Como é feita a ressonância com contraste, riscos e indicações

Por Dr. José Aldair Morsch, 5 de setembro de 2024
Ressonância com contraste

A ressonância com contraste é um importante instrumento de avaliação médica de órgãos e vasos sanguíneos.

Bastante moderno, esse exame oferece imagens de qualidade, retratando diferentes partes internas do corpo.

Mas a realização desse e outros exames contrastados ainda gera dúvidas e receio na comunidade médica e em pacientes, pois pode haver efeitos colaterais.

Neste artigo, abordo as principais indicações da RM contrastada, como é feita, além de informações sobre riscos e contraindicações.

Leia até o fim para conferir também os benefícios da telemedicina e emissão do laudo de RM a distância.

O que é ressonância com contraste?

Ressonância magnética com contraste é um exame de imagem que usa um campo magnético e um meio de contraste para observar e realçar estruturas anatômicas.

Para explicar melhor, vamos desmembrar a ressonância (RM) do meio de contraste.

Ressonância magnética é um exame não invasivo que registra as imagens internas mais nítidas do organismo.

Utilizando um campo magnético e ondas de radiofrequência, a RM produz imagens de alta resolução, favorecendo diagnósticos precisos, principalmente no caso de estruturas pequenas.

Como exemplo, podemos pensar em uma uma microcalcificação, que pode ser o início de um câncer de mama.

Nesse caso, uma RM das mamas pode mostrar a estrutura em detalhes, possibilitando o diagnóstico precoce e o tratamento mais efetivo.

Já o contraste é um composto que confere destaque para determinadas partes durante o exame.

Para que serve o contraste na ressonância magnética?

Da mesma forma como em outros exames, o contraste serve para mostrar certas áreas com mais clareza e nitidez, realçando estruturas anatômicas.

Sua aplicação pode ser feita por via intravenosa, oral ou retal, sendo que a primeira é a mais comum para o exame de ressonância magnética com contraste.

Se você já observou as imagens obtidas por uma ressonância magnética, você deve ter reparado que, em geral, elas são escuras.

Em alguns casos, isso pode impactar no diagnóstico, prejudicando a diferenciação de órgãos, vasos sanguíneos e outras áreas.

Como resposta, o médico pede que a RM seja feita com o auxílio do contraste, a fim de afastar dúvidas.

Além disso, quando o médico não faz a solicitação do exame com contraste, a própria clínica de ressonância pode determinar se ele é necessário ou não. 

Afinal, a administração de contraste aumenta a acurácia do exame.

Mas vale destacar que nem sempre é necessário utilizar esse composto. Por exemplo, em exames ortopédicos, a ressonância sem contraste basta para obter as análises desejadas.

Principais doenças investigadas pela ressonância com contraste

A RM com contraste pode apoiar o diagnóstico de diversas patologias, com destaque para câncer, doenças neurológicas e vasculares.

Tumores em partes moles do corpo, como órgãos, ganham destaque com o uso do contraste, e aparecem em evidência.

Outras condições investigadas pelo exame são:

  • Doença arterial coronariana, que atinge as artérias da região cardíaca
  • Isquemia
  • Acidente vascular cerebral (AVC) – danos às células cerebrais após a falta de oxigênio e nutrientes
  • Processos infecciosos, como a encefalite (inflamação do encéfalo)
  • Doença de Alzheimer – quadro degenerativo que compromete as funções cerebrais
  • Esclerose múltipla – patologia autoimune que ataca cérebro e medula espinhal
  • Aneurisma – região dilatada e enfraquecida numa artéria
  • Coágulos
  • Microcalcificações.

As imagens da RM contribuem de forma importante para a pesquisa clínica, assim como para a rotina cardiológica diária.

Na cardiologia, o exame é essencial na detecção de doenças nas veias e artérias, como na diminuição do fluxo sanguíneo (isquemia).

Quando a ressonância magnética estuda os vasos sanguíneos, pode ser chamada de angioressonância.

Esse exame é útil na avaliação de AVC, aneurisma, coágulos e outras anomalias.

Através do contraste, é possível observar não apenas malformações e obstruções nas veias e artérias, como também a direção e a velocidade com que o sangue circula.

RM com contraste

As imagens da RM contribuem de forma importante para a pesquisa clínica, assim como para a rotina

Tipos de ressonância que usam contraste

Como mencionei acima, diversas áreas do organismo podem ser estudadas através da RM contrastada.

A seguir, você acompanha detalhes sobre as principais:

Ressonância cardíaca com contraste

Utilizada para investigar quadros de arritmia, isquemia e obstruções ao fluxo sanguíneo, a ressonância do coração pode incluir o contraste.

Especialmente quando tem a finalidade de mostrar a parte interna dos vasos sanguíneos, detectando bloqueios e obstruções que prejudicam a irrigação do miocárdio.

Outra aplicação está na avaliação após infarto, por meio da técnica de realce tardio, que dá destaque às áreas prejudicadas.

Por sofrerem o rompimento na membrana das células, essas partes permitem que o contraste circule e evidencie o tecido necrosado, que aparece mais claro nas imagens da RM cardíaca.

Ressonância cerebral com contraste

Tumores, abscessos e outras lesões podem ser detectadas pela RM cerebral com contraste.

Os vasos sanguíneos que irrigam o cérebro também podem ser visualizados via angiorressonância.

Assim, o exame fornece dados importantes para o diagnóstico e o tratamento do AVC isquêmico ou hemorrágico ao revelar trechos obstruídos ou rompidos.

Bem como sinais de aterosclerose e outras patologias que dificultam a circulação do sangue. 

Ressonância abdominal com contraste

A região abdominal concentra diversas estruturas anatômicas sobrepostas, como órgãos e vasos sanguíneos.

Por isso, é comum a indicação da ressonância do abdome total contrastada, ou mesmo do uso do contraste para examinar porções menores dessa área, permitindo sua diferenciação.

Tumores e outras estruturas hipervascularizadas ganham evidência nas imagens da RM com contraste, bem como agravos que afetam os vasos sanguíneos.

Ressonância da pelve com contraste

Trecho inferior do abdome, a pelve abriga órgãos do sistema urinário, digestivo e reprodutor.

Quando é preciso observar os vasos sanguíneos ou nos casos em que há suspeita de inflamações, infecções e tumores, é indicada a ressonância magnética da pelve com contraste.

Cabe ressaltar o importante papel desse exame no diagnóstico, estadiamento, avaliação de resposta e detecção de recidiva após o tratamento de cânceres ginecológicos.

Meio de contraste utilizado na ressonância magnética

A principal substância presente no contraste para RM é o gadolínio.

Trata-se de um elemento químico do grupo de metais de terras raras, que é utilizado em variações específicas para uma aplicação segura nos pacientes.

O gadolínio é reconhecido pela eficácia na identificação de lesões e tumores, além da baixa taxa de reações adversas.

Ele provoca muito menos efeitos colaterais que o contraste iodado, amplamente utilizado em procedimentos como tomografias.

Quando inserido no organismo, o gadolínio reage para permitir a visualização de células anômalas, que não seriam tão nítidas sem a presença dele.

Bomba de infusão para ressonância magnética com contraste

O aparelho de ressonância magnética produz um alinhamento em partículas (prótons) de átomos de hidrogênio

Como é feita a ressonância magnética com uso do contraste?

O exame emprega um campo magnético para gerar imagens de alta resolução de partes internas do corpo.

Assim que é ligado, o aparelho de ressonância magnética produz um alinhamento em partículas (prótons) de átomos de hidrogênio.

Lembrando que nosso organismo é feito por aproximadamente 70% de água, e que cada molécula de água tem dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio.

Ou seja, o hidrogênio é o átomo mais comum no corpo humano.

O equipamento usado na RM reorganiza a maioria dos átomos de hidrogênio, gerando a imagem a partir desse movimento, com o auxílio de ondas de rádio.

Quando utiliza-se o contraste, ele altera o campo magnético do tecido examinado, que emite um sinal específico.

Áreas saudáveis emitem sinais diferentes de áreas afetadas por patologias.

Daí um dos motivos para a eficácia da ressonância na detecção de tumores e outras anomalias celulares. 

Afinal, diferentes sinais formam diferentes imagens.

Como é administrado o contraste da RM nos pacientes

Geralmente, o contraste é administrado por via intravenosa, ou seja, é injetado diretamente em um vaso sanguíneo.

Mas existem outras possibilidades, dependendo do tipo de contraste e da recomendação médica.

Pode ser feita administração por via oral, no início ou em outros momentos do exame.

Formas menos comuns incluem a via endocavitária (através de orifícios naturais, como o reto) e a via intracavitária (através da parede da cavidade estudada).

Por quanto tempo o contraste permanece no organismo?

Após a ressonância magnética, a substância chega ao sistema urinário, sendo eliminada em até 24 horas através da urina.

Como saber se o paciente pode usar o contraste?

O contraste com gadolínio não costuma causar complicações.

No entanto, deve-se conhecer o histórico do paciente, verificando se possui alguma alergia a medicamentos, ou tem insuficiência renal.

Testes podem ser feitos antes da ressonância, e o médico pode recomendar a ingestão de antialérgicos para minimizar os efeitos do contraste.

Em caso de insuficiência renal, o exame é contraindicado.

Preparando o paciente para a ressonância magnética com contraste

Dependendo do tipo de ressonância magnética com contraste, será necessário que o paciente compareça em jejum.

Antes de entrar na sala onde o exame será realizado, é preciso eliminar qualquer objeto metálico do corpo, como brincos, correntes ou pulseiras.

Isso porque, o aparelho funciona como um grande ímã, tão poderoso que pode atrair esses objetos em sua direção.

Além disso, o paciente deve preencher um formulário sobre suas condições gerais de saúde e assinar seu aceite quanto ao uso do contraste. 

Após os preparativos, a pessoa se deita sobre uma maca, que se move para dentro do equipamento.

É preciso que ela permaneça imóvel durante o exame, pois qualquer movimento pode prejudicar as imagens.

Inicialmente, realiza-se o exame sem o uso do contraste.

O aparelho é ligado, gerando o campo magnético e colhendo os dados necessários para formar as imagens.

Somente depois disso há a captura das imagens de forma mais nítida. 

Ou seja, a ressonância magnética com contraste é realizada na segunda etapa da análise.

Dessa forma, é possível comparar as imagens com e sem contraste, facilitando a identificação de anomalias.

Por fim, desliga-se o equipamento de RM e há a liberação do paciente para suas atividades cotidianas.

O exame é indolor, não invasivo e costuma durar entre 20 e 60 minutos, dependendo da região estudada.

Há contraindicações na ressonância magnética com contraste?

A principal contraindicação da ressonância magnética com contraste é para pacientes com insuficiência renal avançada

Isso porque indivíduos com rins saudáveis conseguem eliminar o gadolínio em cerca de 24 horas. 

Contudo, quando o órgão sofre com disfunções, há a possibilidade de que ocorra um quadro chamado de fibrose sistêmica nefrogênica, desencadeando lesões nas articulações, fígado, pele, coração e pulmão, além de fibrose nos músculos. 

Potencialmente fatal, essa manifestação só atinge quem já tem danos severos nas funções dos rins.

Por esse fato, a ressonância magnética com contraste também é contraindicada para quem tem insuficiência aguda, já fez transplante de rim ou hemodiálise

O ideal é que pacientes com qualquer alteração renal ou que tenham mais de 60 anos, façam um exame de creatina antes de utilizar o gadolínio. 

Há também os casos de mulheres grávidas ou em amamentação, que podem realizar a ressonância magnética, mas sem o uso de contraste.

Inclusive, a ressonância magnética com contraste é contraindicada para recém-nascidos de até 4 semanas, devido à falta de conhecimentos sobre sua segurança.

Fora esses casos, a substância pode ser perigosa para quem tem alergia ao contraste ou predisposição genética.

Riscos da ressonância magnética com contraste

O exame de ressonância magnética praticamente não apresenta riscos.

No entanto, a utilização do contraste à base de gadolínio pode causar reações adversas em 2% a 4% dos pacientes.

Reações agudas, como laringoespasmo e choque anafilático, são raríssimas, mas podem ser fatais.

O gadolínio também é capaz de provocar complicações crônicas, principalmente em indivíduos com insuficiência renal.

Uma das mais perigosas é a já citada fibrose nefrogênica sistêmica, doença progressiva que causa endurecimento da pele e fibrose.

A eliminação do contraste, feita através da urina, pode, ainda, sobrecarregar os rins, piorando o estado de saúde de quem sofre com insuficiência renal.

Possíveis efeitos colaterais da ressonância com contraste

As principais reações adversas da RM contrastada são:

  • Sensação de calor
  • Dor de cabeça
  • Urticária
  • Gosto metálico na boca
  • Náuseas e vômitos.

Em geral, elas aparecem durante a administração do contraste à base de gadolínio e desaparecem espontaneamente durante o exame.

Medidas de segurança médica na ressonância com contraste

Para evitar complicações pelo uso de contraste, entidades médicas têm feito uma série de recomendações.

Uma das principais é a avaliação prévia e a administração somente da quantidade necessária de contraste para obtenção de imagens nítidas.

Outra medida de segurança envolve a restrição do gadolínio aos exames de ressonância magnética.

Ele não deve substituir outros tipos de contraste, como o iodado, utilizados em exames de raio-X e tomografias.

O que o paciente deve saber?

Alguns tópicos acima, mencionei que, quando for preciso, pacientes alérgicos podem ser medicados para evitar reações ao contraste.

Outra complicação vem da estrutura do aparelho utilizado.

O equipamento de RM é composto por um grande tubo, no qual o paciente precisa permanecer imóvel durante o teste.

Isso não é problema para a maioria das pessoas, mas pode atrapalhar quando for uma criança ou um indivíduo claustrofóbico.

Esses pacientes costumam receber uma leve sedação antes de fazer a ressonância, a fim de que consigam se manter parados no decorrer do procedimento.

Caso contrário, as imagens poderiam ficar comprometidas, já que o exame é altamente sensível.

O que o paciente deve relatar?

A fim de garantir a segurança do paciente, é importante avisar o médico ou profissional responsável pelo exame se a pessoa possui:

  • Marcapasso/válvula cardíaca
  • Aparelho de surdez
  • Implante de ouvido
  • Clipe de aneurisma cerebral
  • Fragmentos metálicos como pinos, placas, parafusos, estilhaços
  • Prótese dentária
  • Lentes de contato
  • Piercing
  • Prótese peniana
  • Tatuagem ou maquiagem definitiva
  • Insuficiência renal crônica
  • Faz diálise
  • Hipertensão
  • Diabetes
  • Se faz uso de medicações
  • Alergias
  • Gravidez
  • Está amamentando
  • Trabalhou em indústria de metais com produção de serragem ou farpas.

Veja na sequência como a evolução da tecnologia vem transformando o exame de ressonância magnética.

Aparelho de RM

A principal contraindicação da RM com contraste é para pacientes com insuficiência renal avançada

Telemedicina para ressonância magnética: quais as vantagens?

Seja pela segurança ou pela capacidade de diagnosticar inúmeras doenças, a ressonância magnética com contraste vem sendo mais demandada pelos médicos. 

Nesse cenário, é evidente que as clínicas podem desfrutar de excelentes oportunidades caso ofereçam a RM.

Contudo, muitas vezes é difícil lidar com a demanda ou pode ser inviável investir em um corpo completo de especialistas para a emissão de laudos de RM.

Felizmente, a telemedicina oferece um jeito viável e eficiente para driblar esses empecilhos.

Contratando o serviço de telediagnóstico, sua unidade pode apenas realizar os procedimentos e obter os laudos online a partir de uma central especializada.

Tudo é feito com total respaldo legal, respeito ao sigilo médico e excelência técnica, além de:

Quer saber como funciona a emissão de laudos a distância da ressonância com contraste? Explico a seguir.

Emissão de laudos a distância da ressonância com contraste

Assim como a realização do exame, interpretar uma ressonância magnética com contraste não é uma tarefa simples.

É preciso tempo, anos de estudo e dedicação para compreender o funcionamento do exame e a anatomia da área estudada.

Além disso, o Conselho Federal de Medicina (CFM) exige que a RM seja laudada por um médico especialista.

No entanto, algumas regiões brasileiras não possuem mão de obra especializada para realizar essa tarefa, sobretudo aquelas que ficam afastadas dos centros urbanos.

A situação se agrava com o alto custo da manutenção de um time de especialistas.

A boa notícia é que essa demanda pode ser suprida pelos laudos a distância fornecidos por empresas de telemedicina, que são uma opção acessível para oferecer resultados confiáveis com agilidade.

Graças à telemedicina radiológica, é possível transmitir os resultados da RM contrastada e encomendar o documento facilmente.

O processo é simples.

Depois de realizar a ressonância, o médico ou técnico em radiologia envia os dados a um computador que possui software específico.

As informações são transformadas em imagem e compartilhadas via plataforma de telemedicina.

Em seguida, especialistas acessam os dados do exame e avaliam as imagens à luz da hipótese diagnóstica e histórico do paciente.

Então, registram suas considerações no laudo online, assinado digitalmente.

Com login e senha na plataforma de Telemedicina Morsch, profissionais da unidade de saúde podem acessar os resultados a qualquer hora e lugar.

Essas informações também ficam armazenadas em nuvem, poupando espaço físico e evitando que os arquivos sejam perdidos.

Acesse esta página para conferir todos os benefícios da telerradiologia!

Conclusão

Neste artigo, você conferiu as principais características da ressonância com contraste.

Ficou evidente que esse exame deve ser laudado por especialistas capacitados, seja in loco ou à distância.

Permita que a Telemedicina Morsch seja parceira da sua clínica ou hospital, fornecendo laudos eletrônicos com qualidade.

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Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin