Imperícia médica: o que é, exemplos e como evitar

Por Dr. José Aldair Morsch, 7 de outubro de 2022
Imperícia médica

A imperícia médica nasce da ignorância ou desconhecimento sobre técnicas, protocolos e efeitos de terapias prescritas.

Esse é um dos três tipos de erro médico, que representa risco ao bem-estar, integridade e até à vida do paciente.

Portanto, a conduta pode ter implicações éticas, cíveis e até criminais, dependendo do contexto.

Daí a necessidade de investir em soluções que qualificam a assistência médica e diminuem as chances de falhas, como o uso de um sistema de telemedicina.

Nas próximas linhas, apresento detalhes sobre imperícia médica e como evitar esse problema na sua clínica.

O que é imperícia médica?

Imperícia médica é o ato falho motivado por desconhecimento a respeito de conceitos e dinâmicas comuns à prática médica.

Segundo explica o Manual de Ética em Ginecologia e Obstetrícia, publicado pelo Conselho Regional de Medicina de SP (Cremesp):

“A imperícia, por sua vez, ocorre quando o médico revela, em sua atitude, falta ou deficiência de conhecimentos técnicos da profissão. É a falta de observação das normas, deficiência de conhecimentos técnicos da profissão, o despreparo prático”.

Tipos de erro médico: negligência, imprudência e imperícia

Como adiantei na introdução do artigo, a imprudência corresponde a um tipo de erro médico.

No entanto, nem todo erro médico é imprudência, pois há também as condutas classificadas como negligência e imperícia.

O conceito amplo dessas falhas está descrito no Capítulo III (Responsabilidade Profissional), Art. 1º do Código de Ética Médica, que veda ao médico:

“Causar dano ao paciente, por ação ou omissão, caracterizável como imperícia, imprudência ou negligência”.

O Art. 35 do Capítulo V (Relação com Pacientes e Familiares) se refere diretamente à imperícia, proibindo:

“Deixar de usar todos os meios disponíveis de promoção de saúde e de prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças, cientificamente reconhecidos e a seu alcance, em favor do paciente”.

Já a negligência é caracterizada por conduta omissiva ou desleixada do médico, expondo o paciente a riscos desnecessários.

Um exemplo está no Art. 33 do Capítulo V do Código de Ética Médica, que veda ao profissional:

“Deixar de atender paciente que procure seus cuidados profissionais em casos de urgência ou emergência quando não houver outro médico ou serviço médico em condições de fazê-lo”.

Por fim, a imprudência ocorre quando há tomada de decisões de forma precipitada, sem a cautela necessária ao ato médico.

Casos de alta prematura, quando o doente ainda necessita de internação, são exemplos de imprudência médica.

Exemplos de casos de imperícia médica

Devido ao grande potencial de danos à saúde, integridade e à vida, a denúncia de erros médicos costuma atrair a atenção da sociedade.

E ganhar espaço em diversos veículos de notícias.

Um exemplo recente de imperícia ocorreu na cidade de Franca, interior do estado de São Paulo.

Uma paciente sofreu complicações após passar por blefaroplastia (cirurgia de remoção do excesso de pele das pálpebras).

Depois de ser operada pelo médico Ricardo Bovo Junqueira, ela ficou com um hematoma, lesões no olho esquerdo e teve até perda parcial da visão.

Por consequência, precisou ser submetida a uma nova cirurgia para corrigir uma fissura palpebral.

Ao investigar o caso, o Conselho Regional de Medicina (Cremesp) informou que Junqueira não possui registro de especialista (RQE) para atuar como dermatologista.

Outro caso registrado em Fortaleza levou à morte de uma paciente após atendimento em três unidades de saúde da prefeitura, ao longo de 15 dias.

A paciente apresentava diarreia, vômito e dor abdominal intensa – sintomas de apendicite aguda.

Porém, não recebeu o diagnóstico correto em nenhuma das oportunidades.

Nas duas primeiras visitas à Unidades de Pronto Atendimento (UPA), foram receitados medicamentos para os incômodos e a mulher foi mandada para casa.

Na terceira consulta, feita em hospital, a mulher foi diagnosticada de forma incorreta, com leptospirose.

Imperícia do médico

Um dos meios de evitar a imperícia médica em hospitais e clínicas é fortalecer a comunicação entre os profissionais

Como evitar a imperícia médica em hospitais e clínicas?

Evitar a imperícia médica é um desafio para gestores de diversos estabelecimentos de saúde.

Especialmente nas clínicas e hospitais, onde pacientes são atendidos e tratados todos os dias.

Porque tanto a imperícia quanto a negligência são erros por omissão, que podem ser cometidos por qualquer médico.

Contudo, cabe ao gestor adotar medidas que reduzem as chances de falhas, tais como:

  • Simplificar processos: crie rotinas claras e bem delineadas, executáveis em poucos passos. Quanto mais etapas houver, mais complexo e suscetível a erros o processo se torna
  • Manter as informações atualizadas: falo não só do prontuário médico, mas também das tarefas a fazer, dados sobre a administração de medicamentos, laudos de exames etc.
  • Fortalecer a comunicação entre os profissionais da equipe médica e administrativa: o alinhamento entre os funcionários é essencial para uma assistência integrada e menos propensa a falhas
  • Diminuir a sobrecarga de trabalho: profissionais que descansam menos que o necessário acabam sofrendo impacto em sua capacidade de observação, concentração e memória. Portanto, faz sentido investir num controle rígido da jornada de trabalho para prevenir erros.

Além disso, a telemedicina exerce importante papel para evitar situações de falha, como explico a seguir.

Como a telemedicina reduz os casos de imperícia médica?

O uso de uma plataforma de telemedicina auxilia no processo de gestão de clínicas, consultórios e hospitais.

Começando pela facilidade na atualização de documentos médicos, que são criados e armazenados no prontuário eletrônico do paciente (PEP).

Esse é um sistema completo, que reúne arquivos como receitas, atestados e encaminhamentos, permitindo que sejam consultados em poucos cliques.

Além de ficar acessível para a equipe a partir de qualquer dispositivo conectado à internet, pois o PEP é armazenado na nuvem.

Desse modo, as informações são atualizadas em tempo real, evitando equívocos nas rotinas de saúde.

Softwares modernos como a Telemedicina Morsch oferecem ainda o serviço de laudos à distância e segunda opinião qualificada.

Basta compartilhar os registros de exames de suporte ao diagnóstico para que sejam interpretados por um dos nossos especialistas.

Ele compõe o laudo online, assinado digitalmente, e o libera na plataforma.

O serviço permite reduzir a sobrecarga de trabalho dos especialistas in loco, delegando os resultados de exames ao time Morsch.

Caso haja dúvidas sobre o laudo ou outros procedimentos, sua equipe pode acionar a segunda opinião, contando com a ajuda de médicos experientes.

Saiba mais sobre as vantagens da plataforma de telemedicina nesta página.

Conclusão

Espero ter deixado claro que a ocorrência de imperícia médica pode custar caro ao paciente, à equipe médica e a todo o estabelecimento de saúde.

Portanto, é preciso diminuir as chances dessa falha, mantendo um time capacitado e descansado.

Conte com o suporte da Telemedicina Morsch para reforçar sua equipe de especialistas e esclarecer dúvidas sobre diagnósticos!

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Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin