Arritmia cardíaca no ECG: como identificar com o exame?

Por Dr. José Aldair Morsch, 17 de janeiro de 2023
arritmia cardíaca ECG

A observação de arritmia cardíaca no ECG nem sempre está relacionada a doenças.

Por vezes, o ritmo do coração sofre a influência de fatores externos, como a ingestão de substâncias estimulantes que podem desencadear uma taquicardia sinusal.

Ou de condições passageiras, como fome e dor, capazes de provocar bradicardia.

Nesses casos, a frequência cardíaca (FC) retorna ao normal assim que o efeito passa, geralmente sem qualquer sequela para o paciente.

Contudo, arritmias também podem revelar patologias de menor ou maior gravidade, como insuficiência cardíaca, bloqueios cardíacos e isquemia.

Portanto, saber como identificar as alterações na FC interessa a médicos de diferentes especialidades, além de profissionais de saúde que atuam no pronto-socorro ou UTI, por exemplo.

Se esse é o seu caso, continue a leitura para conferir as informações que apresento sobre o diagnóstico da arritmia via ECG, além de dicas para emitir o laudo médico com agilidade.

Qual é a relação entre arritmia cardíaca e ECG?

Vamos começar com uma definição para a arritmia, que corresponde a alterações da frequência, formação e/ou condução do impulso elétrico através do músculo cardíaco.

Existem diversos tipos de arritmia, cada um com suas peculiaridades – e trago detalhes no próximo tópico.

Por enquanto, vale lembrar que as arritmias podem ser classificadas segundo seu efeito sobre o miocárdio, formando dois grupos:

  • Taquiarritmias ou taquicardias: são alterações de padrão rápido, que elevam a frequência cardíaca para mais que 100 bpm (batimentos por minuto), considerando um adulto jovem e saudável em repouso
  • Bradiarritmias ou bradicardias: são alterações de padrão lento, que reduzem a FC para menos de 50 bpm.

Há ainda outra divisão a se considerar, que classifica as anomalias na FC como:

  • Arritmia supraventricular: ocorre quando o distúrbio tem início acima das câmaras inferiores (ventrículos), ou seja, nos átrios, nó sinoatrial (SA) ou nó atrioventricular (AV)
  • Arritmia ventricular: surge nos ventrículos e costuma ter maior gravidade que a arritmia supraventricular.

Vamos falar agora do eletrocardiograma (ECG), um exame que capta a atividade elétrica cardíaca por meio de eletrodos que conectam a pele do paciente a um monitor.

Por ser simples, rápido e indolor, o ECG é usado no diagnóstico de arritmias.

Assim, costuma fornecer os primeiros sinais de anormalidades.

Como identificar arritmia cardíaca no ECG?

O primeiro passo para identificar uma arritmia é conhecer as características do ritmo sinusal.

Afinal, a arritmia é uma alteração em relação ao ritmo cardíaco fisiológico ou normal.

Segundo a III Diretriz de ECG da SBC (Sociedade Brasileira de Cardiologia), as principais características do ritmo sinusal no ECG são:

  • Origem no átrio direito alto (nó sinoatrial ou sinusal), observado no ECG de superfície pela presença de ondas P positivas nas derivações D1, D2 e aVF
  • Eixo da onda P com variação entre 0° e +90°
  • Onda P normal com amplitude máxima de 2,5 mm e duração igual ou inferior a 110 ms. Podem ocorrer modificações de sua morfologia dependentes da FC.

A SBC também orienta sobre o que caracteriza a arritmia supraventricular, definida como:

“Ritmo que se origina acima da junção entre o nó AV e o feixe de His, e é mantido por estruturas localizadas entre os mesmos”.

Bloqueios interatriais, fibrilação atrial (com frequência entre 450 e 700 ciclos por minuto) e flutter atrial (identificado pelas ondas “F” patológicas) são exemplos de arritmias supraventriculares.

Já a arritmia ventricular corresponde a um:

Ritmo de origem abaixo da bifurcação do feixe de His, habitualmente expressa por QRS alargado”.

Alguns exemplos são taquicardia ventricular (caracterizada por ondas do ECG caóticas, de amplitude e frequência variáveis) e Ritmo Idioventricular Acelerado (RIVA), observado através de QRS alargado e FC entre 50 e 130 bpm.

Holter 24h ou ECG: qual o melhor para identificar arritmia cardíaca?

Apesar da importância do eletrocardiograma de rotina para o registro de alterações na FC, esse exame é limitado em função do tempo.

Geralmente, o ECG dura poucos minutos, o que dificulta a detecção de arritmias silenciosas (que não apresentam sintomas) ou que se manifestam diante de situações específicas.

Nesses casos, o holter 24h é superior na identificação das anormalidades, pois estende a monitorização cardíaca por um dia inteiro.

Também conhecido como ECG de longa duração, esse procedimento possui alertas que permitem comparar anomalias no traçado a sintomas percebidos pelo paciente, como palpitações e dor precordial.

Qual o tratamento para a arritmia cardíaca?

Assim como há vários tipos de arritmia, não existe um tratamento único para todas elas.

A abordagem adequada depende do mecanismo e efeitos da alteração na FC, sendo dispensável quando existem variações inofensivas do ritmo sinusal.

Condições perigosas, entretanto, requerem um manejo rápido para estabilizar a FC, em geral através de cardioversão elétrica (choque), usando um desfibrilador automático externo (DEA).

Uma vez que os batimentos estejam estabilizados, cabe ao cardiologista avaliar a necessidade de terapia medicamentosa, prescrevendo substâncias como:

  • Betabloqueadores
  • Bloqueadores de canais de cálcio
  • Anticoagulantes
  • Antiarrítmicos como a amiodarona e propafenona

Dependendo do quadro, podem ser realizados procedimentos de suporte como ablação por radiofrequência (para fibrilação atrial – FA) ou cardioversor desfibrilador implantável (CDI) (para fibrilação ventricular – FV).

Arritmia cardíaca no eletrocardiograma

Na identificação de uma arritmia, o primeiro passo é conhecer as características do ritmo cardíaco normal

Laudo e diagnóstico de arritmia cardíaca na telemedicina

Ter agilidade na interpretação do ECG é imprescindível em casos críticos, nos quais um diagnóstico rápido pode salvar a vida do paciente.

Porém, nem sempre as unidades de saúde contam com um cardiologista de plantão, especialmente nos ambulatórios em locais mais afastados dos grandes centros.

Para esse problema, existe uma solução tecnológica: o serviço de laudos a distância.

Ofertado por empresas como a Telemedicina Morsch, ele permite a interpretação do ECG em tempo real nas emergências e urgências.

Basta que um técnico de enfermagem faça o exame e compartilhe os gráficos gerados no software de telemedicina.

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Ao receber os gráficos, um de nossos cardiologistas avalia os achados e produz o laudo médico, assinado digitalmente.

O documento é liberado em minutos na plataforma, apoiando decisões corretas para o tratamento.

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Conclusão

Agora que conhece as principais características da arritmia cardíaca no ECG, vai ficar mais simples diagnosticar e tratar distúrbios gerados por essas alterações.

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Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin