Metas de segurança do paciente: quais são e como atingi-las

Por Dr. José Aldair Morsch, 18 de agosto de 2022
Metas de segurança do paciente

As metas de segurança do paciente contribuem para preservar a vida, a integridade e a dignidade dos pacientes nas unidades de saúde.

Definidas por entidades internacionais, são parâmetros que reforçam boas práticas no cuidado prestado por profissionais de saúde.

Assim, fornecem subsídios para boas práticas no dia a dia.

Não é por acaso que tais metas têm ganhado popularidade em diferentes nações pelo mundo – incluindo o Brasil.

A adoção delas por hospitais e clínicas atesta a busca por qualidade, que beneficia não somente a imagem institucional, mas também as rotinas dentro do estabelecimento.

Quer entender melhor a história e aplicações das metas de segurança do paciente?

Então, continue lendo este artigo.

A partir de agora, falo sobre cada uma delas, como surgiram e trago ideias para sua implementação.

Uma delas é a troca de informações via sistema de telemedicina.

Boa leitura!

O que são metas de segurança do paciente?

Metas de segurança do paciente são premissas destinadas a solucionar problemas comuns na assistência em saúde, reduzindo as chances de danos ao doente.

Criadas por meio de parceria entre a Joint Commission International (JCI) e a Organização Mundial da Saúde (OMS), as metas servem como guias para um atendimento mais seguro e humanizado.

Elas tomam por base desafios frequentes no dia a dia das equipes em hospitais, a exemplo da grande quantidade de pacientes, rotinas frenéticas e exposição a riscos específicos.

Afinal, nesses locais, há maior probabilidade de infecções e outros agravos à saúde, decorrentes da presença de agentes biológicos.

Daí a necessidade de estabelecer e seguir protocolos eficientes, que podem ser construídos a partir das metas internacionais de segurança do paciente.

Para que servem as metas de segurança do paciente?

De forma resumida, as metas servem para prevenir danos e lesões associados aos cuidados em saúde.

Elas atuam como diretrizes que norteiam a assistência nos serviços de saúde, chamando a atenção para situações que expõem o doente a riscos desnecessários.

Isso implica em reduzir o número de incidentes, ou seja, eventos ou circunstâncias com efeitos danosos aos pacientes.

Parece complicado?

Então, vamos a um exemplo.

Imagine que um idoso esteja internado num hospital, a fim de tratar uma pneumonia bacteriana.

Quando dá entrada no hospital, ele está bastante debilitado, passando a maior parte do tempo em repouso.

Depois de alguns dias, no entanto, o paciente se sente mais disposto e passa a fazer pequenas caminhadas no corredor da enfermaria e para ir ao banheiro.

Esses percursos precisam estar livres de obstáculos como degraus e objetos, a fim de prevenir quedas.

Principalmente porque, em idade avançada, a queda pode provocar lesões graves, como as fraturas nos ossos do quadril e fêmur, comprometendo a mobilidade do doente.

Repare que esse incidente é evitável através de adequações simples e supervisão do paciente.

O mesmo raciocínio se aplica a uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) pediátrica, que deve ter móveis e outros itens adaptados para que as crianças não se machuquem.

E a qualquer outro cenário de prestação de serviços em saúde, que deve priorizar o bem-estar do cliente.

Objetivos de segurança do paciente

As metas servem para prevenir danos e lesões associados aos cuidados em saúde, reduzindo o número de incidentes

Como surgiram as metas internacionais de segurança do paciente

O surgimento das metas internacionais de segurança do paciente resultou do esforço de entidades globais, em especial da Organização Mundial da Saúde.

Desde os anos 2000, a OMS trabalha na elaboração de estratégias para diminuir eventos adversos em ambiente hospitalar, durante e após cirurgias.

Um dos marcos dessa atuação foi a criação da Aliança Internacional para Segurança do Paciente, em 2005.

A ideia era reduzir a morbidade e mortalidade decorrentes de infecções, erros na identificação do paciente e administração de medicamentos após as operações.

Para dar uma ideia da gravidade do problema, esta reportagem relata que:

“Especialistas internacionais revelaram que ocorrem cerca de 195 mil mortes por ano nos Estados Unidos devido a erros que poderiam ser prevenidos, principalmente aqueles referentes a erros de medicação e a eventos sentinela (ocorrência inesperada ou risco envolvendo óbitos, lesões físicas ou psicológicas sérias) ocasionados por falhas nas distintas fases do gerenciamento e uso de medicamentos”.

Para reverter esse quadro preocupante, a OMS uniu forças com a credenciadora hospitalar JCI em 2006, estabelecendo protocolos baseados em metas de segurança do paciente.

Nesse contexto, as premissas fazem parte da gestão da qualidade em estabelecimentos de saúde.

Os seis tópicos rapidamente se tornaram referência em diversos países, incluindo o Brasil.

Em 2013, o Ministério da Saúde se inspirou nas diretrizes para forjar o Programa Nacional de Segurança do Paciente, instituído pela Portaria GM/MS nº 529/2013.

A fim de incentivar a qualificação do cuidado em saúde por todo o território nacional, o PNSP tem como objetivos:

  • Promover e apoiar a implementação de iniciativas voltadas à segurança do paciente em diferentes áreas da atenção, organização e gestão de serviços de saúde, por meio da implantação da gestão de risco e de Núcleos de Segurança do Paciente nos estabelecimentos de saúde
  • Envolver os pacientes e familiares nas ações de segurança do paciente
  • Ampliar o acesso da sociedade às informações relativas à segurança do paciente
  • Produzir, sistematizar e difundir conhecimentos sobre segurança do paciente
  • Fomentar a inclusão do tema segurança do paciente no ensino técnico e de graduação e pós-graduação na área da saúde.

A seguir, trago detalhes sobre as metas de segurança do paciente.

Quais são as 6 metas de segurança do paciente?

As seis metas de segurança do paciente seguem propondo soluções para questões cotidianas dentro dos hospitais e clínicas.

Falo sobre cada um dos princípios definidos pela OMS abaixo.

1. Identificar o paciente corretamente

Como estabelecimentos de grande porte, os hospitais costumam atender muitas pessoas.

Para dar conta da alta demanda, as unidades se dividem em setores especializados em diferentes tipos de assistência, como o pronto-socorro, enfermaria e salas de exames.

Contudo, nem sempre essa divisão é suficiente para diminuir o ritmo necessário aos atendimentos, principalmente quando há agravantes como a superlotação.

Diante de pacientes alocados em salas de espera e até corredores, fica complicado prestar cuidados de maneira correta, resultando em confusões como a troca de medicação.

Foi pensando nesses desafios que foi estabelecida a primeira meta de segurança do paciente, relacionada a sua identificação.

A regra determina que cada pessoa seja identificada por nome completo e data de nascimento, no mínimo.

Incluir esses dados nos prontuários e outros documentos otimiza a jornada do paciente na unidade de saúde, além de evitar equívocos quanto à assistência.

2. Melhorar a eficácia da comunicação

Uma comunicação clara, precisa e humanizada é indispensável para a segurança das rotinas de saúde.

Falo não apenas das conversas entre médico e paciente, mas de todos os atores que possibilitam o funcionamento da unidade de saúde.

Sem clareza e assertividade, pode haver ruído na comunicação, alterando o conteúdo da mensagem ou prejudicando sua compreensão.

É o caso da falta de orientações para os funcionários da limpeza sobre os patógenos encontrados numa sala, impedindo que ela seja higienizada da forma correta.

Ou da comunicação de um diagnóstico terminal de modo frio, desconsiderando o efeito sobre as emoções do paciente e seus acompanhantes.

A falta de comunicação entre as equipes de saúde pode resultar em omissão, realização de exames desnecessários, administração de medicamentos pela via errada, etc.

Segurança do paciente na saúde

As metas internacionais de segurança são um desafio que requer o comprometimento de todos os colaboradores

3. Melhorar a segurança dos medicamentos de alta vigilância

Medicamentos de Alta Vigilância (MAV) são aqueles que apresentam risco elevado de causar danos ao paciente se houver erro no processo de administração.

Portanto, esses itens devem receber maior atenção por parte da equipe médica e de enfermagem, diminuindo as chances de efeitos adversos.

Observe que essa terceira meta de segurança do paciente depende das duas primeiras, porque não há como acertar no medicamento sem comunicação e identificação do doente.

Assim, é importante sinalizar as substâncias classificadas como MAV, deixando claro o seu potencial de danos e limitando o acesso a elas.

Um exemplo está na etiquetagem de alerta nos frascos e guarda em armários restritos aos profissionais de determinado setor.

4. Segurança nas cirurgias

Como mencionei antes, boa parte da trajetória em busca de segurança para o paciente foi motivada por eventos adversos antes, durante e depois de cirurgias.

Isso porque as operações representam risco à vida, sobrecarregando sistemas como o cardiovascular e o respiratório.

Sem contar o risco aumentado para infecções, uma vez que o doente estará fragilizado e, muitas vezes, terá uma área do corpo aberta.

Nesse contexto, é fundamental contar com protocolos que garantam a realização da cirurgia na hora, local e área do corpo certa.

Antes mesmo da operação, cabe à equipe do hospital conferir os dados do paciente, o motivo para o procedimento invasivo e o termo de consentimento para tal.

No pós-operatório, é preciso obedecer às regras, colaborando com a recuperação rápida e de maneira tranquila.

5. Reduzir o risco de infecções associadas a cuidados de saúde

Embora pareça complexa, esta meta depende de ações extremamente simples, como lavar as mãos.

Quando realizada de maneira eficaz e frequente, essa prática evita o contato de pacientes com patógenos presentes na rotina hospitalar.

Porém, nem sempre existe estrutura adequada para que médicos, profissionais de enfermagem e outros colegas façam a higiene das mãos.

A falta de materiais como pias, sabonete e papel em cada local onde são atendidos pacientes é um dos problemas, mas ainda há locais sem acesso à água limpa.

E a própria OMS constatou essa realidade preocupante recentemente, revelando que, no mundo, uma em cada quatro unidades de saúde não dispõe de serviços básicos de água.

Para piorar o quadro, um a cada três estabelecimentos sofre com a carência de suprimentos para higienizar as mãos adequadamente.

Os dados são do relatório de progresso global da OMS de 2020 sobre WASH em unidades de saúde, que coletou informações referentes a 88 países.

6. Reduzir o risco de danos ao paciente, decorrentes de quedas

Outro risco considerável para os pacientes internados ou atendidos no hospital são as quedas, capazes de piorar a condição clínica.

Como citei anteriormente, alguns grupos têm maiores chances de sofrer esses acidentes, incluindo idosos, crianças e pessoas com restrições de mobilidade.

Segundo a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), pessoas com mais de 60 anos apresentam 10 vezes mais hospitalizações derivadas de quedas e oito vezes mais mortes.

Assim, é necessário adaptar a estrutura, mobiliário e protocolos para evitar essas ocorrências.

Sinalizações sobre o risco de queda junto ao leito do paciente são uma boa pedida, junto a orientações e instalação de suportes em locais como banheiros.

Como atingir as metas de segurança do paciente?

Alcançar as metas internacionais de segurança é um desafio que requer o comprometimento de todos os colaboradores do hospital.

Desde os gestores até os funcionários da recepção precisam estar de acordo e adotar os protocolos de segurança, a fim de que sejam eficazes.

Caso contrário, haverá gargalos em etapas da jornada do paciente.

Por isso, faz sentido começar a implementação de um plano de segurança do paciente com o treinamento dos empregados.

Desse modo, cada um poderá cumprir seu papel na rotina do serviço.

Outra dica importante está no empoderamento dos clientes, que possuem uma visão diferenciada sobre os riscos presentes na unidade de saúde.

Enquanto os profissionais têm uma perspectiva ampla, pacientes e acompanhantes conseguem identificar detalhes que aumentam as chances de eventos adversos.

Vale pedir feedback diretamente aos clientes, dispor de caixas de sugestões, pesquisas e outras ferramentas que possibilitem apontar riscos em potencial.

Telemedicina e a segurança do paciente

Criada para conectar profissionais de saúde, médicos e clientes em diferentes localidades, a telemedicina contribui para elevar a segurança do paciente.

Serviços como o prontuário eletrônico qualificam a troca de informações, entregando dados atualizados de maneira automática.

Além do mais, as equipes ganham reforço com a interpretação de exames e emissão de laudos a distância.

Basta enviar os registros de procedimentos como eletrocardiograma, espirometria e raio X pela plataforma de telemedicina Morsch.

Eles serão analisados por especialistas na área do exame, que compõem e assinam o laudo médico digitalmente.

É assim que casos urgentes são laudados em minutos.

Clique aqui para conferir mais detalhes e benefícios de contar com o sistema Morsch na sua unidade de saúde!

Conclusão

Agora que você está por dentro das metas de segurança do paciente, pode usá-las como referência para qualificar os serviços da sua equipe.

Conte com a plataforma Morsch para otimizar as rotinas usando a tecnologia.

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Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin