Tomografia do coração: para que serve e como é feito o exame?

Por Dr. José Aldair Morsch, 30 de novembro de 2022
Tomografia do coração

A tomografia do coração oferece uma alternativa não invasiva para avaliar o grau de comprometimento arterial em pacientes com aterosclerose.

Também evidencia anomalias anatômicas que estejam causando comprometimento ao funcionamento cardíaco.

Tudo isso devido a tecnologias agregadas ao aparelho de tomografia nos últimos anos, como a presença de 64 ou até 320 detectores no tomógrafo.

Dessa forma, é possível obter imagens estáticas do miocárdio com clareza, permitindo o estudo das pequenas artérias coronárias.

A tomografia do coração é tema deste artigo completo, em que apresento detalhes sobre o exame, indicações e uso do contraste iodado.

Essa e outras tomografias se beneficiam do laudo a distância, que diminui a carga de trabalho das equipes locais.

Acompanhe até o final para saber mais.

O que é tomografia do coração?

Tomografia do coração é um exame que usa radiação ionizante e um tubo giratório para captar imagens detalhadas do músculo cardíaco.

Basicamente, são emitidos feixes de raio X que atravessam as estruturas anatômicas e são captados rapidamente, compondo tipos de fotografias internas.

Os registros mostram uma mesma área a partir de diferentes ângulos de visão, permitindo até uma sobreposição para formar imagens em 3D.

Devido ao caráter de observação das artérias coronárias, o exame também é chamado angiotomografia cardíaca e vem servindo como opção não invasiva ao estudo desses vasos sanguíneos, em substituição ao cateterismo.

Como adiantei na introdução do texto, essa possibilidade se deve a avanços tecnológicos nas últimas décadas, que permitiram a evolução do tomógrafo.

A multiplicação da quantidade de detectores permitiu maior agilidade na formação de imagens, rompendo a dificuldade de observar um órgão tão dinâmico como o coração.

Além de visualizar detalhes das artérias coronárias, identificando placas de ateroma e outras barreiras ao fluxo sanguíneo.

O que é tomografia do coração com contraste?

A tomografia com contraste é o mesmo exame de imagem, com o acréscimo de um composto que dá destaque a certas áreas.

O contraste é especialmente útil em procedimentos que avaliam doenças cardiovasculares, como a angiotomografia cardíaca.

Isso porque o líquido é injetado diretamente nos vasos sanguíneos (por via intravenosa), percorrendo a mesma trajetória que o sangue.

Simultaneamente, o aparelho de tomografia emite radiação para compor as imagens, mostrando trechos obstruídos ou deteriorados.

Placas de ateroma, aneurismas e regiões que receberam stent previamente podem ser estudadas com o auxílio desse recurso.

Contudo, é preciso cautela ao solicitar o uso de contraste iodado, mais comum à tomografia, para certos pacientes.

Porque o iodo pode agravar a condição de diabéticos e doentes que sofrem com insuficiência renal.

Além de provocar efeitos colaterais, especialmente em pessoas com histórico de reação alérgica.

Geralmente, as reações adversas são leves, como urticária, náusea e gosto metálico enquanto o contraste é injetado.

Contudo, cabe avaliar cada caso para evitar complicações graves, a exemplo do choque anafilático.

Para que serve a tomografia do coração?

De forma resumida, a tomografia do coração serve para avaliação e monitoramento do coração e artérias coronárias.

O que inclui diversas indicações.

Algumas são citadas em um documento da Sociedade Brasileira de Cardiologia, que afirma:

“Nos últimos anos, importantes avanços tecnológicos permitiram o desenvolvimento de novos métodos de imagem que contribuem para a estratificação de risco cardiovascular e para a investigação não invasiva da dor torácica. Uma destas ferramentas diagnósticas é a angiotomografia computadorizada das artérias coronarianas (angioTC) que permite, de forma acurada e não invasiva, a detecção e a exclusão de doença luminal coronariana obstrutiva, assim como a detecção de placas não calcificadas na parede arterial. Portanto, o exame fornece informações sobre a anatomia coronária, algo antes conseguido apenas pelo exame de cateterismo cardíaco”.

Discorro sobre as principais indicações da angio TC cardiovascular a seguir.

TC do coração

A tomografia do coração serve para avaliação e monitoramento do coração e artérias coronárias

Na presença de dor torácica típica de infarto

Pacientes que comparecem ao pronto-socorro com dor precordial característica de infarto podem ser avaliados com o suporte da tomografia cardiovascular.

Esse desconforto se manifesta de forma aguda e prolongada, durando cerca de 20 minutos, e é sentido como aperto ou peso mais para o lado esquerdo que pode irradiar para o pescoço, costas, mandíbula e braço.

Nesses casos, a angiotomografia das coronárias serve para esclarecer marcadores inconclusivos no resultado do eletrocardiograma, como bloqueios de ramo e sobrecargas ventriculares.

Ou mesmo ser feita assim que o paciente chega, se o aparelho estiver disponível.

Indivíduos jovens, saudáveis e sem história de cardiopatia que apresentem dor característica também podem ser submetidos à TC do coração para pesquisa do impacto de trajetos anômalos de coronária.

Diagnóstico de doença coronariana obstrutiva

Patologias como a aterosclerose, caracterizada por lesões ao tecido interior das artérias (endotélio) e placas de ateroma, são detectadas com qualidade pela tomografia do coração.

Segundo estudos, o exame tem valor preditivo negativo de aproximadamente 100%, permitindo confirmar ou afastar a suspeita clínica das doenças obstrutivas.

Para se ter uma ideia, as imagens formadas revelam se as placas estão calcificadas ou não calcificadas, além do grau de estenose (estreitamento do vaso sanguíneo).

Isso é importante para detectar inclusive o risco de ruptura dos ateromas, que tem relação com sua estabilização.

Placas com alto teor de células de gordura (lipídios) são mais propensas a se expandir e romper, desencadeando eventos graves como o infarto do miocárdio.

Devido às suas propriedades, essas massas podem estar dentro da parede da artéria, sem provocar qualquer oclusão.

Mesmo assim, a angioTC permite sua visualização.

Já os ateromas com capa fibrosa espessa têm menor risco de ruptura, como relata este estudo.

Esclarecimento de resultados de exames conflitantes

Pacientes examinados previamente via teste ergométrico ou cintilografia miocárdica com resultado inconclusivo ou conflitante também se beneficiam da angio TC cardiovascular.

Nesses casos, a tomografia substitui o cateterismo, viabilizando a troca de uma etapa invasiva por um exame não invasivo.

O que diminui a morbidade e dispensa a necessidade de internação, por exemplo.

Avaliação de risco cirúrgico

Na maioria das vezes, um candidato à cirurgia não cardíaca pode ser avaliado com um ECG.

No entanto, pessoas pertencentes a grupos de risco para patologias cardiovasculares ou que já tenham sido diagnosticadas devem passar por exames mais detalhados para o cálculo do risco cirúrgico.

Uma alternativa é a tomografia do coração, que fornece imagens detalhadas das coronárias, dando mais segurança ao paciente.

O preparo para a tomografia do coração começa com a retirada de objetos metálicos e jejum de até 8 horas.

Tomografica cardiovascular

O preparo para a tomografia do coração começa com a retirada de objetos metálicos e jejum de até 8 horas

Monitoramento de pacientes cardiopatas

O acompanhamento após a realização de tratamentos com a inserção de enxertos ou stents nas artérias coronárias pode ser feito por meio da TC do coração.

Assim como a progressão da aterosclerose, a fim de estratificar o risco de eventos adversos e adotar medidas preventivas.

Quando é necessário fazer uma tomografia do coração?

Como mencionei acima, o procedimento costuma ser solicitado diante de sintomas de IAM ou quando existe a hipótese diagnóstica de doença arterial coronariana (DAC).

Por isso, a maioria das indicações é destinada a pacientes que se enquadram no grupo de risco para essa patologia, como diabetes, hipertensão, colesterol alto e obesidade.

Outro cenário que se beneficia da TC cardiovascular é a necessidade de complementar dados obtidos através de exames como o eletrocardiograma.

O que a tomografia do coração detecta?

O exame é capaz de detectar patologias como:

  • Aterosclerose
  • Aneurismas
  • Estenose
  • Bloqueios de ramo
  • Malformações dos vasos sanguíneos
  • Lesões ao tecido interior das artérias (endotélio).

 

Como é feita a tomografia do coração?

A tomografia do coração é um exame não invasivo e indolor para o paciente.

O procedimento costuma durar cerca de 20 minutos.

Tudo começa com o preparo do paciente, que deve remover quaisquer objetos metálicos antes de entrar na sala de exame.

Por vezes, ele deve vestir um avental próprio para que não haja perigo.

Só depois dessa etapa é que o paciente é posicionado na maca do tomógrafo, que é ligado em seguida.

O médico ou técnico em radiologia responsável pelo procedimento manuseiam o equipamento a partir de uma sala adjacente, onde fica a estação de comando.

Primeiramente, são coletadas informações para calcular o escore de cálcio, ou seja, a carga aterosclerótica coronariana para estratificação de risco.

Essa fase dispensa o uso de contraste.

Em seguida, é feita punção de veia periférica do membro superior para a injeção de contraste iodado, o que dá início a uma nova etapa da angiotomografia.

A partir das imagens registradas, será possível observar os graus de obstrução luminal.

Para isso, o aparelho de tomografia emite feixes de raio X que atravessam a região torácica, sendo retidos em diferentes quantidades, conforme a densidade dos tecidos.

A radiação não absorvida é captada pelo detector do tomógrafo, localizado na maca.

Os sinais são enviados a um computador com software específico que os transforma em pixels – os menores pontos numa imagem digital.

Qual o preparo para a tomografia do coração?

Como mencionei, o preparo começa com a retirada de objetos metálicos e jejum de até 8 horas, sob prescrição médica, para o uso de contraste.

Entre os itens que devem ser retirados estão jóias, bijuterias, grampos de cabelo, tiaras, óculos e celular.

Antes de começar o exame, também será preciso fazer o controle da frequência cardíaca, que deve estar entre 55 e 60 bpm.

Betabloqueadores, bloqueadores de canais de cálcio ou ivabradina são medicamentos de ação curta que podem ser empregados para reduzir a FC no momento do exame.

Outro preparo indispensável consiste na orientação do paciente para que prenda a respiração durante quando for requerido, a fim de evitar artefatos nas imagens.

O profissional que irá conduzir a tomografia ainda deve conferir o ajuste de radiação ionizante, a fim de reduzir a dose o máximo possível, sem prejudicar a resolução das imagens.

Afinal, os raios X aumentam o risco de doenças como o câncer, o que exige, também, a adoção de protocolos de segurança radiológica.

Uso de equipamento de proteção individual (EPI) e controle de entrada na sala de exames estão entre as medidas que devem ser incorporadas à rotina dos serviços radiológicos.

Quais os riscos da tomografia do coração?

A angiotomografia cardíaca é um exame bastante seguro.

No entanto, apresenta dois tipos de risco que devem ser considerados pelo médico solicitante.

O primeiro é a exposição a uma quantidade expressiva de radiação ionizante, cujo efeito cumulativo no organismo aumenta o risco de câncer.

Conforme estudo publicado pela Scientific American, a dose média equivale a 600 radiografias tradicionais de tórax.

O segundo perigo está no uso do contraste iodado que, como expliquei mais acima, pode provocar reações alérgicas em pacientes sensíveis.

Como analisar as imagens de tomografia do coração?

Imagens tomográficas seguem o mesmo padrão das radiografias, mas com maior clareza e nitidez.

Portanto, elas se apresentam em tons de preto, branco e cinza.

Com exceção dos trechos contrastados, que emitem sinais mais intensos, aparecendo em destaque nos registros.

Como mencionei antes, a coloração das estruturas depende da densidade dos tecidos.

Partes mais duras, como ossos, aparecem em branco, pois captam mais radiação ionizante.

O oposto ocorre com o ar, que é retratado em preto por deixar passar os raios X.

Já o coração, artérias e articulações, que são partes moles, aparecem em tonalidades de cinza.

Por isso, trechos calcificados podem ser estudados através da tomografia do coração, aparecendo mais claros em relação aos vasos sanguíneos.

A avaliação da obstrução luminal das artérias ainda permite verificar seu grau de estenose, classificando-o em:

  • Sem estenose significativa (menos que 30%)
  • Estenose leve (de 30% a 50%)
  • Estenose moderada (de 50% a 70%)
  • Estenose grave (mais de 70%).

Esse dado apoia a estratificação de risco cardiovascular e o manejo clínico adequado do paciente.

Vantagens do laudo de tomografia do coração a distância

Avanços da tecnologia na saúde permitiram o desenvolvimento de serviços de telemedicina como a entrega de laudos online.

Realizado dentro de um sistema seguro, o processo requer apenas o compartilhamento das imagens da tomografia do coração dentro da plataforma de telemedicina.

Então, radiologistas online iniciam a interpretação dos registros, considerando informações prévias do histórico do paciente, doenças preexistentes e suspeita clínica.

Eles elaboram o laudo digital, com assinatura eletrônica que garante a autenticidade.

Saiba mais sobre as vantagens dos laudos à distância emitidos dentro do sistema Morsch abaixo.

Maior agilidade na entrega do laudo

Como o time de especialistas Morsch está disponível 24 horas por dia, os exames são interpretados rapidamente.

Nossos radiologistas são qualificados e experientes, usando recursos digitais como zoom e contraste para avaliar os achados e disponibilizar sua conclusão.

É assim que a telemedicina permite a entrega de laudos online em minutos.

Diminuição da carga de trabalho dos radiologistas locais

A interpretação da angioTC cardiovascular pede concentração e dedicação intensas.

Muitas vezes, um radiologista responsável pela coordenação de um departamento tem dificuldade para reservar tempo e focar nessa tarefa.

Já os especialistas da empresa de telemedicina se mantêm concentrados, permitindo a delegação dessa atividade complexa.

Assim, radiologistas locais ganham tempo para o atendimento humanizado e orientação de suas equipes.

Segurança e confiabilidade

Empresas de telemedicina são registradas no CRM, além de ter um responsável técnico com CRM ativo.

Seus softwares em nuvem atendem a exigências do Conselho Federal de Medicina, incluindo ferramentas de proteção como criptografia e senhas.

Serviços adicionais da plataforma de telemedicina

Usando o sistema Morsch, sua equipe ainda conta com o suporte da segunda opinião médica para tirar dúvidas sobre a tomografia do coração.

Além de poder solicitar laudos online para diversos exames radiológicos, ampliando o portfólio de serviços da clínica ou hospital e aumentando as fontes de receitas.

O treinamento de técnicos em radiologia pode ser feito dentro da plataforma, a qualquer hora do dia ou da noite.

Confira as soluções em telerradiologia disponíveis para o seu negócio.

Conclusão

Gostou de aprofundar os conhecimentos sobre tomografia do coração?

Esse é um exame complexo, mas de grande importância para diagnosticar doenças comuns, a exemplo da aterosclerose.

A boa notícia é que dá para delegar a interpretação aos especialistas da Telemedicina Morsch, recebendo laudos digitais de qualidade.

Continue lendo artigos sobre radiologia que publico aqui no blog.

Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin