Crise parcial complexa na infância, como acontece?

Por Dr. José Aldair Morsch, 14 de junho de 2015
O que é uma crise parcial complexa?

O que é uma crise parcial complexa? Muitas pessoas são diagnosticadas como epilépticas e não sabem que existem várias classificações.

Entendo uma crise parcial complexa

A crise parcial complexa, corresponde mais ou menos ao que  se chamava epilepsia do lobo temporal, é uma descarga epileptiforme focal que se origina em um dos lobos temporais e que posteriormente se dissemina para os lobos temporais dos dois hemisférios cerebrais.

Ela está na interface entre a neurologia e a psiquiatria, podendo produzir tanto sintomas motores como psíquicos.

As epilepsias do lobo temporal constituem o grupo mais frequente de epilepsias em pacientes adultos.

A diferença entre as crises parciais complexas e as crises parciais simples é que aquelas primeiras são acompanhadas por perturbações da consciência (crises psicomotoras, na denominação clássica), enquanto as simples não são e o paciente conserva a noção do que está acontecendo com ele.

O diagnóstico é feito com eletroencefalograma.

Quais são as causas da crise parcial complexa?

As síndromes epilépticas podem ser causadas por defeitos genéticos, anomalias dos canais iônicos ou lesões específicas do cérebro.

Tipicamente, a crise parcial complexa ocorre devido à esclerose do hipocampo, mas também pode haver outros tipos de lesões, tais como tumores, displasias corticais, hematomas (tumores benignos que possuem a mesma composição dos tecidos que o cercam), malformações vasculares, etc.

A maioria das crises epilépticas no idoso é parcial e é secundária a uma causa isquêmica ou hemorrágica.

Quais são os principais sinais e sintomas da crise parcial complexa?

Para cada paciente a crise parcial complexa tem um quadro clínico distinto e uma história natural diferente, mas relativamente estereotipada.

Em geral, duram de trinta segundos até um a dois minutos e só excepcionalmente um tempo mais longo.

É frequente o relato de convulsão febril na infância, antecedente familiar de convulsão febril ou mesmo de epilepsia.

O quadro normalmente é dominado por auras que antecedem as crises parciais complexas, sendo frequente haver sinais motores associados, os quais têm, aos olhos do neurologista, um valor localizatório da lesão causal.

É comum que ao episódio inicial na infância se suceda um longo período sem sintomas e que as crises parciais complexas só retornem na adolescência.

As crises às vezes provocam alucinações de grande nitidez que dão ao paciente a impressão de serem verdadeiras memórias e podem também gerar experiências de déjà vu ou jamais vu.

Outras vezes podem ocorrer estados mentais altamente elaborados, experiências parecidas a sonhos, misturados ao pensamento atual e um sentimento de “estar em algum outro lugar”.

Além destes sintomas também pode ocorrer uma forma peculiar de desconforto abdominal, associado à perda de contato com os arredores e automatismos envolvendo a boca e o trato gastrointestinal (lamber, contrair os lábios, grunhir ou fazer outros ruídos).

Na dependência do tipo de crise que o paciente tenha, podem ocorrer ainda mais alguns dos seguintes sintomas:

  • movimentos musculares tônico-clônicos, principalmente na face, pescoço e/ou extremidades;
  • alucinações dos sentidos;
  • formigamentos,
  • adormecimento e queimação;
  • sensação de dor, frio ou movimento de qualquer parte do corpo;
  • crises autonômicas com palidez, ruborização, vômitos, sudorese, pilo-ereção,taquicardia e midríase
  • sentimentos tais como irrealidade, medo, prazer, etc.

Alguns pacientes descrevem experiências “mais reais que o real”, que parecem de natureza mística ou paranormal, das quais brotam sentimentos extremamente intensos.

Padrões incomuns automáticos de comportamento podem afetar a esfera alimentar, deambulatória, gestual, da mímica, verbal e mesmo gritos e risos.

Num resumo de utilidade diagnóstica prática pode-se dizer que a pessoa pode parecer consciente, mas não responde durante um curto período, podendo verificar-se um olhar vazio, movimentos repetitivos de mastigação ou de estalar os lábios ou a mão e comportamentos fora do habitual.

Depois da crise, a pessoa não tem memória do episódio ocorrido.

Como o médico diagnostica a crise parcial complexa?

O diagnóstico inicial da crise parcial complexa se baseia no quadro clínico relatado pelo paciente ou seus familiares e deve ser confirmado por exames laboratoriais, especialmente exames de imagens do cérebro Eletroencefalograma.

Como o médico trata a crise parcial complexa?

O tratamento medicamentoso da crise parcial complexa é feito com antiepilépticos (carbamazepina, oxcarbazepina, fenitoína, entre outros), mas costuma ser pouco eficaz.

O tratamento cirúrgico consiste na ablação parcial do lobo temporal e apresenta resultados superiores ao tratamento clínico.

Como evolui a crise parcial complexa?

O prognóstico da crise parcial complexa em geral é bom, porém alguns casos cursam com crises refratárias ao tratamento farmacológico.

A cirurgia oferece resultados favoráveis, comprovadamente superiores aos tratamentos medicamentosos.

Temos uma eletroencefalograma antigo, pode ser usado na Telemedicina?

sim, nosso time de suporte faz o treinamento e ensina como fazer o exame e enviar para nossa plataforma de telemedicina.

Nossa Clínica não tem eletroencefalograma, como ajudar os pacientes?

É possível aproveitar os benefícios da telemedicina Morsch, recebendo o aparelho de eletroencefalograma em comodato. O técnico em enfermagem é treinado pelo nosso suporte e pode enviar os exames para nossa plataforma em nuvem e receber os laudos médicos do eletroencefalograma em 30 minutos.

Que aparelho de eletroencefalograma devo comprar para minha clínica?

Existem várias marcas de aparelhos de eletroencefalograma digital no mercado.

A maioria portáteis, que usam a bateria do computador e podem ser levados para qualquer local para realizar exames em empresas por exemplo.

Em resumo, precisamos classificar as epilepsias para indicar um tratamento mais efetivo e uma monitorização com eletroencefalograma anual pelo menos.

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Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin