Quais são as principais doenças respiratórias e como detectar?

Por Dr. José Aldair Morsch, 9 de abril de 2021
Doenças respiratórias: quais são as principais e como detectar?

As doenças respiratórias estão associadas às principais causas de morte ao redor do mundo. Por isso, é importante manter-se atento aos seus riscos e particularidades.

Enquanto existem patologias de fácil tratamento, outras podem ser crônicas e exigir acompanhamentos mais longos, que em certos casos podem durar toda a vida. 

Elas podem afetar indivíduos de todas as idades, e são provocadas tanto pelo estilo de vida do paciente, quanto pela má qualidade do ar ou mesmo por fatores genéticos.

A seguir, entenda melhor o que são doenças respiratórias, seus tipos, quais as mais comuns, suas causas, diagnósticos, melhores opções de tratamento, meios de prevenção e muito mais.

O que são doenças respiratórias?

As doenças respiratórias, como o próprio nome indica, são aquelas que afetam as estruturas e os órgãos que fazem parte da região respiratória. Isso inclui: 

  • Faringe;
  • Brônquios;
  • Vias nasais;
  • Laringe;
  • Diafragma;
  • Traqueia;
  • Pulmões;
  • Alvéolos.

Em geral, essas patologias provocam irritações e inflamações no sistema respiratório. A obstrução das vias áreas também é comum, e dificulta a respiração completa.

Enquanto certas doenças respiratórias começam no nariz ou na traqueia, espalhando-se para outras regiões, outras acometem ou iniciam-se somente nos pulmões.

Além disso, também é comum que outros sistemas ou órgãos sejam atingidos, em especial a boca. Inclusive, certos medicamentos utilizados para o tratamento de doenças respiratórias podem ressecar a mucosa bucal, favorecendo a placa bacteriana, problemas como a gengivite e até infecções fúngicas.

A lógica contrária também é válida: certas doenças que atingem outros setores do organismo podem afetar os pulmões e o sistema respiratório, provocando as patologias respiratórias e agravando seus riscos.

A complexidade e os diferentes fatores associados a esse tipo de problema só reforçam o quanto é fundamental ficar atento aos seus sintomas, correto tratamento e principais meios de prevenção. Saiba mais ao longo do artigo.

Quais são os tipos de doenças respiratórias?

As doenças respiratórias são classificadas de acordo com o seu padrão de duração. Elas podem ser:

  • Agudas: que começam rapidamente, demandam um tratamento curto e podem ser curadas em, no máximo, três meses;
  • Crônicas: que iniciam gradualmente, exigem remédios e tratamentos prolongados e duram mais de três meses (podendo, inclusive, prolongar-se por toda vida).

Vale relembrar que, além das causas externas, as doenças respiratórias também podem ser genéticas.

Isso significa que algumas pessoas já podem nascer com elas. O exemplo mais comum desse tipo de situação é a asma.

Já as patologias agudas podem surgir por diferentes fatores (que explicarei adiante), mas as mais comuns são as infecções respiratórias.

Principais doenças respiratórias no Brasil

Para entender melhor como são as doenças respiratórias mais comuns, é importante também separá-las entre as agudas e as crônicas, já que cada caso conta com características próprias.

Quais as principais doenças respiratórias no Brasil?

Veja quais são as principais patologias em cada situação e suas peculiaridades mais marcantes:

Principais doenças respiratórias crônicas

Normalmente, as doenças respiratórias crônicas atingem o pulmão e são ligadas a inflamações de longa duração. Indivíduos expostos à poeira, poluição, fumantes e alérgicos estão no grupo de risco. 

As principais patologias do grupo incluem:

  • Asma: caracteriza-se pela inflamação interna das estruturas do pulmão, que causa inchaço e dificulta a passagem de ar. Seus sintomas incluem falta de ar, fadiga e tosse sem catarro;
  • Rinite crônica: é uma inflamação interna do nariz, que pode ser alérgica ou não. Os sintomas são espirros, tosse seca, coriza, coceira no nariz, entupimento nasal e dor de cabeça;
  • DPOC: se refere a um conjunto de doenças pulmonares obstrutivas crônicas, como enfisema e bronquite. O principal sintoma é a falta de ar, além de tosse persistente com catarro;
  • Tuberculose: é uma doença contagiosa bacteriana, que afeta o pulmão e às vezes órgãos como coração, rins e até ossos. Seus sintomas mais marcantes são dor para respirar, febre, perda de peso, falta de ar e tosse com sangue;
  • Sinusite crônica: é marcada pela obstrução de muco e pelo inchaço nos espaços internos vazios da face e do nariz. Provoca sensibilidade nos olhos, nariz entupido, dor no rosto, tosse e dor de garganta.

Principais doenças respiratórias agudas

Por sua vez, as doenças respiratórias agudas geralmente são causadas por infecções no sistema respiratório. 

Elas exigem tratamento imediato e muitas vezes têm cura rápida. Em alguns casos, podem evoluir para condições crônicas. Além disso, muitas delas são contagiosas. 

As mais comuns são:

  • Gripe: muito conhecida pelas pessoas, é causada pelo vírus Influenza. Pode durar até 10 dias e tem sintomas clássicos, como tosse, coriza, dor de cabeça e febre;
  • Pneumonia: compromete os alvéolos pulmonares e pode ser provocada por vírus, fungos ou bactérias. Os sintomas podem variar de acordo com cada em indivíduo, mas os mais comuns são falta de ar, febre alta, calafrios, tosse com catarro e dor para respirar;
  • SDRA: a síndrome do desconforto respiratório agudo é marcada pelo acúmulo de líquido nos alvéolos e pelo comprometimento da oxigenação sanguínea. Pode acometer pessoas com outras doenças respiratórias avançadas ou pode ser provocada por afogamentos, inalação de gases tóxicos ou ferimentos no tórax. Seu sintoma é a falta de ar intensa, que pode impossibilitar a respiração sem a ajuda de equipamentos hospitalares;
  • Faringite: é uma infecção viral ou bacteriana que afeta a laringe, que corresponde à região mais funda da garganta. Pode causar febre, sensação de garganta arranhada e dor para engolir;
  • Bronquite aguda: se caracteriza pela inflamação dos brônquios. Normalmente é viral e gera sintomas parecidos com os da gripe, como tosse, coriza e febre. Outros sinais comuns incluem chiado no peito, dores nas costas e cansaço.  

Quais são as causas das doenças respiratórias?

Como mencionei anteriormente, as doenças respiratórias podem ser causadas tanto por fatores externos, quanto por hábitos e até pela genética do próprio indivíduo. 

Veja abaixo um compilado dessas situações e seus detalhes mais importantes:

  • Poluição: com destaque para o monóxido e dióxido de carbono presentes no ar, que favorecem as patologias que afetam os pulmões;
  • Infecções por vírus: que normalmente geram a inflamação dos brônquios, pulmões e vias respiratórias, provocando rinites, sinusites, pneumonias, entre outras doenças relacionadas;
  • Fungos: suspensos no ar, principalmente em ambientes fechados, são extremamente alérgicos, sendo ligados à asma, pneumonia, bronquite e rinite;
  • Má circulação de ar: além dos fungos, bactérias e outros agentes alérgicos também se acumulam em locais muito fechados;
  • Medicamentos: certas substâncias usadas para tratar outras doenças podem causar reações alérgicas, que atingem pulmões e vias respiratórias;
  • Químicos em geral: outros químicos como produtos de limpeza e desinfetantes podem gerar crises de alergia ou de asma;
  • Ácaros: são pequenos aracnídeos, invisíveis ao olho nu, que se acumulam em tapetes, colchões e pelúcias. Podem gerar alergias em pessoas sensíveis;
  • Tabagismo: o cigarro possui centenas de substâncias prejudiciais que enfraquecem o sistema respiratório e favorecem o surgimento de doenças na região;
  • Má alimentação e falta de hidratação: são fatores que enfraquecem o organismo e facilitam a ação de bactérias ou vírus;
  • Animais de estimação: muitas vezes os pelos de cachorros e gatos causam alergias em pessoas mais sensíveis;
  • Ambiente ou tempo seco: que causam ressecamento, dificuldade para respirar e inclusive favorecem a proliferação de bactérias;
  • Outras patologias: algumas doenças em outras regiões do corpo podem acabar atingindo o sistema respiratório e desencadeando problemas na área;
  • Fatores genéticos: certas doenças respiratórias são genéticas e podem ser passadas entre descendentes da mesma família.

Como detectar as doenças mais comuns?

Levando em consideração que as doenças respiratórias agudas podem se tornar crônicas caso não sejam tratadas adequadamente, e que muitas patologias do tipo podem evoluir para quadros mais graves (e até fatais), é fundamental buscar apoio médico sempre que um sintoma for percebido.

Saiba como detectar as doenças mais comuns

Durante a primeira consulta, o especialista realizará uma investigação clínica. Isso inclui a avaliação sobre os hábitos e o histórico do paciente.

O médico irá verificar se outros familiares têm doenças respiratórias, se o paciente é fumante, se já teve outros episódios de falta de ar ou sintomas relacionados, se possui tosse persistente, se já tomou medicamentos broncodilatadores, entre outros pontos semelhantes.

Depois dessa primeira análise, alguns exames laboratoriais, físicos e de imagem são importantes para determinar o diagnóstico e reconhecer o nível de gravidade da possível patologia. 

Os mais comuns de serem solicitados são:

  • Teste de função pulmonar;
  • Broncoscopia;
  • Raio-X do peito;
  • Cultura de microrganismos de secreções;
  • Testes alérgicos;
  • Tomografia;
  • Ultrassonografia para detecção de fluidos;
  • Espirometria;
  • Biópsia do pulmão;
  • Polissonografia.

A partir dessas avaliações, o especialista poderá determinar o tratamento mais adequado para o paciente.

Quais são as melhores opções de tratamento?

Muitos são os possíveis tratamentos para as doenças respiratórias. Como cada caso conta com características muito próprias, a intervenção depende diretamente do diagnóstico, das condições físicas do paciente e da gravidade da patologia.

Sendo assim, a orientação médica é imprescindível para o uso dos medicamentos e para os meios certos de tratamento. Eles podem incluir:

  • Inalação com oxigênio e soro fisiológico;
  • Fisioterapia respiratória;
  • Ventilação líquida e mecânica;
  • Vacinação;
  • Radioterapia;
  • Intervenção cirúrgica para casos de maior gravidade.

Nas doenças respiratórias crônicas, o principal objetivo dos tratamentos é aliviar os sintomas ou eliminá-los gradualmente. Portanto, as intervenções são mais prolongadas nessas situações. Em casos em que a cura não é possível, a finalidade é evitar crises e agravamentos, dando mais qualidade de vida ao paciente.

Como evitar crises de doenças como essas?

Como citei acima, mesmo que algumas patologias crônicas não sejam passíveis de cura, é possível que elas sejam aliviadas para que o paciente leve uma vida normal.

Como evitar crises de doenças como essas?

Além disso, muitas doenças respiratórias podem ser evitadas por meio de alguns cuidados e hábitos saudáveis.

Seja para reduzir o agravamento dos casos, ou para impedir a manifestação de crises, os melhores hábitos incluem:

  • Lavar as mãos constantemente, para evitar a ação de contaminantes e agentes alérgicos;
  • Não fumar, já que o tabagismo (e até a fumaça do cigarro) é extremamente prejudicial para o sistema respiratório;
  • Hidratar-se, para prevenir gripes, resfriados e alergias, e também manter uma alimentação equilibrada, que reforça o sistema imunológico;
  • Evitar respirar pela boca, já que o nariz atua na limpeza de impurezas e no aquecimento do oxigênio, evitando a ação de substâncias nocivas;
  • Dormir bem, pois isso equilibra o metabolismo e fortalece o sistema imune;
  • Manter a carteira de vacinação, que é importante tanto para evitar quadros comuns como a gripe, quanto para amenizar doenças crônicas como a pneumonia;
  • Fazer nebulização caso já tenha doenças respiratórias, pois isso desobstrui as vias nasais e facilita a passagem de ar;
  • Lavar o nariz com soro fisiológico periodicamente, para eliminar bactérias e outros invasores;
  • Evitar ambientes secos ou com ar-condicionado, pois o ar com pouca umidade resseca as mucosas e favorece a ação de microrganismos;
  • Escovar os pelos de animais de estimação, para que pelos em excesso não fiquem no ar ou nas roupas e provoquem alergia.

Prestando apoio e cuidados ao paciente e à família

Tenha em mente que muitas doenças respiratórias crônicas exigem mudanças no estilo de vida do paciente, pois só assim é possível evitar agravamentos e crises.

Para garantir mais qualidade de vida aos indivíduos, os médicos devem ter atenção ao ouvir suas queixas, estipular abordagens terapêuticas para aliviar os seus sintomas e garantir um atendimento humanizado para lidar com situações. Afinal, muitas vezes, os ocorridos podem ser delicados e frustrantes para o paciente.

Nesse sentido, é muito importante conhecer o estilo de vida de quem é atendido, o meio em que convive, seus padrões familiares e ocupacionais, entre outros fatores que possam estar ligados ao desencadeamento dos quadros respiratórios.

Inclusive, é essencial que os familiares sejam incluídos nos tratamentos dos casos crônicos. Dessa forma, é possível que os mesmos possam prestar apoio na mudança comportamental, nos cuidados ligados ao ambiente, no reconhecimento de agravamentos e na busca pelo bem-estar contínuo do paciente.

A Telemedicina Morsch e a assistência remota

As doenças respiratórias crônicas exigem um contato contínuo entre médicos e pacientes, tanto para acompanhar a evolução dos casos, quanto para prestar orientações de rotina, tirar dúvidas, sanar crises e prestar pronto atendimento caso a patologia eventualmente se agrave.

Nesse sentido, a Telemedicina na pneumologia pode ser decisiva! Isso porque, permite que o acesso aos especialistas seja mais fácil, recorrente, barato, prático e independente de limitações geográficas.

Por exemplo, nas teleconsultas com telemonitoramento, é possível realizar atendimentos à distância, que dependem apenas do acesso à internet e garantem que o paciente seja devidamente orientado, avaliado e encaminhado quando necessário.

Já nos telediagnósticos, os indivíduos podem ter acesso a testes como a espirometria remota. Enquanto os médicos que realizam exames presenciais, podem também contar com o apoio de centrais de especialistas para terceirizar seus laudos.

Por falar no apoio à distância de especialistas, na modalidade de teleinterconsulta é possível que médicos generalistas, ao atender casos complexos de doenças respiratórias, tenham contato com pneumologistas de excelência, seja na obtenção de segundas opiniões, no auxílio diagnóstico ou mesmo para prestar apoio no tratamento.

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Conclusão

As doenças respiratórias podem ter diferentes origens, causas, características e padrões de gravidade.

Em todos os casos, é fundamental ficar atento aos sintomas e buscar o devido auxílio clínico, tanto para evitar os problemas relacionados aos seus sintomas, quanto para impedir que o quadro evolua ou que crises severas surjam.

Nesse ponto, a Telemedicina pode ser fundamental para prestar apoio a médicos e pacientes, pois torna todas as intervenções mais práticas, acessíveis e alinhadas à recorrência exigida para cada intervenção.

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Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin