Risco cirúrgico Goldman: entenda como é feita a avaliação

Por Dr. José Aldair Morsch, 12 de setembro de 2022
Risco cirúrgico Goldman

O índice de risco cirúrgico Goldman tem contribuição inegável para a avaliação preventiva do paciente.

Divulgada na década de 1970, a ferramenta permite calcular as chances de óbito e complicações a partir de diferentes fatores de risco.

E, por consequência, avaliar se a operação está indicada ou contraindicada.

Não é à toa que a classificação inspirou diversas revisões.

Afinal, colabora para a elaboração dos índices de Detsky, Larsen e o índice cardíaco revisado de Lee.

Porém, os critérios de Goldman seguem atuais e relevantes para a avaliação do risco cirúrgico, como apresento nas próximas linhas.

Acompanhe o texto até o final para saber mais sobre o escore, definições e de que forma a telemedicina auxilia na avaliação pré-operatória.

O que é risco cirúrgico Goldman?

Índice de risco cirúrgico Goldman é um modelo multifatorial empregado na avaliação de candidatos a cirurgias eletivas.

Considerando fatores como idade, estenose aórtica e arritmias, a ferramenta atribui um escore que é relacionado a maior ou menor risco de complicações decorrentes da operação.

Segundo detalha o estudo “Avaliação Pré-Operatória do Paciente Cardiopata”:

“A partir da análise retrospectiva de 1001 pacientes, submetidos a cirurgias não cardíacas de grande porte, foi possível identificar as situações associadas ao aumento dos eventos adversos cardiovasculares perioperatórios”.

O tipo de procedimento também é levado em conta para definir se os benefícios superam os riscos – condição para a liberação da cirurgia.

Tanto a escala de Goldman quanto outros modelos validados por sociedades médicas são importantes para indicar ou contraindicar as operações, que sempre oferecem risco de morbidade e mortalidade.

Afinal, são procedimentos invasivos e, quando realizados em indivíduos debilitados ou com comorbidades, elevam as chances de agravos durante e após a cirurgia.

Em especial pela sobrecarga ao aparelho cardiovascular.

Daí a necessidade de fazer a avaliação pré-operatória para analisar as condições desse sistema, além do estado clínico geral do paciente.

O exame de risco cirúrgico costuma incluir:

Na sequência, detalho os critérios do índice de Goldman.

Critérios de Goldman para o risco cirúrgico

Como adiantei acima, Goldman emprega dois tipos de critérios para classificar o risco cirúrgico: fatores de risco e tipo de cirurgia.

Sua correlação com o estado do paciente serve de base para o cálculo do escore, como explico no próximo tópico.

Neste espaço, trago a lista de critérios, que você confere na tabela abaixo.

Fatores de risco cirúrgico por Goldman Pontuações (escore)
Idade maior que 70 anos 5 pontos
Infarto agudo do miocárdio há menos de 6 meses 10 pontos
B3 ou estase de jugular 11 pontos
Importante estenose aórtica 3 pontos
Arritmia não sinusal ou sinusal com contração atrial prematura em último ECG pré-operatório 7 pontos
Mais de 5 extrassístoles ventriculares (ESV/min) em qualquer momento antes da cirurgia

7 pontos

 

Más condições gerais (PaO2 <60 mmHg; PaCO2 >50 mmHg; K< 3 Meq/L; HCO3 <20 Meq/L; Uréia >50 mg/dl; Creatinina>3 mg/dl; doença hepática crônica e doentes acamados)

3 pontos

 

Cirurgia intra-abdominal, intratorácica ou aórtica 3 pontos
Cirurgia de emergência 4 pontos

Fonte: adaptado de “Multifactorial Index of Cardiac Risk in Noncardiac Surgical Procedures”, disponível neste link.

Entenda o escore Goldman pré-cirúrgico

Como acabei de mostrar na tabela acima, Goldman atribui pontos de acordo com os fatores de risco presentes.

Ao final do exame de risco cirúrgico, a pontuação é somada para atribuir o devido escore, enquadrando o paciente em uma das quatro classificações do modelo.

Desse modo, é possível estimar a probabilidade de complicações cardíacas graves, a exemplo de IAM, edema agudo de pulmão, taquicardia ventricular e morte.

Risco cirúrgico Goldman classe 1

A classe 1 reúne pacientes com escore entre 0 e 5 pontos.

De maneira geral, o risco de complicações é estimado em 0,7%, e o de óbito fica em 0,2%.

Contudo, o risco sobe para 3% caso o indivíduo tenha mais de 40 anos e já tenha passado por aneurismectomia da aorta abdominal.

A porcentagem aumenta para 1,2% para pessoas com mais de 40 anos que irão passar por cirurgias de grande porte.

Risco cirúrgico Goldman 2

Atribuída para escores de 6 a 12 pontos, a classificação 2 representa risco geral de 5% para complicações e 2% para óbito.

Para candidatos com mais de 40 anos, o risco alcança 4% se a operação for de grande porte.

E 10% caso já tenham se submetido a aneurismectomia da aorta abdominal.

Índice de Goldman

O escore Goldman de risco cirúrgico atribui pontos de acordo com os fatores de risco presentes no procedimento

Risco cirúrgico Goldman 3

Enquadra indivíduos com escore entre 13 e 25 pontos.

O risco geral é mais elevado, ficando em 11% para complicações e 17% para morte.

Assim como as chances de eventos adversos para pacientes maiores de 40 anos, que atingem 30% quando já foi feita aneurismectomia da aorta abdominal.

Risco cirúrgico Goldman 4

Essa é a classificação mais grave, com escore acima de 25 pontos.

Devido à condição debilitada, o paciente tem risco de 22% para complicações e 56% para óbito em decorrência da cirurgia.

Caso seja maior de 40 anos e tenha passado por aneurismectomia da aorta abdominal, as chances de eventos adversos disparam para 75%.

Como a telemedicina agiliza a avaliação pré-operatória

Embora seja rotineira em muitos serviços de saúde, a avaliação de risco cirúrgico demanda conhecimentos multidisciplinares.

Contudo, nem sempre há especialistas de plantão para laudar os exames pré-operatórios, o que atrasa a liberação para a cirurgia e pode comprometer os resultados desse tratamento.

Mas existe uma solução simples e tecnológica para essa questão: usar uma plataforma de telemedicina como o sistema Morsch.

A partir de alguns cliques, você poderá contar com um time completo de especialistas de diferentes áreas médicas, prontos para interpretar exames à distância.

Basta compartilhar os registros dos procedimentos e dados do paciente no sistema para receber laudos online em minutos.

Emergências são atendidas em tempo real, utilizando ferramentas como a videoconferência para auxiliar sua equipe.

Acesse esta página e comece a otimizar os resultados do exame de risco cirúrgico com o suporte da Telemedicina Morsch!

Conclusão

Abordei neste artigo detalhes sobre critérios e classificações adotadas pelo índice de risco cirúrgico Goldman.

Se ficou alguma dúvida ou sugestão, deixe seu comentário.

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Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin