Exames cardiológicos: entenda a importância e conheça os principais

Por Dr. José Aldair Morsch, 28 de dezembro de 2018
Exames cardiológicos

O coração é um dos órgãos mais sensíveis do corpo humano, o que justifica a existência de diferentes tipos de exames cardiológicos.

Eles servem tanto para a prevenção quanto para o diagnóstico e acompanhamento de doenças cardiovasculares.

Cada exame cardiovascular possui suas especificidades no que diz respeito à realização e, principalmente, na interpretação dos resultados.

Essa realidade exige alta qualidade no processo, tanto no aparato tecnológico envolvido quanto na escolha de equipamentos modernos e na designação de profissionais experientes e habilitados.

Neste artigo, vou explicar quais são os tipos de exames cardiológicos, os seus objetivos e também como a telemedicina surge como solução de laudo a distância na cardiologia.

O que são exames cardiológicos?

Exames cardiológicos são procedimentos que analisam a anatomia e funcionamento do sistema cardiovascular.

Eles ajudam a diagnosticar, acompanhar e prevenir doenças cardiovasculares, como infarto, arritmias e insuficiência cardíaca.

Formado pelo músculo cardíaco, artérias e veias, esse sistema desempenha a função vital de bombeamento do sangue para o organismo.

Assim, garante a nutrição celular, essencial para fornecer o oxigênio e energia que mantêm órgãos e tecidos trabalhando de maneira adequada.

Eletrocardiograma, ecocardiograma, teste ergométrico e MAPA são alguns dos principais exames utilizados.

Quais são as doenças cardíacas mais comuns?

Em todo o mundo, as doenças cardiovasculares são a principal causa de morte, segundo dados da Opas, a Organização Pan-Americana da Saúde.

Reforço, aqui, que o termo doença cardiovascular se refere a qualquer patologia aterosclerótica ou não que acometa o sistema cardiovascular, a exemplo de:

  1. Doença vascular periférica, como trombose arterial e venosa
  2. Aneurismas de grandes artérias como aorta torácica e abdominal
  3. Aterosclerose carotídea com oclusão ou embolia cerebral
  4. Doença cerebrovascular como AVC isquêmico e hemorrágico
  5. Doença aterosclerótica coronariana, como angina e infarto
  6. Outras doenças cardíacas não ateroscleróticas.

Em 2019, por exemplo, o total de óbitos relacionados a essas patologias foi de 17,9 milhões em todo o planeta, estando o AVC no topo da lista em países subdesenvolvidos.

Apenas no Brasil, são cerca de 380 mil mortes por ano, muitas delas classificadas como emergências médicas.

Entre as patologias mais comuns estão:

  • Arritmias: alterações nos batimentos cardíacos
  • Cardiomiopatias: doenças primárias que provocam dificuldade no fornecimento de sangue ao corpo pelo coração
  • Pericardite: inflamação do pericárdio – membrana que envolve o coração
  • Parada cardíaca: interrupção súbita e inesperada da função cardíaca
  • Valvulopatias: doenças das válvulas cardíacas, como estenose e insuficiência mitral
  • Cardiopatias congênitas: malformações cardíacas presentes desde o nascimento, a exemplo da tetralogia de Fallot
  • Doença arterial coronariana: decorre da formação de placas de ateroma que se acumulam nas paredes das artérias próximas ao coração, prejudicando o fluxo sanguíneo
  • Doenças vasculares: como o AVC (Acidente Vascular Cerebral) isquêmico ou hemorrágico.

Falo mais sobre a importância dos exames cardiológicos na sequência.

Exame cardiológico

Exames cardiológicos são procedimentos que analisam a anatomia e funcionamento do sistema cardiovascular

Para que servem os exames cardiológicos?

Como expliquei no início deste artigo, os diferentes tipos de exames cardiológicos podem ser solicitados com finalidade preventiva, diagnóstica ou de monitoramento.

Para um melhor entendimento, separei os objetivos nesses 3 grandes grupos, sobre os quais falo a seguir: 

Preventivo ou check-up

A realização de exames preventivos para a saúde cardíaca é indicada tanto para homens quanto para mulheres.

Essa avaliação cardiológica deve ser buscada a partir dos 40 anos de idade, caso o paciente seja saudável.

Por outro lado, se o indivíduo realiza atividade física intensa (como no caso de atletas) ou se possui histórico de doença cardiovascular na família, é indicado que os cuidados preventivos comecem antes, já por volta dos 30 anos.

Sinais de alerta entre os familiares envolvem casos de infarto, de AVC e de aterosclerose, entre outros.

Sem realizar o check-up cardiológico, o indivíduo pode descobrir uma doença muitos anos depois de ela estar instalada, o que prejudica o tratamento.

Investigação de doenças cardíacas específicas

Exames podem ser solicitados pelo médico que acompanha o paciente sempre que houver suspeita de problemas cardíacos.

Nesses casos, o procedimento serve para confirmar ou descartar essa suspeita.

A necessidade de realização surge a partir de queixas do paciente, consultas ou exames de rotina.

Queixas de dor precordial, como nos casos de angina, por exemplo, são motivos comuns para a solicitação de exames do coração.

Acompanhamento de doenças cardíacas

Certas doenças que afetam o coração exigem acompanhamento médico para averiguar a resposta ao tratamento e o efeito de medicamentos utilizados.

Um exemplo são as arritmias, caracterizadas por batimentos do coração muito rápidos (taquicardia), muito lentos (bradicardia) ou por ritmos cardíacos patológicos.

A realização de exames periódicos nesses casos é muito importante, porque as arritmias podem levar à parada cardíaca e morte súbita.

O mesmo raciocínio se aplica a cardiopatias congênitas.

Algumas exigem acompanhamento médico por toda a vida do paciente, enquanto outras são passíveis de tratamento e de correção ao longo do tempo.

Tipos de exames cardiológicos

Cada um dos diferentes exames cardiológicos tem indicações específicas.

Eles podem ser solicitados pelo médico tanto na prevenção quanto na investigação e acompanhamento de doenças.

A seguir, trago detalhes sobre os principais.

1. Radiografia do tórax

O raio-X do tórax é utilizado para a avaliação da estrutura do coração, incluindo o seu tamanho.

Esse exame de imagem também permite ao médico ter uma visão geral sobre o complexo sistema de veias e artérias.

Até mesmo o pulmão recebe atenção no exame, pois uma alteração nesse órgão pode ter origem em um problema cardíaco.

A radiografia de tórax é executada por um técnico em radiologia e seus resultados são analisados e interpretados por um especialista em radiologia médica.

O exame é bastante simples e rápido, porém, oferece riscos devido à exposição à radiação ionizante, sendo contraindicado para gestantes, especialmente nos primeiros meses de gravidez.

2. Eletrocardiograma

O eletrocardiograma (ECG) avalia a atividade elétrica do coração, o que permite verificar se os padrões encontrados são normais ou indicam alguma anomalia, como problemas no ritmo cardíaco.

Arritmias, aumento de cavidades cardíacas e outras patologias coronarianas podem ser observadas no exame.

Para a sua realização, são posicionados eletrodos no tórax e membros superiores e inferiores do paciente.

O exame também é utilizado para detecção de doenças que podem afetar o coração, ainda que não tenham origem nele.

É o caso, por exemplo, do hipertireoidismo: os altos níveis de hormônios da glândula tireoide podem resultar em batimentos cardíacos irregulares.

3. Teste ergométrico

O eletrocardiograma de esforço é também chamado de teste ergométrico.

O exame segue a mesma lógica do ECG normal, com a diferença de ser realizado enquanto o paciente realiza esforço físico.

Para isso, ele pode tanto caminhar ou correr em uma esteira quanto pedalar em uma bicicleta ergométrica.

O teste ergométrico é acompanhado por profissional treinado e equipamentos de primeiros socorros – ainda que anormalidades durante o exame sejam raras.

4. Holter

O holter é um eletrocardiograma de longa duração

Esse exame estende o tempo de observação da atividade elétrica do paciente, algo bastante útil para o diagnóstico e acompanhamento de arritmias e outras condições que só se manifestam esporadicamente.

Sua realização depende de um monitor compacto, com bateria própria, que fica com o paciente durante 24 horas, posicionado na altura da sua cintura.

Também a partir de eletrodos, o aparelho holter coleta dados durante as atividades de rotina.

Angina, pericardite, infarto e isquemia miocárdica são condições médicas cujo diagnóstico se beneficia da utilização desse exame.

5. MAPA

MAPA é a sigla para Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial em 24 horas.

Seu funcionamento é parecido com o do holter, embora tenham objetivos bastante diferentes.

Enquanto o holter investiga arritmias, o MAPA acompanha casos de hipertensão arterial e hipotensão.

A partir de um aparelho posicionado no braço do paciente, são realizadas medições automáticas da pressão arterial em determinados intervalos.

Os dados são registrados em um monitor instalado na cintura do paciente.

O exame é requisitado quando há necessidade médica de acompanhar o comportamento da pressão ao longo do dia.

6. Ecocardiograma

O ecocardiograma é uma ultrassonografia do coração, exame que constrói imagens do órgão a partir do som.

Através dele, é possível conhecer o tamanho do coração, sua forma, verificar movimentos, avaliar a força de bombeamento e até mesmo identificar a direção e velocidade do fluxo sanguíneo nas cavidades cardíacas.

Quando associado ao Doppler, o ecocardiograma resulta em imagens coloridas e em 3D, o que amplia a capacidade de visualização de detalhes funcionais e anatômicos do órgão.

7. Cintilografia do miocárdio

A cintilografia do coração é um exame empregado na avaliação do fluxo sanguíneo nas artérias coronárias e da sua distribuição pelo músculo cardíaco.

Dessa forma, pode detectar a possibilidade de infarto agudo do miocárdio e outros eventos graves.

A cintilografia pode ser requisitada em casos de insuficiência cardíaca, transplante do coração e doenças valvulares, mas também a partir de queixas de dor no peito, a critério do médico.

8. Cateterismo cardíaco

O cateterismo cardíaco, angiografia ou arteriografia coronária é um exame destinado ao diagnóstico ou tratamento do infarto e da angina.

É realizado a partir da introdução de um tubo fino e flexível em artéria do braço ou da perna do paciente, sendo conduzido até o coração.

Dessa forma, permite ao médico examinar o interior dos vasos sanguíneos.

Esse é um procedimento que só pode ser realizado em hospitais de referência em cardiologia, sendo conduzido por médico especialista.

Os principais riscos do cateterismo envolvem sangramentos, lesões e alterações nos batimentos cardíacos.

9. Ressonância magnética do coração e vasos

A ressonância do coração emprega um campo magnético e ondas de radiofrequência para gerar imagens de alta resolução.

É indicada para casos de cardiopatias congênitas, pericardites, doenças da artéria aorta, tumores e também para a avaliação funcional do coração.

A partir dela, o médico pode conduzir melhor a abordagem sobre fibroses, inflamações e isquemia miocárdica.

O exame dura cerca de 40 minutos, é seguro e não invasivo. Em pacientes que apresentam claustrofobia, pode ser aplicada uma sedação leve.

10. Tomografia do coração e vasos

A tomografia do coração é um exame não invasivo que combina raios X a um tubo giratório, sendo geralmente prescrito a partir de queixas de dor torácica.

Sua realização pode diagnosticar doenças coronárias sem o emprego de contraste.

Outra aplicação importante se dá na detecção da aterosclerose mesmo quando ainda não existem sintomas, na chamada fase subclínica da doença.

Também é um exame solicitado na avaliação coronariana pré-operatória em cirurgias não cardíacas.

Já na angiotomografia coronariana, que utiliza contraste, são investigadas possíveis obstruções nas artérias com alta acurácia.

11. Angiografia digital

A arteriografia ou angiografia digital é um exame invasivo de diagnóstico por imagem, que estuda os vasos sanguíneos em diferentes partes do corpo.

Ele utiliza contraste para qualificar a visualização das áreas investigadas, permitindo detectar tumores, coágulos e outras anormalidades, como obstruções e aneurismas, que são dilatações das artérias e veias.

O exame é realizado em hospitais, dura cerca de uma hora e os riscos são mínimos, especialmente relacionados a uma possível reação alérgica à substância do contraste.

12. Monitor de eventos (loop recorder externo ou implantável)

Semelhante ao holter, o aparelho monitor de eventos viabiliza um exame bastante prolongado, a fim de detectar anormalidades com intervalos de meses ou até anos.

O equipamento pode ser encontrado em versões externas, que possuem eletrodos e um pequeno monitor para registro, ou implantáveis, que permanecem no corpo do paciente por alguns anos.

Síncopes frequentes, suspeita de fibrilação atrial e bradicardia assintomática estão entre os casos em que esse exame pode ser recomendado.

13. Estudo eletrofisiológico (EEF)

Quando os exames não invasivos são insuficientes, o cardiologista pode solicitar um estudo eletrofisiológico para mapear o processo de condução dos impulsos elétricos cardíacos.

Para tanto, um cateter é inserido na região da virilha do paciente e direcionado até a região cardíaca, enquanto imagens são captadas através de métodos como a fluoroscopia.

Dessa forma, o profissional tem mais detalhes sobre alterações no ritmo do coração, a exemplo de extrassístoles, flutter atrial e taquicardia ventricular.

Preparo para exame cardiológico

O preparo depende do exame realizado.

Porém, existem algumas recomendações comuns, tais como:

  • Usar roupas leves e fáceis de remover, como camisas de botão
  • Remover objetos metálicos antes de entrar na sala do exame
  • Evitar o consumo de alimentos estimulantes no dia do exame, como chocolate, cafés, chás e refrigerantes contendo cafeína
  • Não fumar nas horas que antecedem o procedimento
  • Não aplicar cosméticos sobre o tórax, a exemplo de cremes e desodorantes
  • Evitar esforço físico no dia do exame
  • Passar por higienização da pele com algodão e álcool 70%. Pacientes com muitos pelos no tórax podem precisar passar por tricotomia para a fixação dos eletrodos.

Veja a seguir quais são as regras para interpretação dos exames cardiológicos.

Exames do coração

As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte, segundo dados da Organização Pan-Americana

Como interpretar o resultado dos exames cardiológicos?

A interpretação dos procedimentos é reservada a cardiologistas especializados no exame.

Eles reúnem os conhecimentos necessários a respeito do sistema cardiovascular e da captação dos registros, além dos padrões de normalidade para cada perfil de paciente.

Daí o desafio para dispor de especialistas qualificados, especialmente no Brasil, onde há grande disparidade na distribuição de médicos.

A boa notícia é que dá para contornar esse problema com o apoio da telemedicina cardiológica, conforme explico no tópico abaixo.

Telemedicina como solução de laudo a distância na cardiologia

Ao conhecer os diferentes tipos de exames cardiológicos, fica claro que estamos falando de procedimentos de grande importância e exigência.

Além de contar com profissionais treinados para a sua realização, clínicas e hospitais necessitam de um corpo médico qualificado para a interpretação dos resultados.

É justamente aí que a telemedicina pode contribuir como solução na cardiologia para sua clínica.

Isso aparece, por exemplo, ao obter uma segunda opinião médica para que o tratamento seja conduzido da forma adequada.

Já na falta de médicos habilitados à análise dos resultados, contratar uma empresa de telemedicina significa ter acesso a laudos online de maneira ágil e qualificada.

Esse é um investimento de custo bastante inferior ao da contratação de cardiologistas, necessários para a oferta de uma série de exames.

Através de uma plataforma de telemedicina, os dados são mantidos em segurança e ficam acessíveis ao cardiologista online, que os analisa e elabora o telelaudo.

Após finalizar o documento com sua assinatura digital, o especialista o libera em minutos na plataforma de Telemedicina Morsch.

Em situações de urgência, os laudos são entregues em tempo real.

E se a unidade de saúde não tiver os aparelhos necessários para realizar os exames, pode recorrer ao comodato.

Nesse regime, ela contrata os laudos e pode usar aparelhos sem custos para eletrocardiograma digital, holter 24 horas e MAPA de pressão arterial.

Saiba mais sobre o comodato aqui!

Conclusão

Você conferiu, neste artigo, informações sobre os diferentes tipos de exames cardiológicos, para que servem e que doenças podem ser prevenidas, investigadas e acompanhadas através desses procedimentos.

Também descobriu como a telemedicina amplia o acesso a um diagnóstico de qualidade.

Se a sua unidade ainda não oferece alguns dos principais exames do coração, permita que a Telemedicina Morsch seja a sua parceira nesse processo.

Entre em contato para conhecer soluções personalizadas e que cabem no seu orçamento.

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Leia também outros conteúdos de cardiologia que publico aqui no blog.

 

Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin