Como é um laudo de eletroencefalograma normal?

Por Dr. José Aldair Morsch, 14 de setembro de 2018
Laudo de Eletroencefalograma normal

Um laudo de eletroencefalograma normal, sem dúvidas, é o resultado desejado pelo paciente que se submete ao exame.

Mas o que ele precisa ter para ser assim considerado? Essa é uma questão importante, de grande interesse de profissionais que atuam na neurologia e suas diferentes áreas, como neuropediatria, neurofisiologia e neurorradiologia.

Por essa razão, preparei este artigo com tudo o que você precisa saber sobre o EEG, popularmente chamado de exame da cabeça, mas que tem diferentes usos no monitoramento e diagnóstico da saúde do sistema nervoso central.

Seja um eletroencefalograma alterado ou normal, é imprescindível que o laudo tenha clareza e qualidade.

Afinal, os resultados do exame são decisivos para determinar a necessidade de tratamento para algum tipo de doença e mesmo a abordagem exigida para o caso.

Tendo isso em mente, avance aos próximos tópicos para entender o que é eletroencefalograma, para que serve, como o exame é feito, quais são os resultados possíveis e o que caracteriza um laudo de eletroencefalograma normal.

O que é eletroencefalograma?

EEG normal

Paciente sendo preparado para realizar EEG

Eletroencefalograma é um exame que avalia a atividade elétrica espontânea do cérebro.

Para tanto, o teste, também conhecido pela abreviação EEG, amplifica os impulsos elétricos cerebrais e os registra, a fim de detectar anormalidades neurológicas.

Cabe esclarecer ainda que os neurônios são células que atuam na recepção, condução e transmissão de sinais elétricos, emitidos para controlar as ações realizadas pelo corpo humano.

Assim, através de eletrodos fixados sobre o couro cabeludo, o eletroencefalograma registra a atividade dessas células em forma de frequência.

A frequência corresponde ao número de vezes que um mesmo sinal se repete a cada segundo.

No cérebro, a frequência naturalmente sofre variações. Dessa forma, neurônios que vibram na mesma frequência costumam se juntar e formar grupos.

Durante o EEG, estímulos luminosos são provocados em determinadas frequências. Em seguida, os neurônios que vibram nessa frequência enviam uma resposta, que é coletada pelos eletrodos e expressa através de um traçado.

Embora os avanços tecnológicos recentes tenham qualificado bastante o exame, ele não é novo, já que surgiu em 1929, a partir do psiquiatra e neurologista alemão Hans Berger.

Desde então, é considerado de suma importância pela comunidade médica em todo o mundo.

Para que serve o eletroencefalograma?

Touca de EEG infantil

Criança realizando um EEG

O eletroencefalograma serve para detectar alterações na atividade cerebral. Como não é invasivo, pode ser realizado por pessoas de qualquer faixa etária, inclusive crianças e gestantes.

Esse exame é essencial para investigar possíveis disfunções da consciência, alterações vasculares e distúrbios que afetam o cérebro ou o sistema nervoso central, como a epilepsia.

Essa é uma alteração temporária e reversível do funcionamento do cérebro. Com acompanhamento e medicação adequada, a maioria dos pacientes responde de maneira positiva.

Para se ter uma ideia melhor sobre a importância do exame EEG, basta verificar como as doenças neurológicas são cada vez mais comuns.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a epilepsia, por exemplo, afeta 50 milhões de pessoas em todo o mundo.

A estimativa é que essa condição atinja entre 4 e 10 indivíduos a cada grupo de mil.

A OMS ressalta ainda que cerca de 80% dessas pessoas vivem em países mais pobres, com renda média ou baixa.

Um dado alarmante é que, nessas áreas, 75% dos pacientes não recebem o tratamento adequado – tratamento este que, como já dito, depende de um correto diagnóstico a partir de um laudo de eletroencefalograma bastante claro.

Cuidados na realização do eletroencefalograma e do laudo de EEG, portanto, são também um instrumento de auxílio na promoção de informações corretas sobre doenças neurológicas.

Conceitos básicos da eletroencefalografia

 

Existem diferentes modalidades de eletroencefalograma, o que varia de acordo com a indicação do médico, tanto neurologista quanto clínico geral.

De forma geral, podemos listar três principais da seguinte forma:

Eletroencefalograma ocupacional

Este exame é solicitado para atestar a saúde neurológica de trabalhadores que vão atuar em atividades com grau de risco tanto para si, quanto para outras pessoas que dependem do seu serviço.

Costuma ser exigido para a contratação de pilotos de avião, motoristas, alpinistas industriais e outros profissionais do trabalho em altura.

Eletroencefalograma com mapeamento cerebral

O EEG com mapeamento cerebral é capaz de produzir um desenho com cores e sinais, baseado na atividade do cérebro.

Por ser mais detalhado, é usado para a investigação de regiões cerebrais que apresentem descargas elétricas irregulares.

Eletroencefalograma clínico

Mais comum, este exame serve para identificar qualquer alteração das atividades cerebrais.

Usado rotineiramente para investigar doenças em pacientes que procuram o médico por algum sintoma específico da área neurológica.

Tipos de onda mental

Conhecer os tipos de onda produzidos pelo cérebro é um dos primeiros passos para compreender melhor o EEG, assim como elaborar um laudo de eletroencefalograma normal ou alterado.

O registro das ondas sobre os quais falo a seguir está presente nos laudos de todas as modalidades do exame.

Vale dizer ainda que as ondas mentais possuem frequência, que pode ser medida em Hertz (HZ).

Beta

São observadas quando o paciente está acordado e alerta, ou concentrado. A faixa de frequência para esse estado está entre 13 e 30 HZ.

Alfa

Situadas entre 7 e 13 HZ, as ondas alfa indicam um estado de relaxamento e diminuição da ansiedade. Normalmente, são produzidas em estado de vigília, ou seja, com a pessoa acordada.

Teta

Situando-se entre os 4 e 7 HZ, as ondas teta costumam ser registradas quando o paciente tem a atividade cerebral reduzida, quase chegando a dormir.

Delta

Já as ondas situadas entre 0 e 4 HZ são normalmente relacionadas ao estado de sono profundo.

Como é um laudo de eletroencefalograma normal?

 

Agora, vamos nos aprofundar sobre a análise e interpretação dos resultados de um EEG.

Um laudo de eletroencefalograma normal é composto por uma série de informações, geralmente registradas em tópicos.

O documento reúne dados do paciente, do médico solicitante, características do exame, detalhamento das ações realizadas durante o teste, conclusão e hipótese clínica.

Veremos, a seguir, alguns detalhes sobre os seus principais elementos.

Elementos do laudo de eletroencefalograma

Um resultado que tenha base em boas práticas deve seguir recomendações de especialistas.

Um documento eficiente e organizado ajuda tanto médicos e outros profissionais de saúde, quanto pacientes. E isso aparece no reconhecimento do diagnóstico e do tratamento mais adequado para cada caso.

Veja o que um laudo de encefalograma contém:

Identificação

Informações básicas sobre o paciente, laboratório ou clínica onde o exame foi realizado e também dados do médico solicitante.

Características técnicas

Dados como detalhes sobre o aparelho de EEG, eletrodos e duração do exame.

Corpo do laudo

Descreve de que maneira o exame foi conduzido, relatando pontos como atividades cerebrais, anormalidades, procedimentos e mudanças nas frequências das ondas cerebrais.

Conclusão

Esta é a parte que mais interessa ao médico que solicitou o exame, pois indica se o eletroencefalograma foi normal ou anormal, e por que.

Correlação eletroclínica

Neste trecho, o responsável pelo exame comenta a hipótese clínica, de acordo com os resultados do EEG.

Como é feito o eletroencefalograma?

Laudo de EEG

EEG de longa duração em paciente internado

Nos tópicos anteriores, já falei rapidamente sobre a realização do eletroencefalograma, mas cabe nos aprofundarmos no entendimento sobre o exame.

Realizado em consultório, clínica, hospital ou laboratório, ele é simples e indolor.

Em média, dura entre uma e duas horas. Já o eletroencefalograma normal ou de rotina costuma ser rápido, tendo duração de 20 a 40 minutos.

No EEG normal, eletrodos são posicionados sobre o couro cabeludo do paciente.

Eles, então, são fixados com a ajuda de uma pasta condutora de eletricidade, que também auxilia no registro dos sinais elétricos do cérebro.

Informações sobre as ondas mentais podem ser colhidas por um especialista (eletroencefalografista) ou técnico de enfermagem treinado, durante vigília, sono ou em ambos os estados.

É comum que o técnico responsável peça para o paciente aspirar e expirar de forma rápida, ou abrir e fechar os olhos. Essas ações fazem parte das provas de ativação do teste, que incluem fotoestimulação intermitente.

As provas de ativação tornam o EEG mais sensível, pois mostram as reações dos neurônios diante de diferentes estímulos.

Resultados do eletroencefalograma

Laudo de Eletroencefalograma normal

Traçado de Eletroencefalograma sem interferências

Depois da realização do exame, um laudo neurológico deve ser emitido por profissional especializado.

O técnico de enfermagem, que pode acompanhar o paciente durante o EEG, não é responsável por laudá-lo.

Essa tarefa compete a um profissional médico neurologista ou especialista em uma de suas áreas de atuação, que compreende a neuropediatria e eletrofisiologista, entre outras.

A partir do traçado registrado no eletroencefalograma e das reações do paciente, esse profissional aponta se os resultados foram normais ou anormais.

Laudo de eletroencefalograma normal

Um laudo de eletroencefalograma normal, como o nome sugere, traz resultados que seguem o padrão de registro de atividade cerebral.

Se o paciente for adulto, por exemplo, o exame em vigília deve mostrar ondas de alta frequência e baixa amplitude (alfa e beta).

Nesse caso, não deve haver alterações fora de padrão na frequência e amplitude das ondas mentais.

Já quando o indivíduo está dormindo, as ondas podem variar bastante, tanto em frequência quanto em amplitude. Tudo depende do estágio do sono.

Laudo de eletroencefalograma anormal

Se o resultado do laudo for anormal, significa que ocorreram alterações na amplitude e frequência das ondas mentais durante a vigília.

O mesmo pode ser registrado durante o sono.

Essas alterações, chamadas de picos, podem indicar doenças como epilepsia, acidente vascular cerebral (AVC), tumores ou lesões cerebrais.

Outro sinal de alerta ocorre se o exame mostrar padrões de atividade distintos nos dois lados do cérebro. Se for o caso, um deles pode estar prejudicado.

O registro de ondas delta e teta em adultos durante a vigília pode indicar doenças, ou simplesmente apontar para o uso de alguns medicamentos.

O efeito de drogas sedativas pode levar à inatividade elétrica do cérebro, que aparece como uma linha reta no resultado do EEG. O mesmo acontece diante de coma, falta de oxigênio ou fluxo sanguíneo.

Exemplo de um laudo de eletroencefalograma normal

1. CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS DO EXAME

Eletroencefalograma digital, realizado durante a vigília, em condições técnicas satisfatórias.

2. DESCRIÇÃO DOS ACHADOS

  • Ritmo dominante alfa, 09 Hz, posterior, contínuo, irradiando-se para as regiões centrais, bem modulado em amplitude e em frequência, sincrônico, simétrico, sinusoidal e organizado.
  • Ritmo beta presente, na freqüência de 18 a 25 Hz, baixa amplitude, simétrico.
  • Durante o decorrer do exame e com manobras de ativação realizadas como olhos abertos, olhos fechados, hiperventilação e foto-estímulo intermitente, não alteraram o traçado ou precipitaram descargas epileptiformes- não registrando com isso, grafoelementos patológicos.

3. CONCLUSÃO SOBRE O EXAME

Eletroencefalograma dentro dos limites da normalidade na presente data.

O que pode ser detectado no eletroencefalograma?

 

Ao chegar até aqui, já entendemos que um laudo de eletroencefalograma normal indica um indivíduo saudável.

Já quando há alteração, uma das possibilidades é a da epilepsia, sobre a qual também já comentei.

Mas há outras condições de saúde possíveis, como alguma hemorragia, edema cerebral, distúrbios do sono (como narcolepsia), tumores e estruturas anormais, cefaleias (como a enxaqueca) ou AVC (Acidente Vascular Cerebral).

O EEG é capaz de detectar uma gama de doenças neurológicas ou psiquiátricas, sejam elas degenerativas ou infecciosas.

O abuso de drogas ou álcool também pode ser identificado a partir do exame.

O que pode alterar o resultado do laudo de eletroencefalograma normal?

 

Como acabamos de ver, alguns comportamentos do paciente podem interferir nos resultados, a exemplo do uso de medicamentos, álcool e outras drogas.

Por isso, o profissional responsável pelo eletroencefalograma deve colher informações antes de começar o procedimento.

Se o couro cabeludo estiver oleoso ou com algum creme, isso pode atrapalhar a fixação da pasta condutora de eletricidade.

Portanto, no dia do exame, o paciente deve lavar o cabelo apenas com xampu, sem aplicar condicionador, creme para pentear, finalizador ou qualquer outro cosmético.

Também ferimentos e infecções nessa região do corpo podem atrapalhar o EEG.

Até mesmo o excesso de exercícios físicos é capaz de interferir nos resultados obtidos, assim como o jejum ou a ingestão de alimentos com cafeína.

Todos esses esclarecimentos devem ser prestados ao paciente antes da realização do exame, de modo a evitar que um laudo de eletroencefalograma normal seja comprometido.

Quanto tempo demora para sair o resultado do eletroencefalograma?

Em linhas gerais, o eletroencefalograma não é um exame de urgência. Desse modo, é comum que os resultados dele sejam apresentados em até um dia.

Mas esse tempo de espera depende da própria estrutura da unidade de saúde, principalmente, se há ou não neurologistas aptos para a emissão do laudo médico.

Graças ao avanço da telemedicina na neurologia, contudo, o EEG tem sido interpretado com maior qualidade e agilidade.

No próximo tópico, vou trazer mais detalhes sobre como a tecnologia tem transformado mais essa importante área da medicina.

Laudo de Eletroencefalograma via Telemedicina

Teleneurologia

Interpretar EEG usando a Telemedicina é uma rotina na maioria dos serviços de neurologia

Para entender melhor as contribuições da telemedicina à neurologia, é preciso fazer uma rápida contextualização.

Atualmente, é notória a escassez de médicos especialistas, em especial nas cidades mais afastadas dos grandes centros, mas não somente nelas.

Lembrando que, no caso de um laudo de eletroencefalograma normal ou anormal, a sua elaboração compete exclusivamente ao neurologista.

Desse modo, clínicas pequenas nem sempre conseguem oferecer o exame ao público, pois carecem de estrutura para a sua realização e de recursos para a contratação do profissional.

Já em unidades de saúde maiores, os maiores problemas costumam ocorrer em feriados, plantões e épocas de férias dos especialistas.

Tudo isso impacta no tempo de espera para ter o laudo do EEG disponível.

E quando se fala em saúde, você sabe bem: tempo é um recurso extremamente valioso.

Nesse contexto, a tecnologia vem apresentando soluções inovadoras, como a telemedicina, que dá suporte ao compartilhamento de dados do exame, laudos médicos e outras informações importantes.

Através dela, especialistas de qualquer região no Brasil ou no mundo conseguem visualizar os resultados de um EEG – basta que tenham acesso à internet.

Por meio de plataformas online bastante simples, é possível enviar exames a especialistas logados em tempo real, que analisam e liberam laudos de eletroencefalograma em cerca de 30 minutos.

Ao permitir o compartilhamento de informações sobre o exame, a tecnologia também ampliou os locais que podem oferecer o eletroencefalograma – antes limitado aos consultórios de neurologistas.

Mas e o custo? Esse é mais um diferencial dessa inovação.

Empresas como a Telemedicina Morsch permitem que, junto ao serviço de elaboração de laudos à distância, sejam cedidos os equipamentos necessários para a realização do exame em regime de comodato (sem custos durante o período de contratação).

Além disso, é oferecido um treinamento para o profissional que irá operar o aparelho, o que resulta em maior segurança para a disponibilização do EEG e em economia na sua oferta.

Conclusão

Laudo de eletroencefalograma normal

Avaliação neurológica com EEG e mapeamento cerebral

Você conferiu neste artigo as informações que constam em um laudo de eletroencefalograma normal ou anormal, detalhes sobre o exame e suas aplicações.

Para quem tem uma empresa na área da saúde, o EEG é um exame básico, que precisa ser oferecido ao público.

O problema, muitas vezes, passa justamente pela exigência de neurologistas para laudar os resultados e também pelo investimento exigido na sua apuração.

Tudo isso pode ser superado a partir do que a tecnologia já oferece.

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Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin