Sistema PACS: o que é, como funciona, vantagens e dicas para escolher

Por Dr. José Aldair Morsch, 24 de junho de 2024
Sistema PACS

Se hoje vivemos uma era de compartilhamento de dados em saúde, devemos essa conquista a ferramentas como o sistema PACS.

Graças a ele, hospitais, clínicas médicas e consultórios podem enviar e receber arquivos médicos de forma ágil e com segurança.

O PACS também permitiu o desenvolvimento e a padronização de soluções que contribuem para a democratização de exames e resultados rápidos, como a telemedicina.

Se você está pensando em utilizar o PACS no seu negócio ou tem dúvidas sobre esse sistema, continue lendo este artigo.

A partir de agora, abordo de forma simples seu significado e aplicações, além de dicas para explorar ao máximo o potencial dessa ferramenta.

O que é o sistema PACS?

Sistema PACS (do inglês, Picture Archiving and Communication System) é uma ferramenta que viabiliza a comunicação e o arquivamento de imagens de maneira segura e padronizada.

Ela surgiu da necessidade de integração entre diferentes tecnologias utilizadas nessa tarefa.

Para explicar melhor, vamos retornar às décadas de 1980 e 1990, quando a internet e dispositivos digitais começaram a se popularizar em alguns países, abrindo um leque de possibilidades.

Na época, empresas iniciaram testes e a fabricação de aparelhos capazes de digitalizar informações médicas, o que, por si só, já provocou transformações profundas, especialmente porque tudo poderia ser arquivado em um computador.

O próximo passo era desenvolver mecanismos que permitissem a transmissão dessas informações, a fim de que pudessem ser acessadas de diversos setores e estações de trabalho.

Fabricantes de tecnologias para saúde atenderam a essa demanda.

No entanto, cada um deles tinha seu próprio sistema. Isso dificultava a organização e o compartilhamento de dados, pois o sistema de um fabricante não servia ao outro.

Na linguagem técnica, não havia compatibilidade entre eles. Ou seja, as informações arquivadas a partir de um mamógrafo do fabricante X não poderiam ser lidas num equipamento do fabricante Y.

Esse cenário mudou em 1993, ano em que surgiu o padrão DICOM, que foi a base para a criação do PACS.

Falarei mais do DICOM nos próximos tópicos.

Como funciona o sistema PACS?

O sistema PACS funciona a partir de dispositivos digitais e protocolos de transferência que garantem o compartilhamento seguro dos registros de exames de imagem.

Ele pode ser integrado a equipamentos hospitalares como o aparelho de raio X e o tomógrafo, a fim de que as imagens sejam transmitidas automaticamente ao final do exame.

Essa funcionalidade permite o envio dos registros para uma plataforma de telemedicina, por exemplo, viabilizando o telediagnóstico de forma ágil.

O diagnóstico por imagem também ganha maior precisão com uso de recursos como zoom, download progressivo e sobreposição de registros tomográficos para compor imagens em 3D.

Quais as etapas do sistema PACS?

O PACS proporciona a interação entre ambientes que possuam comunicação, visualização, manipulação e armazenamento de imagens médicas nos serviços de saúde.

De modo simplificado, o sistema consiste na realização das cinco etapas básicas que cito abaixo:

1. Captação de imagens

Tudo começa com a realização de um exame radiológico, que pode ser um raio-X, ressonância magnética, mamografia, etc.

Como expliquei anteriormente, os aparelhos empregados nesses procedimentos captam imagens da parte do corpo estudada, utilizando energias como a radiação ionizante, campo magnético e ondas de radiofrequência.

2. Transmissão dos registros

Em seguida, os registros são transmitidos a um servidor de imagens pelo equipamento de diagnóstico por imagem .

Para isso, eles devem passar por um protocolo de transferência, que determina em que formato estarão.

Atualmente, o formato DICOM é o mais popular, contudo, existem outros, a exemplo do HL7.

3. Armazenamento

Na terceira etapa, os dados transmitidos são armazenados em um banco de dados do próprio servidor e/ou numa estrutura de dados externa.

Uma das mais usadas atualmente é a nuvem, um local de arquivamento na internet que conta com ferramentas de proteção de dados.

A nuvem também tem a vantagem de permitir o acesso a partir de diferentes dispositivos, contanto que estejam conectados à internet e o usuário esteja autorizado a visualizar os arquivos.

4. Disponibilização das imagens

Uma vez armazenadas, as informações ficam disponíveis para visualização conforme o local de arquivamento.

Elas poderão ser vistas offline em estações de trabalho, ou em sistemas localizados na internet, como o software de telemedicina em nuvem.

5. Aquisição dos dados

Por fim, os dados podem ser adquiridos por pacientes e profissionais de saúde credenciados para baixar, imprimir ou salvar essas informações.

Geralmente, eles devem inserir login e senha em estações de trabalho ou num sistema de telemedicina online para acessar os documentos.

Quais benefícios o PACS oferece?

O sistema PACS funciona a partir de dispositivos digitais e protocolos de transferência

Para que serve o sistema PACS?

Dentre as muitas aplicações da ferramenta, vale destacar:

  • Possibilitar o armazenamento de grande quantidade de dados médicos sem ocupar espaço físico ou exigir recursos para a impressão de documentos
  • Padronizar os protocolos de armazenamento e transferência, otimizando processos para conferir agilidade à entrega de exames online e outros arquivos
  • Proporcionar a integração entre diferentes protocolos e linguagens, ampliando as possibilidades de comunicação
  • Construir bancos de dados de modo autônomo e confiável, a partir das imagens adquiridas
  • Viabilizar o acesso a informações por diferentes profissionais, pacientes e acompanhantes de maneira simples e rápida
  • Garantir maior segurança no arquivamento do histórico do paciente, que só pode ser acessado mediante autorização. Armazenado em formato digital, ele fica preservado da deterioração pelo tempo, perdas e extravios 
  • Permitir a pesquisa e cruzamento de informações armazenadas em bancos de dados. O PACS permite o arquivamento e compilação de documentos de maneira organizada, facilitando sua localização para consultas futuras e a personalização do atendimento a partir da análise do perfil do paciente.

E você sabe a diferença entre PACS e DICOM?

E sistema DICOM, o que é?

Sistema DICOM (Digital Imaging Communications in Medicine) é um protocolo construído para padronizar os arquivos digitais produzidos a partir de exames de diagnóstico por imagem.

Esse padrão foi desenvolvido em um esforço conjunto entre a comunidade científica e os fabricantes de equipamentos utilizados nos exames, e existe desde 1993.

Como citei nos tópicos acima, antes disso, havia vários protocolos diferentes, o que impedia a comunicação entre aparelhos de diferentes fabricantes.

Por isso, hospitais e outros estabelecimentos de saúde que quisessem compartilhar os dados eram obrigados a adquirir dispositivos de apenas um fabricante, limitando os seus serviços e encarecendo todo o processo.

Ao superar essas barreiras, o DICOM se tornou bastante popular em poucos anos, sendo o principal protocolo adotado por unidades de saúde em todo o mundo.

Aliada aos avanços da internet, a possibilidade de salvar e compartilhar imagens em formato DICOM trouxe mais uma importantíssima contribuição.

Ela abriu caminho para a invenção de um sistema de arquivamento e compartilhamento capaz de promover a integração entre diferentes ambientes clínicos-hospitalares: o PACS.

Qual a diferença entre os sistemas HIS, RIS e PACS?

HIS, RIS e PACS podem ser empregados de forma complementar num hospital, colaborando com a transformação digital na saúde.

Entretanto, as siglas possuem diferentes significados e aplicações.

Mencionei, nos tópicos anteriores, que o PACS padroniza o armazenamento e compartilhamento de imagens geradas por exames complementares.

Já o Radiology Information System ou Sistema de Informação de Radiologia, conhecido como RIS, permite a gestão de centros de diagnóstico, funcionando de modo integrado ao PACS.

Nesse cenário, dá para incorporar novas ações como o agendamento de exames e consulta ao prontuário eletrônico por meio de uma linha do tempo, a fim de qualificar o diagnóstico.

PACS e RIS dão suporte a atividades coordenadas através do Hospital Information System ou Sistema de Informação Hospitalar.

O HIS viabiliza a gestão hospitalar completa, incluindo registros de toda a jornada do paciente, processos administrativos e cuidados de saúde.

Gestão financeira, prontuário eletrônico, escala médica e gerenciamento de equipamentos hospitalares são alguns exemplos de módulos que podem estar contidos neste software.

Vantagens do Sistema PACS

O PACS é uma das tecnologias que permitem a criação de bancos de dados automaticamente

Quais as vantagens do sistema PACS?

Agora que já mostrei como o sistema funciona, podemos avançar para seus principais benefícios, que impactam grandes, médios e pequenos estabelecimentos de saúde.

Afinal, o PACS é uma das tecnologias que permitem a criação de bancos de dados automaticamente, sem a exigir que todos os usuários façam manutenção constante ou tenham conhecimentos aprofundados em programação.

Na maioria das vezes, basta que o hospital, clínica ou consultório disponham de suporte técnico periódico e siga regras básicas de utilização.

A seguir, confira detalhes sobre os principais benefícios que o PACS agrega aos serviços de saúde.

1. Consulta rápida de imagens e laudos dos pacientes

Há alguns anos, era comum o paciente circular por diferentes unidades de saúde levando seu prontuário médico.

Isso porque, a cada atendimento, novas informações sobre consultas, prescrições de medicamentos, pedidos e laudos de exames são adicionadas ao prontuário.

Como esse documento só estava disponível em papel, seu compartilhamento era bastante restrito.

Podemos imaginar, então, a dificuldade na hora de buscar informações necessárias para a avaliação de exames e o diagnóstico de doenças.

Tudo isso ficou para trás com a digitalização de prontuários e outros arquivos e adoção do PACS para compartilhamento de dados.

Sempre que necessário, paciente, médicos e outros profissionais de saúde podem acessar o prontuário, consultando todo o histórico de exames do paciente com apenas alguns cliques.

Mecanismos de busca permitem ainda que profissionais de saúde encontrem rapidamente as informações que lhes interessam naquele momento.

Se há suspeita de diabetes, é possível consultar os resultados de testes de glicemia, por exemplo.

2. Acesso remoto aos dados

Também é possível acessar os dados remotamente, ou seja, não há necessidade de estar na unidade de saúde para consultá-los.

Ao se dirigir ao hospital para uma cirurgia, por exemplo, o médico pode conferir a situação e histórico do paciente durante o caminho, de seu próprio smartphone.

Toda essa dinâmica leva a uma equipe médica mais produtiva e bem informada.

O acesso remoto permite, ainda, a formação de PACS geograficamente distribuídos, ou seja, a integração de dois ou mais sistemas que estão distantes fisicamente.

Essa opção resulta em um amplo compartilhamento de informações via internet, ao mesmo tempo em que oferece a seleção de dados para cada terminal.

Enquanto informações gerais ficam disponíveis para todos, dados específicos, como as imagens de um exame ainda não laudado, ficam restritas a alguns terminais da rede.

3. Visão cronológica dos exames do paciente

O prontuário médico em papel também dificultava a organização dos procedimentos, que se misturavam facilmente.

Daquela maneira, o médico precisaria ler cada registro se quisesse ter uma visão cronológica dos eventos de saúde do paciente.

Já com o sistema PACS, pouco importa a ordem em que os arquivos são armazenados ou consultados, já que podem ser organizados com a aplicação de filtros.

4. Diminui o risco de perda dos exames

Com o transporte do prontuário médico e das imagens por pacientes e profissionais de saúde, havia o risco da perda desses documentos.

Geralmente, as perdas exigiam a realização de novos exames, pois só havia uma cópia das imagens geradas.

Esse quadro mudou drasticamente com a digitalização e transmissão segura das imagens digitais (em pixels), que ficam armazenadas em bancos de dados, o que diminui o risco de perdas.

Mesmo que o arquivo seja apagado acidentalmente, é provável que existam outras cópias digitais salvas na nuvem, em servidores ou compartilhadas via e-mail.

No caso de imagens radiológicas, a digitalização e arquivamento do PACS eliminam a impressão em filmes e possíveis perdas devido ao manuseio errado deles.

5. Redução de custos

Filmes radiológicos precisavam ser adequadamente revelados, o que só acontecia com o uso de produtos químicos.

Esse processo envolvia a compra de equipamentos, filmes e produtos, além da separação de um espaço para a revelação das imagens radiológicas.

Daí já podemos ter uma ideia da economia proporcionada pelo PACS, uma vez que não é preciso imprimir as imagens.

Além da radiologia, exames de outras especialidades médicas se beneficiam do sistema, pois não há necessidade de aquisição de impressora, papel específico ou tinta.

Claro que, quando necessário, os exames podem ser impressos e entregues ao paciente.

No entanto, a grande maioria dos arquivos fica salva na nuvem, em servidores ou plataformas que podem ser consultadas facilmente após o exame.

6. Maior padronização e qualidade dos processos

Expliquei antes que contar com o PACS significa padronizar a linguagem e a forma de compartilhamento das imagens nos estabelecimentos de saúde.

Com etapas claras e simples, o sistema pode ser facilmente compreendido e utilizado por diferentes profissionais, reduzindo a burocracia e aumentando sua eficiência.

Isso porque cada usuário pode contribuir com o banco de dados direta e indiretamente, com diagnósticos e condutas adequadas no tratamento do paciente.

O resultado é um impacto positivo na comunicação das equipes de saúde, informações mais completas e aumento na qualidade dos processos realizados.

Afinal, os profissionais não precisarão dispor de muito tempo para localizar e transmitir dados do paciente.

Desvantagens do sistema PACS

Apesar de a maioria dos usuários não precisar conhecer as linguagens de programação, o sistema exige manutenção periódica, que deve ser feita por especialistas na área.

Falhas na operação do PACS podem resultar em dificuldades no acesso aos bancos de dados.

Outro desafio está na própria escolha pela empresa que implementará o sistema, que precisa ser minuciosa.

Uma dica é conferir a sua reputação e os protocolos de segurança adotados por ela, a fim de preservar os dados protegidos pelo sigilo médico.

Como escolher um bom sistema PACS?

A seleção do PACS para sua empresa deve ser feita com zelo e priorizando as necessidades da sua equipe.

Considere quais as funcionalidades mais importantes e comece com uma pesquisa de mercado para conhecer as opções disponíveis.

Não se esqueça de confirmar se as empresas fornecedoras possuem registro ativo na Anvisa, a fim de garantir o cumprimento às normas de saúde e proteção de dados, como a LGPD.

Aproveite para confirmar quais recursos de segurança são disponibilizados, dando preferência à criptografia de ponta a ponta para impedir o acesso por terceiros.

A capacidade de integração com softwares médicos, incluindo o RIS e HIS, é outro ponto importante para escolher um sistema PACS, pois simplifica os processos de transmissão e armazenamento de documentos.

Como implementar um sistema PACS

Uma vez escolhido o provedor, caberá a esse parceiro coordenar a implementação do PACS.

Entretanto, é útil designar um ou mais funcionários para auxiliar a empresa parceira, a fim de otimizar a dinâmica de instalação, migrações e testes.

Siga a orientação do fornecedor, agendando uma data de instalação conveniente para ele e seu time.

Dependendo do contexto, essa etapa poderá ser feita remotamente.

Em seguida, vem a definição de parâmetros do sistema, ou parametrização.

Esse é o momento de configurar os comandos automáticos, usuários e suas permissões, modelo de laudo e outros documentos correlatos.

Se for necessário realizar a migração de dados de plataformas antigas, ela será feita após a parametrização.

Com tudo OK, o processo avança para o treinamento dos colaboradores que, afinal, terão de utilizar uma nova ferramenta digital nas próximas atividades.

Sempre que possível, conte com o suporte do provedor para capacitar sua equipe.

Só então é que serão realizados testes para verificar a adequação do sistema, identificar e corrigir possíveis falhas antes que ele seja oficialmente usado no dia a dia.

Sistema PACS e telemedicina

Comentei, ao longo do texto, que o PACS pode ser integrado a uma plataforma de telemedicina, possibilitando serviços como a emissão de laudos a distância e segunda opinião médica.

Essa combinação tem sido empregada com sucesso em diversas instituições no Brasil e no mundo.

O sistema PACS da Telemedicina Morsch é fácil e intuitivo. 

Os clientes enviam para a plataforma os registros de exames de várias especialidades e recebem, em poucos minutos, o resultado na forma de laudo online elaborado por especialistas com assinatura digital.

Sobre a Telemedicina Morsch

Experiente na oferta de laudos médicos com qualidade e agilidade, a Morsch é parceira de clínicas e hospitais por todo o país.

Por meio do acesso a uma plataforma de telemedicina, os clientes podem ampliar seu portfólio, reduzir filas e aumentar as receitas com a telemedicina.

Conduzidos por médicos ou técnicos em radiologia ou enfermagem, os exames de diagnóstico são feitos com equipamentos digitais, que enviam os registros a um computador com software específico.

Em seguida, as imagens são armazenadas na nuvem e compartilhadas via plataforma, ficando disponíveis para análise e interpretação.

Especialistas da Morsch acessam os registros e, sob a luz do histórico do paciente e suspeita clínica, elaboram o laudo médico do exame.

Esse processo permite que o documento seja assinado digitalmente e liberado no próprio portal de telemedicina, em até 30 minutos.

Pedidos urgentes ficam prontos em tempo real.

Assim, os pacientes não precisam aguardar os resultados por dias, o que agrega valor ao serviço prestado.

Clínicas médicas também podem ampliar sua oferta de exames, deixando os laudos sob a responsabilidade dos especialistas da Morsch.

Confira soluções pensadas para sua equipe.

Conclusão

Ao longo deste artigo, falei sobre a finalidade e principais vantagens no uso do sistema PACS.

Fica evidente a contribuição dessa ferramenta para serviços mais ágeis e inovadores, como a telemedicina.

Deixe que a Morsch dê o suporte para sua equipe, viabilizando a entrega de laudos a distância com rapidez e comodidade.

Para saber como a plataforma médica funciona na prática e, assim, ver os benefícios que pode oferecer para a sua clínica, fala com nossa equipe!

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Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin