Risco cirúrgico cardiológico: quem precisa fazer e quais os exames requisitados?

Definir o risco cirúrgico cardiológico é um critério essencial antes de submeter o paciente a qualquer intervenção médica.
A partir desse conhecimento, o cardiologista tem condições de recomendar ou contraindicar uma cirurgia, a fim de prevenir complicações de saúde.
Nem todos os candidatos a operações precisam de uma avaliação detalhada, entretanto, há casos que pedem a realização de exames que vão além da abordagem básica, formada por anamnese e exame físico.
Tratarei desses procedimentos ao longo do artigo, abordando a importância e o funcionamento de uma avaliação pré-operatória detalhada.
Ao final, trago também soluções para auxiliar clínicas e hospitais na interpretação dos exames complementares, com o suporte da telemedicina.

O que é risco cirúrgico cardiológico?
Risco cirúrgico cardiológico pode ser definido como uma avaliação do sistema cardiovascular antes de uma cirurgia, realizada conforme protocolos criados por sociedades médicas do Brasil e do mundo.
Responsável por bombear o sangue que leva oxigênio e nutre todas as células do corpo, o músculo cardíaco precisa estar forte durante uma operação, a fim de que o organismo não entre em colapso.
No caso de cirurgias de emergência, não há tempo para examinar o paciente.
Entretanto, quando o procedimento é eletivo, é possível avaliar as condições do aparelho cardiovascular, que ficará sobrecarregado durante a operação.
Essa avaliação é feita segundo diretrizes de entidades médicas, que coletam dados sobre o histórico do paciente, antecedentes familiares, comorbidades e capacidade funcional para calcular as probabilidades de complicações cirúrgicas.

De modo geral, são empregados algoritmos que atribuem escores de acordo com a presença – ou não – de fatores de risco cirúrgico cardíaco.
Para tanto, seguem um protocolo que engloba:
- Anamnese: entrevista detalhada com o paciente
- Exame físico: um check up cardiológico para verificar as condições de saúde do paciente
- Exames subsidiários: procedimentos diagnósticos e laboratoriais, solicitados quando há fatores de risco.
A forma de avaliação depende da escolha do cardiologista, presença de doenças crônicas e tipo de operação realizada.
O risco durante intervenções cardíacas pode ser avaliado através do Sistema Europeu para Avaliação de Risco em Cirurgia Cardíaca (EuroSCORE).
Procedimentos em outras áreas se valem da classificação ASA (American Society of Anesthesiologists), Índice de Risco Cardíaco Revisado de Lee, entre outros.
Quem precisa fazer o risco cirúrgico cardiológico?
Como comentei antes, há casos que não precisam de uma avaliação detalhada, podendo se ater ao exame clínico (anamnese e avaliação física) durante a consulta com cardiologista.
Ele servirá para descartar possíveis fatores de risco ou novas queixas de saúde.
Esse raciocínio se aplica a pacientes menores de 65 anos que não tenham fatores de risco cardiovasculares ou histórico de doenças cardiovasculares, e que sejam candidatos a cirurgias de risco baixo ou intermediário.
Já quem possui uma patologia no sistema cardiovascular ou precisará passar por uma cirurgia de risco alto deverá incluir exames subsidiários em sua avaliação, a fim de dar respaldo ao cálculo do risco cirúrgico.

Risco cirúrgico cardiológico pode ser definido como uma avaliação do sistema cardiovascular antes de uma cirurgia
A importância do risco cirúrgico cardiológico para o sucesso da cirurgia
Uma avaliação pré-cirúrgica correta é indispensável para o sucesso de qualquer operação, uma vez que permite o controle de fatores de risco, estabilização do paciente e gera impactos na recuperação.

É consenso na medicina que, quanto mais elevado o risco cardíaco, maior a perda de funcionalidade em pacientes que passaram por operações cardíacas como intervenções nos vasos ou troca de válvulas cardíacas.
A conclusão é importante para uma tomada de decisão correta sobre em que momento o paciente deve ser operado, a fim de comprometer menos sua qualidade de vida.
Assim, adotar uma uma das classificações de risco cirúrgico auxilia na recomendação ou adiamento de uma operação não cardíaca.
Após cálculo seguindo o índice de Risco Cardíaco Revisado de Lee, por exemplo, é possível indicar a estabilização de pacientes com problemas cardíacos ativos (como arritmia severa), ou a avaliação da capacidade funcional por meio de exames complementares, a exemplo do teste ergométrico.
Ou seja, a determinação do risco cirúrgico cardiológico possibilita a realização de intervenções médicas no momento mais adequado, prevenindo complicações graves que poderiam causar sequelas ou levar o paciente à morte.
Objetivos do risco cirúrgico cardiológico
Uma avaliação completa e eficaz é aquela que reúne dados suficientes para diminuir complicações e aumentar a segurança do paciente durante a cirurgia.
Considerando essa premissa, destaco como objetivos principais do cálculo do risco cirúrgico cardiológico:
- Identificar e estabilizar condições cardíacas ativas
- Coletar informações suficientes para a tomada de decisões qualificadas
- Calcular a probabilidade da ocorrência de complicações na cirurgia, recomendando medidas para prevenir esses eventos
- Constatar a necessidade de interrupção ou modificação dos medicamentos em uso, como aqueles que interferem na coagulação sanguínea
- Recomendar que seja feita monitorização intra e pós-operatória
- Solicitar dispositivos de suporte durante a operação, como aparelhos de ventilação mecânica durante cirurgias cardíacas, que sobrecarregam os pulmões.
Entenda na sequência quais exames são solicitados para o cálculo do risco cirúrgico cardiológico.
Quais são os exames de risco cirúrgico cardiológico?
Como expliquei há alguns tópicos, o cálculo é feito com base em entrevista com o paciente (história clínica), exame físico e subsidiários, que nem sempre são solicitados.
Pacientes com menos de 65 anos, sem doenças crônicas ou sintomas e que serão submetidos a procedimentos simples, como uma endoscopia, não devem passar por exames complementares.
Isso porque a avaliação pré-operatória não serve para diagnosticar patologias, e sim para apontar a probabilidade de complicações.
Exames laboratoriais, por exemplo, podem causar pânico desnecessário caso apresentem resultados alterados.
Logo, cabe ao médico responsável pelo cálculo do risco cirúrgico solicitar ou não os procedimentos subsidiários.
Normalmente, esses exames auxiliam na avaliação de pacientes que possuem fatores clínicos de risco cirúrgico, a exemplo de diabetes e insuficiência renal.
Nessas situações, uma abordagem detalhada torna a operação mais segura, reduzindo impactos negativos, tempo de internação e recuperação.
A seguir, confira quais são e a finalidade dos exames para a avaliação pré-cirúrgica.
Hemograma
Popularmente chamado de exame de sangue, o hemograma completo pode ser solicitado para confirmar a presença de infecções, inflamações e doenças como a anemia (deficiência de ferro).
Glóbulos vermelhos, brancos e plaquetas são examinados, a fim de sinalizar qualquer anormalidade nas células sanguíneas.
Testes de coagulação
Provocadas ou não por medicamentos, as alterações na coagulação podem dificultar a cirurgia e a recuperação do paciente.
Imagine os impactos de uma grande operação para uma pessoa com distúrbio que dificulta a coagulação – ela tem chances maiores de sofrer uma hemorragia.

É o caso de diabéticos, que têm o fluxo sanguíneo diminuído e as células de defesa do corpo (glóbulos brancos) afetadas, o que dificulta o processo de cicatrização.
Dosagem de creatinina
Além de coração e pulmões, é fundamental que os rins estejam funcionando bem durante uma cirurgia, pois eles são os responsáveis por eliminar resíduos e substâncias tóxicas.
Como afirma este texto, assinado pelo nefrologista João Evangelista Teixeira Lima, a dosagem da creatinina é importante para detectar a insuficiência renal em fases precoces, uma vez que os sintomas só costumam aparecer tardiamente.
A creatinina sanguínea é um resíduo metabólico de uma substância vital para o funcionamento do sistema muscular: a creatina fosfato.
Depois de ser utilizada pelos músculos, ela forma creatinina, que é lançada na corrente sanguínea e deve ser excretada pelos rins.
Assim, níveis altos de creatinina indicam que os rins não estão conseguindo eliminar essa substância de forma adequada, provavelmente, devido à insuficiência.
Radiografia de tórax
O exame revela a anatomia interna torácica, auxiliando no diagnóstico e avaliação de problemas como desvios na traqueia, fraturas, cardiomegalias (coração aumentado) e pneumonias.
O raio-X do tórax deve ser recomendado com cautela, pois não há indícios de que ele beneficie pacientes assintomáticos com menos de 75 anos.
Em linhas gerais, a radiografia de tórax está indicada para maiores de 75 anos, pacientes sintomáticos ou que apresentem fatores de risco para doenças do pulmão.
Eletrocardiograma
Ao contrário dos demais procedimentos da avaliação de risco cirúrgico, que são válidos por até um ano, o eletrocardiograma deve ser repetido após dois meses para garantir que não há alterações importantes.
O ECG serve para monitorar os impulsos elétricos que garantem o funcionamento do músculo cardíaco, mostrando anormalidades como arritmias.
Esse procedimento é recomendado para candidatos a procedimentos de moderado ou alto risco, desde que tenham mais de 40 (homens) ou 50 anos (mulheres).
Transplante renal é um exemplo de procedimento moderadamente invasivo, que tem possibilidade de complicações de 1 a 5%.
Já as amputações são mais graves e têm potencial de 5% para complicações.
Teste ergométrico
Também chamado eletrocardiograma de esforço, esse exame é útil para determinar a capacidade cardíaca mediante esforço físico do paciente.
Diretrizes atuais separam os pacientes em quatro grupos distintos, formados a partir de uma combinação entre capacidade funcional (capacidade de realizar esforços em atividades rotineiras) e fatores de risco cardíaco durante a operação.
Portadores de doenças nas válvulas cardíacas, por exemplo, devem fazer o teste ergométrico após serem estabilizados, pois estão enquadrados na Classe I.
Indivíduos com três ou mais fatores de risco, baixa capacidade funcional e que passarão por grandes cirurgias se encontram na Classe IIa, na qual o ECG de esforço é provavelmente útil.
No grupo possivelmente beneficiado pelo exame (IIb) estão os pacientes com um ou dois fatores de risco, que passarão por procedimentos de médio ou alto risco.
O teste ergométrico não é indicado para pacientes que passarão por operações de baixo risco, ou aqueles que não possuem fatores de risco e enfrentarão cirurgias moderadamente invasivas.

Ecocardiograma transtorácico
O ecocardiograma transtorácico em repouso é um exame não invasivo que avalia a função ventricular, a presença de disfunções valvares e hipertrofia cardíaca.
Não é normalmente solicitado, porém, costuma ser indicado para candidatos a transplante hepático.
Eles têm o prognóstico afetado caso o paciente sofra de cirrose hepática, manifesta através de complicações como a hipertensão pulmonar.
Cintilografia miocárdica (teste de perfusão miocárdica)
Exame de imagem que permite avaliar o fluxo sanguíneo usando radiação, a cintilografia do coração ou miocárdica conta com etapas de repouso e estresse.
Esse procedimento de medicina nuclear é particularmente útil para investigar quadros de isquemia miocárdica induzida por esforço ou medicamento em pacientes que tenham restrição e não possam realizar o teste ergométrico.
É indicada apenas para casos em que haja fatores de risco cardiovascular ou diante de cirurgias de alto risco.
Angiotomografia coronariana
Popularmente conhecida como tomografia do coração, é um exame de diagnóstico por imagem que permite o estudo não invasivo das artérias coronárias.
A angio-TC viabiliza a detecção e a exclusão de doença luminal coronariana obstrutiva, assim como a detecção de placas não calcificadas na parede arterial, conforme explica este documento da Sociedade Brasileira de Cardiologia.
E contribui para a estratificação de risco cardiovascular, sendo indicada para pacientes cardiopatas ou que pertençam a grupos de risco para patologias cardiovasculares.
Quando o risco cirúrgico cardiológico indica adiamento?
Após o exame de risco cirúrgico, cabe ao médico responsável classificar o risco em categorias (baixo, moderado, alto ou muito alto).
Essa classificação é feita de acordo com modelos validados por sociedades médicas, como o risco cirúrgico Goldman, escala ASA (American Society of Anesthesiologists) ou EMAPO (Estudo Multicêntrico de Avaliação Perioperatória).
Caso o risco cirúrgico seja alto ou muito alto, a operação costuma ser contraindicada.
Já nos casos de risco moderado, ela pode ser adiada até que a condição clínica do paciente melhore como resposta à adoção de um tratamento, por exemplo.
Cada caso é analisado separadamente, considerando o estado de saúde do doente, fatores de risco e a classificação das cirurgias.
A telemedicina no auxílio dos exames pré-operatórios cardiológicos
Hospitais e clínicas que oferecem exames subsidiários para a determinação do risco cirúrgico cardiológico podem se beneficiar com o telediagnóstico.
Essa disciplina emprega tecnologias da informação e comunicação (TICs) para viabilizar a emissão de laudos a distância para diversos exames em cardiologia, incluindo o ECG, teste ergométrico e raio X de tórax.
Veja, abaixo, detalhes sobre cada procedimento.

Há casos que não precisam de uma avaliação detalhada, podendo se ater ao exame clínico
Laudo a distância do eletrocardiograma
Rápido, simples, indolor e não invasivo, o ECG de rotina gera resultados em poucos minutos.
Quando realizado com um eletrocardiógrafo digital, as informações coletadas chegam a um software instalado em computador, capaz de transformá-las em registros digitais.
Os dados são compartilhados via plataforma de telemedicina, laudados a distância e liberados na mesma área online.

Laudo a distância do raio-X
Exames radiográficos ganham maior acurácia com o suporte do aparelho de raio-X digital, que transforma os registros do exame em pixels (os menores pontos em uma imagem digital).
Portanto, a radiografia do tórax forma imagens mais nítidas, que podem ser ampliadas pelos especialistas da empresa de telemedicina para melhor interpretação.
Os laudos são assinados digitalmente e liberados em minutos.
Laudo a distância para o teste ergométrico
Realizado sob estresse provocado por exercício físico em esteira ou bicicleta, ou, ainda, por medicamentos, esse exame também pode ser avaliado a distância.
Basta que seja utilizado um monitor digital e os dados colhidos sejam compartilhados através do portal de telemedicina.
Em seguida, cardiologistas experientes farão a análise dos gráficos e produzirão o laudo de teste ergométrico a distância.
Telemedicina Morsch: referência no cálculo do risco cirúrgico
Segundo exigências do Conselho Federal de Medicina, exames simples de diagnóstico podem ser conduzidos por médicos generalistas, técnicos em radiologia ou enfermagem.
Porém, apenas especialistas podem emitir o laudo médico do exame.
Em um país com grandes desigualdades como o Brasil, esses profissionais se concentram em capitais e grandes centros urbanos, enquanto localidades afastadas dificilmente contam com seus serviços.
Mas a telemedicina está mudando esse quadro.
A Morsch tem parceria com negócios de todos os portes e regiões, colaborando para a democratização do acesso a especialistas e laudos confiáveis.
Qualquer consultório, clínica ou hospital pode contratar o serviço de laudos a distância, bastando que treine um profissional para fazer exames utilizando equipamento digital.
Ao final do exame, os registros serão captados por um software que os converte em arquivos digitais, que podem ser armazenados ou transmitidos facilmente.
Uma vez compartilhados via software de telemedicina, eles ficam visíveis para uma equipe completa de especialistas, que vão interpretar os dados sob a luz do histórico do paciente e suspeita clínica.
Depois, emitirão o respectivo laudo médico, assinado digitalmente para garantir sua autenticidade.
O documento é, então, disponibilizado para o cliente no próprio portal de telemedicina online.
Na Morsch, todo esse processo ocorre em minutos, enquanto pedidos urgentes são avaliados em tempo real.
Além de exames cardiológicos, procedimentos em neurologia, pneumologia e radiologia podem ser laudados a distância, com toda a comodidade e segurança.
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Conclusão
Vimos, neste artigo, a finalidade, relevância e principais exames que compõem a avaliação de risco cirúrgico cardiológico.

Também ficou evidente o suporte que a telemedicina pode prestar às unidades de saúde que realizam exames complementares, por meio da emissão de laudos online.
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