Segurança do trabalho em hospitais: entenda os riscos e confira 10 boas práticas

A segurança do trabalho em hospitais precisa ser uma prioridade.
Afinal, é imprescindível garantir um ambiente adequado, preservando a integridade e a saúde de funcionários, pacientes e acompanhantes.
Isso porque, devido aos riscos envolvidos na natureza dos serviços, o setor hospitalar é o campeão em acidentes de trabalho no Brasil.
De acordo com o Observatório Saúde e Segurança do Trabalho, entre 2012 e 2024, 698.722 ocorrências foram registradas entre os trabalhadores que exercem atividades de atendimento hospitalar.
Para mudar esse cenário, é preciso que gestores hospitalares, funcionários, membros da CIPA e do SESMT se unam em prol da segurança do trabalho.

Se deseja aperfeiçoar essas ações na sua unidade de saúde, este artigo é para você.
Nele, apresento dicas práticas sobre a SST em hospitais, além de insights para aumentar os lucros com laudos a distância.
O que é segurança do trabalho?
Segurança do trabalho é um conjunto de medidas adotadas para preservar a integridade física dos trabalhadores.
Mapeamento de riscos, treinamento e uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) são algumas práticas dessa área.
Ferramenta de prevenção de acidentes de trabalho, a segurança do trabalho é exigida por lei para empresas que tenham funcionários contratados sob o regime da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

No seu Capítulo V, encontram-se práticas para manter os níveis mínimos de higiene, segurança em instalações elétricas, conforto térmico e outros itens básicos para um ambiente adequado.
Outra legislação de interesse é a Portaria 3.214/1978, que aprovou as primeiras normas regulamentadoras do Ministério do Trabalho, detalhando ações de segurança gerais e para locais ou atividades específicas.
NR-4 (SESMT), NR-5 (CIPA) e NR-32 (Serviços de Saúde) estão entre as mais importantes para as unidades hospitalares.
Falarei mais sobre elas nos próximos tópicos.
O que faz o técnico em segurança do trabalho?
O técnico de segurança do trabalho é o profissional responsável pela avaliação do ambiente, elaboração e implementação de programas de segurança do trabalho nas organizações.
Podemos dizer que ele faz a ponte entre os interesses dos trabalhadores, empregadores e as exigências da legislação do setor.
Para tanto, deve possuir conhecimentos não apenas sobre segurança do trabalho, mas também a respeito dos riscos ocupacionais e às profissões presentes na instituição em que atua.
Ou seja, se trabalhar na construção civil, precisará conhecer e mitigar os riscos de acidentes no trabalho em altura, máquinas e equipamentos, entre outros.
Atuando em um hospital, ele deve desenvolver iniciativas para reduzir a exposição ocupacional a agentes contaminantes, manter os funcionários capacitados para o manuseio e descarte correto de materiais, entre outras atribuições.
Por ter uma formação generalista, o técnico de segurança do trabalho é o primeiro entre os profissionais do SESMT (Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho) a ser exigido por lei.

De acordo com a NR-4, unidades hospitalares com mais de 100 empregados devem contratar pelo menos um técnico de segurança.
Essa exigência considera, além da quantidade de colaboradores, o grau de risco da organização, que vai de 1 a 4 – em geral, hospitais são classificados como grau de risco 3.

Segurança do trabalho é um conjunto de medidas adotadas para preservar a integridade física dos trabalhadores
O que é um ambiente hospitalar?
Podemos definir o ambiente hospitalar como o espaço em que trabalhadores da saúde atendem aos usuários.
Os pacientes buscam, no hospital, ações nos níveis de promoção, prevenção e recuperação da saúde.
De maneira resumida, o ecossistema hospitalar é composto por uma série de elementos físicos e sociais, que interagem entre si e formam a estrutura da unidade de saúde.
Entre os elementos físicos, vale citar:
- Área
- Equipamentos hospitalares
- Mobiliário
- Fluxogramas de processos de trabalho
- Metodologias
- Softwares e informática.
Equipes multiprofissionais, conhecimento, informação e comunicação são os elementos sociais que compõem a estrutura de um ambiente hospitalar.
Qual a importância da segurança do trabalho em hospitais?
Construir um ambiente hospitalar seguro é essencial para evitar acidentes e até doenças ocupacionais que possam acometer os empregados.
Sem medidas de saúde e segurança no trabalho, aumentam as chances dessas ocorrências.
E o impacto não recai apenas sobre o colaborador, mas sobre toda a equipe, que fica sobrecarregada devido ao absenteísmo e afastamento do trabalho.
O efeito se estende à administração hospitalar, que deverá repor o funcionário acidentado e arcar com multas e encargos trabalhistas.
Além do mais, é comum a queda na produtividade do time e, por consequência, nos lucros do negócio.
Quando o ambiente hospitalar é inadequado, também pode prejudicar a segurança do paciente e de acompanhantes, expondo os usuários a acidentes previsíveis como quedas, choques elétricos e queimaduras.
Nesses cenários, há prejuízo financeiro decorrente de processos judiciais, bem como à imagem institucional, pois o hospital pode ser relacionado a um local inseguro e displicente.
Identificação dos riscos de segurança do trabalho em hospitais
Como identificar todos os riscos envolvidos na atuação profissional dentro de um hospital?
Os perigos presentes em uma unidade hospitalar costumam ser variados e, portanto, exigem avaliações individuais para cada local.
Contaminantes, calor e produtos químicos são alguns dos agentes de risco encontrados na maioria dos setores de um hospital.
Identificar e mapear as áreas de risco é o primeiro passo para manter um ambiente seguro, tarefa que deve ser executada pela equipe do SESMT e da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA).
Esse mapeamento indicará os riscos aos quais os trabalhadores estão expostos e servirá de base para as medidas de proteção descritas em documentos como o PGR (Programa de Gerenciamento de Riscos).
No caso de hospitais, vale destacar a presença de riscos ambientais, causados por agentes físicos, químicos e biológicos que, em função de sua natureza, concentração ou intensidade e tempo de exposição, podem causar danos à saúde do trabalhador.

A seguir, trago mais detalhes sobre esses e outros riscos comuns nas unidades de saúde.
Riscos físicos
São as diversas formas de energia a que os funcionários possam estar expostos.
De acordo com o Manual de Segurança no Ambiente Hospitalar da Anvisa, calor, ruído, radiações ionizantes, radiações não-ionizantes e pressões anormais são os principais agentes físicos encontrados no ambiente hospitalar.
Riscos químicos
São substâncias, compostos ou produtos que possam penetrar no organismo pela via respiratória, ingestão ou pela pele, através do contato direto ou absorção.
Agentes de risco químico são amplamente utilizados em hospitais, a exemplo de:
- Medicamentos, como drogas quimioterápicas
- Produtos para manutenção, como os óleos lubrificantes e solventes
- Produtos de limpeza, usados para desinfecção e esterilização, como o óxido de etileno.
Há, ainda, os riscos ergonômicos e biológicos a observar.
Riscos ergonômicos
São fatores que interferem nas características psicofisiológicas do trabalhador, causando desconforto ou afetando sua saúde.
Levantamento de peso, ritmo excessivo de trabalho, monotonia, repetitividade e postura inadequada são exemplos de riscos ergonômicos importantes.
Repare que todos eles podem estar presentes no setor hospitalar, ainda que distribuídos por departamentos diferentes.
Riscos biológicos
Bactérias, vírus, fungos e parasitas são exemplos de agentes de risco biológico.
Hospitais apresentam diversas fontes de contaminação por agentes biológicos, em especial o contato das mãos com os olhos ou a boca, feridas na pele exposta e possibilidade de perfuração cutânea.
Vale ter atenção especial a alguns setores, como o laboratório de análises clínicas, e às equipes que fazem a higiene hospitalar.
10 boas práticas de segurança do trabalho em hospitais
Como citei acima, existem vários riscos ocupacionais presentes nas unidades hospitalares.
Por isso, gestores e funcionários precisam estar sempre alertas, para que as práticas de segurança do trabalho façam parte da rotina de toda a equipe.
Junto a outras medidas, a conscientização dos profissionais apoia a construção de ambientes seguros e saudáveis, além de estimular os pacientes e acompanhantes a obedecerem às regras do hospital.
Assim, todos ficam protegidos de contaminações, doenças e acidentes que poderiam causar impactos negativos não apenas no local, mas também na comunidade do entorno.
1. Usar EPIs adequadamente
Conforme a NR-6, que aborda o uso de EPI, os Equipamentos de Proteção Individual são dispositivos destinados à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho.
Esses itens devem ser oferecidos gratuitamente pelas empresas, sempre que as medidas de ordem geral não oferecerem proteção completa para os riscos presentes no local de trabalho.
Também são usados enquanto a proteção coletiva estiver sendo implantada, ou em situações de emergência.
No caso dos hospitais, cada área ou departamento exige o uso de um ou mais EPI, pois é difícil proteger os trabalhadores simultaneamente de todos os riscos químicos, físicos, biológicos, ergonômicos e de acidentes.

Luvas, aventais, máscaras e calçados de proteção são alguns itens de EPI hospitalar.
Outro exemplo são os aventais de chumbo, que protegem profissionais de radiologia médica da exposição à radiação ionizante, que está relacionada ao desenvolvimento de câncer.
2. Seguir as normas de segurança
Nos tópicos anteriores, citei normas regulamentadoras que se aplicam ao ambiente hospitalar (NRs 04, 05, 06 e 09).
A mais importante é a NR-32, que estabelece diretrizes específicas para a segurança do trabalho em serviços de saúde.
O texto é bem completo, abordando riscos químicos, biológicos e físicos em detalhes.
O mesmo vale para ações de biossegurança, limpeza e manutenção hospitalar, além de pontos que reúnem riscos incomuns, como as lavanderias.
Esses locais devem ser separados em área suja e área limpa, cada qual com suas próprias medidas de proteção.
Além das NRs e outras normas do Ministério do Trabalho, vale considerar:
- Resoluções da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária)
- Normas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas)
- Recomendações normativas da OIT (Organização Internacional do Trabalho).
Acompanhe possíveis atualizações em leis e normas para garantir a adequação dos procedimentos em sua instituição.
3. Sinalizar adequadamente áreas de risco
Outra boa prática para evitar acidentes é a sinalização de segurança, que evidencia áreas perigosas como aquelas com piso escorregadio ou salas de máquinas.
Em um ambiente hospitalar, componentes de proteção radiológica incluem letreiros com avisos de acesso restrito à sala de raio-X, por exemplo.
Tudo com o objetivo de preservar as pessoas da exposição à radiação ionizante.
4. Eliminar corretamente os resíduos hospitalares
O lixo hospitalar costuma incluir grandes fontes de contaminação, tanto para os colaboradores quanto para pacientes e acompanhantes.
Portanto, o correto gerenciamento dos resíduos é uma das práticas mais eficientes para manter o ambiente seguro.
A própria NR-32 tem parte dedicada especialmente ao treinamento, separação dos resíduos, armazenamento e transporte adequados.
Manter lixeiras feitas de material lavável, resistentes à ruptura e vazamento e com tampas providas de sistema de abertura sem contato manual é uma das exigências para hospitais.
Também é útil adotar medidas para reduzir a quantidade de resíduos gerados, e sinalizar as lixeiras para um descarte de medicamentos e outros itens de modo adequado.
5. Oferecer treinamento para os funcionários
Treinar as equipes regularmente é uma forma de melhorar o desempenho nas urgências, diminuindo os riscos.
De nada adiantaria manter um hospital devidamente limpo, sinalizado e seguro sem capacitar os trabalhadores.
E não falo apenas dos profissionais de saúde, mas também do setor administrativo, financeiro, de limpeza e higiene.

Todos os que atuam em unidade hospitalar precisam estar cientes das áreas de livre circulação, das restritas e dos cuidados que devem tomar durante a jornada de trabalho, inclusive o descarte correto de resíduos.
Caso contrário, as chances de doenças e acidentes de trabalho aumentam consideravelmente, pois haverá ato inseguro e condição insegura.
Além da conscientização geral, é preciso oferecer capacitação periodicamente aos empregados, de acordo com os riscos do seu departamento ou atividade profissional.
Aqueles que manuseiam equipamentos médicos, por exemplo, devem seguir as recomendações do fabricante e conhecer boas práticas antes de usá-los.
6. Exames periódicos ocupacionais de qualidade
Hospitais que tenham colaboradores contratados sob o regime CLT devem custear exames ocupacionais periodicamente.
Mais que uma obrigação legal, essa atitude auxilia na manutenção de uma equipe saudável, contribuindo para a adoção das práticas de segurança do trabalho.
Isso porque, após cada avaliação, é emitido um documento que confirma a aptidão do funcionário – o Atestado de Saúde Ocupacional (ASO).
Daí a necessidade de investir em exames de qualidade, feitos em locais confiáveis e que apresentem o real estado de saúde dos colaboradores.
As avaliações envolvem entrevista com o trabalhador (anamnese ocupacional), avaliação física e exames complementares.
Exames complementares do PCMSO (Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional) são aqueles definidos de acordo com os riscos presentes no ambiente de trabalho.
Um exemplo é a espirometria ocupacional, que serve para rastrear doenças como a asma, agravada pela exposição a poeira ou agentes que causem alergia.
7. Garantir a manutenção preventiva de equipamentos médicos
Choques, cortes, esmagamentos e outras lesões podem ser provocadas por equipamentos defeituosos.
Reside aí a importância de manter uma rotina de manutenção que vá além da corretiva, incorporando a manutenção preventiva à rotina do hospital.
Assim, diminuem as chances de falhas e os custos com troca de peças e de dispositivos.

O técnico de segurança do trabalho é o profissional responsável pela avaliação do ambiente
8. Promover pausas e rodízio em atividades repetitivas ou desgastantes
Movimentos repetitivos ou desgastantes podem desencadear problemas como LER/DORT (Lesões por Esforço Repetitivo e Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho).
Tendinite e bursite são alguns exemplos dessas condições.
Nesse cenário, é essencial implementar medidas administrativas como pausas e rodízio de função, permitindo o repouso adequado para estruturas como as articulações.
9. Realizar auditorias internas de segurança periodicamente
Auditorias possibilitam a identificação de pontos de melhoria que dificilmente são notados na rotina corrida do hospital.
Portanto, incluir esses procedimentos periodicamente é uma boa pedida para reforçar as ações de SST.
10. Controlar rigorosamente o acesso a áreas restritas
Além da sinalização de segurança, áreas perigosas devem ter o acesso limitado por mecanismos de autenticação, como senhas.

Dessa forma, fica mais fácil controlar a entrada, impedindo que pessoas não autorizadas coloquem sua integridade ou a dos colegas e pacientes em risco.
SESMT, CIPA e a segurança do trabalho em hospitais
Existem órgãos encarregados de vigiar e controlar a segurança nos hospitais.
Expliquei, no início deste texto, que os membros do SESMT e da CIPA são os responsáveis pelo levantamento dos riscos, planejamento e execução de planos preventivos.
Para que isso ocorra, é necessário contar com profissionais capacitados em segurança do trabalho e que conheçam as particularidades do ambiente hospitalar.
Também é preciso que eles tenham apoio dos gestores, a fim de disseminar uma cultura empresarial que envolva a segurança do trabalho de forma efetiva.
Só assim será possível conscientizar os trabalhadores e garantir a adoção das medidas sugeridas pelos integrantes da CIPA e do SESMT.
Medicina e segurança do trabalho em parceria com a telemedicina
Cabe ao gestor do hospital decidir se realizará os exames periódicos na própria unidade de saúde, ou se há vantagens na contratação de uma clínica de medicina do trabalho.
Nos dois casos, a telemedicina é uma opção viável que agrega qualidade e agilidade ao processo de emissão de laudos médicos para os exames complementares, como eletrocardiograma, espirometria, eletroencefalograma ocupacional, entre outros.
De acordo com o Conselho Federal de Medicina (CFM), esses documentos só podem ser expedidos por especialistas qualificados na área do exame realizado.
Ainda que o hospital tenha esses profissionais em sua equipe, é provável que sua exigência seja maior em outras áreas, como nos atendimentos.
Ao aderir à telemedicina, em vez de buscar mais médicos apenas para interpretar os exames, o hospital conta com laudos online, produzidos e assinados digitalmente por especialistas da empresa parceira.
Técnicos de enfermagem ou radiologia podem realizar os exames através de um equipamento digital e compartilhar os registros via plataforma de telemedicina.
Em seguida, as informações são interpretadas e geram o telelaudo, que fica disponível em minutos na própria plataforma.
Conclusão
Neste artigo, apresentei um panorama completo sobre a segurança do trabalho em hospitais, o que envolve a saúde dos colaboradores e realização de exames periódicos.
Mas fazer os exames com qualidade e produzir laudos confiáveis tende a ser um desafio para a maior parte das unidades.
Essa demanda pode ser sanada com o suporte da Telemedicina Morsch, que auxiliará sua equipe por meio do telediagnóstico.
A tecnologia está disponível para exames nas especialidades radiologia, pneumologia, neurologia e cardiologia.
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