquicardia atrial: o ritmo atrial é originado no nó sinusal, caracterizado pela presença de onda P distinta da sinusal com frequência atrial superior a 100 bpm. É comum a ocorrência de condução AV variável
  • Taquicardia ventricular: caracterizada por FC maior ou igual a 120 bpm em pelo menos três batimentos consecutivos, esse padrão rápido surge nos ventrículos (câmaras cardíacas inferiores). A TV pode ser subdividida em monomórfica, polimórfica, sustentada e não sustentada.

Na sequência, abordo as possibilidades de tratamento da condição.

Como tratar a taquicardia?

A abordagem terapêutica deve considerar o tipo de taquiarritmia.

Cardioversão elétrica e injeção de adenosina são alternativas para reduzir o ritmo cardíaco nas urgências e emergências.

É comum a prescrição de medicamentos antiarrítmicos (a exemplo de betabloqueadores e bloqueadores dos canais de cálcio) para normalizar a FC posteriormente, prevenindo novas crises e complicações.

Outro tratamento para arritmia de padrão rápido é a ablação por cateter de radiofrequência, uma técnica minimamente invasiva que destrói áreas doentes, muitas vezes, acabando com a taquicardia.

Nos casos relacionados ao consumo exacerbado de estimulantes como a cafeína, é possível realizar o tratamento a partir da redução ou restrição a esses itens.

O mesmo raciocínio se aplica a quadros ligados ao estresse ou a esforços físicos intensos, que exigem a adoção de novos hábitos e monitoramento junto ao cardiologista.

Diagnóstico de taquicardia com telemedicina

O diagnóstico dessa condição requer os conhecimentos de um cardiologista especializado, que possa interpretar o ECG e demais exames complementares necessários.

Porém, nem sempre há especialistas disponíveis para atender rapidamente a todas as suspeitas de patologia, o que acaba atrasando a confirmação da hipótese diagnóstica.

E, por consequência, o tratamento, colocando a saúde do paciente em risco.

A boa notícia é que dá para agilizar a emissão de laudos utilizando o telediagnóstico.

Basta realizar o exame cardiológico normalmente e, em seguida, fazer login na plataforma de telemedicina para compartilhar os gráficos gerados.

Assim que estiverem disponíveis, um cardiologista online fará sua avaliação sob a luz da suspeita clínica e histórico do paciente.

Ele compõe o laudo online, assinado digitalmente.

Dessa forma, o documento é liberado em minutos ou imediatamente, em caso de urgências.

Sistemas completos como o da Telemedicina Morsch ainda oferecem:

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Conclusão

A correta avaliação da taquicardia é fundamental para dar o seguimento adequado, evitando eventos graves e fatais.

Ao final deste artigo, espero ter esclarecido os principais pontos de atenção nesses casos.

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Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin