Paredes no ECG: veja como interpretar o eletrocardiograma

Ondas, derivações e paredes no ECG: você sabe qual a relação entre elas?

Para interpretar o eletrocardiograma corretamente, é essencial entender esses conceitos.

E, principalmente, o seu significado no traçado do exame.

Junto a fatores como a frequência cardíaca e manifestações clínicas, alterações nas ondas vistas a partir de certas derivações permitem diagnosticar doenças e conhecer sua localização.

Isso inclui quadros isquêmicos como o infarto agudo do miocárdio (IAM), que causa necrose ou morte de células cardíacas.

Ao longo deste artigo, trago insights para identificar e analisar as paredes cardíacas no ECG, com destaque para anormalidades presentes no IAM.

Também apresento os benefícios do laudo a distância na rotina dos serviços cardiológicos.

Paredes, ECG e derivações: entenda a relação

Quero começar recordando como funciona o eletrocardiograma de repouso.

Simples, rápido, indolor e não invasivo, esse exame usa eletrodos para captar e amplificar os sinais elétricos emitidos pelo coração, permitindo a avaliação da atividade elétrica.

Os impulsos cardíacos são enviados a um monitor através de cabos conectados aos eletrodos.

Em seguida, são transformados em gráficos de linha que expressam os batimentos cardíacos por meio de ondas.

Podemos definir as ondas do ECG como variações no traçado gerado pelo exame que apresentam voltagem e amplitude semelhantes quando o ritmo é sinusal (normal).

Nesse cenário, cada batimento possui uma onda P, um complexo QRS e, ainda, uma onda T.

Esse padrão se repete na observação das diferentes derivações do ECG, que são pontos de vista distintos.

Tomando como exemplo um ECG de 12 derivações, que é o mais comum, esses pontos de vista são formados pelos dados captados por 10 eletrodos.

Cada derivação corresponde à combinação entre dois eletrodos, formando os ângulos de observação (derivações) D1, D2, D3, aVR, aVL, aVF, V1, V2, V3, V4, V5 eV6.

Naturalmente, uma derivação privilegia a observação da área cardíaca mais próxima. Está aí a relação entre derivação e paredes no ECG.

Certas derivações mostram uma visão detalhada da parede cardíaca mais próxima, sinalizando anormalidades nessa área.

Por exemplo, o ângulo de observação das derivações D2, D3 e aVF evidencia a região inferior dos ventrículos.

Portanto, é provável que haja um problema nessa parede cardíaca caso o traçado do ECG tenha anormalidades nessas três derivações.

Como analisar as paredes cardíacas no ECG?

Considerando os diferentes ângulos de visão a partir das derivações, pode-se dividir o músculo cardíaco em partes para analisar o local de uma anomalia.

Veja a seguir detalhes sobre essa divisão das paredes do cone cardíaco, tomando por base o ECG 12 derivações.

Parede inferior no ECG

Como adiantei acima, a parede inferior pode ser estudada a partir de três derivações do plano frontal: D2, D3 e aVF.

Lembrando que as derivações do plano frontal totalizam seis e são obtidas através da união dos registros captados pelos quatro eletrodos periféricos.

Esses itens são dispostos da seguinte maneira:

• Vermelho (R): no braço direito (Right)
• Amarelo (L): no braço esquerdo (Left)
• Verde (F): na perna esquerda (Foot)
• Preto (N): na perna direita (Neutro).

Vamos seguir observando as paredes no ECG, falando agora sobre a anterior.

Parede anterior no ECG

Corresponde à área ântero-septal, localizada na parte frontal do tórax.

Essa nomenclatura é utilizada para referir problemas como o infarto anterior.

Parede ântero-septal no ECG

É outra forma de referenciar a região anterior do coração, retratada pelas derivações precordiais V1, V2, V3 e V4.

Elas são registradas via sinais coletados pelos eletrodos precordiais, que também são seis e oferecem ângulos de visão a partir do plano horizontal.

Parede lateral no ECG

Informações sobre o trecho lateral podem ser obtidas através da avaliação das derivações periféricas DI e aVL.

Parede ântero-lateral no ECG

É observada por meio das derivações D1, aVL, V5 e V6.

Como identificar infarto no ECG?

Dor precordial, formigamento, dispneia e sudorese estão entre as manifestações clínicas típicas do IAM.

Para confirmar o diagnóstico, é preciso identificar dois tipos de alterações mencionadas nas III Diretrizes de ECG da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC):

• Onda T hiperaguda e simétrica, que corresponde ao início do IAM. Costuma ser positiva, apiculada e de base larga
• Desnivelamento do segmento ST, que costuma deslocar o traçado para cima (supradesnivelamento).

Ambas as alterações devem ter presença concomitante em pelo menos duas derivações concordantes.

Outros pontos de interesse estão neste manual, que descreve as anomalias durante as fases do infarto, citando:

• Presença da ascensão assimétrica do segmento ST em direção à onda T positiva e pontiaguda, na fase hiperaguda do IAM com supra de ST
• Aparecimento da onda Q com o segmento ST ainda mantendo sua concavidade superior, na fase evolutiva do IAM. A onda Q sinaliza que houve perda das forças elétricas no tecido necrótico, formando o complexo QS, que reflete a ausência de tecido viável sobre a área necrótica
• Diminuição progressiva do supradesnivelamento retornando à linha de base com inversão simétrica da onda T, na fase resolutiva
• Normalização da onda T e manutenção da onda Q, na fase crônica resolvida.

Você pode delegar a interpretação do eletrocardiograma a uma empresa de telemedicina para obter o laudo online, como explico a seguir.

Quais as vantagens do laudo online de ECG?

Conforme determina o CFM, o ECG pode ser conduzido por um técnico de enfermagem treinado, mas o laudo é restrito a cardiologistas especializados no exame.

Nesse contexto, a telemedicina oferece uma solução tecnológica para otimizar a emissão dos resultados: a interpretação a distância do eletrocardiograma.

O processo pede apenas o compartilhamento dos gráficos na plataforma da Telemedicina Morsch, dando acesso a uma série de vantagens.

Conheça as principais:

• Entrega de laudos online em minutos, a qualquer hora do dia ou da noite, inclusive em feriados e finais de semana
• Suporte para casos complexos através da segunda opinião médica
• Economia de tempo e dinheiro que seriam gastos em deslocamentos
• Reforço da equipe de cardiologistas locais sem comprometer o orçamento
• Comunicação dentro de um software de telemedicina em nuvem, disponível a partir de qualquer dispositivo conectado à internet
• Documentos protegidos por mecanismos de autenticação e criptografia
• Acesso ao comodato do aparelho de ECG, que disponibiliza o dispositivo sem custo adicional para clientes que contratem pacotes de laudos eletrônicos.

Veja todos os benefícios de contar com a telemedicina cardiológica.

Conclusão

Espero ter contribuído para tirar dúvidas e atualizar seus conhecimentos sobre as paredes no ECG.

O tópico pode ser complexo no início, mas vai se tornando simples à medida que você treina a leitura e interpretação do eletrocardiograma.

Se gostou do artigo, leia mais sobre cardiologia em nosso blog.