Sistema de Informação em Saúde (SIS): o que é, como funciona, exemplos e benefícios

Por Dr. José Aldair Morsch, 5 de setembro de 2024
Sistema de Informação em Saúde

Dispor de um Sistema de Informação em Saúde é importante para qualificar a tomada de decisões.

Afinal, essa ferramenta viabiliza a coleta, compilação e organização de dados provenientes de diferentes localidades, a partir de instrumentos padronizados.

Nesse cenário, os dados geram informações pertinentes que, mais tarde, são transformadas em conhecimento aplicado à gestão em saúde.

Nas próximas linhas, você vai entender melhor como funciona, quais as vantagens e exemplos de SIS, além de dicas para se beneficiar da tecnologia na saúde.

Incluindo serviços de telemedicina que aumentam a comodidade e praticidade de diversas rotinas no consultório, clínica ou hospital.

O que é Sistema de Informação em Saúde (SIS)?

Sistema de Informação em Saúde é uma ferramenta de coleta e monitoramento de dados de forma padronizada.

De acordo com este material da UNA-SUS (Universidade Aberta do Sistema Único de Saúde), os SIS:

“São compostos por uma estrutura capaz de garantir a obtenção e a transformação de dados em informação, em que há profissionais envolvidos em processos de seleção, coleta, classificação, armazenamento, análise, divulgação e recuperação de dados. Para profissionais da saúde, o envolvimento na construção de instrumentos de coletas, treinamentos para captação correta dos dados e o processamento da informação são importantes, uma vez que possibilitam maior domínio dessa área do conhecimento.”

Basicamente, esses sistemas são constituídos por três tipos de matérias-primas:

  • Dado: é o elemento mais simples, consistindo no registro de um valor ou resposta sem contextualização
  • Informação: parte de um ou mais dados que, quando analisados, recebem um significado
  • Conhecimento: é o resultado da combinação entre informações, experiências, convenções, aprendizado e percepção cognitiva.

Entenda a seguir para que serve o Sistema de Informação em Saúde.

Qual o objetivo do Sistema de Informação em Saúde?

O principal objetivo dos SIS é apoiar a tomada de decisões qualificadas pelos profissionais e gestores em saúde.

Sua aplicação mais evidente é voltada à saúde pública, cujo gerenciamento requer a formação de bancos de dados confiáveis, capazes de embasar a construção de conhecimentos que alteram a realidade atual.

Desse modo, é possível, por exemplo, ampliar o acesso a produtos e serviços, identificar padrões de epidemias sazonais ou adaptar soluções à realidade local.

Com o avanço na transformação digital na saúde, os dados coletados por meio de SIS se tornam ainda mais úteis, uma vez que podem ser analisados com maior acurácia e celeridade.

O resultado são informações de qualidade e utilidade para além do SUS, alcançando hospitais e outros estabelecimentos da rede privada de saúde.

Qual a importância dos Sistemas de Informação em Saúde?

Sem dados fidedignos, fica difícil entender a realidade local, municipal, estadual, regional ou nacional.

Daí a importância de dispor de diferentes SIS, que permitem conhecer o contexto social, econômico, de saúde, trabalho, vigilância epidemiológica e outros fatores que impactam no bem-estar de uma população.

E que, por consequência, são fundamentais para formular políticas públicas capazes de superar desafios como desigualdades no acesso à saúde, falta de saneamento básico, deficiências na nutrição etc.

Sob a perspectiva da administração hospitalar, essas também são questões válidas, uma vez que devem nortear a assistência oferecida aos pacientes.

Faz sentido, então, partir da demanda local para reforçar as frentes mais relevantes aos clientes, direcionando maiores investimentos a elas para aumentar a satisfação dos pacientes.

Como funciona um Sistema de Informação em Saúde?

Mencionei, mais acima, que o SIS é formado por dados, informações e conhecimento.

Essa ferramenta deve ser dotada de componentes que permitem a coleta, processamento, armazenamento e distribuição das informações.

Geralmente, bancos de dados são criados a partir de registros descentralizados, realizados por diferentes atores da saúde pública e privada.

Atuando em nível regional, municipal, estadual ou nacional, eles preenchem fichas e outros documentos padronizados que são anexados ao Sistema principal periodicamente.

Dependendo das características, essa ação pode ser feita em tempo real, mantendo os registros sempre atualizados.

É o caso de softwares em nuvem, que ficam hospedados em um local da internet protegido por senhas, criptografia de ponta a ponta e outros recursos que restringem o acesso a dados sensíveis.

Quando empregado dentro de uma unidade de saúde, o SIS pode ser integrado a um Sistema de Registro Eletrônico de Saúde (SRES), a exemplo do prontuário eletrônico.

Esse software viabiliza a captura, armazenamento, transmissão e impressão de informação identificada em saúde, ou seja, aquela que permite individualizar cada paciente.

SIS

O principal objetivo dos SIS é apoiar a tomada de decisões qualificadas pelos profissionais e gestores

Exemplos de Sistemas de Informação em Saúde

Agora que já abordamos a finalidade, funcionamento e importância dos Sistemas de Informação em Saúde, vou apresentar alguns exemplos utilizados por órgãos como o Ministério da Saúde.

Confira!

Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde (CNES)

O CNES é um dos mais importantes Sistemas de Informações em Saúde.

Concentra dados municipais e estaduais a respeito da capacidade física instalada, serviços disponíveis e profissionais vinculados aos estabelecimentos de saúde.

Também fornece informações sobre as equipes de saúde da família, possibilitando o mapeamento da infraestrutura de serviços de saúde e sua capacidade de atendimento em cada localidade.

Veja quais dados integram o CNES:

  • Informações básicas gerais
  • Endereço
  • Gestor responsável
  • Atendimento prestado (internação, ambulatório, etc.)
  • Caracterização (natureza, esfera, etc.)
  • Equipamentos (RX, tomógrafo, ultrassom, etc.)
  • Serviços de apoio
  • Serviços especializados (cardiologia, nefrologia, farmácia, etc.)
  • Instalações físicas (leitos, salas, etc.);
  • Profissionais (SUS, não SUS, CBO, carga horária, etc.)
  • Equipes
  • Cooperativa.

Você pode saber mais sobre o CNES nesta página.

Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc)

Informações sobre o recém-nascido, gestação, parto, parturiente e serviços de saúde fazem parte do Sinasc.

Ele existe desde a década de 1990 e costuma receber aproximadamente 3 milhões de registros todo ano.

Os dados são obtidos por meio da Declaração de Nascido Vivo.

Esse é um documento-base de preenchimento compulsório distribuído pelo Ministério da Saúde aos órgãos e profissionais autorizados, que são responsáveis por sua finalização e entrega logo após o nascimento.

O sistema é gerido, em nível nacional, pela Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA/MS).

Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan)

Doenças e outros eventos de interesse para a saúde pública estão contidos no Sinan, que inclui patologias como Aids, botulismo, cólera e dengue.

LER/DORT, pneumoconiose, câncer e outras doenças ocupacionais também são de notificação compulsória, devendo ser informadas por meio da Ficha Individual de Notificação e entregues à vigilância epidemiológica municipal e Secretarias Estaduais de Saúde (SES).

Atualmente, o sistema disponibiliza 47 fichas individuais, contudo, os estados podem incluir outros agravos que considere importantes para subsidiar a análise do perfil de morbidade da população.

Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM)

Desenvolvido em 1975, o SIM permite o processamento de análises epidemiológicas a partir da causa mortis informada.

Seus registros são de responsabilidade do médico, que emite a Declaração de Óbito em três vias pré-numeradas sequencialmente, sendo que uma delas é destinada ao recolhimento feito pelas Secretarias Municipais de Saúde, que digitalizam e processam os dados.

Nesse contexto, o sistema apoia políticas em prol da diminuição da mortalidade por causas preveníveis, apresentando indicadores como:

  • Taxa de mortalidade materna
  • Taxa de mortalidade infantil
  • Taxa de mortalidade proporcional por grupo de causas
  • Taxa de mortalidade proporcional por causas mal definidas
  • Taxa de mortalidade proporcional por doenças diarreicas agudas em menores de 5 anos
  • Taxa de mortalidade proporcional por doenças do aparelho circulatório
  • Taxa de mortalidade proporcional por causas externas
  • Taxa de mortalidade proporcional por neoplasias malignas
  • Taxa de mortalidade proporcional por acidente de trabalho
  • Taxa de mortalidade proporcional por diabetes mellitus
  • Taxa de mortalidade proporcional por cirrose hepática
  • Taxa de mortalidade proporcional por AIDS
  • Taxa de mortalidade proporcional por afecções originadas do período perinatal.

Visite e conheça o SIM nesta página.

Sistema de Informação Hospitalar do SUS (SIH-SUS)

Atendimentos relacionados a internações hospitalares são o foco do SIH-SUS, destinado a gerar relatórios que embasam o pagamento dos estabelecimentos de saúde que realizam esses procedimentos via SUS.

As informações são prestadas por meio da AIH ou autorização para internamento hospitalar, encaminhada todos os meses à esfera federal para o repasse dos valores às Secretarias de Saúde.

Sistemas de informações em saúde

O SIS pode ser integrado a um Sistema de Registro Eletrônico de Saúde (SRES), a exemplo do prontuário eletrônico

Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações (SIPNI)

Ferramenta de acompanhamento da cobertura vacinal para doenças como Covid-19, influenza, poliomielite e sarampo, o SIPNI foi reformulado em 2023 para oferecer um novo módulo de registro de vacinação de rotina.

Os dados são preenchidos por profissionais atuantes em salas de vacinação presentes em hospitais, maternidades e outros locais correlatos.

O controle de imunobiológicos também faz parte desse sistema, que disponibiliza informações sobre tópicos como utilização, distribuição e estoque.

Sistema de Informação Ambulatorial (SIA-SUS)

O SIA-SUS é responsável por registrar e organizar informações relacionadas aos atendimentos ambulatoriais realizados nas unidades de saúde que compõem o SUS. 

Inclui dados sobre procedimentos realizados, consultas, exames e outros serviços ambulatoriais. 

O SIA-SUS é uma ferramenta essencial para a gestão e planejamento dos serviços de saúde, ajudando a monitorar a utilização dos recursos, a qualidade dos serviços prestados e a necessidade de ajustes nas políticas de saúde.

Benefícios dos Sistemas de Informação em Saúde para clínicas e hospitais

Os Sistemas de Informação em Saúde oferecem benefícios diversos.

Entre eles, a maior eficiência na gestão de dados clínicos, otimização de processos administrativos, suporte à tomada de decisões clínicas, melhoria na qualidade do atendimento ao paciente e redução de erros médicos.

A seguir, comento sobre três das principais vantagens de contar com um SIS:

Dados centralizados

Ao reunir e compilar dados transmitidos por diferentes unidades de saúde, o SIS permite que sejam apresentados de modo centralizado.

Essa opção viabiliza a tomada de decisões qualificadas, baseadas tanto em contextos amplos quanto regionalizados, a depender dos objetivos do gestor.

Identificação de gargalos

Dispor dos dados em um só ambiente virtual também facilita a visualização e até a antecipação de cenários como as epidemias ou a falta de determinado recurso.

Assim, dá para agir de maneira preventiva, antes que o problema se agrave.

Qualificação dos serviços

A praticidade do SIS se traduz na melhoria dos serviços e, por consequência, da experiência do paciente.

Com a identificação de unidades com superlotação hospitalar, por exemplo, os doentes podem ser encaminhados a hospitais com menor demanda.

Também é possível orientar melhor a destinação de recursos, diminuindo o desperdício ao mesmo tempo em que há entrega de serviços de maior valor ao paciente.

Como adotar um Sistema de Informação em Saúde?

Os SIS criados no âmbito da saúde pública podem ser utilizados de diferentes formas em clínicas, hospitais e até no consultório médico.

Basta identificar o tipo de informação que interessa para o seu serviço de saúde e pesquisar pelos dados da sua região.

Outra boa pedida é investir em softwares médicos capazes de otimizar tarefas da sua equipe, como a plataforma de telemedicina.

Esse sistema aumenta a agilidade no diagnóstico e reforça seu time de especialistas sem exigir grandes investimentos.

Plataformas completas como a Telemedicina Morsch oferecem facilidades como:

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Conclusão

Neste artigo, você conferiu um panorama completo sobre o Sistema de Informação em Saúde ou SIS.

Ele inclui uma série de softwares dedicados à coleta e monitoramento padronizado de dados em saúde.

Essas ferramentas podem ser integradas à plataforma de telemedicina para otimizar o trabalho na sua clínica.

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Leia também outros textos sobre gestão na saúde que publico aqui no blog.

Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin