Ressonância magnética cerebral: o que é, para que serve e como interpretar o resultado

Por Dr. José Aldair Morsch, 21 de junho de 2023
Ressonância magnética cerebral

A ressonância magnética cerebral possibilita o estudo detalhado das estruturas neurais.

Esse método de diagnóstico por imagem é útil tanto na identificação de emergências como o acidente vascular cerebral (AVC) quanto de tumores e quadros inflamatórios.

Quando necessário, é possível evidenciar estruturas altamente vascularizadas com o uso de contraste.

Daí a importância da RM cerebral para serviços radiológicos, centros de diagnóstico, hospitais e clínicas, que se beneficiam do diagnóstico rápido e preciso.

Nas próximas linhas, discorro sobre a finalidade, funcionamento e interpretação das imagens da ressonância, incluindo soluções de telemedicina que permitem a elaboração do laudo a distância.

O que é ressonância magnética cerebral?

Ressonância magnética cerebral é um exame que usa um campo magnético e ondas de radiofrequência para produzir imagens do cérebro.

Trata-se do melhor exame de imagem disponível atualmente, pois produz registros de alta resolução espacial e nitidez.

Embora também tenham sua contribuição para a visualização de partes internas, a radiografia e a tomografia computadorizada acabam sendo mais limitadas devido ao processo de formação de seus registros.

Afinal, esses procedimentos utilizam radiação ionizante, o que condiciona a clareza das imagens à densidade dos tecidos retratados.

Por consequência, tecidos duros, como os ossos, acabam se destacando, ainda que o exame seja destinado ao estudo do cérebro.

Nesse cenário, a RM leva vantagem por empregar outros tipos de energia na composição dos resultados.

A RM cerebral é uma das modalidades da ressonância magnética do crânio, que pode ser realizada em outras partes da cabeça, conforme a indicação médica.

Para que serve a ressonância magnética cerebral?

A ressonância magnética cerebral serve para retratar as estruturas do cérebro de forma realista, permitindo sua avaliação.

Como acabei de explicar, o fato de essas estruturas serem em sua maioria partes moles (de baixa densidade) dificulta sua visualização em outros exames de imagem.

Isso não impede que sejam vistas com nitidez nos registros de RM, o que possibilita a identificação de anomalias em fase inicial.

Mesmo pequenas lesões, trechos em que há isquemia (diminuição da irrigação sanguínea) e desmielinização da massa cinzenta podem ser percebidos durante a interpretação dos resultados.

Por dispensar o uso de raios X, a ressonância ainda se apresenta como alternativa para a avaliação de pacientes sensíveis, como gestantes e crianças.

Isso porque a radiação ionizante está relacionada ao maior risco de câncer e agravos à saúde do feto em formação.

Por isso, é contraindicada para mulheres grávidas.

A escolha da RM do cérebro viabiliza que essa região seja observada de maneira não invasiva, indolor e relativamente rápida.

O que a ressonância magnética cerebral pode diagnosticar?

O exame pode diagnosticar uma série de anomalias no tecido do cérebro, dando suporte ao diagnóstico de patologias.

A seguir, listo as principais condições identificadas com o auxílio da RM cerebral:

  • Enxaqueca e outros tipos de dor de cabeça
  • Malformações cerebrais, como microcefalia e macrocefalia
  • AVC isquêmico ou hemorrágico, provocado pela obstrução ou rompimento de artérias que irrigam o cérebro
  • Epilepsia – síndrome caracterizada pela frequente perturbação da atividade neuronal, que leva a convulsões
  • Doença de Alzheimer – patologia degenerativa que causa a deterioração de funções cerebrais
  • Abscesso cerebral e outras lesões, como as provocadas por traumas
  • Tumores benignos e malignos
  • Esclerose múltipla, a partir da deterioração da bainha de mielina, importante para a condução de impulsos nervosos entre os neurônios.

A seguir, esclareço sobre o funcionamento do exame.

RM cerebral

A RM cerebral serve para retratar as estruturas do cérebro de forma realista, permitindo sua avaliação

Como funciona a ressonância magnética cerebral?

Geralmente, o preparo é muito simples.

Em especial quando a ressonância é sem contraste, o que dispensa a necessidade de jejum por parte do paciente.

A pessoa deve apenas comparecer à clínica ou hospital no horário agendado, sem maquiagem, cremes ou acessórios no cabelo.

Os cuidados servem para evitar que traços de metal prejudiquem as imagens, formando artefatos.

Piercings, bijuterias, óculos, aparelho auditivo e outros objetos de metal também devem ser retirados antes que o paciente entre na sala de RM.

Em seguida, o médico ou técnico em radiologia responsável pelo exame posiciona o paciente em decúbito dorsal, orientando-o para que permaneça imóvel durante todo o procedimento.

Crianças e pessoas que tenham dificuldade para ficar paradas por cerca de 40 minutos podem receber sedação leve antes da ressonância.

Após o posicionamento, o médico ou técnico seguem para a sala de comando, ao lado da sala de RM, e ligam o aparelho de ressonância magnética.

O equipamento emite um forte campo magnético por meio de seu grande ímã, impactando os átomos de hidrogênio do organismo.

Então, os átomos são realinhados por um instante, permitindo a liberação de ondas de radiofrequência captadas pelo aparelho.

O sinal é transmitido a um computador com algoritmo específico, que o transforma em imagem digital.

Esses registros serão interpretados mais tarde pelo neurorradiologista.

O que é ressonância magnética cerebral com contraste?

RM cerebral com contraste é a versão do exame que inclui uma substância que confere destaque a certas estruturas.

Esse composto é feito à base de gadolínio, um metal que evidencia, por exemplo, estruturas hipervascularizadas, como tumores e inflamações.

Também tem papel relevante em variações da RM cerebral, a exemplo da angiorressonância.

Falo mais dela ao longo deste texto.

Por enquanto, ressalto que, para utilizar o meio de contraste no exame, geralmente é feita uma punção para administração por via intravenosa.

Nesse contexto, a RM tem duração estendida, uma vez que é preciso injetar o composto contrastado alguns minutos antes do procedimento.

Dessa forma, o líquido chega ao cérebro durante a aquisição das imagens, aumentando a precisão e revelando células anômalas.

No entanto, nem sempre é necessário utilizar contraste para a ressonância cerebral.

Há casos em que as imagens sem contraste são suficientes para apoiar o diagnóstico.

Outras vezes, o médico solicitante não indica RM com contraste, porém, o profissional que conduz o exame percebe a necessidade de usar esse recurso numa segunda fase do procedimento.

Daí o motivo para muitas clínicas e hospitais solicitarem que o paciente compareça em jejum para qualquer tipo de RM do cérebro.

Assim, será possível administrar o contraste caso as imagens precisem de mais qualidade.

O que é angioressonância magnética cerebral?

Angioressonância magnética cerebral é o estudo não invasivo dos vasos sanguíneos que suprem as células cerebrais.

Ou seja, é uma ressonância destinada a visualizar o interior das artérias.

Para tanto, é comum o uso do composto contrastado que, além de sinalizar a presença de células doentes, mostra a trajetória do sangue dentro dos vasos.

Por consequência, o exame permite a avaliação de estenose, aneurisma e bloqueios decorrentes de patologias como a aterosclerose.

Potencializa ainda a investigação do AVC, mostrando áreas obstruídas e/ou o rompimento dos vasos.

Como emprega gadolínio, o contraste da angio-RM raramente provoca alergias e outros efeitos colaterais.

RM do cérebro

O exame pode diagnosticar uma série de anomalias no tecido do cérebro, dando suporte ao diagnóstico

Como interpretar o resultado de ressonância magnética cerebral?

Mencionei anteriormente que médicos e técnicos em radiologia treinados podem conduzir a RM cerebral.

Entretanto, sua interpretação é restrita aos neurorradiologistas.

Eles são os especialistas qualificados para compor o laudo médico.

Isso não surpreende, pois o exame tem diversas particularidades que exigem conhecimento profundo sobre a anatomia, funções e doenças que acometem o sistema nervoso central.

Desse modo, ele poderá reconhecer as características normais e alterações que merecem atenção.

Para isso, o primeiro passo é entender como são formadas as imagens da RM, conforme descreve o artigo “Imagem por ressonância magnética: princípios básicos”:

  • O paciente é colocado no interior do magneto do equipamento
  • Os núcleos atômicos do paciente se alinham ao longo do campo magnético aplicado, gerando um vetor de magnetização
  • Gradientes de campo magnético sequenciais são aplicados para a localização espacial dos sinais a serem adquiridos
  • Os pulsos de excitação são aplicados e os núcleos absorvem energia
  • Após os pulsos, passam a ocorrer os fenômenos de relaxação
  • Os núcleos passam a induzir o sinal de RM nas bobinas receptoras
  • O sinal de RM é adquirido
  • O sinal de RM é processado por meio da transformada de Fourier
  • A imagem é formada ponto a ponto numa matriz.

Na sequência, falo sobre o custo do exame.

Qual é o valor da ressonância magnética cerebral?

Por ser um procedimento complexo, geralmente o exame custa alguns milhares de reais para o paciente.

O preço cobrado sofre a influência de fatores como região, local de realização e aparelho usado no estabelecimento de saúde.

Modelos premium como os de 3 Tesla pedem investimentos mais altos que os medianos, de 1,5 Tesla, e isso se reflete no valor dos exames.

Em contrapartida, quanto mais avançada for a tecnologia, maiores as chances de ter vantagens como o diagnóstico precoce de câncer, qualificando a assistência.

Cabe aos gestores avaliar as necessidades de seu negócio para definir o tipo de aparelho de RM que será adquirido e o preço de cada ressonância para que seu investimento valha a pena.

A chave, aqui, é priorizar o custo-benefício para preservar a saúde financeira da sua clínica ou hospital.

Outros tipos de ressonância magnética do crânio

Dependendo da técnica e objetivo, podem ser feitas diferentes modalidades de ressonância do crânio.

Uma delas é a ressonância magnética funcional (RMF), que, como explica este estudo,

“É uma nova técnica capaz de detectar pequenas alterações no fluxo sanguíneo e oxigenação de tecidos cerebrais em que ocorre ativação neuronal. O seu emprego na avaliação pré-cirúrgica de pacientes com epilepsia portadores de esclerose mesial temporal está atualmente em avaliação em alguns centros de neurologia. O principal objetivo é encontrar o melhor paradigma de ativação na avaliação das funções de linguagem e memória”.

A angiorressonância cerebral é outro tipo de RM craniana, assim como:

  • Espectroscopia do crânio
  • Perfusão encefálica
  • Tractografia por ressonância
  • Ressonância da base do crânio
  • Ressonância do ângulo ponto-cerebelar
  • Ressonância do ouvido interno
  • Ressonância da região selar
  • Ressonância de crânio com SWI.

Lembrando que a solicitação de exames depende da avaliação médica.

Benefícios do laudo eletrônico de ressonância magnética

Diante da baixa quantidade de especialistas qualificados para laudar a RM do cérebro e outras modalidades, muitos serviços de saúde vêm encontrando solução na telemedicina.

E não é por acaso.

A oferta de serviços médicos online viabiliza o telediagnóstico a partir da interpretação remota das imagens da ressonância, usando um processo simples.

Basta que o médico ou técnico in loco conduza o exame normalmente e envie os registros através da plataforma de telemedicina.

Falo de um sistema hospedado na nuvem (local de armazenamento da internet), passível de ser acessado por qualquer dispositivo com conexão à web.

Empresas modernas como a Morsch oferecem a opção de integração do software ao seu aparelho de RM, permitindo o compartilhamento automático das imagens em nosso PACS.

Nesse modelo, os registros coletados ficam disponíveis imediatamente para um de nossos radiologistas online, que inicia sua avaliação considerando informações prévias.

Histórico do paciente e suspeita clínica norteiam a análise, combinados a uma interpretação minuciosa das imagens.

Em seguida, o radiologista compõe o laudo online, assinado digitalmente para garantir a autenticidade.

Graças à agilidade do processo, os laudos são entregues rapidamente na plataforma, garantindo que gestores, médicos e pacientes aproveitem vantagens como:

  • Resultados prontos em minutos
  • Reforço à equipe local de radiologistas
  • Cobertura de folgas, férias e outras ausências
  • Serviço disponível de maneira ininterrupta, a qualquer hora do dia ou da noite
  • Ampliação do portfólio, diminuindo o tempo de ociosidade do equipamento de ressonância
  • Aumento das receitas com exames radiológicos
  • Proteção para arquivos de pacientes e do estabelecimento de saúde, que ficam arquivados num sistema com criptografia e mecanismos de autenticação
  • Opção de teleconsultoria e segunda opinião médica para discutir casos dúbios
  • Serviço de teleconsulta para encaminhamento de pacientes a especialistas em poucos cliques
  • Treinamento online acessível 24 horas por dia com boas práticas para a realização de exames de suporte diagnóstico.

Leve já a inovação da telemedicina para o seu negócio.

Conclusão

Discorri, ao longo deste artigo, sobre especificidades da ressonância magnética cerebral, um exame que permite visualizar as estruturas internas de forma não invasiva.

Sua contribuição para áreas como neurologia e cardiologia é inegável, mas a realização desse exame complexo pede atenção e zelo.

Do mesmo modo, sua interpretação deve ser feita por especialistas que combinam saberes das disciplinas de neurologia e radiologia para que sejam produzidos laudos de qualidade.

Conte com o time Morsch para te apoiar nessa tarefa, entregando laudos online com confiabilidade e rapidez.

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Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin