Riscos e práticas de segurança do trabalho em hospitais
A segurança do trabalho em hospitais precisa ser uma prioridade de seus gestores.
Afinal, é imprescindível garantir um ambiente adequado, preservando a integridade de funcionários, pacientes e acompanhantes.
Isso porque, devido aos riscos envolvidos na própria natureza dos serviços, o setor hospitalar está entre aqueles onde mais há registros de acidentes de trabalho.
Na Bahia, por exemplo, é a área que mais provoca ocorrências.
De acordo com o Observatório Digital de Saúde e Segurança do Trabalho, apenas entre 2012 e 2017, 8000 acidentes de trabalho foram registrados em hospitais baianos.
Para mudar esse cenário em todo o país, é preciso que administradores das unidades, funcionários, membros da CIPA e do SESMT se unam em prol da segurança do trabalho.
Se deseja aperfeiçoar essas ações na sua unidade de saúde, este artigo é para você.
Nele, apresento dicas práticas sobre segurança do trabalho em hospitais, além de insights para aumentar os lucros com laudos à distância.
O que é segurança do trabalho?
Segurança do trabalho é um conjunto de medidas adotadas para preservar a integridade física dos trabalhadores.
Mapeamento de riscos, treinamento e uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) são algumas práticas dessa área.
Além de reduzir ou evitar acidentes e doenças ocupacionais, a segurança do trabalho é exigida por lei para empresas que tenham funcionários contratados sob o regime da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
No seu Capítulo V, encontram-se práticas para manter os níveis mínimos de higiene, segurança em instalações elétricas, conforto térmico e outros itens básicos para um ambiente adequado.
A legislação também aprovou as primeiras Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho, que detalham ações de segurança gerais e para locais ou atividades específicas.
As NRs 04 (SESMT), 05 (CIPA) e 32 (Serviços de Saúde) estão entre as mais importantes para as unidades hospitalares.
Falarei mais sobre elas nos próximos tópicos.
O que faz o técnico em segurança do trabalho?
O técnico de segurança do trabalho é o profissional responsável pela avaliação do ambiente, elaboração e implementação de programas de segurança do trabalho nas organizações.
Podemos dizer que ele faz a ponte entre os interesses dos trabalhadores, empregadores e as exigências da legislação do setor.
Para tanto, deve possuir conhecimentos não apenas sobre segurança do trabalho, mas também a respeito dos riscos inerentes ao setor e às profissões presentes na instituição em que ele atua.
Ou seja, se trabalhar na construção civil, precisará conhecer e mitigar os riscos de acidentes no trabalho em altura, máquinas e equipamentos, entre outros.
Atuando em um hospital, ele deve desenvolver iniciativas para reduzir a exposição a agentes contaminantes, manter os funcionários capacitados para o manuseio e descarte correto de materiais, entre outras atribuições.
Por ter uma formação generalista, o técnico de segurança do trabalho é o primeiro membro do SESMT a ser exigido por lei.
De acordo com a NR-04 (Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho), unidades hospitalares com mais de 100 empregados devem contratar pelo menos um técnico de segurança.
Essa exigência considera, além da quantidade de colaboradores, o grau de risco da organização, que vai de 1 a 4 – em geral, hospitais são classificados como grau de risco 3.
O que é um ambiente hospitalar?
Podemos definir o ambiente hospitalar como o espaço em que trabalhadores da saúde atendem às inúmeras necessidades dos usuários.
Os pacientes buscam, no hospital, ações nos níveis da promoção, prevenção e recuperação da saúde.
De maneira resumida, o ecossistema hospitalar é composto por uma série de elementos físicos e sociais, que interagem entre si e formam a estrutura da unidade de saúde.
Entre os elementos físicos, vale citar:
- Área
- Equipamentos hospitalares
- Mobiliário
- Fluxogramas de processos de trabalho
- Metodologias
- Software e informática.
Equipes multiprofissionais, conhecimento, informação e comunicação são os elementos sociais que compõem a estrutura de um ambiente hospitalar.
Segurança do trabalho em hospitais: identificação dos perigos
Os perigos presentes em uma unidade hospitalar costumam ser variados e, portanto, exigem avaliações individuais para cada local.
Agentes contaminantes, calor e produtos químicos são alguns dos fatores de risco encontrados na maioria dos setores de um hospital.
Identificar e mapear as áreas de risco é o primeiro passo para manter um ambiente seguro, tarefa que deve ser executada pela equipe do SESMT e da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA).
Esse mapeamento indicará os riscos aos quais os trabalhadores estão expostos e servirá de base para as medidas de proteção descritas em documentos como o PPRA (Programa de Prevenção de Riscos Ambientais).
De acordo com a NR-09, que descreve o PPRA, riscos ambientais são os agentes físicos, químicos e biológicos existentes nos ambientes de trabalho que, em função de sua natureza, concentração ou intensidade e tempo de exposição, são capazes de causar danos à saúde do trabalhador.
A seguir, trago mais detalhes sobre eles.
Riscos físicos
São as diversas formas de energia a que os funcionários possam estar expostos.
De acordo com o Manual de Segurança no Ambiente Hospitalar da Anvisa, calor, ruído, radiações ionizantes, radiações não-ionizantes e pressões anormais são os principais agentes físicos encontrados no ambiente hospitalar.
Riscos químicos
São substâncias, compostos ou produtos que possam penetrar no organismo do trabalhador pela via respiratória, ter contato ou ser absorvidas pelo organismo através da pele ou por ingestão.
Essas substâncias são amplamente utilizadas em hospitais, a exemplo de:
- Medicamentos como drogas quimioterápicas
- Em manutenções, como os óleos lubrificantes e solventes
- Em limpezas, na desinfecção e esterilização, como o óxido de etileno.
Riscos ergonômicos
São fatores que interferem nas características psicofisiológicas do trabalhador, causando desconforto ou afetando sua saúde.
Segundo a Fiocruz, o levantamento de peso, ritmo excessivo de trabalho, monotonia, repetitividade e postura inadequada são exemplos de riscos ergonômicos importantes.
Repare que todos eles podem estar presentes no setor hospitalar, ainda que distribuídos por departamentos diferentes.
Riscos biológicos
Bactérias, vírus, fungos e parasitas são exemplos de agentes de risco biológico.
Hospitais apresentam diversas fontes de contaminação por agentes biológicos, em especial o contato das mãos com os olhos ou a boca, feridas na pele exposta e possibilidade de perfuração cutânea.
Vale ter atenção especial a alguns setores como o laboratório de análises clínicas e às equipes que fazem a higiene hospitalar.
Práticas de segurança do trabalho em hospitais
Como citei acima, existem vários riscos ambientais presentes nas unidades hospitalares.
Por isso, gestores e funcionários precisam estar sempre alertas, para que as práticas de segurança do trabalho façam parte da rotina de toda a equipe.
Junto a outras medidas, a conscientização dos profissionais leva a ambientes seguros e saudáveis, além de estimular os pacientes e acompanhantes a obedecerem às regras do hospital.
Assim, todos ficam protegidos de contaminações, doenças e acidentes que poderiam causar impactos negativos não apenas no local, mas também na comunidade do entorno.
Usar EPIs adequadamente
Conforme a NR-06, Equipamentos de Proteção Individual são dispositivos destinados à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho.
Esses itens devem ser oferecidos gratuitamente pelas empresas, sempre que as medidas de ordem geral não oferecerem proteção completa para os riscos presentes no local de trabalho.
Também são usados enquanto a proteção coletiva estiver sendo implantada, ou em situações de emergência.
No caso dos hospitais, cada área ou departamento exige o uso de um ou mais EPI, pois é difícil proteger os trabalhadores simultaneamente de todos os riscos químicos, físicos, biológicos e de acidentes.
Luvas, aventais, máscaras e calçados de proteção são alguns itens utilizados por quem trabalha em hospitais.
Outro exemplo são os aventais de chumbo, que protegem profissionais de radiologia médica da exposição à radiação ionizante, que está relacionada ao desenvolvimento de câncer.
Seguir as Normas de Segurança
Nos tópicos anteriores, citei normas regulamentadoras que se aplicam ao ambiente hospitalar (NRs 04, 05, 06 e 09).
A mais importante é a NR-32, que estabelece diretrizes específicas para a segurança do trabalho em serviços de saúde.
O texto é bem completo, abordando riscos químicos e biológicos e radiações ionizantes em detalhes.
O mesmo vale para ações de limpeza e manutenção, além de pontos que reúnem riscos incomuns, como as lavanderias.
Esses locais devem ser separados em área suja e área limpa, cada qual com suas próprias medidas de proteção.
Além das NRs e outras normas do Ministério do Trabalho, regras da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e recomendações normativas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) e OIT (Organização Internacional do Trabalho) devem ser consideradas.
Eliminar corretamente os resíduos hospitalares
Os resíduos gerados são grandes fontes de contaminação, tanto para os colaboradores quanto para pacientes e acompanhantes.
Portanto, lidar corretamente com o lixo hospitalar é uma das práticas mais eficientes para manter o ambiente seguro.
A própria NR 32 tem parte dedicada especialmente ao treinamento, separação dos resíduos, armazenamento e transporte adequados.
Manter lixeiras feitas de material lavável, resistentes à ruptura e vazamento e com tampas providas de sistema de abertura sem contato manual é uma das exigências para hospitais.
Também é útil adotar medidas para reduzir a quantidade de resíduos gerados, e sinalizar as lixeiras para um descarte adequado.
Oferecer treinamento para os funcionários
De nada adiantaria manter um hospital devidamente limpo, sinalizado e seguro sem treinar os trabalhadores.
E não falo apenas dos profissionais de saúde, mas também do setor administrativo, financeiro, de limpeza e higiene.
Todos os que atuam em unidade hospitalar precisar estar cientes das áreas de livre circulação, das restritas e dos cuidados que devem tomar durante a jornada de trabalho, inclusive o descarte correto de resíduos.
Caso contrário, as chances de doenças e acidentes de trabalho aumentam consideravelmente, pois haverá mais erros humanos e comportamento inseguro.
Além da conscientização em geral, é preciso oferecer capacitação periodicamente aos empregados, de acordo com os riscos do seu departamento ou atividade profissional.
Aqueles que manuseiam equipamentos médicos, por exemplo, devem seguir as recomendações do fabricante e conhecer boas práticas antes de usá-los.
Exames periódicos ocupacionais de qualidade
Hospitais que tenham colaboradores contratados sob o regime CLT devem custear exames periodicamente.
Mais que uma obrigação legal, essa atitude auxilia na manutenção de uma equipe saudável, contribuindo para a adoção das práticas de segurança do trabalho.
Isso porque, após cada avaliação, é emitido um documento que confirma a aptidão do funcionário – o Atestado de Saúde Ocupacional (ASO).
Daí a necessidade de investir em exames periódicos de qualidade, feitos em locais confiáveis e que apresentem o real estado de saúde dos colaboradores.
As avaliações envolvem entrevista com o trabalhador (anamnese), testes laboratoriais e de diagnóstico, como os exames complementares.
Exames complementares são aqueles definidos de acordo com os riscos presentes no ambiente de trabalho, e podem auxiliar na prevenção de doenças e acidentes.
Um exemplo é a espirometria ou prova de função pulmonar, que serve para rastrear doenças como a asma brônquica, agravada pela exposição a poeira ou agentes que causem alergia.
SESMT, CIPA e a segurança do trabalho em hospitais
Expliquei, no início deste texto, que os membros do SESMT e da CIPA são os responsáveis pelo levantamento dos riscos, planejamento e execução de planos preventivos.
Para que isso ocorra, é necessário contar com profissionais capacitados em segurança do trabalho e que conheçam as particularidades do ambiente hospitalar.
Também é preciso que eles tenham apoio dos gestores, a fim de disseminar uma cultura empresarial que envolva a segurança do trabalho de forma efetiva.
Só assim será possível conscientizar os trabalhadores e garantir a adoção das medidas sugeridas pelos integrantes da CIPA e do SESMT.
Medicina e Segurança do Trabalho em parceria com a Telemedicina
Cabe ao gestor do hospital decidir se realizará os exames periódicos na própria unidade de saúde, ou se há vantagens na contratação de uma clínica especializada em medicina do trabalho.
Nos dois casos, a telemedicina é uma opção viável que agrega qualidade e agilidade ao processo de emissão de de laudos médicos para os exames complementares como eletrocardiograma, espirometria, eletroencefalograma, entre outros.
De acordo com a legislação, esses documentos só podem ser expedidos por especialistas qualificados na área do exame realizado.
Ainda que o hospital tenha esses profissionais em sua equipe, é provável que sua exigência seja maior em outras áreas, como nos atendimentos.
Ao aderir à telemedicina, em vez de buscar mais médicos apenas para interpretar os exames, o hospital conta com laudos à distância, produzidos e assinados digitalmente por especialistas da empresa parceira.
Técnicos em enfermagem ou radiologia podem realizar os exames através de um equipamento digital e compartilhar os registros via plataforma de telemedicina.
Em seguida, as informações são interpretadas e geram o laudo online, que fica disponível em poucas horas na própria plataforma.
Conclusão
Neste artigo, apresentei um panorama completo sobre a segurança do trabalho em hospitais, o que envolve a saúde dos colaboradores e realização de exames periódicos.
Mas fazer os testes com qualidade e ainda produzir laudos confiáveis tende a ser um desafio para a maior parte das unidades.
Essa demanda pode ser sanada com o suporte da Telemedicina Morsch, que auxiliará sua equipe por meio de laudos à distância.
A tecnologia está disponível para exames em especialidades como radiologia, pneumologia, neurologia e cardiologia.
Se o seu hospital ou clínica médica possui estrutura básica e aparelhos digitais, já está preparado para receber a telemedicina de um jeito simples.
Caso não tenha, entre em contato conosco para saber mais sobre planos e opções de comodato.
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