Espirometria: o que é, para que serve, como é feito e como interpretar

Por Dr. José Aldair Morsch, 24 de maio de 2024
O que é espirometria

A espirometria é um exame que mede a quantidade de ar que uma pessoa é capaz de inspirar ou expirar a cada vez que respira.

Ou seja, o quanto de ar que um indivíduo é capaz de colocar para dentro e para fora dos pulmões e a velocidade com que o faz (análise dos fluxos).

Sendo um exame rotineiro na pneumologia, ela permite avaliar a saúde dos pulmões tanto em investigações de doenças como a asma, como também na medicina ocupacional.

Nas clínicas de saúde ocupacional, é possível realizar o exame e utilizar a telemedicina para sua interpretação a distância, sem a necessidade de um especialista presente.

Acompanhe o artigo e veja como é simples aproveitar esse e outros benefícios da telepneumologia em seu serviço!

O que é espirometria?

Espirometria é o exame realizado para avaliar a ventilação pulmonar, triando e quantificando a presença de doenças pulmonares restritivas e obstrutivas.

Para tanto, esse procedimento utiliza um equipamento formado por bocal e monitor, chamado espirômetro.

Ao soprar pelo bocal, o paciente viabiliza a análise da saúde pulmonar de maneira não invasiva, indolor e relativamente rápida.

Isso porque a duração média da espirometria é de 30 minutos.

Vale destacar, ainda, que o exame pode ser chamado de prova de função pulmonar.

Para que serve o exame de espirometria?

A espirometria serve para diagnosticar ou acompanhar a evolução de doenças pulmonares.

Sintomas como falta de ar, chiado, tosse persistente e dor no peito motivam o médico a solicitar esse procedimento.

Em pacientes com doenças pulmonares restritivas ou obstrutivas, o exame, feito periodicamente, serve para avaliar o efeito do tratamento e a progressão da doença.

As principais condições diagnosticadas e monitoradas por meio da espirometria são:

  • Asma: patologia de padrão obstrutivo caracterizada por alta sensibilidade pulmonar. Quando há contato com pólen, poeiras, odores fortes e outros gatilhos, pode desencadear crises de asma. Na forma de sibilos, falta de ar e tosse, as exacerbações são intercaladas a períodos assintomáticos
  • Bronquite: também de padrão obstrutivo, a bronquite tem origem na inflamação da mucosa dos brônquios (dois grandes tubos que transportam o ar da traqueia para os pulmões) 
  • DPOC: a doença pulmonar obstrutiva crônica costuma combinar quadros de bronquite crônica e enfisema pulmonar. Comumente, tem relação com o fumo, que provoca a destruição das estruturas que separam os alvéolos (septos interalveolares)
  • Pneumoconiose: de padrão restritivo, as pneumoconioses são um conjunto de condições causadas pela inalação crônica de agentes químicos que se acumulam nos pulmões, a exemplo da silicose. Quase sempre estão relacionadas ao trabalho, que faz delas doenças ocupacionais
  • Fibrose pulmonar: consiste na substituição do tecido sadio dos pulmões por cicatrizes que restringem a capacidade respiratória. Geralmente, a fibrose é uma complicação de patologias autoimunes, infecciosas ou de pneumoconioses
  • Sarcoidose: quadro caracterizado pelo surgimento de granulomas (grupos de células inflamatórias) em diversas partes do corpo, incluindo os pulmões. Tem caráter restritivo e autolimitado.

Outra finalidade da espirometria está na análise da capacidade pulmonar em pré-operatórios ou mesmo em pessoas sadias que queiram aferir sua capacidade respiratória (atletas, por exemplo).

Exame de espirometria

A espirometria serve para diagnosticar ou acompanhar a evolução de doenças pulmonares

Os gráficos gerados pelo espirômetro indicam se a quantidade de ar inspirado está sendo suficiente para as necessidades do indivíduo, ou se há alguma anormalidade ventilatória.

Afinal, a saúde pulmonar está relacionada à quantidade de ar movimentado durante um ciclo respiratório.

Medir esses valores num dado período de tempo vai demonstrar se os órgãos cumprem sua função de ventilação.

Para cada indivíduo, há uma faixa de normalidade relativa aos valores registrados pelo exame, de acordo com idade, altura, peso e etnia.

Em geral, valores abaixo de 80% do previsto sinalizam alguma anormalidade, podendo indicar doença.

Contudo, é necessária a avaliação do médico e a correlação dos resultados com os dados clínicos do paciente para interpretar e laudar o exame corretamente.

Como é feito o exame de espirometria?

Para realizar o exame, o paciente permanece sentado em uma cadeira confortável e deve soprar através de um tubo contendo um bocal para espirometria descartável, conectado ao aparelho de espirometria.

É usado clipe nasal para impedir a passagem de ar pelas narinas, garantindo que toda respiração seja feita pela boca e tenha que passar pelo espirômetro que faz as medições.

Durante o exame, será alternativamente pedido ao paciente que respire tranquilamente por algum tempo, para registrar os valores iniciais.

Em seguida, o médico pede que ele encha o pulmão completamente e depois sopre com o máximo de força e rapidez possível, durante pelo menos 6 segundos sem parar, para esvaziar completamente os pulmões e medir o ar liberado.

Veja no vídeo uma demonstração do sopro:

Dependendo da prescrição médica, os movimentos poderão ser repetidos após a administração de medicação broncodilatadora, geralmente sob a forma de spray.

Chamamos esse formato de espirometria com prova broncodilatadora.

Ela é realizada com a intenção de investigar doenças como bronquite e DPOC.

O exame gera, no computador, uma série de curvas, tabelas e gráficos que o médico analisará e que fornecerão uma série de parâmetros sobre as condições ventilatórias do paciente, tais como:

  1. Volume expirado forçado no primeiro segundo (VEF1).
  2. Capacidade vital forçada (CVF).
  3. Relação VEF1/CVF (tiffenau).
  4. Fluxos expiratórios.

Esses parâmetros são combinados e interpretados pelo pneumologista para indicar a presença de algum distúrbio ventilatório.

Registro gráfico de um exame de espirometria

Registro de espirometria clinica

Como é o preparo para a espirometria?

O paciente deve estar em repouso por 5 a 10 minutos antes do exame.

Não é necessário jejum, mas não devem ser usados chás, cafés ou bebidas alcoólicas cerca de seis horas antes da espirometria.

A maioria das medicações de outras especialidades pode continuar sendo utilizada, mas é preciso suspender por 4 horas o uso de broncodilatadores de ação rápida e por 12 horas os de ação prolongada.

Também não se deve fumar nas duas horas que antecedem o exame.

Além disso, a espirometria não deve ser realizada caso a pessoa esteja gripada ou resfriada.

Tipos de espirometria

Existem duas modalidades principais para o exame, compreendendo a espirometria com finalidade clínica e ocupacional, como descrevo a seguir:

1. Espirometria simples

Conhecida também como teste do sopro, a espirometria simples é mais comumente solicitada como parte do exame ocupacional dos trabalhadores, mas também pode ser indicada em outros contextos.

Ela se resume a uma etapa única, usada para calcular variáveis e concluir se está ocorrendo algum comprometimento do sistema respiratório devido, por exemplo, à exposição ocupacional ao amianto ou sílica.

Contudo, a critério do pneumologista que avalia os exames, poderá ser realizada a prova de função pulmonar completa antes e após o broncodilatador, conforme explico abaixo.

2. Espirometria com broncodilatador

Este formato de exame é considerado o mais completo. Também chamado de prova de função pulmonar ou espirometria completa, é realizado em duas fases:

  1. Primeiro, o paciente faz o exame sem broncodilatador, para analisar a condição habitual do sistema respiratório
  2. Em seguida, são aplicadas de 2 a 4 doses via oral de salbutamol spray para dilatar os brônquios, e o teste do sopro é repetido.

Uma resposta significativa ao broncodilatador em termos de aumento de fluxo ou volume aéreos ajuda no diagnóstico de doenças obstrutivas, especialmente na asma, condição na qual uma obstrução reversível é muito comum.

O diagnóstico é importante para o médico indicar o melhor tratamento e fazer o acompanhamento com exames de espirometria regulares, até escolher a dose ideal do remédio para asma.

Ventilação pulmonar por espirometria

Sintomas como falta de ar, tosse persistente e dor no peito motivam o médico a solicitar esse procedimento

Que especialista pode realizar a prova de função pulmonar?

Um técnico em enfermagem treinado ou mesmo o médico do trabalho que passa por um treinamento poderá realizar o exame, delegando a interpretação e laudo médico a um especialista qualificado.

Inclusive, é permitido enviar os registros para serem avaliados por um pneumologista online, que esteja logado numa plataforma de telemedicina.

Com o avanço da medicina ocupacional, a espirometria ocupacional tem se destacado na prevenção de doenças relacionadas à exposição a poeiras orgânicas e inorgânicas, bem como à inalação de fumaça e vapores.

As indústrias de transformação de madeira, metalúrgicas e mineradoras são os principais ambientes onde esses riscos de pneumopatias ocupacionais existem.

Registro de prova de função pulmonar

Tabela gráfica de exame de espirometria

Onde fazer o exame de espirometria?

O exame de espirometria não exige grande infraestrutura, podendo ser realizado numa sala equipada com cadeira, mesa e computador.

Assim, será possível conectar o espirômetro e posicionar o paciente de maneira confortável para a realização do procedimento.

Hospitais, clínicas, laboratórios, centros de diagnósticos e consultórios médicos podem disponibilizar o exame.

Bem como clínicas ocupacionais e até empresas que possuam os equipamentos e profissionais treinados para conduzir a espirometria.

Como funciona a espirometria ocupacional?

Geralmente, a espirometria ocupacional dispensa o uso de broncodilatadores.

Trata-se da modalidade simples, em que é realizada somente a etapa de teste do sopro para monitorar a saúde dos colaboradores expostos a riscos químicos.

Nesse cenário, a espirometria periódica é inserida entre os exames complementares do PCMSO (Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional) pelo médico do trabalho responsável, a fim de prevenir doenças ocupacionais.

Seus resultados são considerados para determinar a aptidão do trabalhador às atividades laborais, confirmada via atestado de saúde ocupacional (ASO).

Confira um exemplo de um laudo de espirometria ocupacional:

laudo de espirometria clinica

Laudo descritivo do resultado de uma espirometria clínica

Riscos e contraindicações da espirometria

Como existem dois tipos de exame, o que mais se destaca é a espirometria clínica, na qual é utilizado o broncodilatador.

Esse medicamento age simultaneamente nos brônquios e no coração, podendo provocar taquicardia, ansiedade e tremores nas mãos do paciente.

Em pessoas com arritmia cardíaca, é possível que ocorra aumento dos batimentos e até desconforto durante o exame e algumas horas mais tarde, porém, a espirometria não aumenta o risco de complicações cardíacas.

As sete contraindicações para realizar espirometria são:

  1. Infecções respiratórias ativas ou recentes, como pneumonia, resfriado ou gripe
  2. Dor torácica que interfere na respiração
  3. Infarto do miocárdio ou angina recente
  4. Aneurisma de aorta
  5. Descolamento de retina ou cirurgia ocular recente
  6. Tosse com sangue (hemoptise)
  7. Respiração por traqueostomia.

Os exames simples e completos são seguros e podem ser feitos em crianças, idosos e cardiopatas.

O broncodilatador não é usado em exames clínicos apenas se o médico solicitante recomendar que não se administre esse medicamento.

O resultado do exame pode ser um diferencial na vida do paciente pois, ao se diagnosticar doenças como asma, enfisema pulmonar e fibrose pulmonar, o tratamento poderá melhorar sua qualidade de vida.

Como é o aparelho de espirometria?

O aparelho de espirometria é compacto, leve e de fácil manuseio para profissionais treinados.

Conforme mencionei acima, ele é formado por um bocal conectado ao corpo do espirômetro.

Normalmente, o bocal é descartável para evitar a contaminação devido ao uso por várias pessoas.

O espirômetro funciona conectado a um computador via cabos que permitem sua alimentação com energia elétrica, assim como o envio dos dados coletados a um software específico.

Uma vez que o paciente sopra no bocal, os valores são registrados e transmitidos ao programa de computador.

A clínica pode utilizar seu próprio aparelho de espirometria, aderir ao aluguel tradicional ou ao comodato de equipamentos médicos via telemedicina.

Explico melhor esse serviço mais à frente.

Quanto custa um aparelho de espirometria?

O preço do espirômetro depende de fatores como funcionalidades, marca, modelo e se é novo ou usado.

Daí a grande variação de valores para a compra desse equipamento, que pode custar de R$ 1,2 mil até mais de R$ 12 mil.

Lembre-se de apostar sempre em aparelhos devidamente registrados junto à Anvisa para garantir medições confiáveis.

Caso não disponha de orçamento para comprar o espirômetro, vale a pena contratar o aluguel em comodato.

Vantagens do comodato do aparelho de espirometria

Antes de falar sobre o comodato de aparelho de espirometria, vale explicar como funciona o comodato.

Essa é uma modalidade de aluguel em que o cliente contrata um pacote de laudos online e ganha o direito de usar equipamentos médicos sem custo adicional.

Dessa forma, não é preciso arcar com os custos do aparelho.

Basta contratar em comodato e, ao receber o equipamento, treinar o técnico em enfermagem para realizar o exame e enviar os registros do exame a um especialista, via telemedicina.

Para clínicas de medicina ocupacional, é possível disponibilizar a espirometria dentro das empresas contratantes de um jeito prático.

Plataformas completas como a Telemedicina Morsch ainda oferecem:

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Como interpretar a espirometria?

Podemos ter cinco possíveis resultados ao interpretar a espirometria:

  1. Exame normal.
  2. Distúrbio ventilatório obstrutivo (leve, moderado ou grave).
  3. Distúrbio ventilatório restritivo (leve, moderado ou grave).
  4. Distúrbio ventilatório misto – há presença de anormalidade obstrutiva e restritiva.
  5. Exame inespecífico, quando há anormalidade ventilatória sem elementos que permitam distinguir claramente obstrução ou restrição.

Abaixo, veja um exemplo de um laudo de espirometria clínica normal:

Laudo de prova de função pulmonar ocupacional

Laudo de espirometria ocupacional entregue pela Telemedicina Morsch

Qualquer um desses resultados pode não representar a real situação clínica do paciente.

Portanto, os resultados devem ser avaliados pelo médico para fazer o diagnóstico correto, pois há necessidade de considerar em conjunto com dados clínicos e outros exames complementares.

É muito importante a revisão dos resultados por médico pneumologista, uma vez que há inúmeros fatores que podem provocar falsas anormalidades.

Erro nos dados inseridos no sistema do espirômetro (sexo, altura, peso), e colaboração inadequada no momento da realização do exame são alguns exemplos.

Esses erros, em geral, não são detectados pelos sistemas automatizados de interpretação, gerando falsos diagnósticos e provocando encaminhamentos indevidos para consultas com especialista, por exemplo.

Vantagens do laudo eletrônico da espirometria

Além de dar acesso ao comodato, o laudo digital via Telemedicina Morsch apresenta benefícios como:

  • Agilidade na entrega dos resultados, que ficam prontos em minutos
  • Suprimento da demanda por pneumologistas para interpretar exames, principalmente em locais distantes dos centros urbanos
  • Cobertura de férias, folgas e outras ausências dos especialistas locais
  • Resultados de exames online para além da pneumologia, incluindo especialidades como cardiologia, neurologia e radiologia
  • Economia de tempo e dinheiro que seriam gastos com deslocamentos desnecessários
  • Dispensa de investimentos em papel, impressoras e cartuchos
  • Plataforma com telediagnóstico disponível 24 horas por dia, uma vez que funciona de modo ininterrupto
  • Software de telemedicina em nuvem, acessível a partir de qualquer dispositivo conectado à internet, desde que se tenha login e senha
  • Guarda dos documentos na nuvem, um ambiente virtual protegido por mecanismos de autenticação e criptografia
  • Prontuário online atualizado automaticamente e repleto de recursos úteis como organização e opção de busca por dados
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Conclusão

Abordei as características, como funciona e contraindicações da espirometria ao longo do artigo.

Esse e outros exames complementares podem ser laudados através da telemedicina, conferindo rapidez aos resultados e permitindo a ampliação do portfólio da sua clínica, consultório ou hospital.

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Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin