Insuficiência cardíaca: o que é, causas, diagnóstico, recomendações e tratamento

Por Dr. José Aldair Morsch, 1 de dezembro de 2023
Insuficiência cardíaca

A insuficiência cardíaca (IC) vem se tornando questão de saúde pública devido à alta incidência.

Para se ter uma ideia, dados do DATASUS mostram que são diagnosticados 240 mil casos por ano no Brasil.

O número deve aumentar nos próximos anos, conforme a população envelhece.

Daí a necessidade de entender melhor a IC, seus tipos, sintomas e tratamento.

Apresento essas e outras informações ao longo deste artigo, incluindo um bônus com serviços de telemedicina que colaboram para o diagnóstico.

O que é insuficiência cardíaca?

Insuficiência cardíaca é uma síndrome em que ocorre a falência do miocárdio.

Nesse cenário, o músculo se torna incapaz de bombear sangue em quantidade suficiente para o bom funcionamento do organismo.

Em alguns casos, o suprimento de sangue é suficiente, porém, é realizado às custas de pressões de enchimento elevadas, o que desencadeia redução do débito cardíaco.

Segundo definição do Ministério da Saúde, a IC:

“É uma síndrome clínica com sintomas e/ou sinais atuais ou anteriores causados por anormalidades cardíacas estruturais e/ou funcionais, corroborados por níveis elevados de peptídeo natriurético e evidência objetiva de congestão pulmonar ou sistêmica”.

Tipos de insuficiência cardíaca

A insuficiência cardíaca pode ser classificada de diferentes maneiras, a exemplo da fração de ejeção e progressão da doença.

Uma forma mais simples está na classificação entre IC crônica ou aguda, definidas da seguinte forma na Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca Crônica e Aguda:

“O termo ‘insuficiência cardíaca crônica’ reflete a natureza progressiva e persistente da doença, enquanto o termo ‘insuficiência cardíaca aguda’ fica reservado para alterações rápidas ou graduais de sinais e sintomas resultando em necessidade de terapia urgente. Embora a maioria das doenças que levam à IC caracterizem-se pela presença de baixo débito cardíaco (muitas vezes compensado) no repouso ou no esforço (IC de baixo débito), algumas situações clínicas de alto débito também podem levar a IC, como tireotoxicose, anemia, fístulas arteriovenosas e beribéri (IC de alto débito)”.

Explico mais detalhes a seguir.

Classificação conforme a fração de ejeção

Uma das divisões mais utilizadas se baseia na fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE), separando a IC em 4 tipos:

  • IC com fração de ejeção preservada (ICFEp): FEVE maior ou igual a 50%
  • IC com fração de ejeção reduzida (ICFEr): FEVE menor que 40%
  • IC de fração de ejeção levemente reduzida (CFEi): FEVE entre 41 e 49%
  • IC com FE melhorada (HFimpEF): FEVE basal ≤ 40%, um aumento ≥ 10 pontos da FEVE basal e uma segunda medição da FEVE > 40%.

Na sequência, falo sobre possíveis sintomas da condição.

Quais os sintomas da insuficiência cardíaca?

Inicialmente, muitos casos de IC podem ser assintomáticos, apresentando sinais apenas quando a patologia se intensifica.

Os principais sintomas são:

  • Dispneia
  • Ortopneia
  • Edema de membros inferiores e abdômen
  • Fadiga
  • Intolerância ao exercício
  • Tosse persistente.

A síndrome se manifesta de forma diferente no paciente pediátrico, como aponta a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).

Respiração rápida, cansaço fácil, interrupções frequentes das mamadas, palidez e sudorese excessiva, vômitos frequentes e baixo ganho de peso são sintomas que acometem bebês.

Já as crianças mais velhas apresentam:

  • Cansaço aos esforços
  • Dispneia
  • Fadiga
  • Intolerância alimentar (ex.: vômitos)
  • Edema abdominal, na face e nas pernas.

No próximo tópico, vamos entender o que está por trás dessa condição.

O que causa insuficiência cardíaca?

As causas mais relevantes no Brasil são doenças isquêmicas, hipertensão arterial sistêmica e, em algumas regiões, a doença de Chagas.

No entanto, diversas patologias cardiovasculares e até em outros sistemas do organismo podem estar na origem da IC, incluindo:

  • Valvulopatias
  • Cardiomiopatias
  • Patologias congênitas
  • Toxicidade por medicamentos
  • Miocardite
  • Doenças endócrinas, renais ou autoimunes.

É importante que a investigação médica busque identificar os fatores que levam ao quadro.

Qual exame detecta insuficiência cardíaca?

O diagnóstico clínico oferece um panorama interessante a partir da combinação entre histórico de doenças cardiovasculares, sintomas e comorbidades (como diabetes e hipertensão).

Geralmente é feita a solicitação de exames complementares como:

  • Eletrocardiograma, para avaliar sinais de cardiopatia estrutural e/ou distúrbios de condução
  • Ecocardiograma com doppler para analisar a FEVE e características dos átrios e ventrículos e das válvulas cardíacas, pressão sistólica, entre outros fatores
  • Dosagem plasmática de peptídeos natriuréticos BNP e NT-proBNP
  • Ressonância magnética cardíaca, considerada o método padrão-ouro para medidas dos volumes, da massa miocárdica e da fração de ejeção de ambas as cavidades ventriculares.

A partir do diagnóstico, passamos ao tratamento.

Como tratar insuficiência cardíaca?

O tratamento é definido a partir da causa e características da insuficiência cardíaca, que pode afetar o coração direito ou esquerdo.

Geralmente, a abordagem engloba medidas farmacológicas e não farmacológicas e, em alguns casos, procedimentos invasivos.

Betabloqueadores, diuréticos e inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECA) estão entre os medicamentos comumente prescritos para reverter os sintomas.

Eles devem ser combinados a uma dieta com restrição de sódio e hábitos saudáveis, como a prática de atividade física regular, para melhorar a qualidade de vida do paciente.

Dependendo da origem da IC, pode ser necessário recorrer à cirurgia de revascularização, colocação de marcapasso ou cardioversor implantável (CDI) ou substituição de válvulas.

Casos de IC refratária são candidatos ao transplante de coração.

Insuficiência cardiovascular

Muitos casos podem ser assintomáticos, com manifestações apenas em estágios avançados

O que uma pessoa com insuficiência cardíaca não pode fazer?

Algumas práticas devem ser evitadas para que a doença não piore, a exemplo de:

  • Consumir muito sal
  • Fumar ou respirar a fumaça do cigarro
  • Ingerir comidas gordurosas
  • Beber líquidos em excesso (deve-se beber entre 1 e 1,5 litro por dia)
  • Tomar cerveja e outras bebidas alcoólicas
  • Usar anti-inflamatórios não esteroidais (ibuprofeno, diclofenaco e naproxeno).
  • Exercícios físicos devem ser feitos sob orientação médica.

É importante que médico e paciente conversem sobre a necessidade de mudança de hábitos.

Telemedicina facilita o diagnóstico da insuficiência cardíaca

O diagnóstico da IC é complexo e pede os conhecimentos de um cardiologista.

Por vezes, as clínicas e hospitais não dispõem de especialistas em quantidade suficiente para fazer a interpretação de exames cardiológicos como ECG e RM.

Mas é possível suprir essa carência com o suporte da telemedicina, que coloca um time de cardiologistas à sua disposição.

Basta compartilhar os registros dos exames na plataforma de Telemedicina Morsch para que sejam avaliados por um especialista qualificado.

Ele conclui e assina digitalmente o laudo online, entregue em minutos ou em tempo real, no caso de urgências.

Sua equipe ainda pode solicitar uma segunda opinião médica ou encaminhar os pacientes a especialistas através da teleconsulta.

Acesse a nossa área de cardiologia a distância e leve as vantagens da telemedicina cardiológica para o seu negócio.

Conclusão

A insuficiência cardíaca é uma condição complexa e pede atenção para evitar complicações graves.

Você pode contar com a plataforma Morsch para otimizar o diagnóstico e acelerar o tratamento dessa síndrome.

Se achou o artigo útil, leia mais conteúdos sobre cardiologia que publico aqui no blog.

Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin