EEG em sono e vigília: como é feito e resultados do eletroencefalograma

Por Dr. José Aldair Morsch, 24 de setembro de 2024
Eletroencefalograma em sono e vigília

O eletroencefalograma ou EEG em sono e vigília é um exame completo, que investiga vários tipos de anormalidade envolvendo a atividade cerebral.

Doenças neurológicas, psiquiátricas e também distúrbios relacionados ao sono podem ser diagnosticados a partir dele.

Neste artigo, preparei um guia completo sobre o exame.

Você vai saber o que é e como funciona o eletroencefalograma em sono e vigília, para que serve e quais resultados pode indicar.

Também vou falar sobre os caminhos para uma clínica que faz eletroencefalograma reduzir gastos sem prejudicar a qualidade, utilizando soluções de telemedicina neurológica.

O que é eletroencefalograma (EEG) em sono e vigília?

EEG em sono e vigília é uma modalidade completa do eletroencefalograma. Isso porque o EEG pode ser feito apenas com o paciente acordado (em vigília) ou somente enquanto ele dorme (em sono).

Ambas as versões se referem ao eletroencefalograma, exame de análise da atividade cerebral espontânea utilizado para identificar possíveis anormalidades..

Médicos podem solicitar o exame EEG quando há suspeita de epilepsia e alteração de consciência.

Ou ainda na avaliação de pacientes com transtornos neurológicos ou psiquiátricos, assim como na investigação de qualquer possível anormalidade na atividade elétrica e nos ritmos cerebrais fisiológicos.

A captação dos registros se dá a partir de eletrodos que são fixados no couro cabeludo do paciente.

O que é EEG em sono?

Como o nome indica, nessa modalidade, o eletroencefalograma viabiliza um estudo da atividade cerebral com registros coletados enquanto o paciente dorme.

O principal objetivo desse EEG é detectar possíveis distúrbios relacionados ao sono.

O exame costuma ser realizado em ambiente hospitalar, que conta com a estrutura e equipamentos adequados para o monitoramento do paciente.

Nesses casos, ele precisa passar a noite no local.

Nas orientações pré-exame, o paciente pode ser solicitado a se privar do sono antes do EEG, a fim de garantir que ele durma durante o exame, pelo tempo suficiente para o registro de seus impulsos elétricos cerebrais.

Pela mesma razão, se necessário, pode ser aplicada sedação leve, o que ajuda o paciente a relaxar e a dormir.

Em crianças, o eletroencefalograma pode ser realizado com indução ao sono após leve sedação, sendo sucedido pelo exame em vigília, depois que o paciente acorda.

O que é EEG em vigília?

O eletroencefalograma em vigília, por sua vez, mostra a atividade elétrica cerebral espontânea registrada quando o paciente está acordado.

Esse é um exame de características diferentes do EEG em sono, pois o paciente contribui diretamente com os resultados.

Conforme a solicitação médica, que varia de acordo com a suspeita clínica, ele pode ter que executar uma série de atividades.

Por exemplo: abrir e fechar os olhos ou respirar de forma rápida durante um determinado período de tempo.

Também pode ser realizada a fotoestimulação intermitente, uma manobra que coloca luz pulsante à frente do paciente.

Todos são estímulos para aumentar a sensibilidade do exame, cujos efeitos serão avaliados depois, na interpretação dos resultados.

O EEG em vigília tem duração média de 20 a 40 minutos e é bastante útil para a identificação da maioria das anormalidades relacionadas ao cérebro.

Como funciona o eletroencefalograma (EEG)?

As bases fisiológicas do eletroencefalograma ajudam a entender como o exame acontece e também como gera seus resultados.

Neste artigo, publicado na Revista Brasileira de Neurologia, a autora descreve os geradores neurais e a base celular da atividade elétrica, além de interações entre neurônios e a condutividade dos tecidos por onde transitam as informações captadas pelos eletrodos.

De forma resumida, há uma rede de neurônios (milhares ou milhões) com orientação espacial parecida e atividade síncrona – ou seja, realizada ao mesmo tempo.

No EEG, são demonstradas oscilações em frequências de determinada rede de neurônios, como durante o sono.

A atividade elétrica ocorre a partir de íons que, quando alcançam os eletrodos, têm as diferenças de voltagem registradas.

Mas as células possuem voltagens muito pequenas e é preciso haver a contribuição de milhares delas para formar um grande campo e permitir a sua captação.

Praticamente toda a atividade elétrica captada no eletroencefalograma tem origem no córtex cerebral, enquanto os potenciais sinápticos são responsáveis por quase toda aquela que é registrada.

Mais precisamente, os geradores do EEG estão na soma das atividades do potencial pós-sináptico excitatório (EPSP) e do potencial pós-sináptico inibitório (IPSP) nas sinapses dendríticas (zonas de contato que transmitem informações entre neurônios).

Fluxo de corrente, condução de volume, propagação, sincronização e dessincronização são mecanismos que influenciam na atividade elétrica.

Eletroencefalograma em sono e vigília

A captação dos registros se dá a partir de eletrodos que são fixados no couro cabeludo do paciente

Para que serve o EEG em sono e vigília?

Como registra a atividade cerebral no paciente, o exame de eletroencefalograma serve para investigar, confirmar ou monitorar possíveis doenças neurológicas.

Também é utilizado na observação de alterações vasculares, de disfunções da consciência ou de qualquer outro distúrbio que afeta o sistema nervoso central, em especial o cérebro.

Entre as indicações do EEG, está ainda a avaliação de pacientes com doenças psiquiátricas ou relacionadas à demência.

Existe também a versão do exame utilizada para avaliar trabalhadores saudáveis contratados antes que assumam atividades de risco, chamada eletroencefalograma ocupacional.

A exigência do EEG nesses casos é regulamentada por normatização específica, o que abrange, por exemplo, trabalhos em altura (como na construção civil) e para aeronautas.

O que um eletroencefalograma pode diagnosticar?

Em tópicos anteriores, citei algumas hipóteses diagnósticas que podem ser confirmadas a partir de um exame de EEG em sono e vigília

A lista inclui:

  • Doenças psiquiátricas
  • Doenças neurológicas, incluindo infecções (como encefalites) e condições degenerativas (como transtornos de memória)
  • Transtornos que provocam diferentes tipos de convulsão (como a epilepsia)
  • Distúrbios do sono (apneia, narcolepsia, insônia ou sonolência excessiva)
  • Distúrbios metabólicos e estruturais do cérebro.

Falando particularmente sobre a epilepsia, essa é uma condição bastante comum.

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), são 50 milhões de pessoas com a doença, que atinge até 10 indivíduos a cada grupo de mil.

Mas o EEG não contribui somente com a detecção de doenças.

O exame também pode identificar causas reversíveis de dano cognitivo e contribuir para melhorar o prognóstico em certos casos de coma.

Vale dizer ainda que um eletroencefalograma faz parte dos procedimentos do protocolo de morte encefálica.

Como é feito o eletroencefalograma (EEG) em sono e vigília?

A fase de preparo inclui a fixação de eletrodos do EEG no couro cabeludo do paciente.

Ele deve ser posicionado sentado ou deitado de maneira confortável, a fim de que consiga adormecer ao longo do procedimento.

O exame começa com a etapa de vigília, quando o aparelho de eletroencefalograma é ligado.

Sua tecnologia capta e amplifica os sinais elétricos emitidos pelos neurônios (células do cérebro), enviando seu sinal ao monitor do equipamento através de cabos conectados aos eletrodos.

Assim, o aparelho registra as oscilações na forma de ondas cerebrais, produzindo gráficos que serão avaliados mais tarde, quando o médico especialista interpretar o eletroencefalograma.

Dependendo da recomendação médica, podem ser feitas algumas manobras enquanto o paciente está acordado, com o objetivo de rastrear diferentes reações do cérebro.

Uma delas é a fotoestimulação, que comentei anteriormente. 

Essa técnica utiliza um aparelho chamado estroboscópio para emitir luzes brilhantes e piscantes em diferentes velocidades, servindo para modificar os padrões das ondas cerebrais e até desencadear crises epilépticas em pessoas sensíveis.

Outra manobra de interesse é a hiperventilação, que consiste em momentos de respiração acelerada que auxiliam na identificação de alterações no funcionamento do cérebro.

Após a fase em vigília, o paciente fica num ambiente silencioso e de penumbra para que seja possível registrar as etapas de sonolência, sono leve e sono REM (profundo).

Nesse cenário, o EEG em sono e vigília pode durar cerca de 12 horas, a fim de coletar dados das três fases, podendo também integrar a polissonografia.

Esse é um exame de medicina do sono que mede outros parâmetros junto ao EEG.

Por fim, o aparelho de eletroencefalograma é desligado e o paciente é liberado sob a indicação de repouso pelo resto do dia.

Fases do exame de eletroencefalograma em sono e vigília

Basicamente, o eletroencefalograma em sono e vigília é composto de três fases: com o paciente acordado, em sonolência e dormindo.

Há uma razão clínica para isso e ela está relacionada com as ondas cerebrais, as quais marcam presença em todos os tipos de EEG.

São elas: alfa, beta, teta e delta.

Veja como elas aparecem em cada uma das fases do exame:

Paciente acordado

Inicialmente, é comum que o paciente esteja em estado de alerta e concentrado para a realização do exame, o que gera as chamadas ondas beta, com frequência medida entre 13 e 30 Hertz.

Conforme ele relaxa e reduz a sua ansiedade, são registradas pelo aparelho de EEG as ondas alfa, com frequência entre 7 e 13 Hertz.

Paciente sonolento

Na evolução do exame, o paciente amplia a sensação de relaxamento e vai se sentindo sonolento.

Isso reduz a atividade cerebral, que agora apresenta ondas teta, com frequência entre 4 e 7 Hertz.

Paciente dormindo

Por fim, ao dormir, o exame de EEG identifica na atividade cerebral do paciente as ondas delta, cuja frequência vai de 4 a 0 Hertz, o que indica o sono profundo.

Como funciona o eletroencefalograma em sono e vigília

O exame de eletroencefalograma serve para investigar, confirmar ou monitorar possíveis doenças neurológicas

Preparo para o eletroencefalograma (EEG) em sono e vigília

O EEG não requer jejum, no entanto, não é recomendado ingerir substâncias estimulantes, como a cafeína, no dia do exame.

O paciente deve lavar os cabelos com sabão neutro e comparecer com eles secos no horário do eletroencefalograma, sem aplicar condicionador, creme de pentear, gel ou qualquer outro cosmético.

Outra recomendação é dormir no máximo 3 horas na noite anterior ao procedimento, para facilitar a indução do sono durante o EEG.

Crianças e pessoas que tenham dificuldade para adormecer podem receber sedação leve na unidade de saúde.

Todos devem remover objetos metálicos antes de entrar na sala de exames, onde os eletrodos serão colocados no couro cabeludo.

Existem diferentes formas de posicionar esses itens, sendo uma das mais populares o Sistema Internacional 10-20% – que insere os eletrodos a uma distância igual uns dos outros.

Ou seja, o segundo eletrodo fica 20% mais espaçado que o primeiro, e assim por diante.

Contraindicações do EEG em sono e vigília

O exame é bastante seguro, tendo raras contraindicações.

Indivíduos com ferimentos, infecções ou alergias no couro cabeludo, ou pediculose (piolhos) não devem fazer o EEG. 

Resultados do eletroencefalograma em sono e vigília

A interpretação de um eletroencefalograma em sono ou vigília passa pela identificação e análise das ondas cerebrais esperadas para cada etapa do exame.

Quem fica responsável por essa avaliação sobre os resultados é sempre um médico neurofisiologista clínico, também chamado de eletroencefalografista.

Ele precisa conhecer não apenas os tipos de onda, mas também quais são os padrões cerebrais e o comportamento das ondas em amplitude e frequência.

Vamos avançar, agora, para os detalhes sobre os resultados possíveis de um EEG em sono e vigília.

Resultados normais do eletroencefalograma

O laudo de eletroencefalograma normal é elaborado quando a atividade elétrica cerebral registrada no exame é identificada como dentro dos padrões esperados.

Esses padrões consideram aspectos como a idade do paciente e a resposta aos estímulos realizados durante a fase da vigília.

Isso significa que as ondas alfa e beta aparecem quando ele está acordado, que as ondas teta são captadas quando está sonolento e que ondas delta se manifestam nos estágios avançados do sono.

Resultados anormais do eletroencefalograma

A anormalidade em um EEG exige mais do médico responsável pela análise dos resultados.

Inicialmente, haverá um indicativo fora do padrão de amplitude e frequência das ondas.

Quando identificadas amplitudes baixas nas ondas cerebrais, esse pode ser um sinal de ansiedade, dor ou até mesmo de lesões.

Mas é quando a frequência aparece diferente do esperado que o número de patologias possíveis aumenta.

Se o traçado de base do eletroencefalograma aparece desorganizado, com surtos de atividade de ondas delta, isso sugere a presença de doença inflamatória ou infecciosa.

Em vigília, é esperado que o ritmo alfa seja interrompido com a luz intermitente, ao abrir os olhos e durante atividades mentais de concentração.

Se isso não acontece, o EEG tem resultado anormal.

Já durante a fase de sonolência, a presença de ondas alfa pode ser considerada, mas em pequenos surtos e com intervalos cada vez maiores.

Vale referir ainda que, quando as ondas teta apresentam um ritmo constante e assimétrico, esse pode ser um indicativo de disfunção em alguma área do cérebro.

Também a maior quantidade de ondas beta e em alta frequência pode sugerir distúrbio psiquiátrico.

Um ponto de atenção importante na análise dos resultados considera possíveis variações nas ondas, sem que haja distúrbio presente.

Um ritmo alterado pode ser provocado pelo uso de medicamentos ou até mesmo pela presença de uma substância estimulante, como a cafeína.

Até mesmo o ciclo menstrual, nas mulheres, pode originar alterações no traçado e qualidade do EEG.

Todas são informações que precisam ser consideradas para laudar o exame, o que reforça a importância de contar com profissionais qualificados para isso.

Outros tipos de eletroencefalograma (EEG)

Mencionei, no início do texto, que o EEG em sono e vigília corresponde a uma versão completa do exame.

Assim, ele é realizado com finalidade clínica para investigar anormalidades e monitorar pacientes com doenças já diagnosticadas.

No entanto, existem outras modalidades do exame, sendo as principais:

  • Eletroencefalograma em vigília: compreende apenas a fase em que o paciente está acordado
  • Eletroencefalograma em sono: se restringe à avaliação dos períodos de sonolência e sono
  • Eletroencefalograma ocupacional: é uma versão simplificada e mais rápida, que faz parte dos exames complementares do PCMSO (Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional) e tem como propósito a prevenção de acidentes de trabalho
  • Eletroencefalograma com mapeamento cerebral: emprega tecnologia computadorizada para quantificação dos resultados na forma de imagens, formando um mapa colorido para evidenciar áreas cerebrais acometidas por patologias ou lesões.

Aproveite para ler o artigo que esclarece qual o código TUSS do EEG em seus diferentes tipos.

Telemedicina Morsch na emissão de laudo a distância em EEG

A interpretação de um eletroencefalograma em sono e vigília é ato privativo de médicos especialistas.

Mais do que isso, é uma tarefa de grande responsabilidade.

Ter profissionais com essa qualificação e mesmo equipamentos adequados para a realização do exame pode representar um desafio financeiro para clínicas médicas.

Inclusive, é o que motiva muitas delas a não oferecer o EEG e outros exames.

Mas você não precisa ficar sem essa receita, pois dá para economizar com a contratação de especialistas.

Ao se tornar parceiro da Telemedicina Morsch, você tem acesso a laudos a distância, entregues em até 30 minutos por médicos altamente capacitados.

Isso possibilita à unidade direcionar os especialistas para tarefas de maior complexidade e urgência, como no atendimento direto aos pacientes.

Também através da Morsch, você pode ter acesso a equipamentos modernos, cedidos em regime de comodato durante o período de contratação dos laudos.

E o aparelho de EEG digital é um deles.

A partir dele, os dados coletados no exame são enviados para o computador e transmitidos à plataforma de telemedicina com armazenamento em nuvem.

É ali, com seu login e senha, que os especialistas da Morsch analisam os resultados, emitem o laudo e o assinam digitalmente.

Basta se logar no sistema para que o médico solicitante e demais profissionais interessados possam acessar o documento.

Saiba mais sobre as vantagens da telemedicina neurológica aqui!

Conclusão

Neste artigo, expliquei o que é e como funciona o EEG em sono e vigília, um exame muito importante para averiguar possíveis anormalidades na atividade elétrica cerebral.

Sua clínica, consultório ou hospital também pode oferecer o eletroencefalograma.

Para isso, basta se tornar parceiro da Telemedicina Morsch, que disponibiliza a você profissionais qualificados para laudar exames, e equipamentos modernos.

Para saber como a plataforma médica funciona na prática e, assim, ver os benefícios que pode oferecer para a sua clínica, fala com nossa equipe!

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Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin