Diagnóstico cardíaco: o que é, como funciona e vantagens da telemedicina

Por Dr. José Aldair Morsch, 24 de maio de 2023
Diagnóstico cardíaco

O diagnóstico cardíaco deve ser baseado na avaliação clínica minuciosa e, se for necessário, exames complementares.

Portanto, essa tarefa exige conhecimento sobre a anatomia e o funcionamento do sistema cardiovascular, além de alterações que sinalizam doenças.

É preciso que o médico se atente a detalhes importantes desde a anamnese.

Ou seja, considerando o histórico do paciente, comportamento e queixas para formular uma suspeita clínica e indicar os procedimentos adequados para confirmar ou afastar a hipótese diagnóstica.

Falo sobre essas etapas nos próximos tópicos, incluindo os principais exames de suporte ao diagnóstico cardíaco e como otimizar sua interpretação com a telemedicina.

O que é diagnóstico cardíaco?

Diagnóstico cardíaco é um conjunto de técnicas usadas para detectar patologias cardiovasculares.

Trata-se de um processo baseado na coleta de informações, análise e raciocínio clínico para formular uma conclusão que sustenta o diagnóstico.

Por viabilizarem o transporte de nutrientes e oxigênio às células, coração e vasos sanguíneos são essenciais para o bom funcionamento de todos os sistemas do organismo.

Isso torna ainda mais preocupante o fato de as doenças cardiovasculares serem responsáveis por quase 9 milhões de mortes no mundo em 2019.

O que corresponde a 16% do total de óbitos, segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Essas patologias causam cerca de 380 mil mortes de brasileiros todo ano, de acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).

Fortalecer o raciocínio clínico e as ferramentas de diagnóstico cardíaco é fundamental para mudar esse cenário, possibilitando a detecção precoce dessas doenças.

Como é feito o diagnóstico cardíaco?

Geralmente, o diagnóstico cardíaco tem início na consulta médica, que pode ser presencial ou online.

É durante esse encontro que o cardiologista começa a investigação de uma doença ou agravo à saúde, a partir da coleta de informações compartilhadas pelo paciente.

A seguir, comento sobre as quatro etapas comuns para a formulação do diagnóstico cardíaco.

1. Anamnese

Mais do que uma simples entrevista com o paciente, a anamnese é uma ferramenta baseada em roteiros estruturados e direcionamento do médico para detectar anormalidades.

Representa, ainda, um instrumento para a construção de confiança e proximidade, fortalecendo a relação médico-paciente e qualificando o diagnóstico.

Afinal, quando existe confiança no profissional que presta o serviço de saúde, os relatos são mais detalhados e o doente, mais cooperativo.

Portanto, o atendimento humanizado é tão relevante quanto as perguntas feitas durante a anamnese.

Procure deixar o paciente confortável, garantindo que o consultório é um espaço seguro, onde ele pode comentar seus temores e tirar dúvidas.

Mostrar interesse também colabora para que o doente se sinta acolhido e divida informações sobre:

  • Identificação: nome, idade, ocupação, etc.
  • Queixa principal: o que motivou a busca por assistência em saúde. Se possível, anote a queixa usando as mesmas palavras do cliente
  • História da doença atual (HDA): quais são os sintomas, quando começaram, qual a intensidade e de que forma impactam no dia a dia do paciente
  • História familiar: patologias comuns a familiares próximos, como pais e irmãos, devem ser consideradas, pois diversas condições sofrem influência genética
  • História pessoal: foco no estilo de vida e condição atual do cliente. Por exemplo, se tem alguma alergia, se usa algum medicamento regularmente, se é fumante, se pratica atividade física, etc.
  • Revisão por sistemas: resumo sobre alterações percebidas no funcionamento dos sistemas corpóreos, com destaque para o aparelho cardiovascular.

Para completar o exame clínico, o médico prossegue para a avaliação física.

2. Avaliação física

Corresponde à aplicação de técnicas específicas que permitem identificar anomalias no aspecto ou funcionamento do coração, veias e artérias.

O exame físico é composto por:

  • Inspeção: consiste na observação visual do paciente. Dentro do diagnóstico cardíaco, se concentra em evidências de mau funcionamento do sistema cardiovascular, como edema nos membros inferiores
  • Palpação: reconhecimento de alterações na forma, textura e outros aspectos físicos incomuns, a exemplo de mãos e pés sempre frios
  • Percussão: avaliação dos sons emitidos por certas partes do corpo como resposta a toques e leves “golpes”
  • Ausculta: uso de equipamentos para ouvir e analisar os sons originados em alguns órgãos, em especial o músculo cardíaco.

Então, passamos ao raciocínio clínico.

3. Raciocínio clínico

Fundamental para formar uma hipótese diagnóstica, o raciocínio clínico é construído a partir da vivência e memória do médico.

Combinadas aos dados do exame clínico, elas permitem detectar quais condições podem estar na raiz do problema atual do paciente.

Dependendo do quadro, o diagnóstico cardíaco também envolve a solicitação de exames complementares.

4. Exames complementares

Dada a complexidade e importância do sistema cardiovascular, muitas vezes, são necessários exames complementares para confirmar ou afastar a hipótese diagnóstica.

Eles acrescentam dados essenciais para o correto manejo do paciente e a escolha do tratamento adequado.

Diagnóstico cardiovascular

Diferentes exames laboratoriais, eletrofisiológicos e de imagem dão suporte ao diagnóstico cardíaco

Quais são os exames de diagnóstico cardíaco?

Diferentes exames laboratoriais, eletrofisiológicos e de imagem dão suporte ao diagnóstico cardíaco.

Cabe ao médico determinar quais deles são necessários, o que costuma ser uma tarefa difícil.

Conforme menciona o artigo “Uso racional dos exames diagnósticos em cardiologia”:

“O cardiologista dispõe hoje de um amplo arsenal de exames diagnósticos, cada um baseado em diferentes princípios físicos e que tentam atender às necessidades da prática clínica. A falta de trabalhos comparativos entre eles em muitos cenários clínicos pode gerar incertezas quanto à real utilidade de cada um e pode levar à subutilização desses exames, mesmo quando eles são indicados, ou a seu emprego indiscriminado e exagerado”.

Daí a necessidade de que esses especialistas aprofundem os conhecimentos a respeito da metodologia de avaliação e questões elucidadas a partir dos registros de cada exame.

Acompanhe abaixo os principais exames que fazem parte da rotina dos serviços cardiológicos.

Eletrocardiograma

O ECG emprega eletrodos conectados a um monitor para amplificar e registrar a atividade elétrica cardíaca.

Os eletrodos são fixados no peito do paciente, captam e enviam os sinais correspondentes aos batimentos cardíacos ao monitor.

Em seguida, eles são transformados em gráficos de linha com oscilações no traçado – as ondas do eletrocardiograma.

Rápido, indolor e não invasivo, o exame é um dos mais solicitados por cardiologistas na suspeita de arritmias, além de infarto e aumento das cavidades cardíacas.

Holter cardíaco

Conhecido também como eletrocardiograma de longa duração, o holter usa um monitor portátil conectado aos eletrodos.

Essa flexibilidade permite que a avaliação se estenda por longos períodos, de um dia a até uma semana inteira.

Dessa forma, é possível detectar arritmias silenciosas, raramente registradas por um ECG de repouso.

Afinal, o exame dura poucos minutos.

Atividade de marcapasso ventricular, fibrilação atrial e taquicardia ventricular são exemplos de condições examinadas com o suporte do holter.

Teste ergométrico

Trata-se de um eletrocardiograma dinâmico, realizado enquanto o paciente se exercita em esteira ou bicicleta ergométrica.

Geralmente, é indicado para complementar os resultados do ECG convencional, ou quando o exame em repouso não mostra anormalidades em pacientes sintomáticos.

Arritmias e isquemia miocárdica são exemplos de patologias diagnosticadas com o auxílio do ECG de esforço.

MAPA

A Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial em 24 horas segue a dinâmica do holter, porém, realizando medições estendidas da pressão.

Por isso, tem grande valor no diagnóstico da hipertensão, evidenciando valores aumentados na maior parte do dia.

O MAPA usa um esfigmomanômetro colocado no braço do paciente, que envia dados a um monitor posicionado na cintura, registrando novas medicações a cada intervalo de 15 minutos.

Diagnóstico do coração

Telediagnóstico é o braço da telemedicina que viabiliza a emissão de laudos a distância

Ecocardiograma

Patologias congênitas, valvulopatias e insuficiência cardíaca são detectadas com a ajuda do ecocardiograma.

O exame consiste em uma ultrassonografia do coração, que fornece detalhes sobre sua forma, movimentos realizados e fluxo sanguíneo através das câmaras cardíacas.

Sua precisão aumenta quando é realizado com Doppler, resultando em imagens em 3D e cores.

Tomografia cardiovascular

A tomografia do coração e vasos sanguíneos emprega radiação ionizante para obter cortes transversais dessas estruturas.

Devido às características dos raios X, que são absorvidos em maior quantidade por tecidos densos, a TC permite identificar placas de ateroma na parte interna dos vasos coronários.

Nesse cenário, a tomografia contribui para o diagnóstico precoce da aterosclerose.

Ressonância magnética

Já a ressonância magnética usa um campo magnético combinado a ondas de rádio para produzir registros internos do coração, veias e artérias.

O procedimento oferece imagens de alta resolução, inclusive de partes moles, mostrando alterações devido a quadros inflamatórios (como pericardite), tumores e cardiopatias congênitas.

Cintilografia miocárdica

Exame de medicina nuclear, a cintilografia do coração emprega radiação para uma avaliação funcional do músculo cardíaco.

Para tanto, um radiofármaco é administrado por via intravenosa, emitindo sinais captados por um aparelho chamado gama câmara durante repouso e estresse.

As imagens auxiliam na detecção de patologias isquêmicas e tecidos necrosados após um infarto.

O que o diagnóstico cardíaco pode detectar?

Uma série de desordens podem ser identificadas por meio do diagnóstico cardíaco.

Comento as principais a seguir.

Infarto

Infarto é a necrose de células cardíacas devido à falta de irrigação sanguínea.

O bloqueio no fluxo de sangue é ocasionado por coágulos ou trombos.

Aterosclerose

Doença inflamatória crônica provocada pelo depósito de cálcio, gordura e outras substâncias que levam ao estreitamento das artérias.

Cardiopatia hipertensiva

Patologia que surge como complicação da hipertensão arterial sistêmica (HAS), a exemplo da hipertrofia ventricular esquerda.

Cardiomiopatia

Doença de origem primária que prejudica a anatomia e funções cardíacas, a cardiomiopatia pode ser dilatada, hipertrófica ou restritiva.

Fibrilação atrial

Ritmo patológico caracterizado por distúrbios na contração dos átrios, reduzindo a quantidade de sangue bombeada pelo coração.

Endocardite

Quadro inflamatório da membrana que recobre o músculo cardíaco internamente, afetando suas paredes e válvulas.

Como funciona o telediagnóstico cardíaco?

Telediagnóstico é o braço da telemedicina que viabiliza a emissão de laudos a distância.

O processo começa com a condução do exame normalmente pelo médico, técnico de enfermagem ou técnico em radiologia da equipe local.

Assim que o procedimento termina, o profissional compartilha os registros na plataforma de telemedicina, permitindo que sejam observados por um cardiologista online.

Softwares modernos como o da Telemedicina Morsch ficam hospedados na nuvem, podendo ser acessados a partir de qualquer dispositivo conectado à internet.

Basta informar login e senha para entrar no ambiente virtual.

Uma vez que os registros estejam no sistema, um cardiologista avalia as imagens ou gráficos sob a luz da suspeita clínica e histórico do paciente.

Em seguida, ele produz e assina digitalmente o laudo médico, liberando-o no sistema.

Quais as vantagens do telediagnóstico na cardiologia?

Ao optar pelo telediagnóstico, sua clínica ou hospital se beneficia com:

  • Laudos online entregues em minutos, ou em tempo real em caso de urgências
  • Resultados emitidos por especialistas na área do exame, com a garantia da assinatura digital nos padrões da ICP-Brasil
  • Troca de dados dentro de uma plataforma segura, protegida por mecanismos de autenticação e criptografia
  • Cardiologistas disponíveis a qualquer hora do dia ou da noite, inclusive feriados e finais de semana
  • Economia de tempo e dinheiro que seriam destinados aos deslocamentos
  • Ampliação do portfólio de exames sem comprometer o orçamento
  • Teleconsultoria com especialistas para esclarecer casos complexos
  • Opção de segunda opinião médica
  • Comodato de equipamentos como eletrocardiógrafo, holter e MAPA. Nesse sistema, você usa os aparelhos sem custo adicional ao contratar um pacote de laudos eletrônicos.

Gostou? Só falta entender como usar a tecnologia a favor do diagnóstico cardíaco.

Como usar a telemedicina no diagnóstico cardíaco?

Você não precisa fazer grandes adaptações para usar a telemedicina no seu estabelecimento.

Uma estrutura simples com computador ou notebook e conexão banda larga estável bastam para usufruir de uma plataforma em nuvem.

Afinal, ela dispensa a instalação de programas internos, uma vez que as informações ficam armazenadas num local protegido da internet.

Quanto aos equipamentos para exames, vale dar preferência aos digitais, pois eles permitem integração com o software de telemedicina.

Contudo, também é possível fazer adaptações nos seus aparelhos analógicos ou mesmo digitalizar os registros de exames para que sejam laudados a distância.

Por último, mas não menos importante, dê treinamento para que seus colaboradores estejam familiarizados com o sistema de telemedicina e os arquivos digitais.

A Telemedicina Morsch ajuda a reforçar a capacitação da sua equipe com tutoriais e outros conteúdos online dentro da plataforma.

Comece a aproveitar as vantagens da cardiologia a distância.

Conclusão

O diagnóstico cardíaco é sustentado por um processo analítico que combina exame clínico, raciocínio clínico e, se necessário, exames complementares.

ECG, holter, ressonância magnética e outros procedimentos podem ser laudados com mais agilidade via telediagnóstico no sistema Morsch.

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Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin