Como diagnosticar, tratar e prevenir novos casos de sinusite?

Por Dr. José Aldair Morsch, 9 de julho de 2021
Como diagnosticar, tratar e prevenir novos casos de sinusite?

A sinusite é uma condição de saúde que afeta grande parte da população. Inclusive, isso faz com que muitas pessoas não deem a devida atenção ao seu tratamento correto.

Ainda que grande parte dos casos seja leve, em manifestações mais severas, ela pode gerar complicações que afetam o globo ocular e até mesmo o cérebro. O que gera riscos de perda de visão e até de abscesso cerebral.

Logo, não importa qual seja a situação, é imprescindível que os pacientes compreendam a patologia, seus sintomas, diagnóstico, meios de combate e prevenção.

Por isso, preparei este artigo com informações completas sobre o tema e seus principais pontos de atenção. Acompanhe!

O que é sinusite? 

Primeiramente, a sinusite, ou sinusopatia, é uma doença respiratória que causa a inflamação dos seios paranasais, também conhecidos como seios da face.

Em resumo, esses seios são cavidades dentro do rosto, que armazenam ar e ficam atrás dos olhos e na parte central da testa. 

Sendo assim, ela pode ter múltiplas causas, sendo que as principais alérgicas, uma vez que 30% da população brasileira possui algum tipo de alergia nas vias respiratórias. 

Contudo, é preciso atentar-se ao fato de que a sinusite também pode ocorrer por conta de vírus, fungos e bactérias. Em alguns casos, ainda pode ser consequência de doenças autoimunes e outros problemas no sistema imunológico. 

Em muitos pacientes, a doença surge junto com a rinite, em um quadro conhecido como rinossinusite. 

Inclusive, isso pode gerar certa confusão entre as duas patologias. Portanto, é importante conhecer suas diferenças para garantir o devido tratamento e prevenção.

Logo abaixo, explico melhor como elas se diferem. 

Qual é a diferença entre rinite e sinusite?

Como citei acima, rinite e sinusite são doenças diferentes, ainda que a primeira condição possa desencadear a segunda e ambas se manifestem de forma conjunta. 

Em geral, a rinite se limita apenas à região do nariz, enquanto a sinusite se espalha para os seios da face. 

Os sintomas característicos da rinite incluem espirros, nariz entupido, coriza e coceira nasal. Já a sinusite provoca pressão na face, tosse, secreção e também entupimento. 

Nos casos em que as condições ocorrem simultaneamente, é comum que isso ocorra por vírus respiratórios, como influenza, rinovírus e parainfluenza.

Tipos comuns de sinusite 

Tipos comuns de sinusite

A sinusopatia se classifica em diferentes tipos, que variam de acordo com a duração dos seus sintomas:

  • Aguda: quando a doença se manifesta por menos de 4 semanas;
  • Subaguda: é aquela em que os sintomas duram de 4 a 12 semanas;
  • Crônica: caracteriza-se pela duração maior que 12 semanas;
  • Recorrente: quando as manifestações ocorrem mais de 4 vezes no ano.

O que causa sinusite?

Conforme mencionei anteriormente, a sinusite pode ser viral, bacteriana, fúngica, alérgica ou ainda decorrente de outras condições de saúde.

Além das disfunções do sistema imune, ela pode advir de alterações nos seios faciais ou na anatomia do rosto. 

Ainda, é possível que ela se desencadeie por exposição a certos agentes químicos e, em casos mais raros, pela presença de um tumor.   

Nesse sentido, as manifestações alérgicas tendem a ter um tratamento mais desafiador, pois é difícil identificar os fatores causadores da alergia. 

Logo, qualquer indivíduo pode sofrer com a doença. Porém fumantes, pessoas com doenças respiratórias ou expostas ao excesso de poeira ou tóxicos são mais suscetíveis. 

Além disso, outros grupos de risco incluem usuários de corticoides, diabéticos, imunodeprimidos, idosos e bebês. 

No caso da sinusite aguda, a maioria é de origem alérgica ou viral, e são recorrentes os casos em que ela evolui para sinusite bacteriana.

Isso porque a obstrução do muco presente nos seios faciais cria as condições ideais para a proliferação de bactérias. Nessas situações, o problema não é completamente curado e pode evoluir para a sinusite crônica

Quais são os sintomas de sinusite? 

Os sintomas de sinusite mais comuns incluem:

  • Dor no rosto;
  • Entupimento nos ouvidos;
  • Tosse, que é mais recorrente à noite;
  • Perda leve do olfato e do paladar;
  • Congestão nasal;
  • Dor em volta dos olhos;
  • Corrimento purulento no nariz, que costuma ser amarelado;
  • Dor na parte superior da arcada dentária;
  • Sensação de pressão ao abaixar a cabeça;
  • Dor de cabeça.

Nesse sentido, um dos sinais mais clássicos da patologia é a dor ao pressionar os dedos sobre os seios nasais. Principalmente naqueles superficiais, que ficam na parte frontal do rosto e na região dos maxilares. 

Além disso, outro ponto importante é a presença de tosse com expectoração amarelada e de secreção nasal. Às vezes, isso faz com que os pacientes confundam a sinusite crônica com doenças como a bronquite

Isso só reforça a importância do apoio médico para identificar corretamente a condição e evitar a automedicação.

Assim, é possível fazer o diagnóstico correto e o melhor tratamento, sem riscos para o paciente. Abaixo, confira como é feita essa identificação!

Como se dá o diagnóstico de sinusite? 

Como se dá o diagnóstico de sinusite?

Para orientar o tratamento para sinusite, o diagnóstico é feito por meio de análises clínicas e pode contar com outros exames como complemento.

Em geral, a consulta médica ocorre quando o paciente apresenta os sintomas da doença por mais de 7 dias, se há manifestações crônicas, se a doença é aguda e se repete constantemente, ou ainda se tratamentos anteriores não tiveram sinais de melhoria.  

Assim, na fase clínica, o médico analisa os olhos, garganta, nariz e os próprios seios nasais. Além disso, é feita uma investigação por meio de perguntas específicas sobre o que a pessoa sente.  

Normalmente, isso inclui questionamento sobre quais os sintomas percebidos, quando eles começaram, o que parece melhorá-los ou piorá-los, se há uma alergia diagnosticada, se houve infecção respiratória recente, se o indivíduo é fumante (ativo ou passivo), quais medicamentos ingere e se existem outros problemas de saúde no seu histórico.

Junto a essa investigação, é possível solicitar também alguns tipos de exames. Os principais são:

Exames de imagem

Apesar de não ser um procedimento de rotina, certos casos podem demandar uma tomografia computadorizada.

Por meio dela, é possível visualizar os seios faciais e a área nasal para identificar obstruções físicas não vistas no endoscópio ou inflamações mais profundas.

Além disso, a tomografia também permite verificar a anatomia do nariz que, caso se altere, pode exigir a realização de uma cirurgia.

Endoscopia nasal

Por sua vez, a endoscopia é mais comum para o diagnóstico da sinusite e consiste na inserção de um tubo fino e flexível dentro do nariz.

Esse tubo se chama endoscópio e possui uma luz de fibra óptica na ponta, que permite ao médico visualizar o interior das cavidades nasais. 

Testes de alergia

Sempre que a suspeita for de sinusite alérgica, a recomendação é fazer um teste para alergias de pele.

Isso porque ele se baseia em diferentes técnicas, mas sua finalidade é reconhecer o agente alérgeno que provoca a reação no organismo.

Exame de sangue ou suor

Em casos mais raros, exames sanguíneos podem identificar patologias ligadas a problemas no sistema imunológico e que desencadeiam a sinusite.

Além disso, outro procedimento pouco comum é o de identificação de cloro presente no suor, que aponta a ocorrência de fibrose cística.

Cultura nasal

Quando a sinusite crônica não responde a tratamentos anteriores, o médico pode partir para a cultura de tecidos nasais.

Essa análise auxilia na identificação das causas da doença, como fúngicas ou bacterianas. Em determinadas situações, os cílios nasais também são investigados, para averiguar se o seu funcionamento está normal. 

Como é feito o tratamento da sinusite?

A sinusite aguda tende a ter uma melhoria espontânea em um período de 7 a 10 dias. Por isso, o tratamento visa apenas diminuir seus sintomas. 

O mesmo é válido para as sinusites bacterianas, que exigem mais atenção por conta dos riscos de complicações – mas os agravamentos são raros. 

Porém, nas manifestações agudas não bacterianas, o mais recomendado é a lavagem nasal e a aplicação de corticoides em spray nasal. 

Para diluir as secreções, o ideal é ingerir bastante líquidos. Já para aliviar as dores e desconfortos no rosto, pode-se aplicar compressas mornas sobre ele. 

Em relação à irritação das vias aéreas, é fundamental não ter contato com fumaça de cigarro durante as crises, nem com outros agentes irritantes, como produtos químicos ou frio excessivo. 

Esses são os métodos mais eficazes para a maioria dos casos, mas também se recomendam outros recursos em determinadas situações!

Lavagem nasal

Como mencionei acima, se recomenda aliviar a sinusite com lavagem nasal quando ela é aguda, pois ajuda a limpar e a livrar o nariz de irritações.

Assim, para realizá-la, dê preferência para o soro fisiológico 0,9%. Se não o tiver, uma receita caseira pode ser feita com 1 litro de água filtrada com 2 colheres de chá de sal e 1 colher de chá de bicarbonato.

Depois, basta encher uma seringa de 20ml com a solução morna, e então aplicar em uma narina de cada vez, sempre de maneira contínua e lenta.

Descongestionantes nasais

Quando há recomendação médica, é preciso usar os descongestionantes nasais por no máximo 3 dias.

Muitas pessoas os utilizam desnecessariamente e de maneira excessiva, mas isso pode ser mais danoso do que benéfico. 

O problema é que o uso recorrente pode gerar congestão de rebote nas narinas, que tem alívio imediato e temporário. Mas que rapidamente é perdido quando a droga é suspensa, criando um ciclo vicioso de congestionamento nasal. 

Antibióticos

Antibióticos para sinusite só podem ser usados quando o diagnóstico aponta a manifestação bacteriana da doença.

Sendo assim, eles jamais devem ser usados sem recomendação e indiscriminadamente, pois favorecem a resistência das bactérias e podem gerar efeitos adversos.

Nesse sentido, os remédios para sinusite mais comuns são azitromicina, levofloxacino, claritromicina, moxifloxacino, bactrim e amoxacilina com ácido clavulânico. 

Anti-histamínicos

Os anti-histamínicos são medicamentos para sinusite prescritos recorrentemente, mas não há evidências de que sejam efetivos. Portanto, o ideal é utilizá-los apenas quando a patologia for de origem alérgica. 

Analgésicos e anti-inflamatórios

Quando há dor de cabeça intensa e inflamação na garganta, os médicos podem receitar analgésicos e anti-inflamatórios para sinusite, que atuam para aliviar os sintomas até a melhora do quadro. 

É possível prevenir sinusite?

Não há uma técnica preventiva totalmente eficaz contra a sinusite, mas certos cuidados ajudam a diminuir a ocorrência de crises, sua intensidade e os riscos de que elas se tornem crônicas. 

Em primeiro lugar, evite o contato com a fumaça de cigarro, diminua sua exposição a poluentes e não fique na presença de substâncias químicas com odor muito forte. 

Além disso, se você for alérgico, previna-se contra a exposição a ácaros, pelos de animais e pólen.

É possível prevenir sinusite?

Outro cuidado importante é cuidar da higiene nasal, realizando a técnica de lavagem logo pela manhã, no período da tarde e à noite.

Por fim, não deixe de manter hábitos saudáveis para cuidar do sistema imune. E caso faça parte de um grupo de risco, não deixe de vacinar-se contra a gripe. 

Conclusão

Ao longo deste artigo, apresentei o que é sinusite, como ela provoca a inflamação dos seios paranasais e as características de suas manifestações agudas, subagudas, crônicas e recorrentes. 

Sendo assim, quando perceber seus sintomas de maneira persistente, procure um médico para orientar o melhor tratamento. Afinal, ele precisa ser feito de acordo com as características do seu fator causador.

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Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin