Contraste na radiologia: o que é, para que serve, tipos, riscos e exames que utilizam

Por Dr. José Aldair Morsch, 4 de fevereiro de 2025
contraste na radiologia

O emprego de contraste na radiologia permite aprofundar o estudo de diferentes estruturas anatômicas.

Ao modificar sua densidade, os meios de contraste conferem destaque a certos tecidos, qualificando o diagnóstico e, muitas vezes, dispensando a necessidade de procedimentos invasivos.

Neste artigo, apresento um panorama sobre o uso do contraste em exames radiológicos.

Falo sobre os tipos, aplicações e riscos relacionados a esses compostos químicos.

Ao final, trago também dicas para otimizar a emissão de laudos desses exames através da telemedicina.

O que é contraste na radiologia?

Contraste na radiologia é o uso de substâncias capazes de evidenciar órgãos e tecidos em métodos de diagnóstico por imagem.

Um dos exemplos mais comuns de aplicação dessa substância é o raio-X de abdome, que retrata diversas partes moles sobrepostas.

Sem a administração de um meio de contraste, fica complicado identificar e estudar os tecidos, que aparecem em tons escuros de cinza nas imagens.

Já com o auxílio do contraste, é possível alterar a capacidade de absorção da radiação ionizante utilizada no exame, tornando os tecidos de interesse mais claros.

Vale lembrar que meio de contraste é o composto químico formulado a partir de um agente de contraste, que pode ser o iodo, gadolínio, entre outros.

Para que serve o contraste na radiologia?

O contraste serve para tornar certas imagens mais nítidas, o que viabiliza um estudo aprofundado dessas partes do organismo a partir da maior sensibilidade e especificidade dos registros.

Seguindo com o exemplo do exame de raio-X, a clareza das imagens depende da densidade dos tecidos retratados.

Isso porque os tecidos densos captam mais radiação, sendo que poucos raios os atravessam e se chocam contra a placa instalada na mesa do equipamento de raio-X.

Como resultado, partes duras como os ossos aparecem em branco nas imagens.

Já as partes moles são retratadas em tons de cinza, pois sua baixa densidade capta pouca radiação, permitindo que muitos raios escureçam as imagens.

Dessa forma, fica difícil visualizar órgãos como os pulmões, rins e intestino, ou mesmo veias e artérias sem a ajuda de um meio de contraste.

Quando administrado de modo adequado, esse composto possibilita:

  • Diagnosticar doenças em que haja a presença de nódulos, tumores, quadros inflamatórios e outros problemas
  • Avaliar a anatomia e funcionamento de órgãos dos sistemas respiratório, cardiovascular, digestivo, excretor e reprodutor
  • Estudar a trajetória percorrida pelo sangue dentro das artérias e veias
  • Identificar placas de ateroma e outras alterações na parte interna dos vasos sanguíneos.

Na sequência, esclareço sobre os meios de contraste.

Quais os meios de contraste na radiologia?

Existem diferentes compostos à base de agentes de contraste, que podem ser classificados de acordo com a composição química e/ou capacidade de absorção da radiação.

Alguns exames de imagem empregam meios de contraste específicos, como explico a seguir:

Contraste iodado

Como o nome sugere, esse tipo de contraste possui iodo em sua composição.

Trata-se de um dos mais utilizados em exames radiológicos, conferindo maior nitidez às imagens do raio-X, tomografia computadorizada e procedimentos invasivos como a arteriografia.

Administrados por via oral ou via intravenosa, os compostos iodados podem ser divididos em iônicos e não iônicos, sendo que os iônicos apresentam altas concentrações do agente de contraste.

Por consequência, eles oferecem maiores chances de reações adversas.

Enquanto os compostos não iônicos possuem uma concentração menor, reduzindo o risco de efeitos adversos ao paciente.

Contraste baritado

Indicado para radiografias e tomografias do aparelho digestivo, pode ser administrado por via oral ou via retal.

Esse composto é feito à base do sulfato de bário, agente radiopaco ou positivo – que aumenta a capacidade de absorção da radiação ionizante.

Contraste paramagnético

Utilizado para realçar as estruturas durante a ressonância magnética, costuma ser administrado por via intravenosa.

O contraste paramagnético contém o agente gadolínio em sua composição, sendo conhecido pela baixa taxa de reações adversas.

Microbolhas

Destinado ao uso em exames de ultrassom, evidencia especialmente alterações em órgãos abdominais, podendo ser aplicado por via intracavitária ou via intravenosa.

Segundo descreve o estudo “Utilização da ultrassonografia com contraste de microbolhas na pediatria”, os primeiros meios de contraste com microbolhas se tornaram disponíveis no fim da década de 1990, sendo que:

“Esses meios de contraste, que são basicamente uma diluição líquida de microbolhas de gás, quando expostos ao ultrassom geram um sinal intenso, por isso também são conhecidos como ‘ecorrealçadores‘. Esse novo método abriu ainda mais o leque de aplicações do ultrassom, permitindo a avaliação da microvasculatura dos órgãos, quantificação de perfusão e injeção intracavitária, para citar alguns exemplos.”

contraste exame de radiologia

Contraste na radiologia é o uso de substâncias capazes de evidenciar órgãos e tecidos

Quais exames de radiologia usam contraste?

Existe uma série de exames contrastados em radiologia, incluindo procedimentos invasivos e não invasivos.

Saiba mais sobre os principais abaixo:

Raio-x com contraste

A radiografia utiliza radiação ionizante para gerar uma fotografia interna do corpo.

Como mencionei mais acima, as imagens aparecem em branco, preto ou tons de cinza, de acordo com a densidade dos tecidos.

Quanto mais densos, mais nítidos eles serão retratados.

Mas o uso do contraste iodado ou baritado permite que partes moles sejam representadas em tons mais claros.

O raio-X com contraste é comumente realizado em áreas do abdômen ou em toda a sua extensão, a fim de evidenciar certos tecidos.

Tomografia com contraste

O aparelho de tomografia combina radiação ionizante a um tubo giratório, produzindo centenas de radiografias simultaneamente.

Isso porque o feixe de raios X é emitido sobre a área examinada, enquanto o tubo gira 360 graus ao redor dela, permitindo até mesmo uma sobreposição para formar imagens 3D.

O princípio de formação das imagens tomográficas é semelhante ao das radiográficas, contudo, os registros têm melhor qualidade.

Esse exame também pode empregar contraste iodado ou baritado, de acordo com a área de interesse.

A TC ainda pode ser combinada a uma técnica específica para mostrar o interior das artérias, num exame chamado angiotomografia.

Ressonância com contraste

Considerada o exame de imagem padrão ouro, a RM não usa radiação ionizante e, sim, um campo magnético aliado a ondas de radiofrequência.

Uma vez ligado, o aparelho de ressonância desencadeia o realinhamento em partículas (prótons) de átomos de hidrogênio, cuja movimentação é captada com o suporte das ondas de radiofrequência.

Em seguida, os sinais são convertidos em imagens de alta resolução por um algoritmo específico.

A ressonância com contraste à base de gadolínio viabiliza a observação de detalhes em partes moles, a exemplo de microcalcificações que precedem o câncer de mama.

Também pode ser solicitada para examinar as artérias em locais como o cérebro e o coração, por meio da variação angioressonância.

Ultrassonografia com contraste

Também chamado de ecografia, esse exame produz imagens a partir do eco gerado por ondas ultrassônicas.

Os registros são dinâmicos, ou seja, mostram os movimentos de órgãos em tempo real.

A técnica com contraste de microbolhas é detalhada no já citado artigo sobre o tema, que afirma:

“Para a realização do exame é necessário um aparelho que tenha hardware e software específicos para o uso de contraste de microbolhas. De modo geral, é desejável que o aparelho seja capaz de gerar imagens baseadas em harmônica de pulso invertido com subtração, a fim de tornar o contraste mais conspícuo.”

Além de indolor e não invasivo, o ultrassom com contraste dispensa sedação no paciente pediátrico e raramente provoca reações adversas.

Angiografia

Conhecido também como arteriografia, trata-se de um exame minimamente invasivo que permite avaliar as artérias internamente.

Para tanto, é utilizado um cateter, inserido com o suporte de uma punção, para a injeção de contraste próximo à área examinada.

Malformações, aneurismas, obstruções, tumores e hemorragias são visualizados por meio dessa técnica, que pode ser realizada com o auxílio de diferentes métodos de diagnóstico por imagem.

Um aparelho de raio-x, tomografia ou ressonância pode ser empregado para a aquisição das imagens, que revelam o percurso percorrido pelo sangue no trecho das artérias examinadas.

Preparação do paciente para exames com contraste

O preparo começa com uma orientação médica minuciosa, visando identificar possíveis fatores que resultem numa relação risco-benefício negativa.

Nesses casos, há contraindicações para exames com contraste, que são relacionadas ao meio de contraste utilizado.

Contudo, vale ressaltar:

  • Pacientes em uso de medicamentos com metformina: prescritos para tratar diabetes, esses fármacos podem sobrecarregar a função renal quando associados ao iodo de alguns tipos de contraste, desencadeando quadros de insuficiência renal aguda
  • Indivíduos alérgicos ao iodo, no caso de contraste iodado
  • Pessoas com hipertireoidismo manifesto
  • Portadores de insuficiência renal
  • Pacientes com asma
  • Indivíduos desidratados.

Essas e outras informações são registradas no termo de consentimento livre e esclarecido, que deverá ser preenchido antes do exame, com a ajuda de um profissional de saúde capaz de responder a quaisquer dúvidas do paciente.

Alguns casos são candidatos à terapia para dessensibilização, que utiliza um corticoide oral ingerido algumas horas antes do exame, a fim de reduzir as chances de complicações.

Recomendações ao paciente

Geralmente, as recomendações gerais englobam:

  • Jejum de algumas horas
  • Ingestão de alimentos leves antes do jejum
  • Manutenção dos medicamentos de uso contínuo, a não ser que haja orientação do médico assistente para sua interrupção
  • Uso de roupas leves e confortáveis, sem partes metálicas

Retirada de objetos metálicos antes de entrar na sala de exames.

Contraste exame raio x

A radiografia utiliza radiação ionizante para gerar uma fotografia interna do corpo

Quais os riscos do contraste na radiologia?

Mencionei, nos tópicos anteriores, que os maiores riscos se relacionam ao contraste iodado do tipo iônico, que tem alta concentração de iodo.

Entretanto, uma pequena porcentagem de pacientes pode apresentar reações adversas ao receber outros tipos de contraste.

Comumente, os efeitos são leves e passageiros, com raras exceções em que ocorrem reações de maior gravidade.

Gosto metálico na boca, calor e náusea estão entre os principais efeitos percebidos durante a administração do contraste por via intravenosa.

A seguir, listo outras possíveis reações adversas:

Devido a esses riscos, os exames contrastados só devem ser realizados em estabelecimentos de saúde que possuam materiais e equipes a postos para atender emergências.

Essa determinação consta nas Diretrizes para o uso de meios de contraste intravenosos, do Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR), que afirmam:

“Um médico devidamente treinado deve estar sempre disponível no serviço para lidar com possíveis reações adversas graves. O serviço deve ter equipe treinada (time de resposta rápida) para o atendimento imediato, inclusive para atendimento de parada cardiorrespiratória (PCR).”

Contraste na telemedicina e radiologia avançada

Já ouviu falar em telerradiologia?

Essa especialidade da telemedicina viabiliza a interpretação de exames online, inclusive de exames radiológicos com contraste.

O que oferece um reforço para a equipe médica local, que não precisa dedicar horas de trabalho à elaboração do laudo médico.

Basta realizar os exames normalmente e compartilhar os registros via plataforma de telemedicina.

Sistemas completos como a Telemedicina Morsch permitem configurar seus equipamentos para o envio automático das imagens ao sistema PACS.

Assim, o médico ou técnico em radiologia nem precisa se logar e transmitir os registros.

Mantemos um time de especialistas sempre a postos, garantindo a entrega dos resultados de exames 24 horas por dia, 7 dias por semana.

Eles avaliam as imagens sob a luz da hipótese diagnóstica e histórico do paciente, produzem e assinam digitalmente o laudo online.

Nesse cenário, os laudos são liberados em minutos no sistema. Pedidos urgentes são analisados em tempo real.

Contando com a Morsch, sua equipe ainda tem acesso a um sistema RIS de qualidade, com PACS integrado, que apoia a gestão em saúde por meio de funcionalidades como:

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Conclusão

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Mantenha-se atualizado conferindo outros artigos sobre radiologia que publico aqui no blog.

Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin