Integração de dados em telemedicina: melhorando a continuidade do cuidado

Por Dr. José Aldair Morsch, 3 de junho de 2024
Integração de dados em telemedicina

A integração de dados em telemedicina é uma etapa fundamental para otimizar o atendimento e a gestão de saúde. 

Essa prática permite que profissionais de saúde acessem e analisem informações médicas de maneira mais eficaz, melhorando a precisão diagnóstica e a eficiência do tratamento. 

Em um mundo cada vez mais digital, onde a rapidez e a precisão das informações podem impactar diretamente os resultados de saúde, não há como abrir mão da telemedicina. 

Ela facilita o acesso ao cuidado médico para pessoas em áreas remotas ou com mobilidade reduzida, ao mesmo tempo que promove uma gestão mais eficiente de recursos em hospitais e clínicas.

Este artigo esclarece o papel da integração de dados em telemedicina e como isso ajuda na continuidade do cuidado dos pacientes, possibilitando um acompanhamento mais detalhado e coordenado.

A importância da integração de dados em telemedicina

A integração de dados em telemedicina é um processo que envolve a coleta, análise e compartilhamento de informações médicas entre diferentes plataformas e profissionais de saúde, utilizando tecnologia digital. 

Ela é essencial para o telediagnóstico, que consiste na realização de diagnósticos médicos à distância. 

No telediagnóstico, diversos tipos de dados são utilizados, incluindo resultados de exames de imagem, dados de monitoramento de sinais vitais, históricos clínicos e notas de evolução de tratamentos anteriores.

A eficiência dessa integração traz benefícios significativos para a gestão da saúde. 

Um dos principais é a criação de um histórico médico abrangente e acessível. 

Com todos os dados clínicos integrados e acessíveis em um prontuário eletrônico, os profissionais de saúde podem obter uma visão completa do histórico de saúde do paciente, facilitando um diagnóstico mais preciso e a escolha de um tratamento adequado.

Além disso, a integração de dados permite uma maior continuidade no cuidado ao paciente. 

Médicos e outros profissionais de saúde podem acessar informações atualizadas em tempo real.

Isso é especialmente útil para o acompanhamento de condições crônicas ou no monitoramento de pacientes em tratamento contínuo. 

Significa que, independentemente de onde o paciente ou o médico estejam, o acesso às informações necessárias para tomar decisões de saúde informadas está garantido.

Como a integração de dados facilita o acompanhamento e a coordenação do cuidado

Como vimos, a integração de dados em telemedicina permite que informações vitais sejam compartilhadas entre diferentes especialistas e setores dentro de um sistema de saúde, facilitando um tratamento mais coerente e contínuo.

Essa característica aparece de forma bastante clara na coordenação entre especialistas.

Por exemplo, imagine um paciente que realiza uma tomografia computadorizada devido à suspeita de patologia abdominal.

Um radiologista, através de uma plataforma de telemedicina, realiza a interpretação do exame e identifica possíveis anomalias. 

Esse laudo é compartilhado com um gastroenterologista e um oncologista através do mesmo sistema, que conta com o recurso de prontuário eletrônico.

Ambos podem revisar o exame e o laudo médico, adicionar suas próprias observações especializadas e ainda participar de uma teleinterconsulta para discutir o melhor plano de tratamento.

Essa abordagem integrada e colaborativa, possibilitada pela telemedicina, assegura que todos os detalhes do caso sejam considerados sem atrasos, evitando interpretações isoladas e garantindo uma visão compreensiva da condição do paciente.

Etapas da integração de dados no telediagnóstico

Vamos ver, na prática, como a integração de dados acontece?

Cada uma das etapas abaixo é importante para garantir que o telediagnóstico funcione de maneira eficaz, mantendo a integridade e a privacidade dos dados do paciente.

1. Coleta de dados

No contexto do telediagnóstico, a coleta de dados começa com a realização de exames de imagem (como raio-X, tomografias ou ressonância magnética) em locais que podem estar distantes dos centros de análise. 

Os dados são capturados digitalmente através de equipamentos de imagem médica. 

É necessário que a coleta seja feita de forma precisa e com alta qualidade, pois isso vai influenciar diretamente na interpretação de exames e precisão dos diagnósticos. 

Uma vez coletados, os dados de imagem formam a base inicial do que será um laudo médico detalhado após a análise.

2. Armazenamento seguro

Após a coleta, os dados precisam ser armazenados de forma segura em sistemas de informação em saúde que cumpram rigorosas normas de segurança da informação e privacidade de dados, como as definidas pela LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) no Brasil. 

Isso envolve o uso de criptografia e outras medidas de segurança para proteger as informações durante o seu armazenamento e transmissão. 

Em muitos casos, os dados são armazenados na nuvem, permitindo que sejam acessados de qualquer lugar, facilitando a próxima etapa.

Uma boa plataforma de telemedicina tem essa característica.

Dados integrados em telemedicina"

No telediagnóstico, diversos tipos de dados são utilizados, incluindo resultados de exames de imagem

3. Acesso e compartilhamento

A fase de acesso e compartilhamento é fundamental para a eficácia do telediagnóstico. 

Os dados armazenados são acessados por médicos especialistas em radiologia ou outra área pertinente, de qualquer lugar do mundo, através de uma plataforma segura.

O portal de telemedicina permite o acesso aos dados de imagem, além de viabilizar a comunicação e colaboração entre diferentes profissionais de saúde que podem estar envolvidos no cuidado do paciente. 

Essa capacidade de compartilhamento em tempo real suporta a colaboração multidisciplinar e a discussão de casos complexos.

4. Análise de dados

Finalmente, na análise de dados, os especialistas interpretam os exames de imagem remotos utilizando suas expertises combinadas com ferramentas avançadas de diagnóstico assistido por computador, como algoritmos de inteligência artificial que podem destacar áreas de interesse ou sugerir possíveis diagnósticos. 

A interpretação resulta na elaboração de um laudo médico detalhado, que é então enviado de volta ao médico solicitante ou diretamente para o sistema de saúde do paciente, onde será utilizado para determinar o tratamento adequado.

Impactos da integração de dados na tomada de decisão clínica

A integração de dados clínicos proporciona aos médicos uma visão holística do paciente

Isso é essencial para formular diagnósticos mais precisos e desenvolver planos de tratamento eficazes. 

No contexto do telediagnóstico, onde especialistas podem não ter contato direto com o paciente, acessar um histórico médico detalhado e atualizado é fundamental. 

Por exemplo, a análise remota de um exame de imagem pode revelar anomalias que, quando vistas em conjunto com o histórico clínico, indicam uma condição específica que requer intervenção imediata.

Além disso, a disponibilidade de informações completas reduz a probabilidade de erros médicos. 

Decisões baseadas em dados incompletos ou desatualizados podem levar a diagnósticos errôneos ou à prescrição de tratamentos ineficazes. 

A integração de dados assegura que todas as decisões sejam baseadas nas informações mais completas e recentes disponíveis, aumentando a segurança do paciente.

Também há ganhos quanto à colaboração entre diferentes profissionais de saúde. 

Em um cenário de telediagnóstico, isso permite que especialistas de diferentes áreas troquem informações de maneira rápida e eficiente, discutam casos complexos e cheguem a um consenso sobre o melhor curso de ação. 

Essa cooperação interdisciplinar é muito importante, especialmente para pacientes com condições que requerem cuidados coordenados entre diversos especialistas.

Cabe lembrar ainda que a integração de dados permite um acompanhamento mais efetivo do paciente ao longo do tempo. 

Alterações no estado de saúde podem ser rapidamente identificadas e tratadas, antes que se tornem questões mais graves. 

O monitoramento contínuo ajuda pacientes crônicos e aqueles em tratamento prolongado, pois permite ajustes dinâmicos no plano de cuidados conforme necessário.

Integração de informaçoes em telemedicina

A integração de dados em telemedicina permite que informações vitais sejam compartilhadas

Melhorando o manejo do paciente com dados integrados

Não é por acaso que afirmamos que a integração de dados em telemedicina está transformando o manejo de pacientes, permitindo tratamentos mais personalizados e eficazes

Com acesso a dados históricos completos, os profissionais de saúde podem adaptar os planos de cuidados às necessidades específicas de cada paciente, seja em condições crônicas ou situações médicas agudas.

A seguir, trago mais detalhes sobre como isso acontece.

Personalização do tratamento

A personalização do tratamento médico se baseia no entendimento profundo do histórico do paciente

Com dados integrados, médicos podem acessar informações detalhadas sobre reações anteriores a medicamentos, progressão de doenças e resultados de tratamentos passados. 

Isso permite ajustar os tratamentos não apenas com base nos sintomas atuais, mas considerando a resposta individual do paciente ao longo do tempo.

Como exemplo, considere um paciente com uma condição cardiovascular crônica que realiza periodicamente exames como uma ressonância do coração para monitoramento.

Através da telemedicina, esse exame de imagem é analisado remotamente por um cardiologista que, ao acessar um histórico integrado de dados, pode observar tendências ou mudanças sutis na função cardíaca ao longo do tempo. 

A visão abrangente permite ajustar o regime de tratamento do paciente, personalizando a medicação e as recomendações de atividade física com base nas mudanças observadas nos últimos exames.

Melhoria no manejo de doenças crônicas

A gestão de doenças crônicas se beneficia muito da integração de dados. 

Ao centralizar informações de consultas, internações anteriores e resultados de exames, os médicos têm uma visão ampla sobre o paciente, o que é essencial para o manejo eficaz de condições de longo prazo. 

Por exemplo, no controle da hipertensão, o monitoramento contínuo dos níveis de pressão arterial, junto com dados sobre adesão ao tratamento e estilo de vida, facilita ajustes na medicação e nas recomendações de atividades.

Isso pode ser feito através de exames como o MAPA (Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial) com interpretação e laudo a distância conduzidos por cardiologistas via plataforma de telemedicina.

Resposta rápida em condições agudas

Em condições agudas, como infecções severas ou ataques cardíacos, a rapidez na decisão médica salva vidas. 

A integração de dados em um prontuário eletrônico permite que a equipe acesse rapidamente o histórico de saúde do paciente, identificando alergias a medicamentos, condições preexistentes ou tratamentos anteriores que podem influenciar a escolha terapêutica.

Isso acelera o processo de cuidado em situações críticas e também aumenta a precisão do tratamento administrado.

Desafios e soluções na integração de dados em telemedicina

A integração de dados em telemedicina oferece inúmeros benefícios, como vimos até aqui, mas há também obstáculos a superar na sua implementação.

Esses desafios incluem questões de compatibilidade tecnológica, segurança dos dados e aceitação por parte dos profissionais de saúde.

Mas há soluções para cada um deles, como mostramos abaixo.

Principais desafios na integração de dados

  • Compatibilidade tecnológica: muitas vezes, os sistemas de informação em saúde usados por diferentes instituições não são compatíveis, dificultando a troca e integração de dados. Isso pode resultar em silos de informação, onde dados críticos ficam inacessíveis para profissionais que precisam deles
  • Segurança de dados: a segurança é uma grande preocupação, pois os dados de saúde são extremamente sensíveis. As instituições devem garantir que todas as informações estejam protegidas contra acessos não autorizados, perda de dados e ataques cibernéticos
  • Resistência à mudança: profissionais de saúde podem ser resistentes a adotar novas tecnologias de integração de dados. A falta de familiaridade e preocupações com a eficácia atrapalham a aceitação e o uso efetivo das ferramentas disponíveis.

A seguir, veja como enfrentar esses desafios.

Soluções e melhores práticas

  • Adoção de padrões abertos: utilizar padrões abertos em sistemas de informação permite a compatibilidade entre diferentes plataformas e facilita a integração de dados. Instituições podem trabalhar com desenvolvedores de software para garantir que novos sistemas sejam compatíveis com padrões internacionais
  • Fortalecimento da segurança: implementar medidas de segurança avançadas, como criptografia de dados, autenticação multifatorial e auditorias regulares, são essenciais para proteger as informações. Além disso, treinamentos contínuos em cibersegurança para os funcionários ajudam a minimizar os riscos de violações de dados
  • Capacitação e engajamento: promover programas de treinamento e capacitação para os profissionais de saúde sobre as vantagens e o uso das novas tecnologias pode ajudar a reduzir a resistência à mudança e facilitar a integração da telemedicina à prática médica.

Você sabia que a seleção da plataforma de telediagnóstico faz toda a diferença na integração de dados?

Leia o nosso artigo sobre como escolher o provedor de telemedicina e entenda melhor.

Conclusão

Ao longo deste artigo, abordamos a importância da integração de dados em telemedicina, destacando como ela aprimora a personalização do tratamento, melhora a coordenação do cuidado e fortalece a tomada de decisão clínica.

Para as instituições de saúde que buscam otimizar seus serviços e aprimorar os cuidados oferecidos aos pacientes, vale muito considerar essa estratégia.

Seja você um profissional que ainda desconhece a telemedicina na prática ou um gestor que já utilizou a tecnologia anteriormente, mas sem os resultados desejados, esta é a hora de ter a Telemedicina Morsch como parceira.

Conheça as nossas soluções, como o prontuário eletrônico e o telediagnóstico, e vamos juntos transformar o atendimento ao paciente em sua instituição.

Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin