Tetralogia de Fallot: o que é, sintomas, expectativa de vida e tratamento

Por Dr. José Aldair Morsch, 16 de fevereiro de 2023
Tetralogia de Fallot

Já ouviu falar em tetralogia de Fallot?

Pediatras, cardiologistas e outros médicos podem se deparar com essa patologia congênita, que provoca anomalias cardiovasculares no paciente.

Por vezes, os defeitos são identificados ainda durante a vida intrauterina, através de exames como o ecocardiograma fetal.

No entanto, há casos em que a doença só é diagnosticada semanas ou meses após o nascimento, quando surgem sintomas graves.

Crises hipercianóticas estão entre as manifestações clínicas, representando ameaça à vida da criança.

Avance na leitura para entender quais defeitos caracterizam a tetralogia de Fallot, sintomas e tratamentos disponíveis.

No final, você verá um bônus com soluções de telemedicina para auxiliar na detecção da patologia.

O que é tetralogia de Fallot?

Tetralogia de Fallot é uma doença congênita caracterizada por um conjunto de malformações no músculo cardíaco, aorta e valva pulmonar.

A condição prejudica a circulação sanguínea normal pelo pulmão, permitindo que sangue pobre em oxigênio (dessaturado) seja enviado para o organismo.

Por consequência, as células sofrem com a carência de nutrientes e oxigênio, desencadeando quadros de cianose severa.

A tetralogia de Fallot é considerada a principal cardiopatia congênita cianótica, respondendo por 7 a 10% dos casos de malformação cardíaca congênita.

Quais são os defeitos na tetralogia de Fallot?

Antes de mencionar as principais ocorrências, é importante deixar claro que a doença pode se apresentar de formas variadas.

Portanto, o que cito abaixo são as malformações mais comuns em pacientes com tetralogia de Fallot:

  1. Grave defeito no septo interventricular: permite a comunicação entre ventrículo esquerdo e direito
  2. Obstrução do trato de saída do ventrículo direito (VD): impede a conexão entre ventrículo direito e artéria pulmonar
  3. Desvio da aorta para a direita: a raiz da artéria acaba se deslocando, assumindo uma posição anormal
  4. Hipertrofia do ventrículo direito: resulta da maior pressão a que essa câmara fica submetida devido aos demais defeitos congênitos.

Vale também ficar atento aos sintomas, como menciono abaixo.

Quais os sintomas da tetralogia de Fallot?

Os sintomas dependem do grau de comprometimento das estruturas cardiovasculares.

Caso as malformações sejam muito graves, o recém-nascido apresenta cianose severa, precisando de tratamento logo após o parto.

Já pacientes com quadros moderados ou leves podem ser diagnosticados nos dois primeiros meses após o nascimento, quando o bebê tende a apresentar:

  • Cianose nas extremidades do corpo e mucosas
  • Dessaturação de oxigênio
  • Respiração ofegante, principalmente depois de esforços físicos, como ao mamar
  • Irritabilidade
  • Palidez
  • Letargia.

Algumas crianças podem sofrer com crise hipercianótica, um quadro de cianose progressiva detectável por meio de sinais como hiperpneia e irritabilidade.

Trata-se de emergência médica que, se não tratada, pode evoluir para perda da consciência, parada cardiorrespiratória e óbito.

Daí a necessidade de acompanhamento do paciente pediátrico, bem como da orientação dos pais e responsáveis para que saibam identificar os sintomas da tetralogia de Fallot e busquem ajuda médica.

Expectativa de vida de pacientes com tetralogia de Fallot

Sem tratamento, a patologia tem altos índices de mortalidade como descreve o artigo “Tratamento Cirúrgico da Tetralogia de Fallot no Adulto”:

“Estudos realizados sobre a evolução natural da tetralogia de Fallot, demonstram que apenas 11% desses pacientes atingem os 20 anos de idade. A mortalidade é bastante alta (36%) no primeiro ano de vida, diminuindo gradualmente até os 10 anos de idade, quando então se estabiliza, passando a apresentar uma taxa anual constante em torno de 6,4%. Em decorrência desse fato, apenas 11% dos pacientes com tetralogia de Fallot estarão vivos aos 20 anos, 6% aos 30 e 3% aos 40 anos.”

Tetralogia de Fallot tem cura?

Não se pode falar em cura para a doença, uma vez que o paciente necessita de monitoramento junto ao cardiologista durante toda a vida.

Contudo, cirurgias para correção dos defeitos cardiovasculares podem aumentar a expectativa e a qualidade de vida de quem sofre com tetralogia de Fallot.

Em alguns casos, é possível ter uma rotina próxima à de pessoas saudáveis, adotando medidas para prevenir complicações.

Tratamentos para tetralogia de Fallot

O tratamento definitivo consiste em uma ou mais cirurgias de correção das malformações congênitas, com a primeira operação feita até os seis meses de vida.

Mas nem sempre a patologia terá sido diagnosticada nesse período, expondo a criança à crise hipercianótica.

Nesse contexto, a equipe médica deverá socorrer o paciente, administrando suplementação de oxigênio e, se necessário, fármacos como morfina e betabloqueadores.

Também é indicada a flexão dos joelhos sobre o peito de bebês pequenos.

A correção cirúrgica deverá ser realizada assim que possível.

Como é feita a cirurgia de tetralogia de Fallot?

A necessidade de uma ou mais cirurgias depende da condição do paciente, gravidade e características da doença.

O objetivo da operação é fechar o septo ventricular usando um retalho cirúrgico, o que acaba com a comunicação interventricular.

Se for possível, a equipe realiza a abertura do trato de saída do ventrículo direito no mesmo procedimento, dilatando a valva pulmonar.

Telemedicina ajuda no diagnóstico da tetralogia de Fallot

Como citei na abertura do texto, o ecocardiograma fetal pode revelar anormalidades relacionadas à tetralogia de Fallot.

Já o diagnóstico após o parto utiliza inicialmente o raio X de tórax, que mostra formas incomuns, e eletrocardiograma, que evidencia a hipertrofia do VD.

Por fim, pode ser pedido um ecocardiograma com doppler para confirmar a hipótese diagnóstica.

Tanto o ECG quanto a radiografia torácica podem ser feitos pela equipe local e interpretados à distância via telemedicina.

Dessa forma, sua clínica ou hospital ganha agilidade no laudo e embasamento para decidir pelo tratamento adequado.

Basta fazer os exames normalmente e compartilhar os registros no sistema de telemedicina da Morsch.

Um de nossos cardiologistas de plantão vai analisar as imagens ou gráficos, interpretando-os sob a luz da suspeita clínica e histórico do paciente.

Em seguida, elabora o laudo médico, assinado digitalmente para confirmar a autenticidade.

Graças a essa dinâmica, o documento é entregue em minutos na plataforma.

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Conclusão

Condição complexa, a tetralogia de Fallot requer tratamento cirúrgico e acompanhamento junto ao cardiologista.

Espero ter contribuído para ampliar seus conhecimentos sobre essa cardiopatia congênita ao longo do artigo.

Acesse este link para conferir mais conteúdos sobre cardiologia.

Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin