Fatores que interferem na qualidade do ECG

Por Dr. José Aldair Morsch, 23 de agosto de 2019
Qualidade do Eletrocardiograma

A qualidade do eletrocardiograma depende de uma série de fatores, que envolvem equipamentos, técnicas, posicionamento do paciente e eletrodos.

Problemas em qualquer um deles podem resultar em distorções nos gráficos do exame, que prejudicam sua interpretação, requerendo um novo teste para monitorar a atividade cardíaca.

Há alterações no ECG que podem ser identificadas com facilidade durante o procedimento, enquanto outras são mais difíceis de detectar.

Daí a importância de conhecer o traçado de um exame normal e formas de preparo para evitar o comprometimento dos resultados – assuntos que vou tratar neste artigo.

Também vou mostrar as principais características de um bom eletrocardiograma e como otimizar a entrega de laudos médicos desse teste, com o apoio da telemedicina.

Interessado? Então, continue lendo.

Qualidade do eletrocardiograma: o que define um bom exame de ECG?

Um bom eletrocardiograma é aquele que gera dados confiáveis sobre os impulsos elétricos emitidos pelo coração.

Ou seja, o traçado expresso pelo teste deve retratar, de maneira fidedigna, o ritmo cardíaco do paciente, sem artefatos que interfiram nos gráficos.

Para explicar melhor, vamos falar sobre o traçado do ECG.

Um traçado normal é formado por ondas, que são responsáveis pela variação nas linhas do exame.

Existem seis tipos de ondas que aparecem no eletrocardiograma (P, Q, R, S, T e U) e cada uma descreve uma etapa da passagem de impulsos elétricos por diferentes partes do músculo cardíaco.

De forma resumida, cada batida do coração é formada por uma sequência que, quando normal, corresponde a uma onda P, um complexo QRS e uma onda T.

Alterações nesse ritmo padrão, também chamado ritmo sinusal, costumam indicar doenças, mas também podem ser provocadas por defeitos em aparelhos, técnicas inadequadas, falhas no preparo do paciente, entre outros fatores.

O que interfere na qualidade do eletrocardiograma?

Simples, não invasivo, indolor e de baixo custo, o ECG é um teste de diagnóstico em cardiologia extremamente popular.

De forma resumida, basta um preparo rápido da pele do paciente, a fixação dos eletrodos e um aparelho confiável para produzir bons resultados.

No entanto, são os pequenos detalhes que levam ao registro de um traçado de qualidade para ser bem interpretado e entregar um exame de qualidade para o paciente.

Se há um eletrodo solto ou saturação dos amplificadores de captação de eletrocardiograma, por exemplo, os gráficos ficam comprometidos.

Isso significa que algumas condições devem ser observadas – e comento as mais comuns abaixo.

1. Eletrodo desconectado do aparelho durante o exame

Eletrodos precordiais

Veja a posição dos eletrodos de V1 a V6 no tórax do paciente.

Ocorre se o conector do cabo do paciente está mal conectado ou solto da garra ou presilha que se une ao eletrodo.

Quando preparamos o paciente para realizar o eletrocardiograma, colocamos os eletrodos nos punhos e tornozelos e, depois, fixamos os eletrodos com ventosas no tórax do paciente.

Caso alguma das garras ou presilhas utilizadas se solte do eletrodo, vai aparecer uma linha reta no registro da derivação correspondente – por exemplo, DI , V2 ou qualquer outra.

Alguns aparelhos avisam sobre a falha através de um bip sonoro. Outros, não.

Então, a regra é observar o traçado.

Isso altera, e muito, a qualidade do eletrocardiograma.

Ao observar uma linha reta no traçado de qualquer derivação, conecte novamente o cabo do paciente no eletrodo e reinicie o exame.

2. Eletrodo solto do peito durante o exame de ECG

Se o eletrodo não estiver devidamente fixado na pele do paciente, a qualidade do eletrocardiograma ficará comprometida.

Essa situação é comum em pacientes com muitos pelos no peito, o que dificulta a aderência dos eletrodos e pode até inviabilizar o exame.

Nesses casos, também aparece uma linha reta na derivação correspondente, mas o motivo é o eletrodo solto, e não o cabo do eletrodo.

Para evitar que os eletrodos se soltem, é importante raspar ou cortar os pelos antes de iniciar o exame.

Lembre-se, ainda, de não abusar na quantidade de gel condutor de eletricidade para fixar os eletrodos, pois isso também faz com que eles se soltem da pele com mais facilidade.

A regra é usar uma gota para cada posição do eletrodo.

Se um ou mais eletrodos se soltarem, faça novamente a limpeza da pele do paciente com algodão e álcool, aproxime cuidadosamente o eletrodo e, caso perceba que a linha reta permanece, é sinal de outro problema que vou abordar na sequência.

3. Eletrodo seco, sem gel de condução

Às vezes, o técnico ou médico que conduz o ECG pode achar que a aplicação do gel para auxiliar na fixação dos eletrodos não é tão importante, deixando o produto de lado.

O problema é que dispensar o gel faz com que os batimentos não apareçam corretamente na tela do computador e os complexos QRS fiquem muito pequenos no traçado, inviabilizando uma boa análise do eletrocardiograma.

Isso indica que o eletrodo está seco ou precisa de mais gel para aumentar o contato e a aderência à pele do paciente.

A solução é fazer novamente a limpeza da pele com algodão e álcool, para tirar o excesso de gordura, e colocar o eletrodo em seguida.

4. Cabo do paciente com defeito

Os cabos que compõem o eletrocardiógrafo são formados por milhares de filamentos que podem se quebrar com o uso inadequado ou se não houver cuidado na hora de guardá-los.

Esses problemas dentro dos cabos ficam evidentes quando a derivação correspondente apresenta uma linha reta e não há maneira de corrigir essa situação.

A única solução, nesses casos, é trocar o cabo.

Mas, atenção: nunca use eletrodos ou cabos de marcas e modelos diferentes para tentar fazer os exames, nem mande consertar o cabo em uma eletrônica, pois há necessidade de testes específicos para validar o uso em pessoas.

Confira, no vídeo a seguir, a forma correta de guardar o cabo do equipamento de ECG:

5. Tomada sem aterramento

O aterramento inadequado da tomada que alimenta o aparelho de ECG também pode causar problemas nos registros do exame.

Ao perceber esse problema, o mais recomendado é chamar um eletricista para que faça um aterramento específico para essa tomada.

Enquanto aguarda pela correção, você pode usar um eletrocardiógrafo que funcione conectado a um notebook, desde que desconecte o computador da tomada durante o ECG, evitando interferências.

Exemplo de cabo quebrado visto no traçado

Cabos quebrados costumam mostrar falhas grosseiras no traçado do eletrocardiógrafo, como mostrado na figura abaixo.

Exemplo de cabo quebrado visto no traçado

Exemplo de cabo quebrado visto no traçado

QRS pequeno e linha de base irregular

Ocorre quando a pele do paciente é mal preparada, culminando no registro de cada batimento em tamanho insatisfatório para ser analisado pelo cardiologista responsável pelo laudo do ECG.

Se todas as linhas nos gráficos estiverem com aspecto irregular, diferente da tradicional linha lisa, reta, que desenvolve a atividade regular de batimento cardíaco, isso indica que a pele não foi bem preparada.

Para evitar esse problema, é essencial retirar pelos e a gordura da pele do paciente, fazendo a limpeza com algodão e álcool.

Outros fatores que interferem na qualidade do eletrocardiograma

Além dos fatores citados nos tópicos acima, itens relacionados ao paciente e ao equipamento utilizado podem prejudicar o registro do eletrocardiograma.

De acordo com este artigo, publicado nos Arquivos Brasileiros de Cardiologia, existem cinco problemas principais ligados aos eletrocardiógrafos, que comprometem os resultados do exame.

São eles:

  • Falta de calibração ou calibração inadequada
  • Interferências eletromagnéticas
  • Defeitos no filtro
  • Problemas nos sistemas de aquisição e processamento do sinal
  • Falhas no sistema de impressão (apenas para equipamentos analógicos, pois os aparelhos de ECG digital não exigem a impressão dos gráficos).

Abaixo, trato dos fatores relacionados ao paciente.

Movimentação do paciente que gera artefatos

O médico ou técnico que realizam o exame precisam posicionar o paciente de forma confortável.

Também devem orientá-lo para que permaneça imóvel durante o eletrocardiograma.

Qualquer espasmo ou pequeno movimento leva a distorções e artefatos no registro.

Conformação do tórax do paciente

É preciso estar atento na hora de posicionar os eletrodos, pois há pacientes com diferentes biótipos e formatos da caixa torácica.

É por isso que há técnicas distintas, por exemplo, para o ECG pediátrico.

Técnica adequada para obtenção de um traçado eletrocardiográfico de qualidade

Técnica adequada para obtenção de um traçado eletrocardiográfico de qualidade

Técnica adequada para obtenção de um traçado eletrocardiográfico de qualidade

Embora haja diferenças para alguns pacientes, a técnica mais comum para um registro de qualidade envolve três aspectos: posicionamento, preparo e local adequado.

Veja detalhes a seguir.

1. Posicionamento adequado do paciente

Estudos recomendam que o ECG seja feito na posição decúbito dorsal horizontal, ou seja, com o paciente deitado de barriga para cima.

2. Preparação do ambiente

Antes de entrar na sala de exames, o paciente precisa retirar qualquer objeto de metal que possa interferir no sinal do eletrocardiógrafo.

A sala também deve ficar longe de aparelhos de ondas curtas, fios de alta tensão, motores e outros dispositivos elétricos.

3. Preparo da pele do paciente

Conforme citei acima, é preciso limpar a pele com álcool, benzina ou éter antes de aplicar o gel condutor de eletricidade.

Depois, é recomendado colocar aproximadamente 1 centímetro de gel para fixar bem os eletrodos.

Ainda não usa os serviços de telemedicina?

Para clínicas localizadas em locais remotos, sem especialista para interpretar os exames, a telemedicina é um excelente meio de enviar os exames e receber os laudos médicos em minutos.

Além do apoio com laudos digitais, a Telemedicina Morsch disponibiliza treinamento e atualização constante para técnicos de enfermagem responsáveis por conduzir o ECG, aumentando a qualidade do exame.

Como funciona o laudo a distância de eletrocardiograma

Tudo começa quando um médico ou técnico de enfermagem capacitado prepara a pele do paciente, fixa os eletrodos e liga o aparelho de ECG ou eletrocardiógrafo digital.

Esse equipamento possui tecnologia para amplificar os impulsos elétricos emitidos pelo coração, que são convertidos em gráficos de linha.

Os sinais são enviados automaticamente a um software instalado em um computador, que os transforma em pixels (os menores pontos numa imagem digital).

Em seguida, o próprio técnico pode compartilhar esses arquivos via plataforma de telemedicina, acessível mediante login e senha.

Assim que ficam disponíveis, os registros começam a ser analisados e interpretados por cardiologistas logados no sistema.

Eles produzem e assinam digitalmente o laudo médico do exame, liberando o documento na mesma plataforma.

Após esse processo, que dura minutos, o laudo pode ser salvo, impresso, enviado ao paciente ou ao médico que solicitou o exame.

Benefícios do laudo a distância de eletrocardiograma

Optar pelos documentos emitidos a distância tem um impacto positivo no orçamento da clínica, consultório ou hospital.

Isso porque empresas bem estruturadas, como a Morsch, possuem um time dedicado somente à interpretação de exames, que elabora os laudos com eficiência e agilidade, resultando em um custo menor por laudo.

Observe, abaixo, outras vantagens do resultado a distância para o eletrocardiograma.

1. Os laudos de eletrocardiograma ficam salvos na nuvem em segurança

Ao contrário dos laudos impressos, que pedem espaço físico para arquivamento, os laudos digitais são armazenados automaticamente na nuvem.

Esse local na internet é protegido por senhas e criptografia, a fim de preservar o sigilo das informações médicas.

Na nuvem, os documentos ficam organizados, protegidos de fraudes e da deterioração com o tempo, e podem ser encontrados facilmente através de pesquisas na plataforma de telemedicina.

2. O eletrocardiograma é interpretado por cardiologistas

Diante da carência de médicos em diversas regiões brasileiras, o Conselho Federal de Medicina permite a realização do eletrocardiograma e outros exames simples por técnicos em enfermagem treinados.

Porém, sua interpretação e laudo ficam restritos a cardiologistas com especialização no ECG, que inserem sua assinatura digital para garantir a autenticidade do documento.

Na Morsch, apenas especialistas qualificados e com CRM ativo laudam e assinam os exames.

3. Treinamento de equipe para realização de eletrocardiograma de qualidade

Contar com uma parceira de telemedicina inclui serviços agregados como o acesso a conteúdos didáticos para a capacitação e atualização profissional.

Dessa forma, técnicos em enfermagem podem realizar os treinamentos a distância em boas práticas para o ECG, disponíveis na plataforma de telemedicina 24 horas por dia.

4. Disponibilidade de segunda opinião médica quando solicitada

Outro serviço ofertado pela Morsch é a segunda opinião médica, essencial quando há dúvidas sobre o laudo emitido remotamente.

Sempre que necessário, o cliente pode acessar o sistema e solicitar esse suporte, sem qualquer burocracia ou pagamento de taxas extras.

5. Laudos à distância de ECG emitidos 24 horas por dia

A plataforma da Morsch funciona 365 dias por ano, sem interrupções.

Portanto, sua equipe pode requisitar laudos online a qualquer hora do dia ou da noite, e receber os documentos em minutos.

6. Comodato de eletrocardiograma quando solicitado

O comodato de equipamentos médicos é uma alternativa para economizar na aquisição dessas tecnologias, sem deixar de lado a qualidade.

Nessa modalidade de aluguel, o cliente contrata um pacote de laudos, paga uma mensalidade única e ganha o direito de utilizar gratuitamente o eletrocardiógrafo, enquanto durar a parceria.

A Morsch também garante o suporte o remoto e substituição do aparelho durante períodos de manutenção.

Como escolher o melhor eletrocardiógrafo para garantir a qualidade do eletrocardiograma?

Escolher um aparelho de ECG entre as várias opções disponíveis no mercado pode ser uma tarefa complexa.

Nesse momento, é fundamental ter em mente as necessidades do seu serviço, que devem servir de base para adquirir um equipamento apropriado.

Uma boa dica é começar confirmando se o equipamento tem registro e aprovação da Anvisa, o que significa que ele passou em testes de desempenho e segurança.

Recomendo, ainda, que você dê prioridade a dispositivos com as características a seguir.

Eletrocardiógrafo digital

Apesar da evolução do eletrocardiógrafo, ainda existem modelos que utilizam tecnologia analógica, imprimindo os resultados num papel especial para o aparelho.

O fato de só gerarem registros impressos restringe a interpretação do exame a um cardiologista local, além de exigir espaço físico para que sejam guardados e dificultar a análise do traçado.

Portanto, é mais vantajoso investir em um equipamento de ECG digital, que dispensa o uso de papel, espaço para arquivamento e permite o compartilhamento dos registros via internet e plataforma de telemedicina.

Pequeno, leve e prático

Vale a pena priorizar eletrocardiógrafos portáteis, que sejam fáceis de transportar.

Essa característica viabiliza a realização do exame em diferentes locais – hospitais, salas distintas, clínicas, ambulâncias e até na residência de pacientes acamados.

Entrada USB

Uma entrada USB permite que o eletrocardiógrafo seja alimentado pela bateria de um notebook, dando maior segurança durante o exame.

Ausência de alimentação via rede elétrica

Em geral, essa é uma característica dos dispositivos com entrada USB, que funcionam conectados a um notebook.

Com eles, é possível fazer o ECG em locais sem energia elétrica e compartilhar seus resultados depois, quando houver acesso à internet.

Também não há risco de comprometimento dos registros devido ao uso de tomadas sem o aterramento adequado.

Sobre a Telemedicina Morsch

Tendo iniciado sua atuação como clínica cardiológica, a Morsch detém a expertise necessária para ofertar laudos de qualidade por meio da telemedicina.

Além dos resultados para ECG, seu time formado por 20 especialistas atende a exames neurológicos, pneumológicos, radiológicos e aos seguintes procedimentos cardiológicos:

  • Teste ergométrico em esteira
  • Holter de ECG digital 24 horas
  • Mapa de pressão arterial 24 horas
  • Cálculo do risco cirúrgico pré-operatório
  • Avaliação cardiológica para o clínico geral
  • Tomografia cardiovascular
  • Ressonância cardiovascular.

Através de uma plataforma integrada, centenas de clientes em todo o Brasil dispõem de laudos a distância, aluguel em comodato, treinamento remoto e segunda opinião qualificada, 24 horas por dia.

É por isso que cada vez mais clínicas, hospitais e consultórios estão otimizando seus serviços com o auxílio da Morsch.

Conclusão

Neste artigo, abordei os principais fatores que interferem na qualidade do eletrocardiograma, fornecendo soluções para produzir registros fidedignos.

Nesse cenário, a plataforma de telemedicina pode ser bastante útil, pois dissemina treinamentos com boas práticas para a condução desse importante exame.

Conte com a Morsch para ajudar sua equipe nesse processo e, de quebra, otimizar a entrega de resultados com a emissão de laudos a distância.

Entre em contato para saber mais ou, se preferir, peça já o seu teste grátis da nossa plataforma.

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Referências Bibliográficas

GUIMARAES, Jorge Ilha; MOFFA, Paulo J.; UCHIDA, Augusto H.; BARBOSA, Paulo Benchimol. Normatização dos equipamentos e técnicas para a realização de exames de eletrocardiografia e eletrocardiografia de alta resolução. Arq. Bras. Cardiol. vol.80 no.5 São Paulo May 2003.

FERNANDES, Cátia Rafaela Rodrigues. Avaliação e Melhoria da Qualidade de Sinais ECG Adquiridos em Sistemas Vestíveis. Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto. Junho 2017.

Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin