Espirometria na pediatria: como é feita e quais cuidados tomar

Por Dr. José Aldair Morsch, 11 de novembro de 2022
Espirometria pediatria

A espirometria na pediatria tem grande contribuição para diagnosticar e avaliar a intensidade de distúrbios ventilatórios obstrutivos e restritivos.

Fornecendo dados como capacidade vital forçada (CVF) e volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1), esse é o principal exame de análise da função pulmonar em crianças.

Dependendo da indicação médica, é possível que seja feito com prova broncodilatadora e até em bebês, com o auxílio de manobras específicas.

Falo sobre algumas delas ao longo deste texto, além das etapas de realização da espirometria na pediatria e quais os cuidados que a equipe médica deve adotar.

Avance na leitura e veja também dicas para agilizar a entrega de laudos com a telemedicina.

Como é usada a espirometria na pediatria?

A espirometria na pediatria é usada de maneira semelhante às demais faixas etárias.

Ou seja, para a avaliação da capacidade respiratória em crianças, detectando distúrbios ventilatórios obstrutivos e restritivos.

Outra finalidade está na análise de resultados de tratamentos como o uso de broncodilatadores.

As principais patologias diagnosticadas com o auxílio da espirometria infantil são:

  • Asma: doença crônica caracterizada por inflamação nos brônquios. A asma é comum, afetando 235 milhões de pessoas no mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). No Brasil, estima-se que haja 20 milhões de asmáticos, incluindo 20% das crianças brasileiras
  • DPOC: também no grupo de distúrbios obstrutivos, a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) combina enfisema pulmonar e bronquite crônica. Tem maior incidência entre adultos com mais de 50 anos, que apresentam um quadro irreversível de falta de ar, tosse persistente e produção de muco
  • Doença pulmonar intersticial (DPI): grupo de doenças desencadeadas pelo excesso de células inflamatórias no espaço intersticial, entre os alvéolos e o entorno dos vasos sanguíneos da região pulmonar
  • Insuficiência Cardíaca Congestiva (ICC): patologia complexa provocada pela ineficiência no envio de oxigênio ao organismo, através do sangue. De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), cardiopatias congênitas são a principal causa de ICC em crianças, seguidas por miocardite viral, inflamações decorrentes da Febre Reumática ou Doença de Kawasaki, ou arritmias
  • Doenças neuromusculares: são afecções que acometem células nervosas, desencadeando uma série de limitações. Durante a infância, são mais comuns os distúrbios de origem genética, como a distrofia muscular de Duchenne (DMD) e a amiotrofia espinhal progressiva.

A espirometria na pediatria também faz parte da avaliação pré-operatória antes de cirurgias como transplante de pulmão.

Existe uma idade mínima para a espirometria na pediatria?

Não há consenso sobre a idade mínima para indicação da espirometria.

Contudo, as limitações para o exame podem ser maiores para crianças pequenas.

Isso porque a qualidade da espirometria depende da colaboração do paciente, que deverá seguir recomendações específicas para a execução das manobras que compõem o exame.

É de se imaginar que, quanto mais nova a criança, maior será a dificuldade de concentração e entendimento do que deve ser feito.

Por isso, entidades como a American Thoracic Society afirmam que:

“A maioria das crianças pode fazer espirometria a partir dos 6 anos de idade, apesar de alguns pré-escolares já serem capazes de realizar o teste”.

Tanto que há relatos e orientações para a condução da espirometria em pacientes em idade pré-escolar, e até em lactentes.

Um exemplo está no artigo “Testes de função pulmonar em crianças”, que indica:

“As espirometrias em lactentes são realizadas sob sedação, com um colete inflável ao redor do tórax e abdome do paciente. A técnica inicialmente descrita foi a compressão torácica rápida (CTR). Pode-se realizar a CTR a partir de volumes elevados. A critério clínico, podem ser realizadas curvas pós-broncodilatador”.

Como é feita a espirometria em crianças?

Espirometria é o exame mais popular na avaliação da função pulmonar em pacientes pediátricos, medindo sua capacidade respiratória.

Tanto em adultos como crianças, o procedimento registra gráficos a partir de dados sobre alguns volumes, capacidades e fluxos pulmonares.

Primeiro, o paciente recebe orientações sobre o exame e tem um clipe nasal colocado, a fim de impedir o escape do ar pelas narinas.

Todo o ar eliminado deve ser captado pelo espirômetro, um pequeno dispositivo que fica conectado a um bocal descartável.

É por esse bocal que a criança irá respirar e soprar durante o exame.

Primeiro, ela respira normalmente para registrar o fluxo de rotina.

Em seguida, realiza a manobra de inspiração forçada, captando a quantidade máxima de ar.

Depois, sopra com força total para a expiração forçada, eliminando a quantidade máxima de ar durante pelo menos seis segundos.

O resultado será transformado em três gráficos reprodutíveis, que aparecem na tela do computador conectado ao aparelho de espirometria.

Caso seja necessário, as manobras podem ser repetidas sob o efeito de um medicamento capaz de dilatar os brônquios, na etapa de prova broncodilatadora.

Espirometria em crianças

A qualidade da espirometria depende da colaboração do paciente, que deverá seguir recomendações específicas

Cuidados especiais da espirometria na pediatria

O primeiro cuidado está na orientação da criança, que é facilitada por elementos lúdicos.

Dá para usar, por exemplo, uma língua de sogra para simular as manobras da espirometria.

Vale também deixar o paciente livre para recuperar o fôlego, explicando que não tem problema fazer uma pausa.

Nesse contexto, a espirometria pediátrica deve ser agendada com alguma folga, a fim de incluir possíveis paradas.

Outra dica está no tipo de espirômetro empregado, como alerta o artigo “Qualidade da espirometria em crianças e adolescentes”:

“A utilização de equipamentos que não relatam o valor do volume retroextrapolado e ou não produzem a representação visual e em tempo real das curvas fluxo-volume ou volume-tempo podem ser forte preditor de queda de qualidade da espirometria”.

Como a telemedicina acelera o laudo da espirometria

Você deve conhecer a telemedicina, mas já experimentou o serviço de laudos a distância?

Essa opção está disponível na plataforma de Telemedicina Morsch, permitindo delegar a interpretação da espirometria para um pneumologista especializado.

Basta realizar o exame normalmente e compartilhar os gráficos no sistema, acessível mediante login e senha.

Em seguida, um especialista de plantão analisa os valores, comparando-os com a média padrão para a idade e altura da criança.

Ele compõe o laudo médico, com assinatura digital.

Desta forma, os resultados são liberados em minutos na plataforma.

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Conclusão

Gostou de aprofundar os conhecimentos sobre a espirometria na pediatria?

Com alguns ajustes, é possível realizar esse importante exame, favorecendo o diagnóstico e tratamento de doenças respiratórias.

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Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin