Ópio: o que é, para que serve, medicamentos derivados e receita

Por Dr. José Aldair Morsch, 2 de fevereiro de 2024
Ópio

O ópio é matéria-prima para diversos medicamentos analgésicos.

Esses fármacos são chamados opiáceos .

Embora sejam eficazes no combate à dor, oferecem alto risco de dependência física e psíquica.

Daí a necessidade de que sejam tomados somente sob prescrição médica, seguindo à risca a dosagem e período de tratamento.

Neste artigo, explico tudo sobre o uso de drogas à base de ópio para fins terapêuticos, cuidados indispensáveis e como conseguir a receita médica online de maneira segura.

O que é ópio?

Ópio é um líquido leitoso presente na papoula do oriente – planta de nome científico Papaver somniferum.

O líquido contém uma série de substâncias com efeito hipnótico e analgésico, que podem ser utilizadas para tratar agravos à saúde.

No entanto, também apresentam risco de dependência e tolerância, o que pode levar ao abuso de opiáceos.

O que são opiáceos?

Opiáceos são drogas derivadas do ópio.

Muitas delas dão origem a medicamentos, a exemplo da codeína e da morfina, que pertencem ao grupo de opiáceos naturais.

Isso porque as substâncias não passam por modificações em laboratório, sendo aproveitadas em sua forma original.

Existem ainda os opiáceos semissintéticos, que passaram por pequenas modificações, e os fármacos opioides, que provocam efeitos semelhantes aos opiáceos, porém, são produzidos em laboratório.

Metadona e meperidina são exemplos de medicamentos opioides.

Para que serve o ópio?

Conhecido pela humanidade há milênios, o ópio já foi bastante utilizado para aliviar dores e diarreia, além do uso recreativo em diversos momentos da História.

No século XVII, por exemplo, o hábito de fumar ópio foi disseminado na China e, mais tarde, a importação do produto foi proibida pelo governo daquele país, como relata o estudo “Uma breve história do ópio e dos opioides”:

“Era natural, no entanto, que o governo chinês se preocupasse com os efeitos resultantes dessa importação exagerada, fato que culminou, em 1800, com a proibição da importação de ópio. Como parte do controle proposto, foi destruído um depósito de ópio pertencente à Companhia das Índias Ocidentais. Esse ato precipitou a ‘guerra do ópio’ entre a Inglaterra e a China, sendo esta última derrotada”.

Foi apenas no século XIX que cientistas começaram a isolar as diferentes substâncias presentes no pó de ópio, começando pela morfina, descoberta pelo alemão Friedrich Sertürner, assistente de farmacêutico, em 1803.

Este informativo divulgado pelo Ministério da Saúde resume o processo de obtenção do pó de ópio:

“Ao se fazer cortes na cápsula da papoula, quando ainda verde, obtém-se um suco leitoso, o ópio (a palavra ópio, em grego, quer dizer suco).

Quando seco, este suco passa a se chamar pó de ópio. Nele, existem várias substâncias com grande atividade. A mais conhecida é a morfina, palavra que vem do deus da mitologia grega Morfeu, o deus dos sonhos”.

Nesse contexto, os fármacos opiáceos e opioides são conhecidos pelo efeito sedativo, hipnótico e analgésico – o que faz dessas substâncias narcóticos.

Alguns derivados do ópio, como a codeína, também possuem efeito antitussígeno, sendo indicados para suprimir a tosse.

Como tomar ópio

Atualmente, é rara a prescrição de preparações farmacêuticas contendo ópio.

O mais comum é que o médico indique remédios opiáceos ou opioides.

Geralmente, com o objetivo de tratar dores intensas, como nos pacientes com câncer ou grandes queimaduras.

Nesses casos, os fármacos costumam ser administrados por via oral ou via subcutânea, através de injeção intravenosa ou intramuscular.

As injeções devem ser dadas por um profissional de saúde capacitado, por isso, só são administradas em ambiente hospitalar.

Caso tenha recebido uma prescrição para tomar opioides, siga rigorosamente a orientação médica.

Jamais modifique as doses ou pare o tratamento por conta própria, pois você pode sofrer crises de abstinência.

Receita de ópio

Para ter acesso a medicamentos contendo ópio e derivados, é preciso apresentar uma receita amarela (tipo A).

Ela é composta por dois documentos, para que a primeira via fique retida na farmácia ou drogaria no momento da compra.

De cor amarela, ela corresponde a uma notificação de receita destinada ao monitoramento das prescrições por parte da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Para tanto, o documento possui dados do médico prescritor, usuário, comprador, fornecedor e da gráfica onde o talonário com as notificações foi impresso.

Já a segunda via pode ser branca, pois contém apenas a recomendação médica a respeito do tratamento.

Essas regras rígidas de prescrição se aplicam aos derivados do ópio por serem substâncias entorpecentes com ação intensa no sistema nervoso central (SNC).

Vem daí o risco de que o funcionamento do organismo fique condicionado à presença das substâncias – quadro conhecido como dependência física.

Outro perigo é a tolerância, que torna necessárias doses cada vez mais altas para conseguir o mesmo efeito com o opiáceo.

Na busca pelo alívio da dor ou sensação hipnótica, o usuário pode administrar uma dose potencialmente letal (overdose).

Devido a esses riscos, os medicamentos entorpecentes são marcados com tarja preta na embalagem e exigem a receita de remédio controlado.

Eles pertencem aos grupos A1 e A2 da Instrução Normativa SVS/MS nº 344/1998, cuja receita tem validade de 30 dias.

Efeitos colaterais do ópio, opiáceos e opioides

Contração da pupila, prisão de ventre e sonolência estão entre os principais efeitos agudos, que podem surgir a partir do consumo da primeira dose de ópio e opiáceos.

 Mas também podem surgir reações adversas graves, como a depressão respiratória, queda da pressão sanguínea (hipotensão) e redução do ritmo cardíaco (bradicardia).

Doses elevadas podem agravar o quadro acima, desencadeando convulsões, sudorese, vômitos e morte, se não houver atendimento médico rápido.

Conclusão

Neste texto, falei sobre os usos, derivados e riscos do ópio.

Considero importante ressaltar que a automedicação é extremamente perigosa, tanto para quem faz uso do próprio ópio quanto dos opiáceos e opioides.

Se estiver com dor severa, tosse e outros problemas de saúde, marque uma consulta médica para receber o diagnóstico correto – e, se for necessário, obter sua receita após o atendimento médico online ou presencial.

Na plataforma de Telemedicina Morsch, você encontra diversas especialidades médicas com poucos cliques.

Acesse a página de agendamentos e marque uma teleconsulta.

Caso precise apenas trocar uma prescrição que está perdendo a validade, dá para solicitar o documento sem burocracia dentro do sistema.

É só clicar aqui e preencher um pequeno formulário para renovar a receita online.

Em seguida, você recebe um e-mail de confirmação com o link de rastreamento para acompanhar o envio da prescrição amarela pelo correio.

Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin