Via intramuscular: entenda como administrar e quais cuidados tomar

Por Dr. José Aldair Morsch, 25 de julho de 2023
Via intramuscular

A via intramuscular é útil para a aplicação de vacinas e certos tipos de medicamentos.

Por isso, a técnica de administração deve ser conhecida por profissionais de enfermagem e colegas da equipe médica.

Afinal, ela faz parte da rotina de muitos serviços de saúde, desde os de atenção básica até hospitais que realizam procedimentos de alta complexidade.

Nas próximas linhas, apresento as vantagens, desvantagens e dicas para utilizar a via IM de maneira efetiva.

Se o tema interessa, siga com a leitura.

O que é via intramuscular?

Via intramuscular (IM) é aquela que possibilita a injeção de um composto diretamente no tecido muscular.

Para tanto, são utilizadas técnicas específicas, além de seringas e agulhas de diferentes calibres e comprimentos.

Outros pontos a se considerar são:

  • Volume de medicamento a ser injetado
  • Seleção do local adequado
  • Idade do paciente
  • Constituição corpórea
  • Comorbidades.

Devido a essas especificidades, cabe aos profissionais de enfermagem adquirir conhecimentos sobre anatomia, farmacologia e fisiologia.

É um cuidado que ajuda a utilizar a via de administração intramuscular com sucesso.

Exemplos de medicamentos via intramuscular

Como mencionei na abertura do texto, as vacinas são normalmente aplicadas por via IM, usando o músculo deltoide.

Injeções volumosas como Voltarem e Benzetacil também são administradas por via intramuscular, porém, no glúteo.

Segundo descreve uma apresentação da Furg sobre o tema, as soluções aplicadas por via intramuscular possuem as seguintes características:

  • Veículos aquosos ou oleosos
  • Em estado solúvel ou em suspensão
  • Isotônicas
  • Irritantes e/ou de difícil absorção pelas demais vias.

A seguir, falo dos prós e contras da escolha da via intramuscular.

Vantagens e desvantagens da via intramuscular

Como toda via de administração de medicamentos, a intramuscular tem seus prós e contras.

Dentre as vantagens, cabe citar:

  • Permite a injeção de até 5 mL de medicamento
  • Baixa sensibilidade do tecido muscular, que tem poucas terminações nervosas
  • Rápida absorção da substância, tendo menor velocidade apenas na comparação com a via intravenosa
  • Técnica mais simples e menos dispendiosa que a punção intravenosa.

Falando agora das desvantagens, é importante comentar que a injeção intramuscular geralmente:

  • Provoca dor, uma vez que se trata de procedimento invasivo
  • Requer treinamento específico e supervisão do enfermeiro
  • Pode desencadear complicações como abscessos, nódulos e edemas, ou mesmo ferir músculos e nervos próximos ao local da punção.

Conhecidas as vantagens e desvantagens, vamos ver agora quais são os locais de aplicação.

Via intramuscular: locais de aplicação

Usualmente, cinco locais diferentes são utilizados para a aplicação de soluções por via intramuscular.

Veja detalhes sobre elas abaixo.

Músculo vasto lateral

A região anterolateral da coxa, onde se localiza o músculo vasto lateral, é ideal para a injeção de medicamentos em lactentes e crianças menores de 10 anos, pois acumula uma quantidade considerável de massa muscular.

Músculo reto femoral

Outra opção é o músculo reto femoral, que fica localizado medialmente ao vasto lateral.

Contudo, a área se aproxima do nervo ciático e vasos sanguíneos importantes, o que requer cuidado.

Área ventroglútea

Na região glútea, encontra-se a área ventroglútea, posicionada na parte lateral, junto ao glúteo médio.

De acordo com o estudo “Administração de medicamentos por via intramuscular”, publicado pelo Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo (Coren-SP):

“Esta área tem sido considerada a opção mais segura para injeção na região glútea, sendo recomendada como local de primeira escolha para injeções IM, uma vez que evita a punção acidental de vasos sanguíneos e nervos, havendo poucos relatos de complicações associadas”.

Área dorsoglútea

Localizada na parte superior do glúteo, deve ser manuseada com cautela.

Principalmente devido à proximidade em relação à artéria glútea superior e ao nervo ciático, que podem sofrer lesões caso sejam atingidos.

Músculo deltoide

A porção muscular abaixo do acrômio, na parte superior do braço, é comumente usada para imunização.

No entanto, não deve ser a primeira opção para aplicar medicamentos, pois fica próxima ao nervo radial, veia e artéria braquiais.

Qual o ângulo da agulha na via intramuscular?

Em geral, o ângulo corresponde a 90 graus, mantendo a agulha perpendicular à pele.

Contudo, vale consultar as recomendações sobre a técnica empregada na injeção do composto, a fim de confirmar esse e outros detalhes.

Veja um passo a passo para uso da via de administração intramuscular, de acordo com procedimento operacional padrão do governo:

  • Fazer a antissepsia na região delimitada da pele com o algodão embebido em álcool a 70%, em movimentos únicos, com a mão dominante e esperar secar espontaneamente
  • Segurar o algodão com os dedos mínimo e anular da mão não dominante
  • Segurar a seringa horizontalmente, com os dedos polegar, indicador e médio da mão dominante
  • Distender a pele com o dedo polegar e o indicador da mão dominante e pinçar o músculo
  • Introduzir a agulha no músculo com movimento firme e suave, em ângulo de 90º ou menos em relação a pele, com a mão dominante
  • Soltar o músculo
  • Tracionar o êmbolo com a mão dominante e observar se há retorno de sangue
  • Injetar o medicamento, empurrando o êmbolo com a mão dominante
  • Aguardar de três a cinco segundos e retirar a seringa com movimento rápido e firme. Acionar o dispositivo de segurança da agulha
  • Comprimir levemente o local da aplicação com o algodão que estava na mão não dominante, sem massagear, até a completa hemostasia.

Não deixe de conferir a seguir os cuidados de enfermagem na administração via intramuscular.

Administração via intramuscular

O ângulo corresponde a 90 graus, mantendo a agulha perpendicular à pele

Cuidados de enfermagem na administração via intramuscular

Vale ressaltar a importância do rodízio de locais de aplicação, a fim de evitar lesões aos músculos e outros tecidos.

Jamais misture diferentes fármacos numa mesma seringa e tenha cautela com os horários de administração em pacientes que estiverem utilizando vários medicamentos.

Atenção ao calibre da agulha empregada, que deve ser de 30 X 7 mm para a área glútea; e 25 X 7 mm para injeções no músculo deltóide ou vasto lateral (coxa).

Para a aplicação em crianças, é necessário partir de um exame clínico criterioso.

Telemedicina ajuda na escolha da via de administração

Ao conectar equipes médicas, a plataforma de telemedicina contribui para a tomada de decisão com eficiência.

Usando o sistema Morsch, o enfermeiro pode orientar técnicos e auxiliares de enfermagem para o uso da técnica adequada, confirmando as informações da prescrição médica.

Os arquivos ficam disponíveis em poucos cliques e são atualizados em tempo real via prontuário eletrônico.

Se for preciso, o profissional pode sanar dúvidas com colegas por meio da teleconsultoria.

E reforçar os conhecimentos realizando treinamentos online, disponíveis a qualquer hora do dia ou da noite.

Solicite um orçamento para saber mais.

Conclusão

Neste texto, comentei os principais pontos de atenção para o uso da via intramuscular.

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E leia mais artigos sobre boas práticas de enfermagem no blog.

Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin