Protocolo de segurança do paciente: o que é e qual a sua importância

Por Dr. José Aldair Morsch, 21 de outubro de 2022
Protocolo de segurança do paciente

Adotar o protocolo de segurança do paciente promove a qualificação do cuidado em saúde.

Mais do que padrões para a assistência, os protocolos oferecem soluções práticas para diminuir eventos danosos ao doente, que poderiam ser evitados.

Para dar uma ideia da relevância desse tema, as diretrizes atuais nasceram de metas internacionais, estabelecidas pela Organização Mundial da Saúde.

No Brasil, o Ministério da Saúde incorporou as recomendações da OMS em seu Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP).

Explico melhor a relação entre as metas de segurança do paciente, PNSP e como disseminar essas boas práticas nos próximos tópicos.

Você também vai conhecer ferramentas tecnológicas que dão suporte a ambientes mais seguros, como a telemedicina.

O que é protocolo de segurança do paciente?

Protocolo de segurança do paciente é um conjunto de recomendações que buscam a qualidade no cuidado de saúde.

Na verdade, existem vários protocolos de segurança do paciente, cada um atendendo a um objetivo diferenciado.

Ou, melhor dizendo, a uma das metas de segurança do paciente da OMS, como adiantei acima.

Prescrição de medicamentos, cirurgias e prevenção de úlceras por pressão são alguns dos assuntos tratados nos principais protocolos desse tipo.

Eles se apresentam como soluções simples para problemas cotidianos vivenciados em clínicas e hospitais.

Além da prevenção de erros em hospitais, responsáveis por 148 mortes diárias no Brasil, conforme dados do 2º Anuário da Segurança Assistencial Hospitalar no Brasil.

O documento foi elaborado em 2018, por meio de parceria entre o IESS (Instituto de Estudos de Saúde Suplementar) e o Instituto de Pesquisa Feluma, da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais.

Erros relativos à utilização de medicamentos, infecções generalizadas e infecções do sítio cirúrgico se destacam entre os eventos adversos que seriam evitados com a adoção de protocolos de segurança do paciente.

Qual é a importância dos protocolos de segurança do paciente?

As recomendações contidas em protocolos norteiam as ações dentro de hospitais e clínicas, colaborando para melhorar o atendimento.

Afinal, eles foram inspirados em problemas e atividades de rotina dentro das unidades de saúde por todo o mundo e propõem dinâmicas de baixo custo, mas grande valor a profissionais, pacientes e acompanhantes.

Higienização das mãos, atualização de prontuários e adaptação de estruturas estão entre as recomendações.

Nesse contexto, vale mencionar que essas diretrizes são instrumentos que traduzem um dos um dos seis atributos da qualidade do cuidado da OMS, que é a segurança do paciente.

Os demais pilares da qualidade da assistência em saúde são: efetividade, cuidado centrado no paciente, oportunidade, eficiência e equidade.

Segundo explica o site oficial do Governo do Rio de Janeiro:

“Os protocolos constituem práticas de segurança do paciente voltadas para propiciar uma prática assistencial segura e são componentes obrigatórios dos planos (locais) de segurança do paciente dos estabelecimentos de Saúde”.

Para alcançar o propósito de proteção ao paciente e qualificação dos serviços, os protocolos devem ser:

  • Baseados nas melhores evidências científicas de que são práticas efetivas em reduzir a chance de dano ao paciente
  • Aplicados em diferentes níveis de assistência e para diferentes tipos de pacientes
  • Amplos e sustentáveis
  • Utilizados por pacientes, profissionais de saúde, fontes pagadoras e pesquisadores.

A seguir, trago detalhes sobre os principais protocolos a adotar na segurança do paciente.

Quais são os 6 protocolos de segurança do paciente?

Você se lembra das metas de segurança do paciente, que citei na introdução do artigo?

Pois bem, elas surgiram a partir de esforços globais, incluindo a criação da Aliança Internacional para Segurança do Paciente pela OMS, em 2005.

As nações que compõem a Aliança se uniram à credenciadora hospitalar JCI em 2006, a fim de promover boas práticas ou protocolos com referência em metas de segurança do paciente.

Portanto, as metas e protocolos estão intimamente ligados, uma vez que atingir os objetivos depende de instrumentos práticos.

Discorro sobre os seis principais tipos de protocolo de segurança do paciente a seguir.

PNSP

O protocolo de segurança do paciente se apresenta na forma de soluções para problemas cotidianos vivenciados

1. Protocolo de Identificação do Paciente

A identificação do paciente de forma clara e visível é uma das principais estratégias para evitar falhas como a realização de procedimentos que não eram destinados a ele.

Pode parecer óbvio, mas quem vivencia a rotina agitada dos hospitais sabe que existem chances de confundir identidades, principalmente diante de situações como a superlotação.

Outros agravantes estão descritos no detalhamento deste protocolo do Ministério da Saúde, que afirma:

“Erros de identificação do paciente podem ocorrer, desde a admissão até a alta do serviço, em todas as fases do diagnóstico e do tratamento. Alguns fatores podem potencializar os riscos na identificação do paciente como: estado de consciência do paciente, mudanças de leito, setor ou profissional dentro da instituição e outras circunstâncias no ambiente”.

A solução proposta é o uso de pulseiras de identificação, preferencialmente no punho, que informem, no mínimo, dois identificadores como:

  • Nome completo do paciente
  • Nome completo da mãe do paciente
  • Data de nascimento do paciente
  • Número de prontuário do paciente.

Outros dados de identificação podem ser adicionados conforme a política da unidade de saúde.

2. Protocolo de Segurança na Prescrição, Uso e Administração de Medicamentos

O sucesso das recomendações de segurança na prescrição depende, em parte, da correta identificação do paciente.

Caso contrário, ele fica sujeito a receber medicações trocadas, em dosagens ou vias de administração equivocadas.

Os efeitos desses erros podem ser graves, englobando reações alérgicas, lesões severas e até a morte.

Principalmente quando são usados Medicamentos de Alta Vigilância (MAV), como anticoagulantes, opiáceos e insulinas.

Medidas de prevenção desses cenários são elencadas neste material que trata sobre o protocolo de prescrições de medicamentos, ressaltando que:

“A incorporação de princípios para reduzir erros humanos minimizando os lapsos de memória, promovendo acesso a informações sobre os medicamentos e desenvolvendo padrões internos de treinamento reduz a probabilidade de falhas e aumenta a chance de interceptá-las antes de resultar em prejuízo ao paciente”.

Entre as estratégias propostas, vale mencionar:

  • Padronização de processos, como a eliminação de abreviações nas prescrições
  • Uso de recursos de tecnologia da informação, a fim de tornar as informações mais acessíveis
  • Educação permanente, o que inclui reciclagens a respeito dos processos adotados pelo hospital
  • Acompanhamento das práticas profissionais em todas as etapas do processo que envolve o medicamento. Uma das mais importantes é a conferência dupla da prescrição pelos profissionais de enfermagem.

Observe que são ações preventivas e que atingem diferentes áreas e profissionais da unidade.

3. Protocolo de Higiene das Mãos

A contaminação cruzada é um dos fatores responsáveis pelo contágio de pacientes com microrganismos patógenos nos hospitais.

Portanto, o propósito destas diretrizes é:

“Instituir e promover a higiene das mãos nos serviços de saúde do país com o intuito de prevenir e controlar as infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS), visando à segurança do paciente, dos profissionais de saúde e de todos aqueles envolvidos nos cuidados aos pacientes”.

Simples e eficaz, a estratégia de higienização das mãos deve ser colocada em prática usando água e sabão, ou soluções de álcool 70%, em gel ou espuma, e adotada nos seguintes momentos:

  • Antes de tocar o paciente
  • Antes de realizar procedimento limpo/asséptico, como o manuseio de dispositivo invasivo ou se mover de um sítio anatômico contaminado para outro durante o atendimento do mesmo paciente
  • Após o risco de exposição a fluidos corporais ou excreções, seja por contato direto ou após retirar luvas, esterilizadas ou não
  • Após tocar o paciente, com ou sem luvas
  • Após tocar superfícies próximas ao paciente, inclusive luvas.

Lembrando que essas condutas se destinam a todos os profissionais de saúde.

4. Protocolo de Cirurgia Segura

Segundo uma análise de dados de 56 países, são realizadas entre 187 e 281 milhões de cirurgias de grande porte por ano – uma para cada 25 pessoas.

Estimativas apontam ainda que um em cada 150 indivíduos hospitalizados morre devido a incidentes e há associação de dois terços dos eventos adversos em ambiente hospitalar a cuidados cirúrgicos.

Nesse cenário, é imprescindível adotar ferramentas que elevem a segurança antes, durante e após as operações, preservando a vida e a integridade de muitos pacientes.

Uma delas é a Lista de Verificação de Cirurgia Segura, criada pela OMS e dividida em três fases:

  • Antes da indução anestésica: revisão dos riscos, informações sobre a anestesia e sítio cirúrgico
  • Antes da incisão cirúrgica: confirmações como a realização da cirurgia correta no paciente correto
  • Antes do paciente sair da sala de cirurgia: revisão de materiais, amostra cirúrgica obtida e cuidados pós-operatórios.

Importante: essas fases devem ser conferidas por uma única pessoa

5. Protocolo de Úlcera por Pressão

Idade e restrições à mobilidade estão entre os fatores que elevam o risco de úlceras por pressão (UPP).

Essas lesões costumam surgir sobre uma proeminência óssea, devido à pressão e/ou fricção, postergando a recuperação dos doentes internados ou acamados em home care.

Caso não sejam tratadas, as UPP representam perigos à integridade e à vida do paciente, considerando que:

“Apesar da maioria das úlceras por pressão ser evitável, estima-se que aproximadamente 600 mil pacientes em hospitais dos EUA evoluam a óbito a cada ano em decorrência de complicações secundárias à UPP. O custo total estimado do tratamento de UPP nos EUA é de 11 bilhões de dólares por ano”.

O alerta consta neste protocolo para prevenção de UPP, que traz recomendações como a mudança de posição periodicamente, higienização e hidratação diária da pele.

6. Protocolo de Prevenção contra Quedas

Neurologia e reabilitação estão entre os setores com pacientes mais sujeitos a quedas.

Esses eventos podem levar a complicações e óbito decorrente de hematomas, sangramentos e fraturas em ossos de grande importância, como o fêmur.

O protocolo para prevenção de quedas do Ministério da Saúde destaca o seguinte:

“De modo geral, a hospitalização aumenta o risco de queda, pois os pacientes se encontram em ambientes que não lhes são familiares, muitas vezes são portadores de doenças que predispõem à queda (demência e osteoporose) e muitos dos procedimentos terapêuticos, como as múltiplas prescrições de medicamentos, podem aumentar esse risco”.

O instrumento propõe medidas de adequação do ambiente, como iluminação adequada, liberação de corredores e instalação de piso antiderrapante para evitar esses eventos adversos.

Também são sugeridas intervenções com multicomponentes, a exemplo de:

  • Avaliação do risco de queda
  • Identificação do paciente com risco com a sinalização à beira do leito ou pulseira
  • Agendamento dos cuidados de higiene pessoal
  • Revisão periódica da medicação
  • Atenção aos calçados utilizados pelos pacientes
  • Educação dos pacientes e dos profissionais
  • Revisão da ocorrência de queda para identificação de suas possíveis causas.

Faça um diagnóstico na sua unidade e implemente ainda outras medidas de prevenção a quedas.

Segurança do paciente

Os protocolos de segurança do paciente norteiam as ações, o que colabora para melhorar o atendimento

Qual o objetivo do Programa Nacional de Segurança do Paciente?

O Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP) tem o objetivo de contribuir para a qualificação do cuidado em saúde em todos os estabelecimentos de saúde do território nacional.

A iniciativa surgiu na esteira das ações em prol da qualidade da assistência, iniciadas pela OMS.

Aprovado pela Portaria GM/MS nº 529/2013, o PNSP constrói e divulga diretrizes como os protocolos a que me referi acima.

De acordo com a legislação, compete ao programa propor e validar protocolos, guias e manuais voltados à segurança do paciente em diferentes áreas, tais como:

  • Infecções relacionadas à assistência à saúde
  • Procedimentos cirúrgicos e de anestesiologia
  • Prescrição, transcrição, dispensação e administração de medicamentos, sangue e hemoderivados
  • Processos de identificação de pacientes
  • Comunicação no ambiente dos serviços de saúde
  • Prevenção de quedas
  • Úlceras por pressão
  • Transferência de pacientes entre pontos de cuidado
  • Uso seguro de equipamentos e materiais.

Conforme o PNSP, então, todas as atividades da unidade de saúde devem ter protocolos de segurança.

Como a telemedicina colabora com a segurança do paciente?

Sistemas de telemedicina agregam confiabilidade e agilidade a diversos processos que fazem parte do protocolo de segurança do paciente.

Identificação e prescrição de medicamentos passam a dispor de dados atualizados automaticamente, com facilidade de acesso e organização por ordem cronológica.

Softwares robustos como o da Telemedicina Morsch ficam hospedados na nuvem, acessíveis a partir de qualquer dispositivo com conexão à internet.

Sem deixar de lado a segurança, pois as informações são preservadas por senhas e criptografia.

A digitalização previne equívocos por causa da letra de médico, apoiando a administração dos medicamentos corretos.

Outra vantagem está na redução da carga de trabalho da equipe médica, que pode ser reforçada via serviço de interpretação de exames à distância.

Basta treinar técnicos em radiologia e enfermagem para que conduzam normalmente os procedimentos e compartilhem seus registros na plataforma.

Eles serão avaliados por especialistas na área do exame, que compõem e assinam digitalmente o laudo médico.

Dessa forma, os resultados ficam disponíveis em minutos.

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Conclusão

Finalizando este artigo, você está por dentro de ações e importância do protocolo de segurança do paciente.

Além da estruturação dessas estratégias no país e como usar a tecnologia a seu favor.

Conte com a Telemedicina Morsch para levar essas inovações à sua clínica ou hospital!

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Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin