A aplicação da telecardiologia em laudos de holter para monitoramento de arritmias

Por Dr. José Aldair Morsch, 13 de dezembro de 2024
Holter para arritmias

As arritmias cardíacas representam um importante desafio na prática clínica. 

Caracterizadas por irregularidades no ritmo ou na frequência dos batimentos cardíacos, podem variar desde manifestações benignas até condições potencialmente fatais. 

Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia, as doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no país, e as arritmias ajudam a elevar os números.

São cerca de 1.100 óbitos por dia, aproximadamente 400 mil a cada ano no Brasil.

Em resposta a esse cenário, o holter ocupa destaque como dispositivo de monitoramento cardíaco contínuo, sendo empregado para a detecção e avaliação dessas condições. 

Capaz de registrar a atividade elétrica do coração por períodos prolongados, ele oferece uma visão detalhada das variações cardíacas que não são capturadas em exames convencionais, como o eletrocardiograma (ECG) de repouso.

Com o avanço da telecardiologia, a interpretação dos dados do holter e o acesso a ele evoluíram bastante.

A possibilidade de análise remota por especialistas e a emissão ágil de laudos têm revolucionado o monitoramento de arritmias, melhorando a qualidade do diagnóstico e, consequentemente, o tratamento dos pacientes. 

Este artigo esclarece como a telecardiologia se integra ao uso do holter.

Vamos falar sobre a sua importância na gestão preventiva de arritmias e esclarecer os benefícios para clínicas e hospitais que adotam a telemedicina.

O papel do holter no monitoramento de arritmias

O holter cardíaco é um dispositivo portátil usado para monitorar continuamente a atividade elétrica do coração por 24 a 48 horas ou mais, dependendo da prescrição médica. 

Ele registra o ritmo cardíaco enquanto o paciente realiza suas atividades diárias.

É o que permite a detecção de arritmias e outras anomalias que podem não aparecer em análises de curta duração, como o eletrocardiograma.

Outros exames, como ecocardiogramas e testes de esforço, são úteis para avaliar a estrutura cardíaca ou a resposta do coração ao exercício, mas não fornecem um panorama contínuo da atividade elétrica. 

Já o holter, por ser um aparelho portátil e registrar os batimentos em condições reais de vida, permite identificar correlações entre sintomas relatados pelo paciente.

Esse é o caso de palpitações ou tonturas, além de eventos cardíacos específicos.

Também é mais acessível em termos de custo e infraestrutura, quando comparado a exames mais complexos, como a ressonância magnética cardíaca

Sua simplicidade e eficácia o tornam uma escolha preferencial para o monitoramento inicial de pacientes com suspeita de arritmias.

Uso do holter no monitoramento de diferentes tipos de arritmias

É preciso considerar ainda o potencial do exame holter para a detecção de eventos assintomáticos.

Muitas arritmias não causam sintomas perceptíveis, mas o holter registra toda a atividade elétrica, permitindo a identificação mesmo de episódios silenciosos

Então, como as arritmias podem se manifestar de diversas formas, este é o exame ideal para a detecção e análise de várias delas, incluindo:

  • Fibrilação atrial: caracterizada por batimentos cardíacos irregulares e frequentemente rápidos. Pode ser intermitente, tornando o holter vital para capturar episódios não detectados em exames pontuais
  • Taquicardias supraventriculares: incluem uma variedade de arritmias que se originam acima dos ventrículos. O holter ajuda a identificar a frequência e a duração desses episódios, essenciais para o planejamento terapêutico
  • Arritmias ventriculares: a taquicardia ventricular e a fibrilação ventricular são potencialmente letais. O monitoramento contínuo pode detectar padrões precoces que indiquem risco aumentado
  • Bradicardias: batimentos cardíacos anormalmente lentos, que podem causar síncopes ou fadiga. O holter permite avaliar a necessidade de intervenções como marcapassos
  • Extrassístoles: batimentos prematuros que podem ser benignos ou indicar problemas subjacentes. A quantificação e a análise de sua frequência auxiliam na determinação da relevância clínica.

Além disso, o holter é fundamental na avaliação da eficácia de tratamentos, como o uso de antiarrítmicos ou após procedimentos como ablação por cateter. 

Monitorar as alterações no ritmo cardíaco ao longo do tempo fornece insights valiosos sobre a resposta terapêutica.

Holter de arritmia cardiaca

O holter registra o ritmo cardíaco enquanto o paciente realiza suas atividades diárias

Telecardiologia: revolucionando a interpretação de laudos de holter

A telecardiologia é o uso de tecnologia para monitorar e diagnosticar condições cardíacas à distância. 

Integra dispositivos como o holter a plataformas de telemedicina para análise remota por especialistas.

Por suas características, a telecardiologia permite diagnósticos rápidos, monitoramento contínuo e prevenção de complicações, melhorando o acesso e a eficiência nos cuidados de saúde.

Em ações de telediagnóstico a partir do exame holter, essa integração ocorre da seguinte forma:

  • Coleta de dados: o paciente utiliza o dispositivo holter, que registra a atividade elétrica do coração continuamente por um período que pode ser de 24 horas ou até 7 dias
  • Transferência de dados: após o período de monitoramento, os dados são extraídos e enviados eletronicamente para uma plataforma de telemedicina
  • Interpretação remota: cardiologistas especializados acessam os dados através da plataforma, realizando a análise detalhada dos registros
  • Emissão de laudos: os laudos são elaborados e disponibilizados digitalmente para a equipe médica que solicitou o exame.

Essa abordagem traz inúmeros benefícios, como comento abaixo,

Vantagens da interpretação remota do holter

Como não há a necessidade de transporte físico dos dados, a telecardiologia permite diagnósticos cardíacos mais rápidos.

Ao mesmo tempo, profissionais de saúde em áreas remotas ou com escassez de especialistas podem contar com a expertise de cardiologistas à distância.

Além disso, a telecardiologia facilita a centralização de dados, permitindo a criação de bases de dados robustas para pesquisa e melhoria contínua dos serviços.

Conheça agora um resumo das principais vantagens para pacientes, médicos e instituições de saúde:

  • Agilidade na emissão de laudos: o tempo entre a realização do exame e a disponibilidade do laudo é reduzido, permitindo intervenções terapêuticas mais rápidas quando necessário
  • Especialização: acesso a cardiologistas especializados em arritmias, garantindo maior precisão diagnóstica
  • Custo-benefício: redução de custos operacionais relacionados ao transporte de dados e necessidade de especialistas in loco
  • Disponibilidade contínua: serviços de interpretação 24 horas por dia, 7 dias por semana, garantem suporte em tempo integral
  • Atualização tecnológica: plataformas de telemedicina frequentemente incorporam ferramentas avançadas, como algoritmos de inteligência artificial que auxiliam na detecção de eventos arrítmicos.

Entenda na sequência como utilizar o holter como dispositivo de monitoramento para a prevenção de arritmias, dentro de um programa de telecardiologia.

Gestão preventiva de arritmias com holter

A detecção precoce de arritmias é essencial para prevenir complicações graves, como acidentes vasculares cerebrais (AVCs), insuficiência cardíaca e morte súbita. 

O monitoramento contínuo com holter, potencializado pela telecardiologia, permite a identificação de arritmias silenciosas, como já abordamos anteriormente.

Além disso, vale destacar o seu papel na atenção a pacientes de alto risco

Indivíduos com histórico de doenças cardíacas, insuficiência cardíaca ou predisposição genética podem ser acompanhados mais de perto quando esse dispositivo é parte de um programa de telecardiologia.

Também o holter ajuda a monitorar a resposta a medicamentos antiarrítmicos ou procedimentos intervencionistas, ajustando o tratamento conforme necessário.

Isso sem falar na igualmente relevante prevenção de eventos isquêmicos.

Afinal, ao detectar arritmias como a fibrilação atrial, é possível iniciar terapias anticoagulantes para prevenir a formação de trombos e, consequentemente, AVCs.

Além dos benefícios clínicos diretos, o rastreamento cardíaco eficiente e a gestão adequada das arritmias impactam positivamente na vida dos pacientes das seguintes formas:

  • Redução da ansiedade: saber que sua condição está sendo monitorada e que qualquer alteração será rapidamente identificada proporciona tranquilidade
  • Participação ativa no cuidado: com acesso a informações sobre sua saúde cardíaca, os pacientes tendem a ser mais engajados no tratamento e nas mudanças de estilo de vida necessárias
  • Diminuição de hospitalizações: a gestão preventiva reduz a necessidade de internações emergenciais, evitando interrupções na vida pessoal e profissional
  • Personalização do tratamento: dados detalhados permitem que o tratamento seja adaptado às necessidades específicas de cada paciente, aumentando a eficácia terapêutica.

Um projeto desenvolvido pelo Hospital Nove de Julho, utilizando inteligência artificial para identificar precocemente a fibrilação atrial, trouxe resultados animadores nesse sentido.

A principal conclusão foi de aumento de 82,3% no número de pacientes tratados para essa condição.

Porém, chama a atenção que, em um ano de projeto, houve crescimento de 30% na pontuação de qualidade de vida dos pacientes acompanhados.

O projeto para detecção de arritmia ganhou o prêmio Gartner Eye on Innovation 2024.

Holter cardíaco para arritmias

A detecção precoce de arritmias é essencial para prevenir complicações graves, como AVCs

Como implementar a telecardiologia para monitoramento de arritmias

Em um mercado cada vez mais competitivo, oferecer serviços avançados é um diferencial para qualquer instituição de saúde, seja uma clínica ou hospital.

É neste contexto que se encaixa um programa de telecardiologia, que pode ter, entre outros objetivos, o monitoramento de arritmias cardíacas a partir de laudos de holter.

Tenha em mente que instituições que utilizam tecnologias modernas são percebidas como inovadoras e confiáveis pelos pacientes.

Além disso, serviços de qualidade e atendimento eficiente aumentam a satisfação e a fidelidade dos pacientes.

Há ganhos também na reputação, já que a adoção de tecnologias de ponta reforça o compromisso com a excelência e a melhoria contínua.

Veja, então, o que é preciso para implementar um programa de telecardiologia.

  1. Diagnóstico organizacional: avaliar a infraestrutura existente, recursos disponíveis e necessidades específicas
  2. Definição de objetivos claros: estabelecer metas mensuráveis, como redução de tempo na emissão de laudos ou aumento da capacidade de atendimento
  3. Seleção da plataforma: pesquisar e escolher uma plataforma que atenda aos critérios de qualidade, segurança e funcionalidade
  4. Aquisição e atualização de equipamentos: garantir que os dispositivos de holter e sistemas de TI sejam compatíveis e estejam atualizados
  5. Planejamento financeiro: elaborar um orçamento que inclua custos de implementação, treinamento e manutenção.

Esse é um resumo das ações necessárias, mas há duas frentes que precisam de ainda mais atenção: a seleção da empresa de telemedicina e a capacitação da equipe médica.

Comento sobre esses dois pontos a partir de agora.

Critérios para escolha de serviços de telediagnóstico

Entre as etapas citadas, a seleção de uma plataforma de telemedicina é um passo crítico e, por isso, merece comentários à parte.

Primeiramente, a plataforma deve cumprir as normas do Conselho Federal de Medicina (CFM) e atender às exigências da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

Também deve garantir a confidencialidade dos dados, com sistemas de criptografia e proteção contra acessos não autorizados, em conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).

Outro ponto importante é quanto à existência de uma equipe especializada.

Ou seja, dispor de profissionais qualificados, com experiência comprovada em cardiologia e interpretação de exames de holter.

Além, é claro, da disponibilidade de tecnologia avançada (uso de softwares modernos, com capacidade de integração a sistemas existentes na instituição) e de suporte técnico (assistência para resolução de problemas e esclarecimento de dúvidas).

Considere ainda que avaliações de outras instituições e certificações de qualidade também podem ser indicadores da confiabilidade do serviço.

Ao estabelecer parcerias com uma plataforma confiável, sua instituição garante:

  • Laudos precisos e confiáveis: análises realizadas por especialistas, com suporte de ferramentas tecnológicas avançadas
  • Operação contínua: serviços disponíveis sem interrupções, garantindo atendimento ininterrupto aos pacientes
  • Atualização constante: acesso a inovações e melhorias contínuas, mantendo a instituição na vanguarda tecnológica
  • Relacionamento colaborativo: suporte personalizado e abertura para ajustes conforme as necessidades específicas da instituição.

Esses benefícios se traduzem em melhorias no atendimento ao paciente e na eficiência operacional, fortalecendo a posição da instituição no mercado.

Treinamento e integração na rotina clínica

Aqui está outro ponto de atenção importante para a implementação de um programa de telecardiologia.

É fundamental garantir a integração da telemedicina na prática médica, alinhando a tecnologia com as operações diárias da instituição.

Para isso, invista nos seguintes passos:

  • Capacitação da equipe: treinamentos práticos para médicos, enfermeiros e equipe administrativa no uso da plataforma e novas rotinas
  • Definição de protocolos: estabelecer procedimentos padronizados para coleta, envio e recebimento de dados e laudos
  • Comunicação interna: manter a equipe informada sobre os benefícios e mudanças, promovendo engajamento e colaboração
  • Monitoramento e avaliação contínua: acompanhar indicadores de desempenho, coletar feedback e realizar ajustes conforme necessário
  • Divulgação aos pacientes: informar os pacientes sobre as novas tecnologias e como elas beneficiam seu atendimento.

Tenha em mente que a adoção bem-sucedida da telecardiologia depende do compromisso de toda a equipe e da disposição para adaptar processos visando melhorias contínuas.

Conclusão

A aplicação da telecardiologia na interpretação de laudos de holter representa um avanço significativo na cardiologia moderna. 

Ao possibilitar a análise remota e ágil de dados cardíacos, contribui para diagnósticos mais precisos, intervenções oportunas e melhora na qualidade de vida dos pacientes.

Para clínicas e hospitais, a adoção da tecnologia oferece benefícios operacionais, fortalece a posição competitiva no mercado e demonstra um compromisso com a inovação e a excelência no atendimento

E se você quer dar esse passo, é fundamental escolher uma plataforma segura, confiável e com todos os recursos que sua instituição precisa.

A Telemedicina Morsch tem a solução ideal para você.

Em nosso software de telemedicina, os laudos são disponibilizados em até 30 minutos, ou em tempo real nas urgências.

E você ainda tem acesso ao aluguel de holter em comodato, o que dispensa investimentos iniciais para oferecer o exame.

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Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin