Tomografia abdominal: como interpretar com a ajuda da telemedicina
Avanços na medicina e tecnologia permitiram o desenvolvimento de exames modernos como a tomografia abdominal.
Usando radiação ionizante, esse teste capta imagens internas do abdômen, auxiliando no diagnóstico e tratamento de uma série de doenças.
Inflamações, pedras nos rins e tumores são algumas enfermidades investigadas com o suporte da TC do abdômen.
E, para agilizar a entrega do laudo, médicos ainda podem contar com o auxílio da telemedicina.
Neste artigo, conto mais sobre essas oportunidades, para que serve a tomografia abdominal e como interpretar as imagens geradas pelo tomógrafo.
Tomografia abdominal: o que é?
Tomografia abdominal é um exame de diagnóstico por imagem usado para avaliar o abdômen.
Durante o procedimento, o paciente se deita sobre uma maca que é inserida dentro do equipamento de tomografia (tomógrafo) e fica imóvel por alguns minutos.
Considerada uma evolução do raio X, a TC emprega a mesma radiação ionizante para captar um tipo de fotografia interna ao atravessar órgãos e tecidos.
Mas com a vantagem de produzir centenas de imagens sob diferentes perspectivas em poucos minutos.
Por isso, permite uma avaliação mais completa.
Geralmente, as fotografias internas da TC são obtidas a partir de três planos:
- Transversal (em fatias)
- Coronal (de frente)
- Sagital (de lado).
Outro benefício na comparação com a radiografia é que aparelhos de tomografia atuais obtêm registros detalhados com uma menor exposição do paciente aos raios X.
Na TC abdominal, o médico tem acesso a imagens de estruturas como intestino, pâncreas, fígado, rins, vesícula biliar e baço.
O exame é rápido, simples, indolor e não invasivo, além de custar menos do que outros procedimentos semelhantes, como a ressonância magnética.
Também tem poucas contraindicações, representando riscos baixos para a maior parte dos pacientes.
Tomografia abdominal total
Tomografia abdominal total é aquela que avalia toda a extensão do abdômen, incluindo a porção mais alta e a pelve.
Esse nome é usado para descrever o exame mais completo.
Principalmente porque pedidos de tomografia de abdômen costumam se referir apenas à porção superior dessa região, que fica entre o tórax e a pelve.
Ou seja, a TC de abdômen total adiciona imagens de órgãos como bexiga, próstata, ovários, útero e a área inferior do intestino, conhecida como intestino grosso.
Esse teste é bastante útil quando é preciso analisar o sistema reprodutor, tecidos que se concentram na parte de baixo da barriga, verificar o tamanho de lesões, traumas e tumores, entre outras indicações.
Tomografia abdominal com contraste
Quando é preciso visualizar partes moles com mais detalhes, o médico pode solicitar uma tomografia abdominal com contraste.
Contraste é o nome dado aos compostos químicos preparados para realçar tecidos do corpo, alterando sua densidade.
Os mais empregados na TC de abdômen são o sulfato de bário, para o aparelho digestivo, e contrastes iodados para os demais sistemas e realce de vasos sanguíneos.
Como agentes de contraste radiopacos (positivos), essas substâncias aumentam a capacidade de absorção de radiação ionizante, resultando em maior nitidez para alguns tecidos.
Isso porque, em uma tomografia sem contraste, tecidos menos densos absorvem menores quantidades de raio X, aparecendo escuros nas imagens.
Esse fator dificulta sua avaliação pelo médico, principalmente em uma região com tantas estruturas sobrepostas, como o abdômen.
Quando há administração de contraste, as áreas de interesse aparecem em destaque nas imagens da TC, contribuindo para uma investigação eficiente.
No entanto, o uso do contraste envolve risco de reações adversas como alergias, náuseas e até eventos graves, como a insuficiência renal e parada cardíaca.
Portanto, a indicação de exame contrastado deve ser feita com cautela, considerando a suspeita clínica e o histórico do paciente.
Como precaução, a tomografia de abdômen com contraste só deve ser realizada em unidades de saúde equipadas para atender emergências.
Para que serve a tomografia abdominal
A tomografia abdominal serve para investigar anormalidades em diversas estruturas, com destaque para os sistemas digestivo, urinário e circulatório.
Afinal, essa região concentra órgãos e estruturas fundamentais para o bom funcionamento desses aparelhos e, por consequência, de todo o corpo.
Uma das maiores aplicações do exame envolve a avaliação de inflamações e tumores, sendo um forte aliado no diagnóstico e tratamento do câncer.
A TC abdominal também é importante para identificar outros problemas em tecidos como:
- Fígado
- Pâncreas
- Estômago
- Vesícula biliar
- Baço
- Rins
- Intestino delgado (porção mais alta do órgão).
Sem esse e outros testes de imagem, o exame clínico, anamnese e procedimentos invasivos, como as cirurgias, eram os únicos meios de investigação de alterações na parte interna do organismo.
Mesmo com a descoberta do raio X, em 1895, as opções para enxergar estruturas moles (órgãos, veias e artérias) eram escassas e exigiam alta exposição do paciente à radiação.
Foi a partir da evolução do equipamento de radiografia que o sul-africano Allan Cormack e o britânico Godfrey Newbold Hounsfield criaram o primeiro aparelho de tomografia, no THORN EMI Central Research Laboratories, na Inglaterra.
A invenção, concluída em 1972, lhes rendeu o Prêmio Nobel de Fisiologia – e não foi à toa.
O tomógrafo é capaz de coletar imagens em diferentes planos de forma simultânea.
E ainda faz isso no mesmo espaço de tempo usado para que o aparelho de raio X capte uma única imagem.
Sobrepostas com a ajuda de um computador, as lâminas captadas são capazes de formar imagens em 3D.
Principais indicações
Diversos sinais podem sugerir problemas na região abdominal, levando o clínico ou especialista a solicitar uma tomografia da área.
Dores recorrentes, febre, enjoo, vômitos, diarreia, ganho ou perda de peso abrupta e cansaço crônico estão entre os sintomas mais comuns.
Além deles, a TC de abdômen pode ser usada para avaliar a evolução, confirmar ou qualificar o diagnóstico de males como:
- Tumores benignos e malignos (incluindo câncer)
- Traumas abdominais, resultantes de impactos na região
- Colite ulcerosa: enfermidade inflamatória que afeta camadas internas do intestino
- Pedras nos rins: massas sólidas que provocam dores intensas na barriga
- Diverticulite: infecção ou inflamação de pregas localizadas no intestino, chamadas divertículos
- Apendicite: inflamação em outra porção do intestino, chamada apêndice
- Pancreatite: inflamação aguda ou crônica do pâncreas, órgão que fica atrás do intestino
- Aneurisma da aorta abdominal: dilatação que provoca o enfraquecimento da parede da aorta, a maior artéria do corpo humano
- Doença de Crohn: inflamação crônica do trato digestivo
- Pedra na vesícula: cálculos que atingem a vesícula biliar, um tipo de bolsa que fica abaixo do fígado
- Cirrose: lesão que compromete o funcionamento adequado do fígado.
Como fazer tomografia do abdome
Ao agendar o procedimento, o médico orienta o paciente quanto ao jejum, necessário para quem vai realizar tomografia abdominal com contraste.
No dia e hora marcados, ele comparece ao serviço de saúde, de preferência, sem joias, bijuterias, óculos e outras peças que contenham metal.
Sob a orientação de um técnico em radiologia ou médico radiologista, ele se deita na maca do tomógrafo, onde deverá permanecer imóvel durante todo o tempo do exame.
O condutor da tomografia liga o aparelho, fazendo com que a maca se mova para dentro do equipamento.
Então, um tubo de raio X conectado a um sistema de detectores gira ao redor do abdômen do paciente, emitindo radiação ionizante.
A maca também pode se movimentar durante a TC, facilitando a captação de imagens em diferentes planos.
Os raios X atravessam as estruturas do corpo, chegando aos detectores para registrar imagens.
Esses registros são formados porque a radiação é absorvida de forma diferente pelos tecidos, de acordo com sua densidade.
É por isso que ossos e partes mais densas aparecem em tons claros no resultado da tomografia, enquanto vísceras e partes moles aparecem em tons escuros.
Após um tempo que varia entre 5 e 30 minutos, o tomógrafo é desligado e o paciente, liberado.
Os cortes tomográficos são salvos em um computador através de software específico, podendo ser guardados em pastas, redes ou na nuvem (espaço de armazenamento na internet).
Eles são encaminhados a um radiologista, que é o profissional qualificado para interpretar e elaborar o laudo da tomografia abdominal.
A seguir, trago dicas que vão ajudar nessa tarefa.
Como interpretar uma tomografia abdominal
Adiantei, acima, que a interpretação da tomografia cabe ao radiologista, que anota suas conclusões e achados no laudo médico.
Primeiro, o especialista providencia o melhor local para enxergar os resultados com nitidez, pois eles aparecem em preto, branco e tons de cinza.
Caso sejam fruto de tomografia convencional, vão estar em filmes radiológicos, que pedem uma superfície plana com emissão de luz para uma boa visibilidade.
Já os modernos resultados digitais usam a luz da própria tela do computador, permitindo que o médico amplie, gire e compare as imagens com maior facilidade.
Em seguida, é hora de identificar as estruturas anatômicas presentes nas imagens, ou seja, os ossos, órgãos, vasos sanguíneos e outros tecidos.
Para isso, é preciso entender as densidades básicas dos exames de imagem, como exemplifica esta apresentação de Maurício Zaparolli.
Seguindo a premissa de que partes mais densas aparecem claras e vice-versa, vale lembrar que:
- Ossos (que têm cálcio) são registrados em tons de branco
- Partes moles como gordura, líquidos e órgãos são mostrados em tons de cinza claro
- Delimitações dessas partes ou planos de gordura aparecem ligeiramente mais escuros
- Gases aparecem em preto.
É essencial conferir o formato das estruturas, sua localização e pequenas alterações, que podem indicar nódulos ou cálculos nos órgãos.
Na conclusão do laudo médico, o radiologista classifica o resultado da tomografia como normal ou detalha anormalidades, incluindo uma hipótese diagnóstica.
Laudos online: a tomografia na telemedicina
No tópico anterior, ficou claro que a interpretação é uma tarefa complexa, que exige tempo de um especialista para ser executada com qualidade.
Para dar conta de todos os laudos com rapidez, seria preciso que cada unidade de saúde que realiza a tomografia tivesse uma equipe de radiologistas dedicada a essa atividade.
Mas manter esse grupo custaria caro, além de não ser muito proveitoso em épocas de redução no número de exames radiológicos.
Pensando nisso, empresas como a Telemedicina Morsch construíram uma dinâmica que dá acesso a um time completo de radiologistas e outros especialistas, disponíveis 24 horas por dia, 7 dias por semana para interpretar os testes.
Graças à internet e a uma plataforma de telemedicina, eles recebem resultados de todo o Brasil, os interpretam e compõem o laudo online.
Criado em formato digital, esse documento é enviado com agilidade para clínicas, hospitais e consultórios.
Assim, a TC de abdome é avaliada com agilidade, possibilitando uma rápida abordagem médica e recuperação do paciente.
Como receber laudos a distância
A união entre telemedicina e radiologia (telerradiologia) revolucionou a interpretação e entrega dos laudos médicos, que pode ser feita a distância.
Para receber os laudos a distância, o processo é simples e vale para exames radiológicos como raio X, tomografia, mamografia, densitometria óssea e ressonância magnética.
A plataforma de telemedicina disponibiliza um PACS para viabilizar a comunicação e o arquivamento de imagens de maneira segura e padronizada.
Então, é possível configurar o tomógrafo para que envie as imagens salvas em formato DICOM para esse PACS, de forma automática.
Após realizar o teste radiológico, os registros serão encaminhados ao sistema, onde serão visualizados pelos radiologistas da empresa de telemedicina.
Um desses especialistas ficará responsável pela interpretação do exame, realizada com o apoio de informações sobre o paciente, suspeita clínica e motivações para o procedimento.
Após estudar as imagens, o radiologista elabora um laudo médico completo na plataforma.
Funcionários da clínica, consultório ou hospital podem conferir o resultado minutos após o envio das imagens, acessando o software de telemedicina a partir de qualquer dispositivo conectado à internet.
Além de rápida, essa dinâmica ocorre com toda a segurança, utilizando mecanismos como criptografia, login e senhas.
Conclusão
A tomografia abdominal é um exame importante para a detecção, avaliação e diagnóstico de inflamações, nódulos, tumores e outras alterações na região.
Dependendo do objetivo do teste, é recomendado o uso de contraste para destacar áreas possivelmente afetadas e lesões.
Avanços tecnológicos como a telemedicina permitem que o exame se torne ainda mais assertivo e eficiente, com agilidade na entrega dos resultados.
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