Bloqueio atrioventricular: o que é, tipos, sintomas e tratamento

Por Dr. José Aldair Morsch, 30 de agosto de 2023
Bloqueio atrioventricular

O bloqueio atrioventricular pode ter maior ou menor gravidade, de acordo com o tipo.

Há desde casos que não impactam na saúde cardiovascular até o bloqueio total ou BAVT, potencialmente fatal.

Daí a importância de entender as características de cada BAV, viabilizando o diagnóstico correto para dar início ao tratamento com rapidez.

Neste texto, trago detalhes sobre o bloqueio atrioventricular e possíveis causas.

Leia até o final para entender também como acelerar o diagnóstico com a telemedicina.

O que significa bloqueio atrioventricular?

O bloqueio atrioventricular é caracterizado pelo atraso excessivo ou ausência da condução do estímulo elétrico dos átrios para os ventrículos.

Vale lembrar que, no ritmo sinusal, ocorre um breve atraso na passagem do impulso elétrico das câmaras cardíacas superiores para as inferiores.

No entanto, essa despolarização dos átrios não ultrapassa os 200 ms.

É o que acontece no BAV.

Uma das consequências do bloqueio é a diminuição da frequência cardíaca devido a bradiarritmias ou bradicardias.

Tipos de bloqueio atrioventricular

Existem cinco tipos de BAV, que podem ser identificados por meio da extensão no tempo de despolarização atrial.

Falo mais sobre suas características abaixo.

Siga acompanhando!

Bloqueio atrioventricular de 1º grau

Embora seja chamado de BAV, provoca apenas uma alteração na duração do intervalo PR, sem qualquer implicação clínica.

Todas os demais padrões de ondas do eletrocardiograma, intervalos e durações encontram-se preservados na análise do ECG.

Bloqueio atrioventricular de 2º grau 2:1 no ECG

É visualizado com a ausência de um complexo QRS após cada batimento cardíaco normal, ou seja, aparecem duas ondas P para cada complexo QRS.

Bloqueio atrioventricular de segundo grau 2:1

BAV de segundo grau do tipo 2:1

Bloqueio atrioventricular de 2º grau Mobitz I

Nesse tipo de bloqueio, o atraso na condução aumenta progressivamente, até que uma onda P é totalmente bloqueada – no chamado fenômeno de Wenckebach.

Em seguida, o ciclo recomeça.

Bloqueio atrioventricular de 2º grau Mobitz II

É caracterizado por atrasos constantes e intermitentes, como detalha este estudo:

“No BAV de 2o grau tipo II ocorrem falhas na condução do estímulo dos átrios para os ventrículos, mas nos batimentos conduzidos, o intervalo PR é constante e a duração geralmente é normal”.

Bloqueio atrioventricular de 3º grau

Neste bloqueio avançado, ocorre a dissociação atrioventricular devido ao bloqueio atrioventricular total.

No resultado do ECG, é possível visualizar o bloqueio consecutivo de três ondas P ou mais.

 

Bloqueio atrioventricular de terceiro grau, manifestando pausas ventriculares

BAV de terceiro grau com pausa ventricular

Sintomas do bloqueio atrioventricular

BAV de 1º grau e 2º grau Mobitz 1 costumam ser assintomáticos.

Já os tipos de maior gravidade (2º grau Mobitz 2 e 3º grau) podem se manifestar através de:

Na sequência, explico o que pode levar ao BAV.

Causas do bloqueio atrioventricular

Fibrose e esclerose do sistema de condução cardíaco estão entre as principais causas, resultando do desgaste do tecido.

Por isso, um dos fatores de risco para BAV é a idade avançada.

Contudo, a condição pode estar presente em pacientes mais jovens, crianças ou mesmo ser congênita.

Vale considerar ainda condições como:

  • Infarto agudo do miocárdio (IAM) e outras doenças isquêmicas
  • Miocardite
  • Endocardite
  • Miocardiopatia chagásica
  • Distúrbios eletrolíticos como a hipercalemia
  • Intoxicação por betabloqueadores e bloqueadores do canal de cálcio
  • Valvulopatias.

Apenas a investigação médica pode revelar a causa, além do próprio diagnóstico da condição e seu respectivo tratamento.

Bloqueio ATV

Fibrose e esclerose do sistema de condução cardíaco estão entre as principais causas do bloqueio ATV

Bloqueio atrioventricular é grave?

Depende do tipo de BAV.

Segundo a Diretriz da Sociedade Brasileira de Cardiologia sobre a Análise e Emissão de Laudos Eletrocardiográficos – 2022:

“Episódios de bloqueio atrioventricular de primeiro grau e de segundo grau tipo I ocorrem em cerca de 10% das crianças e até 20% dos adolescentes normais, eventualmente ocorrendo períodos de bloqueio atrioventricular do tipo 2:1. São mais frequentes durante o sono, mas podem também ocorrer na vigília, principalmente em indivíduos vagotônicos e atletas”.

Já os BAV de 2º grau Mobitz II e 3º grau geralmente são patológicos e podem desencadear eventos graves.

Bloqueio atrioventricular tem tratamento?

Sim, há diferentes opções de tratamento para o BAV e até casos que não requerem abordagem terapêutica.

O BAV de 1º grau e o de 2º grau Mobitz I, por exemplo, tendem a dispensar intervenções e podem ocorrer em pessoas normais, como mencionei acima.

No entanto, é preciso monitorar o paciente para evitar sua evolução para formas mais graves.

O bloqueio atrioventricular total e Mobitz II podem ser estabilizados utilizando fármacos como a atropina e adrenalina, ou mesmo com o auxílio de um marcapasso temporário.

Por vezes, o tratamento definitivo será feito com a inserção de marcapasso cardíaco definitivo para normalizar a FC.

Outro ponto de atenção é a causa do BAV. Por exemplo, bloqueios provocados por medicamentos podem cessar de forma espontânea após a suspensão de uso.

Como diagnosticar o bloqueio atrioventricular no ECG?

Além do exame clínico, exames como o eletrocardiograma são essenciais para o diagnóstico de diferentes tipos de BAV.

Isso porque o exame permite a avaliação do ritmo cardíaco, revelando detalhes da FC, sequências e intervalos.

Nesse cenário, dá para identificar o BAV ao detectar intervalo PR estendido, com duração maior que 200 ms ou 5 quadradinhos no papel do ECG.

Vantagens do laudo eletrônico do ECG

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Toda a comunicação é preservada por mecanismos de autenticação e criptografia, atendendo às exigências do Conselho Federal de Medicina.

No mesmo sistema, você ainda conta com:

Conheça todos os benefícios da telemedicina cardiológica.

Conclusão

Ao final deste artigo, espero ter esclarecido as principais informações sobre bloqueio atrioventricular.

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E confira mais artigos sobre cardiologia que publico aqui no blog.

Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin