Taquicardia ventricular no ECG: como fazer o diagnóstico e interpretação

Por Dr. José Aldair Morsch, 28 de julho de 2022
ECG taquicardia ventricular

Identificar a taquicardia ventricular no ECG é de suma importância para evitar complicações que ameaçam a vida do paciente.

Afinal, essa arritmia evolui frequentemente para a fibrilação ventricular, que eleva as chances de parada cardiorrespiratória.

Nesse contexto, é preciso ficar alerta para o surgimento dos diferentes tipos de taquicardia ventricular (TV), suas características e resultados esperados em exames de diagnóstico.

O principal deles é o eletrocardiograma, que permite o estudo do complexo QRS para identificar anormalidades.

A relação entre TV e ECG é o tema deste artigo completo que preparei sobre o assunto.

Vou apresentar também as oportunidades que a telemedicina oferece para dar mais agilidade à interpretação do ECG e outros procedimentos cardiológicos.

A taquicardia ventricular no ECG

Como acabei de citar, o eletrocardiograma é o principal método de diagnóstico da taquicardia ventricular.

Isso porque o exame avalia a atividade elétrica do coração, possibilitando a detecção de anomalias no padrão e na frequência dos batimentos cardíacos.

A exemplo das arritmias, que correspondem a alterações da frequência cardíaca (FC).

Enquanto as bradicardias ou bradiarritmias representam ritmos mais lentos que o normal, as taquiarritmias sinalizam que o miocárdio está acelerado.

Nesse contexto, a taquicardia ventricular descreve o padrão rápido de batimentos que têm origem nas câmaras inferiores do coração – os ventrículos.

A doença é observada quando a FC é maior ou igual a 120 bpm (batidas por minuto), em pelo menos três batimentos consecutivos.

Características do ECG da taquicardia ventricular

Antes de falar das características que apontam para o diagnóstico de TV, vamos voltar um passo e lembrar que o traçado do eletrocardiograma em ritmo sinusal:

  • Mostra cada batimento iniciado por uma onda P, um complexo QRS e uma onda T de forma padronizada e contínua
  • A onda P normal é arredondada e suave, durando menos de 0,10 segundo (2,5 mm) e tem voltagem máxima de 0,25 mV. Ela representa a contração dos átrios
  • O intervalo entre a onda P e a onda R dura entre 0,12 e 0,20 segundo
  • O complexo QRS dura de 0,06 a 0,10 segundo, descrevendo a contração ventricular. Nele, a onda R é positiva, e as ondas Q e S são negativas
  • T demonstra a repolarização dos ventrículos, com amplitude máxima inferior a 15 mm nas derivações precordiais e menor que 5 mm nas derivações periféricas
  • Cada batimento cardíaco dura em média 0,19 segundo
  • A FC de um adulto jovem e saudável fica entre 50 e 100 bpm.

Como é de se esperar, a taquicardia ventricular altera o padrão dos batimentos, resultando em complexo QRS largo, com mais de 0,12s de duração.

Inicialmente, qualquer taquicardia que apresente QRS largo deve ser considerada TV, a não ser que apareçam indícios de outros ritmos patológicos, como a taquicardia supraventricular.

Na taquicardia ventricular, fica difícil distinguir as ondas P e T no gráfico do ECG.

Outra característica marcante da TV é o complexo QRS predominantemente positivo na derivação aVR.

Junto à presença de onda R, esse achado confirma o diagnóstico de taquicardia ventricular.

No entanto, mesmo que não haja onda R em aVR, a TV pode ser detectada a partir da avaliação de outras derivações do ECG.

A concordância dos vetores do QRS nas derivações precordiais é mais um sinal de TV.

Resultados do ECG para taquicardia ventricular

Dependendo dos achados no ECG, pode-se detectar diferentes tipos de taquicardia ventricular.

As mais brandas tendem a se resolver rapidamente, dispensando tratamentos prolongados.

Por outro lado, quadros agudos e longos requerem tratamento imediato para sua reversão, impedindo que se tornem fibrilação ventricular ou evoluam para parada cardíaca.

Na fibrilação ventricular, o ritmo cardíaco é caótico, uma vez que os ventrículos não conseguem completar o movimento de contração – e bombeamento do sangue para o corpo.

Em vez disso, as câmaras inferiores parecem tremer, representando grave risco à vida da vítima.

Os principais tipos de TV observados no ECG são:

Taquicardia ventricular monomórfica

A TV monomórfica é identificada por meio de um padrão de batimentos acelerados e anormais.

Nela, os complexos QRS se apresentam de modo regular e igual, embora estejam fora dos padrões para o ritmo sinusal.

TV monomórfica

Registro fiel de uma taquicardia ventricular monomórfica

Taquicardia ventricular polimórfica

Complexos QRS irregulares e diferentes uns dos outros caracterizam a TV polimórfica.

Taquicardia ventricular sustentada

Está entre as formas mais perigosas de TV, pois tem duração igual ou superior a 30 segundos.

Se não for revertida rapidamente, há altas chances de complicações como a insuficiência cardíaca, colapso hemodinâmico, parada cardiorrespiratória e morte.

Taquicardia ventricular não sustentada

Essa forma de TV tem menor gravidade, durando menos de 30 segundos.

Há possibilidade de que seja passageira, entretanto, deve ser monitorada para evitar a interrupção do ritmo sinusal.

Taquicardia ventricular não sustentada no Holter

Exemplo de taquicardia ventricular não sustentada no Holter de ECG

Como interpretar taquicardia ventricular

Resultados do ECG que apontem taquicardia ventricular ou qualquer outro distúrbio cardíaco devem ser interpretados por um cardiologista especializado em eletrocardiograma.

Com conhecimentos profundos sobre esse tipo de exame, o especialista poderá detectar anomalias e elaborar o laudo médico com precisão.

Para tanto, o médico seguirá passos como:

  • Cálculo da frequência cardíaca
  • Análise do ritmo cardíaco
  • Cálculo dos intervalos PR e QT
  • Identificação do eixo elétrico
  • Observação de alterações no segmento ST e outras alterações eletrocardiográficas.

Laudo de eletrocardiograma online

A desigualdade na distribuição de médicos pelo Brasil não é novidade.

Sua concentração em capitais e centros urbanos provoca uma série de problemas, incluindo a demora para a interpretação do ECG.

Isso é algo que não pode acontecer em casos críticos de taquicardia ventricular, que colocam a vida do paciente em risco.

A boa notícia é que há suporte disponível para dar mais agilidade ao laudo do eletrocardiograma.

Usando uma plataforma de telemedicina, a equipe médica local recebe laudos online em minutos.

Basta compartilhar os resultados dentro do sistema para que um cardiologista habilitado faça sua interpretação, considerando dados do histórico do paciente e suspeita clínica.

Após produzir o laudo, o especialista inclui sua assinatura digital para confirmar a autenticidade.

Softwares completos como o da Telemedicina Morsch ainda disponibilizam:

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Conclusão

Ao final deste texto, espero ter contribuído para ampliar seus saberes sobre como detectar a taquicardia ventricular no ECG.

Conte com a plataforma de Telemedicina Morsch para dar suporte a sua equipe, diminuindo complicações da TV e outras doenças cardiovasculares.

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Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin