Eletroencefalograma ocupacional: o que é, quando é obrigatório, vantagens e como fazer

Por Dr. José Aldair Morsch, 31 de julho de 2019
Eletroencefalograma ocupacional

O eletroencefalograma ocupacional é um exame fundamental para monitorar a saúde neurológica dos trabalhadores.

Isso vale especialmente para aqueles que desempenham funções perigosas e/ou que exigem alta concentração.

Por isso, podem sofrer acidentes de trabalho se sentirem tontura ou tiverem uma crise epiléptica, por exemplo.

Neste artigo, mostro melhor as aplicações do EEG no campo da medicina ocupacional e as boas práticas na realização do procedimento.

Também indico como otimizar e reduzir o custo dos laudos de exames complementares usando a telemedicina.

O que é eletroencefalograma ocupacional?

O eletroencefalograma (EEG) ocupacional é um exame que monitora a atividade elétrica cerebral do trabalhador, a fim de descartar distúrbios neurológicos ou de consciência.

Trata-se de um procedimento simples, rápido, indolor e não invasivo, que avalia os impulsos elétricos durante alguns minutos e gera gráficos de linha.

Ele é realizado com a fixação de eletrodos do EEG no couro cabeludo do empregado, que colhem dados sobre as ondas mentais e os enviam a um monitor, que pode ser analógico ou digital.

Aparelhos analógicos imprimem o traçado em um papel especial, enquanto os digitais formam arquivos digitais com os gráficos, facilitando seu compartilhamento.

É a partir da análise dos gráficos que um neurologista poderá interpretar o eletroencefalograma e elaborar o laudo médico.

Para fins de medicina do trabalho, o laudo deve compor o atestado de saúde ocupacional (ASO), que confirma a aptidão do funcionário para a função exercida.

Para que serve o eletroencefalograma ocupacional?

O EEG ocupacional auxilia no diagnóstico de problemas neurológicos

Por isso, o exame costuma integrar o PCMSO (Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional) de trabalhadores que desenvolvem atividades de risco.

Caso eles sofram de doenças que provocam crises repentinas, como a epilepsia, colocam em risco não apenas sua vida, como a de colegas, clientes e outros indivíduos que estejam nas proximidades.

Nesse contexto, o EEG ocupacional também faz parte da estratégia de prevenção de acidentes de trabalho de diferentes empresas.

Quando o eletroencefalograma ocupacional é obrigatório?

Empregados expostos a condições hiperbáricas (quando a pressão atmosférica é superior à normal) e mergulhadores profissionais estão entre os trabalhadores que devem passar pelo EEG ocupacional durante um ou mais dos exames do PCMSO.

De acordo com a norma regulamentadora 07 (NR-7), que trata do programa, o exame deve fazer parte ao menos do exame admissional, realizado antes que o funcionário assuma sua posição.

Mas o EEG também pode fazer parte da avaliação ocupacional de empregados que têm em sua rotina atividades como o trabalho em altura, com operação de máquinas perigosas ou com potencial de provocar danos à sua segurança e de outras pessoas.

Limpadores de fachadas de prédios e motoristas profissionais são exemplos de colaboradores que podem se beneficiar da realização periódica do EEG com finalidade ocupacional.

Contudo, é preciso cautela antes de recomendar esse exame.

Conforme explica este estudo assinado por Juliana Midori Hayashide e José Tarcísio Penteado Buschinelli, a indicação de EEG deve ser feita aos pacientes que apresentem sintomas e/ou histórico que sugira alterações no funcionamento do cérebro.

Ou seja, é essencial que o trabalhador passe por entrevista (anamnese ocupacional) e avaliação física antes do EEG, a fim de determinar a necessidade do procedimento.

Eletroencefalograma ocupacional

O eletroencefalograma (EEG) ocupacional é um exame que monitora a atividade elétrica cerebral do trabalhador

Qual a diferença entre eletroencefalograma ocupacional e clínico?

Basicamente, o EEG clínico é mais detalhado que o ocupacional, pois os exames seguem propostas diferentes.

Enquanto o exame para fins clínicos dá suporte para a confirmação de uma hipótese diagnóstica, o EEG ocupacional é feito para prevenir agravos à saúde do trabalhador.

Confira, a seguir, as principais características de cada modalidade.

Eletroencefalograma clínico

Este exame é realizado para investigação e acompanhamento de doenças neurológicas.

Normalmente, é solicitado quando há queixas relacionadas ao sistema nervoso central, como epilepsia, diferentes tipos de convulsão, desmaios, vertigem etc.

Eletroencefalograma ocupacional

Já o EEG ocupacional é feito em trabalhadores saudáveis que assumem atividades de risco nas empresas.

Como exemplos, podemos citar os motoristas, trabalhadores em altura como pintores, serventes, auxiliares da construção civil e pilotos de aviões.

O exame é indicado pelo médico do trabalho responsável pelo PCMSO, visando evitar acidentes decorrentes de crises neurológicas súbitas, como convulsões e perda de consciência.

Uma das recomendações mais comuns ocorre na liberação para trabalhos em altura, que deve seguir as exigências da Norma Regulamentadora 35 (NR-35).

A norma afirma que as avaliações precisam ser feitas periodicamente e que seja realizado exame médico para identificar patologias que poderão originar mal súbito e queda de altura, considerando também os fatores psicossociais.

Como fazer um eletroencefalograma ocupacional?

Como mencionei, cabe ao médico do trabalho incluir o eletroencefalograma entre os exames complementares da avaliação ocupacional.

Dessa forma, o EEG complementa a anamnese e avaliação física que fazem parte do exame ocupacional do PCMSO, realizado nos contextos determinados pela NR-7.

O eletroencefalograma pode ser feito na própria empresa, porém, é mais comum a sua realização numa clínica ocupacional, especializada em medicina do trabalho.

Após agendamento prévio, o funcionário comparece à clínica portando seus documentos e encaminhamento médico, durante o horário de trabalho.

Ele deve ter lavado o couro cabeludo apenas com xampu, sem aplicar qualquer cosmético que possa prejudicar a aderência dos eletrodos à pele.

O médico ou técnico de enfermagem responsável pelo exame orientará o paciente a se sentar em posição confortável na maca, a fim de que relaxe.

Ele fará a divisão do cabelo em mechas para marcar os pontos onde os eletrodos serão fixados, que receberão um pouco de gel condutor de eletricidade.

Em seguida, os eletrodos serão colocados no couro cabeludo e o aparelho de EEG, ligado para dar início ao exame.

Durante alguns minutos, o paciente deverá colaborar para a realização de diferentes manobras, como a fotoestimulação e a hiperventilação, que revelam possíveis anormalidades nas reações cerebrais.

Finalizados os registros, o aparelho é desligado e o trabalhador, liberado.

Quais as vantagens do eletroencefalograma ocupacional?

Com o surgimento da medicina do trabalho, foram implementados diversos exames preventivos para promover a saúde e segurança do trabalho.

A fim de acompanhar trabalhadores que realizam atividades de risco, foram estabelecidos procedimentos complementares de avaliação neurológica, a exemplo do eletroencefalograma ocupacional.

A ideia é minimizar o risco de males súbitos e doenças que impactam no funcionamento do cérebro, o que impediria o candidato de assumir um posto de trabalho de risco.

Além de cumprir com a obrigação legal, a realização do EEG periodicamente colabora para preservar a saúde dos trabalhadores, reduzindo as chances de acidentes e doenças ocupacionais.

Por consequência, dá para cortar gastos com passivos trabalhistas e previdenciários, como multas.

Com profissionais mais saudáveis, ainda é possível ter mais produtividade e lucratividade no negócio.

Como interpretar os resultados do eletroencefalograma ocupacional?

A interpretação do EEG é restrita aos médicos neurofisiologistas clínicos (ou eletroencefalografistas), que reúnem os conhecimentos necessários para analisar os padrões cerebrais.

E detectar, por exemplo, inflamações que provocam desorganização no traçado do eletroencefalograma.

Ou alterações nas ondas mentais, que estão relacionadas aos estados de consciência do paciente.

Basicamente, um laudo de eletroencefalograma normal vai mostrar:

  • Ondas beta (13 -30 HZ) durante o estado de concentração
  • Ondas alfa (7-13 HZ) quando se inicia o relaxamento
  • Ondas teta (4-7 HZ) na fase de sonolência.

Geralmente, as ondas delta (4-0 HZ) não aparecem no resultado do EEG ocupacional, a não ser que o paciente tenha dormido profundamente, alcançando o estágio do sono REM.

Como é o laudo do eletroencefalograma ocupacional?

O laudo do EEG ocupacional segue a mesma estrutura básica de qualquer laudo médico, contendo, pelo menos:

  • Nome completo do paciente
  • Nome e endereço do local onde o exame foi feito
  • Nome do médico solicitante
  • Data de realização do exame
  • Justificativa para a solicitação do procedimento
  • Conduta e descrição detalhada do exame, incluindo os achados e análise das ondas mentais
  • Hipótese diagnóstica
  • Informações adicionais sobre o paciente, como idade, peso, altura, etc.
  • Assinatura do médico responsável pelo laudo.

Na conclusão, o especialista que produziu o laudo aponta resultado normal ou alterado, de acordo com os achados do exame.

Como as clínicas têm acesso ao aparelho de EEG com baixo custo?

Aparelhos analógicos imprimem o traçado em um papel especial, enquanto os digitais formam arquivos digitais

Como ter laudos rápidos de eletroencefalograma?

Segundo determinações do Conselho Federal de Medicina, exames simples como o EEG podem ser conduzidos por técnicos de enfermagem que recebam o devido treinamento.

Porém, a interpretação e elaboração do laudo médico fica restrita a especialistas qualificados na área do exame.

O problema é que nem sempre há neurofisiologistas clínicos disponíveis para as clínicas de saúde ocupacional, o que inviabiliza a oferta do EEG em locais afastados de centros urbanos.

Visando solucionar essa questão, a tecnologia digital propiciou o desenvolvimento de plataformas de telemedicina, que garantem a troca de informações de forma prática e segura.

Através desses portais, estabelecimentos em qualquer lugar do Brasil podem compartilhar os registros do EEG ocupacional e solicitar sua análise a distância, otimizando a emissão de laudos.

Diversas clínicas em locais remotos já estão aproveitando essa vantagem da telemedicina, que agrega agilidade aos exames realizados para empresas.

Parceiros da Telemedicina Morsch, por exemplo, utilizam um software em nuvem completo, intuitivo e que permite a entrega de laudos online em minutos.

Importância da telemedicina na saúde ocupacional

A combinação entre telemedicina e equipamentos portáteis, a exemplo do aparelho de EEG, viabiliza a realização do exame em locais afastados, sem perder a agilidade.

Como o eletroencefalógrafo armazena os gráficos do EEG, esses dados podem ser transmitidos assim que houver internet, e laudados em seguida pelos especialistas da empresa de telemedicina.

Dessa forma, não é preciso esperar dias pelos ASO e a liberação do trabalhador para suas atividades profissionais.

Além do eletroencefalograma, plataformas completas como a Morsch oferecem laudos para outros exames de diagnóstico em saúde ocupacional, como RX de tórax OIT, eletrocardiograma (ECG) e espirometria ocupacional.

Assim, as clínicas de medicina do trabalho podem ofertar serviços completos ao cliente, sem arcar com os custos para a contratação, salários e benefícios de uma equipe de especialistas.

Benefícios do laudo a distância do eletroencefalograma ocupacional

Expliquei, mais acima, que todo eletroencefalograma ocupacional deve gerar um laudo médico, que dá respaldo ao ASO.

Confira, a seguir, as vantagens mais evidentes de optar pela emissão desse documento a distância, com o suporte da telemedicina.

1. Os laudos de EEG ocupacional são interpretados por especialistas

Laudos elaborados a distância seguem o mesmo rigor daqueles emitidos localmente, ou seja, são produzidos somente por especialistas experientes na interpretação do EEG e que tenham CRM ativo.

Para garantir a autenticidade e evitar fraudes, o laudo a distância recebe a assinatura digital do especialista que avaliou o exame, validada junto ao CFM e à Sociedade Brasileira de Informática em Saúde (SBIS).

2. Disponibilidade de uma segunda opinião 

Por meio de uma plataforma integrada, a Morsch disponibiliza a segunda opinião médica para sanar dúvidas da clínica.

Basta acessar o sistema e pedir o auxílio a qualquer hora do dia ou da noite, sem burocracia ou complicações.

3. O custo do laudo de EEG é menor quando comparado com o presencial

Graças a equipes de especialistas dedicadas apenas à avaliação de exames de diagnóstico, o laudo a distância do EEG ocupacional fica pronto em minutos.

Essa agilidade também implica em redução de custos, uma vez que mais ASO ficam prontos em pouco tempo.

4. Modalidade de comodato de aparelho de EEG

Caso sua clínica não possua um eletroencefalógrafo digital, não se preocupe.

Você pode economizar na aquisição do equipamento aderindo ao comodato de equipamentos médicos, disponível para quem contrata um pacote de laudos a distância.

Solicitando o comodato, você recebe um aparelho de EEG moderno e calibrado em poucos dias, e pode utilizá-lo enquanto durar a parceria.

E o melhor: não precisa pagar nada mais por isso.

5. Os laudos de EEG ocupacional ficam salvos na nuvem

A nuvem é um local de armazenamento na internet conectado à plataforma de telemedicina, que só pode ser acessado mediante login e senha.

Ela acaba com a necessidade de um lugar físico para guardar arquivos em papel, além de manter os documentos protegidos do desgaste pelo tempo e manuseio.

Salvos automaticamente na nuvem, os laudos são facilmente encontrados através de pesquisas no sistema, que permitem o cruzamento de dados, extração para relatórios e podem ser visualizados a partir de qualquer dispositivo conectado à internet.

6. Aumento no volume de atendimentos

A maior agilidade na emissão do ASO possibilita que clínicas de saúde ocupacional ofereçam uma quantidade maior de exames, elevando as receitas.

Com o suporte da telemedicina, os funcionários também ganham em produtividade, já que o sistema diminui a carga de trabalho de médicos, técnicos de enfermagem e funcionários administrativos, automatizando tarefas como o arquivamento de laudos.

Como as clínicas têm acesso ao aparelho de EEG com baixo custo?

As empresas de telemedicina disponibilizam o equipamento em comodato, dispensando a compra do aparelho – que é caro e pode comprometer o capital de giro.

Clientes da Morsch ainda têm à disposição treinamentos via telemedicina para técnicos de enfermagem, a fim de que conduzam o EEG ocupacional de forma adequada.

Bem como suporte para o uso do sistema de telemedicina online, manutenção e troca dos aparelhos cedidos em comodato.

Curso prático de eletroencefalograma ocupacional

Em resumo, podemos dizer que o EEG ocupacional é feito em quatro etapas:

  1. Preparação do paciente
  2. Colocação dos eletrodos
  3. Registro da atividade elétrica cerebral
  4. Finalização do exame.

O médico do trabalho ou técnico de enfermagem devem estar devidamente capacitados para conduzir esses procedimentos, começando pela orientação do paciente.

Cremes, condicionadores e outros cosméticos podem deixar resíduos que atrapalham a aderência dos eletrodos, portanto, não devem ser utilizados no dia do EEG.

No entanto, é aconselhável que o paciente lave a cabeça com xampu, a fim de eliminar impurezas do couro cabeludo.

Depois, é hora de posicionar os eletrodos na cabeça do paciente, seguindo as dicas do vídeo abaixo:

Em seguida, o eletroencefalógrafo é ligado e são feitas manobras para gerar os registros do exame, conforme recomendação médica, e o EEG é finalizado.

Clientes da Morsch contam com treinamentos práticos disponíveis na plataforma de telemedicina, a exemplo do vídeo a seguir.

Escolha a Telemedicina Morsch para laudos a distância de EEG ocupacional

O desenvolvimento da telemedicina levou inovação a pequenos consultórios, clínicas e hospitais carentes de especialistas, democratizando o acesso a exames para pacientes em locais remotos.

A eficiência desse serviço traz redução de custos, agilidade na entrega dos laudos e mais qualidade de vida no trabalho.

É com esses objetivos em mente que a Morsch oferta telelaudos e serviços agregados – segunda opinião, comodato de equipamentos médicos e treinamento – desde 2005, apoiando o trabalho de clínicas por todo o país.

Além dos exames de diagnóstico para medicina do trabalho, a empresa atende as seguintes especialidades:

Confira todas as soluções disponíveis aqui!

Conclusão

Abordei, neste artigo, a finalidade, importância e diferenças entre o eletroencefalograma ocupacional e o clínico.

Ambos os exames podem se beneficiar com os laudos remotos, que otimizam os serviços em clínicas, consultórios e hospitais.

Deixe que a Morsch dê suporte para ampliar seu portfólio e a quantidade de EEG realizados na sua unidade de saúde, com toda a comodidade e aumento nas receitas.

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Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin