Espirometria com prova broncodilatadora: como é feita essa avaliação

Por Dr. José Aldair Morsch, 2 de setembro de 2022
Espirometria com prova broncodilatadora

Espirometria com prova broncodilatadora é um exame de grande importância no diagnóstico e avaliação de doenças respiratórias.

Principalmente em distúrbios obstrutivos com efeitos reversíveis, como a asma.

Afinal, o método diagnóstico oferece dados complementares sobre o volume e capacidade pulmonar, possibilitando a análise antes e depois do uso de broncodilatador.

Falo mais sobre esse tema ao longo do artigo, incluindo a finalidade, como é feita e qual a diferença entre espirometria simples e com prova broncodilatadora.

Ambas as modalidades do exame se beneficiam da interpretação e laudo a distância via telemedicina.

O que é espirometria com prova broncodilatadora?

Espirometria com prova broncodilatadora é um exame que mede a capacidade respiratória antes e após o uso do broncodilatador.

O broncodilatador é um medicamento composto por substâncias que expandem o espaço interno dos brônquios e bronquíolos, ramificações da traqueia que permitem a passagem do ar até os pulmões.

Salbutamol, metacolina, carbacol e histamina são exemplos de broncodilatadores utilizados nessa modalidade de espirometria.

Também conhecido como teste do sopro ou prova de função pulmonar, o procedimento é feito com o suporte de um dispositivo pequeno e geralmente portátil: o espirômetro.

O aparelho avalia a quantidade de ar inspirado e expirado, além da velocidade dos movimentos respiratórios.

Como resultado, são formados gráficos que revelam detalhes sobre o funcionamento das vias aéreas inferiores.

Código TUSS da espirometria com prova broncodilatadora

O método diagnóstico está registrado na Tabela TUSS (Terminologia Unificada da Saúde Complementar) sob o código 40105075.

A numeração contempla os procedimentos que se referem à Prova de função pulmonar completa (ou espirometria clínica

Incluindo a versão com prova broncodilatadora, citada como Espirometria Forçada – Volumes e Fluxos Máximos (com/sem BD).

Em vigor desde 2010, a Tabela TUSS serve para padronizar todas as nomenclaturas e códigos ligados aos procedimentos médicos reconhecidos pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

O uso do código adequado acaba com dúvidas e obedece ao padrão TISS (Troca de Informação de Saúde Suplementar), instituído pela ANS como forma de uniformizar as informações compartilhadas entre prestadores de serviços, operadoras privadas de saúde e a própria ANS.

Neste documento, a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) esclarece que a terminologia Prova de Função Pulmonar ou Espirometria engloba quatro etapas do procedimento.

São elas:

  1. Espirografia simples
  2. Determinação da mecânica respiratória
  3. Curva fluxo-volume com estudo dos fluxos
  4. Prova farmacodinâmica.

A SBPT ainda explica que:

“Não é admissível a realização de um exame de função pulmonar adequado somente com a manobra de ‘espirografia simples’, que se refere à realização de uma manobra isolada que não equivale ao exame completo de função pulmonar (espirometria), que inclui a análise comparativa de mais de seis curvas fluxo-volume e volume-tempo, medidas de capacidades e teste farmacodinâmico”.

Ou seja, a nomenclatura e código TUSS reconhecem a realização do exame completo, evitando equívocos e favorecendo o diagnóstico correto.

Para que serve o exame de espirometria com broncodilatador?

A espirometria com prova broncodilatadora pode ser solicitada para diferentes finalidades.

Como método diagnóstico, seu propósito é avaliar sintomas sugestivos, a fim de identificar patologias respiratórias, principalmente as que possuem padrão obstrutivo.

Falo do grupo de distúrbios desencadeados por obstruções, que levam ao aumento da resistência das vias aéreas.

Um deles é a asma, doença crônica caracterizada pela inflamação dos brônquios e bronquíolos que costuma intercalar períodos assintomáticos e exacerbações.

Ainda não se sabe a causa da patologia, mas é comum que as crises surjam diante da exposição a alérgenos como poeira, pelos de animais e odores intensos.

Nesses períodos, o asmático sofre com dispneia, tosse intensa e sibilos – quadro que pode ser investigado com o auxílio da espirometria com broncodilatador.

Em especial porque esse medicamento costuma reverter a limitação ao fluxo expiratório variável observada entre pacientes asmáticos.

Segundo detalha este artigo técnico sobre Teste de broncodilatação,

“Na asma, a resposta à prova broncodilatadora (PBD) costuma ser mais intensa, podendo ser considerada típica de asma quando se observa um aumento ≥ à 15 pontos percentuais no teórico do volume expiratório forçado no 1º segundo (VEF1)”.

Nesse cenário, o exame com prova broncodilatadora auxilia também no diagnóstico diferencial da asma, que possui várias semelhanças com a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC).

Normalmente, quem sofre com DPOC não apresenta resposta intensa ao uso de broncodilatador.

Tanto que a Global Initiative For Chronic Obstructive Pulmonary Disease (GOLD) usa como critério fixo para o diagnóstico da DPOC a existência de relação VEF1/CVF pós-broncodilatador < 70%.

Provavelmente, porque essa patologia causa comprometimento permanente e progressivo da função ventilatória pulmonar, com elevada dificuldade para amenizar os sintomas – que são parecidos com os da asma, incluindo falta de ar, tosse persistente e produção de muco.

Espirometria com broncodilatador

Um médico solicita o exame de espirometria com prova broncodilatadora como método diagnóstico e de avaliação

Diferença entre espirometria simples e com prova broncodilatadora

Como o nome sugere, a diferença básica está na etapa que utiliza o broncodilatador.

Porque o exame de espirometria nem sempre requer essa fase.

Ele pode ficar restrito à espirografia simples, seguida por determinação da mecânica respiratória e curva fluxo-volume com estudo dos fluxos.

Quando estamos avaliando colaboradores em empresas, chamamos de espirometria ocupacional.

A versão simples do exame é útil para avaliações preventivas, ocupacionais e no diagnóstico de patologias com padrão restritivo.

Essas doenças pouco se beneficiam da prova broncodilatadora.

Isso ocorre porque são caracterizadas pela redução do volume pulmonar, impedindo que os órgãos se expandam normalmente.

Sarcoidose e fibrose pulmonar fazem parte do grupo de distúrbios respiratórios de padrão restritivo.

Além da avaliação dessas doenças, a espirometria simples pode ter finalidade preventiva, sendo feita antes de iniciar atividade física intensa, por exemplo.

Ou fazer parte dos exames do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO), composto por avaliações periódicas para evitar o desenvolvimento de doenças ocupacionais.

Nesse caso, o objetivo é o diagnóstico precoce de patologias em trabalhadores expostos a poeiras minerais, fumos, névoas e outras substâncias capazes de irritar o trato respiratório.

Os principais distúrbios detectados pela espirometria ocupacional são:

Sua descoberta em estágio inicial possibilita intervenções que previnem agravos, como o afastamento do patógeno.

O que preserva o bem-estar no trabalho e, às vezes, até a vida do colaborador.

Prova broncodilatadora na espirometria

O espirômetro avalia a quantidade de ar inspirado e expirado, além da velocidade dos movimentos respiratórios

Como é feita a espirometria com prova broncodilatadora?

Conforme mencionei antes, o procedimento é dividido em fases.

Antes de começar, o médico ou técnico em enfermagem responsável pela condução do exame pede para o paciente se sentar em posição confortável, próximo a uma mesa.

Nela, estará o espirômetro, equipamento conectado a um bocal descartável para evitar contaminações.

A fim de garantir que os valores registrados corresponderão aos reais volumes e capacidades pulmonares, o profissional de saúde coloca um clipe para tapar as narinas do paciente.

Assim, não há risco de parte do ar escapar ou ser inspirado pelo nariz.

Em seguida, a espirometria tem início, partindo da orientação para que o paciente sopre pelo bocal do aparelho.

Primeiro, ele respira normalmente, a fim de demonstrar o condicionamento rotineiro.

Depois, deverá seguir as orientações para a execução de manobras específicas.

A exemplo da inspiração forçada, ou seja, a captação da quantidade máxima de ar com força total.

Ela é seguida pela expiração forçada, que deve durar pelo menos seis segundos para esvaziar os pulmões.

Claro que eles não ficam vazios por completo, pois existe o volume residual mantido para evitar seu colabamento.

Contudo, é preciso se esforçar para eliminar todo o ar possível.

Ao final das manobras, o aparelho de espirometria terá gerado no mínimo três gráficos reprodutíveis.

Só então é que começa a etapa de prova broncodilatadora.

O medicamento costuma ser administrado por via inalatória, através de spray (bombinha) para chegar até os brônquios e bronquíolos.

Seu efeito leva à expansão dessas estruturas – que, como citei acima, tende a ser maior entre asmáticos.

Por consequência, a capacidade respiratória do paciente aumenta.

Para atestar esse efeito, as mesmas manobras que detalhei antes são repetidas, oferecendo valores para comparação com a fase anterior.

Posteriormente, os gráficos serão interpretados por um pneumologista especializado em espirometria.

Preparo para a espirometria com prova broncodilatadora

O preparo para o exame é simples.

Não há recomendação para jejum, no entanto, vale fazer uma refeição leve algumas horas antes da espirometria com prova broncodilatadora.

Dessa forma, o organismo estará fortalecido na hora do procedimento.

Outra dica é evitar o consumo de estimulantes nas seis horas que antecedem a prova de função pulmonar.

Cafés, chás, chocolate, refrigerantes e bebidas alcoólicas podem comprometer os resultados do exame.

Assim como o uso da medicação de alívio (bombinha), que deve ser suspensa antes da espirometria.

Isso porque ela contém broncodilatadores de curta duração, como o salbutamol, que não devem ser utilizados quatro horas antes do procedimento.

Substâncias de longa duração exigem antecedência de 12 horas para não prejudicar os dados sobre a capacidade pulmonar.

Em todo caso, o paciente precisa informar previamente que faz uso dessas medicações.

Outra prática que deve ser interrompida nas duas horas que antecedem o teste do sopro é a atividade física.

Na verdade, o paciente precisa se manter em repouso durante esse período, evitando qualquer esforço capaz de alterar a respiração.

E apresentar resultados de exames respiratórios anteriores à equipe médica.

O que acontece após a prova broncodilatadora?

O próximo passo é a avaliação dos dados captados durante as fases da espirometria.

Quando o exame é feito com broncodilatação, são geradas duas curvas diferentes, que serão comparadas pelo especialista responsável pelo laudo médico.

As curvas se formam a partir dos seguintes dados.

  • Capacidade vital (CV): descreve o maior volume de ar registrado durante a expiração
  • Capacidade vital forçada expiratória (CVF): maior volume de ar exalado com esforço pelo paciente
  • Volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1): medida do volume de ar no primeiro segundo da manobra de CVF
  • Pico de Fluxo Expiratório (PFE): máximo fluxo de ar durante a CVF.

Caso haja melhora da capacidade respiratória com o uso do medicamento, considera-se a prova broncodilatadora positiva.

Geralmente, esse dado confirma o diagnóstico de asma.

Se, por outro lado, não houver alterações significativas entre a primeira e a segunda curva, a prova broncodilatadora é negativa.

O que afasta o diagnóstico de asma, sinalizando outros distúrbios respiratórios como a DPOC.

Avaliação da espirometria com a telemedicina

Espirometria simples, ocupacional ou com prova broncodilatadora.

Todas elas podem ser conduzidas por médicos do trabalho ou generalistas, fisioterapeutas e técnicos de enfermagem devidamente treinados.

Mas somente pneumologistas qualificados ficam responsáveis pelo laudo médico.

Afinal, eles terão de interpretar curvas e dados complexos, determinando se há indício de doenças respiratórias de padrão obstrutivo ou restritivo.

No caso da espirometria com broncodilatador, as informações são ainda mais específicas, exigindo a avaliação de profissionais experientes.

Porém, a maioria deles se concentra nas metrópoles brasileiras, deixando cidades pequenas e locais remotos sem cobertura.

Foi para solucionar esse problema que empresas como a Telemedicina Morsch criaram o serviço de laudos a distância.

Regulamentado desde os anos 2000, ele conecta unidades de saúde de todo o país a especialistas aptos a interpretar a prova de função pulmonar.

A comunicação é mediada pela plataforma de telemedicina, um sistema robusto hospedado na nuvem (internet), que pode ser acessado a partir de qualquer dispositivo, desde que o usuário tenha login e senha.

O software Morsch ainda conta com a proteção da criptografia, garantindo o sigilo médico.

Uma vez compartilhados no sistema, os registros da espirometria são analisados sob a luz do histórico de saúde e suspeita clínica.

Então, um de nossos pneumologistas elabora o laudo online, assinado digitalmente segundo os padrões exigidos pelo CFM. O documento é liberado na plataforma em minutos.

Clínicas que não possuem aparelho de espirometria podem ampliar o portfólio e a quantidade de exames aderindo ao comodato de equipamentos médicos.

Ao contratar um pacote de laudos a distância com a Morsch, o cliente ganha o direito de utilizar um espirômetro sem custo adicional, enquanto durar a parceria.

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Conclusão

Ao final deste texto, espero ter colaborado para ampliar seus saberes sobre a espirometria com prova broncodilatadora.

Você pode contar com o time Morsch para interpretar a espirometria, aumentando o acesso a esse importante exame.

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Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin