O que são healthtechs: tecnologia e serviços das startups de saúde
As healthtechs são uma prova de que o futuro já chegou em clínicas, hospitais e consultórios.
Com tecnologia, comodidade e agilidade, as startups da saúde oferecem serviços inovadores. Não por acaso, transformam a assistência médica e diversos outros aspectos da área no Brasil e no mundo.
Tratamentos disruptivos, auxílio à prevenção de doenças e economia nas despesas para pacientes e unidades de saúde são alguns de seus benefícios.
Neste artigo, falo mais sobre a importância das healthtechs, seus principais serviços, ferramentas utilizadas e tendências de mercado.
Se você tem demandas na área da saúde ou coloca o empreendedorismo no setor como meta, vai gostar das informações que confere a partir de agora.
O que são healthtechs?
Healthtechs são startups da área da saúde.
A palavra healthtech já faz essa referência, pois é formada pelo prefixo health (que quer dizer saúde, em inglês), junto ao sufixo tech (uma alusão à tecnologia).
Nas últimas décadas, tech ganhou um significado novo, designando uma classe de empresas diferenciadas: as startups.
Dessa forma, vem daí a criação de termos como fintech (startup do setor financeiro) e edtech (startup do segmento da educação).
Para ser considerada uma startup, a empresa deve adotar um modelo de negócios repetível e escalável, respondendo a demandas em meio a um cenário de incertezas.
Em outras palavras, é preciso fornecer uma solução inovadora, capaz de contemplar um público amplo ao disponibilizar uma experiência semelhante para todos, sem multiplicar os custos iniciais.
Nesse sentido, tecnologias como a inteligência artificial, big data e robótica são o diferencial para viabilizar o modelo de negócio, favorecendo o crescimento rápido e sem perda de qualidade para o cliente.
É o caso, por exemplo, da digitalização de prontuários médicos.
Esse é um serviço que economiza horas de buscas por informações em diversas unidades de saúde.
Além disso, poupa o paciente de demandas relacionadas ao arquivamento e transporte de documentos impressos.
Importância das healthtechs para a saúde
A área da saúde é verdadeiramente complexa.
Como resultado, reúne uma série de desafios para a gestão de estabelecimentos, oferta de atendimento humanizado, leitos e tratamentos para todos os pacientes.
Simultaneamente, o atual cenário aumentou a necessidade de autocuidado e atenção à saúde mental, elevando a demanda por serviços ligados à psicologia.
Nesse cenário, como suprir a demanda por tantos cuidados?
Um dos caminhos que tem se mostrado viável e seguro é a aposta nas healthtechs.
Primeiramente, porque essas empresas utilizam tecnologia e dados para reforçar a prevenção e multiplicar as possibilidades de tratamento para os pacientes.
Tudo começa pela disseminação de informações sobre bem-estar.
São elas que ajudam as pessoas a cuidar de sua dieta, praticar atividades físicas regularmente e controlar doenças crônicas, evitando eventos agudos que precisem de socorro em hospitais.
Mas a importância das startups na saúde vai além.
Consultas e atendimentos realizados pela internet, dados sobre medicamentos e dispositivos que permitem o monitoramento remoto são outras ferramentas que auxiliam tanto no tratamento quanto no empoderamento do paciente.
Profissionais de saúde e gestores hospitalares também saem ganhando quando aderem às soluções desenvolvidas pelas healthtechs.
Afinal, elas auxiliam na compilação, armazenamento e análise de dados indispensáveis para otimizar a rotina médica.
Do mesmo modo, agendamento de consultas, exames e procedimentos, cruzamento de informações e contato com pacientes e colegas via teleconferência conferem agilidade e praticidade ao dia a dia desses profissionais.
Serviços oferecidos por healthtechs
Anteriormente, comentei que as healthtechs estão provocando mudanças profundas no mercado, que incluem soluções disruptivas para antigos e novos problemas na área da saúde.
Pois algumas delas rompem com os padrões, quebrando paradigmas para fornecer um produto ou serviço inovador.
É o caso das análises preditivas para a prevenção de doenças, que usam dados para traçar perfis dos pacientes, antecipando os riscos de desenvolverem uma enfermidade.
Essa abordagem possibilita a busca por medidas de diminuição dos riscos, na contramão do modelo comum de combate às patologias apenas quando elas se manifestam.
Porém, não são apenas as soluções disruptivas que têm revolucionado o setor.
Outras inovações fazem a diferença, reorganizando tarefas, melhorando a qualidade do atendimento, ajudando o paciente a lembrar o horário em que precisa tomar uma medicação e muito mais.
Digitalização de documentos
Prontuários médicos, receituários, encaminhamentos, pedidos e laudos de exames, quando no formato convencional, são apenas parte dos papéis acumulados em unidades de saúde.
Tudo isso eleva os custos com impressoras, móveis e espaço físico para que sejam arquivados.
Por vezes, os documentos ainda precisam ser levados pelo paciente sempre que ele se dirige a um estabelecimento no qual ainda não foi atendido.
Pensando em resolver esses problemas e outros, como a dificuldade para entender o que foi escrito com a famosa “letra de médico”, surgiram sistemas capazes de criar e transformar documentos médicos em versões digitais.
Em vez de delegar essa tarefa a funcionários da recepção, é possível digitalizar o processo e os novos arquivos.
Não por acaso, há healthtechs que apostam com sucesso nessa ideia de modernização.
Telemedicina
Empresas de telemedicina acabam com as barreiras geográficas.
Isso acontece o conectar pacientes e profissionais de saúde em diferentes localidades, através das tecnologias da informação e comunicação (TIC).
Atualmente, essa já não é mais uma tendência, mas uma realidade tanto no Brasil quanto em outros países.
Veja os serviços que a telemedicina inclui e podem ser ofertados por uma healthtech:
- Teleconsulta: é a consulta médica realizada de modo remoto, com o auxílio da internet e plataformas específicas
- Telediagnóstico: descreve a emissão de laudo a distância, viabilizada pelo envio de imagens e outros dados do paciente a um especialista, por meio de uma plataforma de telemedicina
- Telemonitoramento: é a combinação entre consultas, entrevistas, exames e procedimentos de acompanhamento do paciente a distância
- Teleinterconsulta: conhecida também como segunda opinião médica, consiste na consulta entre médicos e outros profissionais de saúde com a finalidade de discutir diagnósticos, tratamentos e outras condutas
- Teleconsultoria: troca de informações entre profissionais de saúde, com a finalidade de sanar dúvidas
- Telecirurgia: corresponde a operações feitas com o auxílio de um robô, que é controlado à distância pelo cirurgião
- Teletriagem: avaliação de sintomas e condição clínica a distância, com a finalidade de encaminhar o paciente ao serviço de saúde ou especialista adequado.
Saiba também como escolher o provedor de telemedicina.
Armazenamento de dados
Através dos softwares na nuvem, que é o local de armazenamento na internet, startups disponibilizam espaços seguros e amplos para guardar os documentos de pacientes, funcionários e unidades de saúde.
Esses sistemas incluem opções de pesquisa por termos, cruzamento de informações e consulta rápida ao histórico do paciente.
Gestão de consultórios, clínicas e hospitais
Finalmente, também há soluções relacionadas à gestão em saúde.
Análise de dados, automação de tarefas e organização da agenda médica são exemplos de serviços que dão suporte à administração dos estabelecimentos.
Exemplos de healthtechs
De antemão, eu poderia citar uma infinidade de startups que têm explorado diferentes gargalos na saúde, com foco em pessoas e empresas.
Afinal, são inúmeros os problemas que se apresentam nessa área, impactando desde a atenção primária até a gestão e seleção de planos de saúde corporativos.
No entanto, acredito que os exemplos que selecionei já dão uma amostra do potencial das healthtechs.
Uma solução que vale ser citada é a da Clover Health.
De olho no envelhecimento da população, essa empresa oferece como produto um planejamento para que idosos mantenham seus tratamentos em dia.
A plataforma funciona por meio da análise de dados.
A tecnologia permite a oferta de planos personalizados para cada paciente e ajuda os profissionais de saúde durante cuidados primários, sempre que necessário.
Outra healthtech voltada a um público segmentado é a Open Bionics, que construiu a primeira prótese de braço impressa em 3D aprovada para uso clínico.
Feita de material leve, ela permite que crianças e adultos recuperem a autonomia, executando até movimentos complexos, como fechar um zíper.
Da mesma forma, como startup de sucesso na área da saúde, temos a Arterys.
Focada na melhoria de diagnósticos, ela usa a inteligência artificial para criar e alimentar um banco de imagens que auxilia médicos para aumentar a precisão de suas avaliações.
Tecnologias que uma healthtech utiliza
Neste ponto, acredito que já está claro que a tecnologia é o diferencial das healthtechs, pois impulsiona a inovação no setor da saúde.
Um exemplo simples está na automação de tarefas repetitivas, como a marcação de consultas, exames e procedimentos, deixando tempo disponível para atividades de maior valor agregado.
Assim, profissionais que não estão na linha de frente em clínicas e hospitais podem se dedicar mais à qualidade do atendimento – um dos fatores essenciais para conquistar e fidelizar pacientes.
Veja a seguir quatro principais tecnologias que dão suporte às startups da área da saúde.
Big data
Em um mundo cada vez mais digitalizado, a coleta e o armazenamento de dados se tornam comuns e necessários para tomar decisões assertivas.
Isso porque eles permitem a identificação de padrões sobre os pacientes e estabelecimentos, diminuindo riscos tanto para os negócios quanto para a saúde das pessoas.
Todavia, essa quantidade imensa de dados também traz consigo um desafio.
Afinal, como compilar e selecionar os dados relevantes, excluindo o que é dispensável para focar nos padrões e comparativos que façam a diferença?
É aí que entra a tecnologia de big data, com programas e algoritmos capazes de analisar os dados de modo rápido, confiável, contínuo e em grande volume.
Inteligência artificial
A inteligência artificial dá capacidade para que as máquinas façam avaliações e processem dados com eficiência, mas não é só isso.
A compilação de dados permite que se formem verdadeiras bibliotecas com informações de saúde, a exemplo dos bancos de imagens sobre doenças e sintomas visíveis.
Dessa forma, manchas, malformações ou feridas relacionadas a um tipo específico de enfermidade podem ser fotografadas e compor uma base de dados que ajuda os médicos a diagnosticar essa condição.
Outro mecanismo promissor é o machine learning ou aprendizado de máquina, que possibilita que o próprio algoritmo sinalize imagens semelhantes, indicando potenciais casos dessa doença.
Robótica
Você se lembra do braço mecânico que citei mais acima?
Essa prótese demonstra como a robótica está presente no campo da saúde, alcançando pacientes e profissionais com a realização de tarefas complexas e a produção de equipamentos médicos.
Cirurgias delicadas também podem ser executadas por robôs, com maior precisão e menor risco de atingir partes sensíveis do organismo.
Quais as maiores healthtechs no Brasil?
De acordo com o Healthtech Report 2023, publicado pela Distrito, o país soma mais de 1000 startups da área da saúde.
Recentemente, três delas foram citadas no relatório anual Digital Health 150, da CB Insights, que elenca as 150 empresas mais promissoras no mercado mundial da saúde: Alinea Health, Bloom Care e Sami.
Conheça melhor cada uma a seguir, junto à Sofya – que apareceu entre as 10 healthtechs mais promissoras do mundo na pesquisa realizada pela hub Connext Health – e a Telemedicina Morsch, pioneira na oferta de serviços médicos a distância.
Alinea Health
Trata-se de uma empresa voltada à otimização do uso de planos de saúde empresariais.
Partindo da análise de dados de sinistralidade e literatura médica, a Alinea emprega tecnologia para sugerir cuidados de saúde aos funcionários, colaborando para o uso consciente do convênio médico.
Bloom Care
Plataforma dedicada à gestão da saúde e bem-estar de mulheres e famílias, presta suporte digital às colaboradoras de empresas.
Além de acesso a cuidado coordenado para uso do plano de saúde, as funcionárias assistidas pela Bloom Care recebem orientações sobre fertilidade, gravidez, pós-parto, parentalidade e saúde mental.
Sami
Operadora de saúde digital, a Sami oferece planos para empresas e MEI (microempreendedores individuais) a custo reduzido.
Também fornece um time de saúde para acompanhar, tirar dúvidas e auxiliar na escolha de procedimentos e profissionais.
Sofya
Utilizada inicialmente no Hospital Sírio Libanes, em São Paulo/SP, a Sofya usa inteligência artificial para automatizar processos e dar suporte cognitivo às equipes de saúde.
Documentos preenchidos por voz e análise do histórico de exames num prontuário eletrônico são algumas funcionalidades da plataforma.
Telemedicina Morsch
Por fim, acho justo citar a Telemedicina Morsch como um exemplo nacional de inovação em saúde.
Aqui, o destaque vai para a abordagem diferenciada no processo de realização de teleconsultas, exames e laudos online.
Através de uma plataforma simples e moderna, são entregues serviços de telemedicina de modo ágil, incluindo segunda opinião e apoio para reduzir os custos com equipamentos médicos, que podem ser adquiridos em regime de comodato.
Mercado de healthtechs no mundo
Agora, quero falar sobre dados.
As startups da saúde receberam US$ 1,4 bilhão em investimentos entre 2019 e 2023, conforme o já citado Healthtech Report 2023.
O maior número de rodadas de investimento contemplou categorias de negócio voltadas à transformação digital na saúde, ou seja: gestão e PEP, acesso à saúde e telemedicina.
A pesquisa ainda revela crescimento anual do número de empresas na América Latina, que saltou de 1.066, em 2018, para 1.381, em 2023.
Embora a quantidade de healthtechs esteja crescendo em diversas partes do planeta, esse segmento ainda está em fase inicial, com amplo espaço para expansão.
As healthtechs no Brasil
Em 2023, o Brasil contava com 1.244 healthtechs que captaram US$ 1.364,9 milhões em investimentos, conforme aponta o Healthtech Report 2023, da Distrito.
Quanto às categorias de atuação dessas empresas, as mais populares são:
- Gestão e Prontuários Eletrônicos (27,63%)
- Acesso à Saúde (14,99%)
- Telemedicina (11,02%)
- AI & Big Data (6,65%)
- Fitness & Bem-Estar (6,16%).
Perceba, pelos percentuais, que não há um serviço predominante, mas uma série de soluções que agregam em inovação, tecnologia e eficiência.
O que esperar do futuro das startups healthtech?
Seguindo a tendência atual, o futuro das startups healthtech é promissor.
Segundo o Global Market Insights, a expectativa é que esse mercado atinja o valor de U$ 504 bilhões em 2025.
Além disso, a demanda por ferramentas de acesso à informação, medicina preventiva, inteligência artificial e telemedicina deverá continuar elevada nos próximos anos.
Em especial diante de avanços em legislações nacionais, como a Resolução CFM 2.314/2022, que regulamentou a telemedicina no Brasil, consolidando serviços como a teleconsulta.
Bem como a Lei do Prontuário Eletrônico (Lei 13.787/2018), que marca a evolução na criação e arquivamento de documentos de saúde.
Conclusão
As healthtechs ou startups da saúde vêm ganhando a atenção de gestores, profissionais da área e pacientes nos últimos anos.
Suas inovações contribuem para melhorar a qualidade, agilidade e as possibilidades de monitoramento de quem sofre com doenças crônicas ou precisa de atendimento a distância.
Uma das subáreas de destaque nesse cenário é a telemedicina, que rompe com a barreira geográfica para fornecer cuidados de forma remota, com toda a segurança e a rapidez necessárias.
Graças a plataformas como a Morsch, empresas de saúde podem oferecer hoje uma série de exames que se beneficiam dos laudos digitais.
Essa é uma grande notícia para pacientes, médicos, gestores e empreendedores em saúde, que podem contar hoje com um pouco do que a medicina do futuro virá a oferecer.
Se gostou deste conteúdo sobre healthtechs, aproveite para conferir mais artigos sobre telemedicina que escrevo aqui no blog.