Internação hospitalar: tipos, exemplos de motivos e como funciona o processo

Por Dr. José Aldair Morsch, 8 de janeiro de 2024
Internação hospitalar

A internação hospitalar pode ocorrer por motivos diversos, desde que exista a necessidade de tratamento estendido na unidade de saúde.

Embora seja comum lembrar apenas de casos complexos e de maior gravidade, pessoas saudáveis também podem precisar desse serviço.

Por exemplo, para realizar um parto.

Portanto, vale considerar os diferentes cenários para adaptar a estrutura e os procedimentos, melhorando a experiência do paciente.

Nos próximos tópicos, explico mais sobre os tipos de internação hospitalar, características dos leitos e como a telemedicina qualifica a assistência nesses cenários.

O que é internação hospitalar?

Internação hospitalar é a admissão de pacientes em leito hospitalar pelo período mínimo de 24 horas.

Essa é a definição dada pelo Ministério da Saúde e descrita em documentos como a Padronização da Nomenclatura do Censo Hospitalar.

É importante dizer que existe outra modalidade de admissão hospitalar, destinada a pacientes que permanecem por menos de 24 horas na unidade de saúde.

Falo da observação hospitalar, que deve se estender pelo menor período possível.

Ela atende a objetivos específicos, como a administração de medicação endovenosa e a verificação de sua eficácia.

Isso porque, como explica a padronização:

“Os leitos de observação em geral oferecem menos condições de conforto e privacidade para o paciente e por razões humanitárias deve-se manter o período de observação restrito ao necessário para a segurança do paciente e para a tomada de decisão clínica”.

No entanto, o raciocínio se aplica também aos casos de internação, uma vez que requerem isolamento e, muitas vezes, expõem o cliente a tratamento impessoal e sensação de solidão.

Daí a relevância de avaliar a real necessidade da admissão hospitalar, restringindo o tempo de internação ao período necessário para a terapia e recuperação do doente.

Tipos de internação hospitalar

É possível classificar a internação hospitalar de maneiras distintas.

Um exemplo faz a separação entre admissões eletivas e urgências/emergências, com base no caráter da entrada no hospital.

Enquanto o grupo eletivo conta com planejamento e autorização prévia por parte do paciente, urgências e emergências requerem assistência imediata, o que pode adiar a autorização.

Afinal, existe grave ameaça à vida ou integridade do paciente caso o atendimento demore.

Contudo, a classificação mais utilizada enquadra a internação como voluntária, involuntária ou compulsória.

Veja detalhes sobre cada uma delas abaixo.

Internação voluntária

Nesse tipo de admissão hospitalar, o paciente manifesta consentimento para a permanência na unidade de saúde.

Ele se encontra lúcido, em plena condição de tomar decisões e, portanto, assina a autorização de internação hospitalar (AIH) de livre e espontânea vontade.

Geralmente, o contexto é de tranquilidade, envolvendo casos de cirurgias eletivas agendadas ou parto.

Entretanto, há situações que evoluem para urgências, exigindo mudanças na abordagem terapêutica e o consentimento do doente para estender a permanência no hospital.

Internação involuntária

Pacientes inconscientes devido a um acidente ou cujo quadro piorou ao longo do tratamento no hospital podem precisar de internação involuntária.

Isso porque eles estarão incapazes de autorizar a admissão, dependendo de um responsável legal que assine a autorização em seu lugar.

Assim, a solicitação é feita a pedido de terceiros.

Obviamente, esses casos requerem a expressa recomendação médica para a ocupação de um leito no hospital, além dos demais procedimentos necessários para evitar a morte e/ou sequelas que possam acometer o doente.

Internação compulsória

Caso o paciente esteja física e psicologicamente incapacitado para tomar decisões, a internação pode ser realizada com base em ordem judicial.

Essas situações são atípicas, apoiadas por um pedido formal apresentado pelo médico.

É necessário que o profissional descreva um motivo que justifique a admissão hospitalar independente da vontade do paciente.

Por exemplo, nos casos em que existe ameaça à saúde pública, ao próprio bem-estar ou de terceiros.

Internação no hospital

O procedimento realizado para a admissão hospitalar pode variar conforme o estabelecimento de saúde

Quais os motivos de internação hospitalar?

A admissão hospitalar pode ter uma série de razões.

Segundo dados referentes ao Sistema Único de Saúde (SUS), desde a década de 1990, 1 em cada 4 internações hospitalares são motivadas por gravidez, parto e puerpério.

Outras causas expressivas são doenças do aparelho respiratório e circulatório, neoplasias e doenças infecciosas e parasitárias.

Quanto ao perfil dos pacientes internados, cabe mencionar que idosos têm duas vezes mais chances de ser internados que adultos jovens, refletindo as complicações de doenças crônicas que afetam grande parte da população maior de 60 anos.

Como informa outro estudo, doenças dos aparelhos circulatório, respiratório e digestivo respondem por aproximadamente 60% das causas de internação na população idosa.

Os percentuais são divididos da seguinte forma:

  • Doenças do aparelho circulatório (28,6 e 30,1% para homens e mulheres, respectivamente), com destaque para a insuficiência cardíaca
  • Doenças do aparelho respiratório (20,4 e 18,7%, respectivamente), em especial bronquite, enfisema, outras doenças pulmonares obstrutivas crônicas e pneumonias
  • Doenças do aparelho digestivo (11,0 e 9,7%, respectivamente).

O estudo aponta ainda:

“O padrão da morbidade hospitalar da população idosa, com importantes diferenças em relação ao padrão equivalente para os adultos mais jovens; entre os primeiros, predominavam as doenças dos aparelhos circulatório, respiratório e digestivo como causas de internações, ao passo que, entre os últimos, as causas mais frequentes foram as doenças do aparelho digestivo e as causas externas, entre os homens, e doenças do aparelho geniturinário e gravidez e puerpério entre as mulheres”.

Como funciona o procedimento de internação hospitalar?

O procedimento realizado para a admissão pode variar conforme o estabelecimento, tipo de internação e meio de pagamento.

A seguir, descrevo 5 etapas básicas que se aplicam à maioria dos casos.

1. Avaliação médica

Seja para urgências, emergências ou casos eletivos, a admissão hospitalar depende de requisição médica.

Esse pedido só é feito após a realização de exame clínico para verificar a condição física e mental do paciente, identificando sintomas de patologias e outras anormalidades no funcionamento do organismo.

O profissional também tem acesso ao histórico do paciente para observar a existência de comorbidades, alergias, cirurgias prévias e outros fatores que influenciam na saúde.

Algumas vezes, o médico solicita exames complementares laboratoriais, eletrocardiograma ou exames de imagem, a fim de embasar a escolha do tratamento adequado.

Todas essas informações devem constar no laudo para autorização de internação hospitalar, que inclui, conforme o Manual técnico do Sistema de Informação Hospitalar, publicado pelo Ministério da Saúde:

  • Identificação do paciente
  • Informações de anamnese, exame físico, exames complementares (quando houver)
  • Condições que justifiquem a internação e o diagnóstico inicial
  • CPF, o CRM e/ou CRO ou Coren do profissional de saúde responsável
  • Código do procedimento solicitado, correspondente ao diagnóstico constante do laudo, de acordo com a Tabela do SIH/SUS e a CID 10.

Então, passamos à triagem.

2. Triagem

Quando o paciente tem indicação médica para internação, deve se dirigir até a recepção do hospital junto a um acompanhante com a documentação informada previamente.

Na ocasião, ele vai passar por triagem para que seja encaminhado ao leito hospitalar recomendado pela equipe médica, que pode estar na enfermaria ou mesmo na unidade de terapia intensiva.

Tudo vai depender da condição clínica e finalidade da internação.

Doentes críticos também são examinados para que ocupem o leito adequado às suas necessidades.

Leito hospitalar internação

Internação hospitalar é a admissão de pacientes em leito hospitalar pelo período mínimo de 24 horas

3. Autorização

Se a admissão é voluntária, o paciente assina normalmente a autorização de internação hospitalar (AIH).

Caso seja involuntária, cabe ao seu responsável ou representante legal apresentar a documentação requerida pelo hospital, incluindo o laudo médico solicitando a admissão.

Internações compulsórias são mais complexas, pois partem da execução de uma ordem expedida pelo juiz que serve como autorização oficial.

4. Entrada

Com tudo OK, o paciente dá entrada na internação, sendo admitido no hospital para o tratamento requisitado.

Também pode ser deslocado para outro setor do hospital por transferência interna, ou ter sido encaminhado por outro estabelecimento, por meio de transferência externa.

5. Saída

Pode corresponder à alta hospitalar ou outra movimentação do paciente, a exemplo de evasão, desistência do tratamento, transferência interna, transferência externa ou óbito.

Como é um leito hospitalar de internação?

Conforme define a já citada Padronização da Nomenclatura do Censo Hospitalar, o leito hospitalar de internação:

“É a cama numerada e identificada destinada à internação de um paciente dentro de um hospital, localizada em um quarto ou enfermaria, que se constitui no endereço exclusivo de um paciente durante sua estadia no hospital e que está vinculada a uma unidade de internação ou serviço”.

O leito de internação possui 4 subclassificações:

  • Leito clínico, destinado a pacientes de qualquer especialidade médica
  • Leito cirúrgico, ocupado por pacientes antes e após procedimentos invasivos
  • Leito obstétrico, que serve para acomodar gestantes e puérperas
  • Leito pediátrico para pacientes menores de 15 anos.

Importante ainda conhecer os equipamentos para o leito, como esclareço abaixo.

Equipamentos para leito hospitalar de internação

A estrutura do leito de internação fica condicionada ao ambiente em que está instalado e às necessidades do paciente.

A seguir, apresento os equipamentos e materiais para leito de UTI adulto, como determina o Art. 57 da Resolução n° 7 de 2010:

  • Cama hospitalar com ajuste de posição, grades laterais e rodízios
  • Equipamento para ressuscitação manual do tipo balão auto inflável, com reservatório e máscara facial: um por leito, com reserva operacional de um para cada dois leitos
  • Estetoscópio
  • Conjunto para nebulização
  • Quatro equipamentos para infusão contínua e controlada de fluidos (“bomba de infusão”), com reserva operacional de um equipamento para cada três leitos
  • Fita métrica
  • Equipamentos e materiais que permitam monitorização contínua de: frequência respiratória, oximetria de pulso, frequência cardíaca, cardioscopia, temperatura, pressão arterial não invasiva.

Veja na sequência qual a orientação ao paciente sobre o que levar ao hospital para a sua internação.

O que levar para internação hospitalar?

É importante que o paciente receba orientações por escrito ou enviadas via e-mail e app de mensagens, a fim de que não se esqueça dos documentos necessários para a internação.

Também será preciso levar itens de uso pessoal para banho e higiene íntima, além de manter o máximo conforto durante o período de internação.

Listo os principais objetos abaixo:

  • RG, carteira de habilitação ou outro documento de identificação com foto
  • CPF
  • Cartão Nacional do SUS (CNS) ou carteirinha do convênio médico
  • Registros referentes ao risco cirúrgico de outros exames pré-operatórios
  • Informe com medicamentos de uso contínuo
  • Escova e pasta de dentes
  • Sabonete, xampu, condicionador
  • Desodorante
  • Escova ou pente de cabelo
  • Roupas confortáveis, como pijamas
  • Roupas íntimas
  • Chinelos
  • Celular e carregador
  • Dinheiro, cartão de débito e crédito.

O paciente também deve combinar a ida ao hospital com um acompanhante que esteja ciente da sua condição de saúde e possa tomar decisões enquanto ele estiver inconsciente.

O que é relatório de internação hospitalar?

Trata-se de um documento de natureza jurídica declaratória, sem finalidade diagnóstica, que reúne informações sobre o período de internamento do paciente.

Esse relatório médico atende a objetivos específicos, para dar entrada na solicitação de um prêmio junto à seguradora ou requisição de benefícios previdenciários, entre outros.

O documento apresenta dados de identificação do paciente, hospital onde foi atendido e do médico responsável, além da descrição de:

  • Período de internação hospitalar
  • Resultados de exames
  • Diagnósticos
  • Prognósticos
  • Condutas terapêuticas
  • Possíveis sequelas
  • Limitações físicas
  • Consequências de saúde, como a incapacidade para o trabalho, etc.

A seguir, falo sobre as contribuições da telemedicina em casos de internação hospitalar.

Qual o impacto da telemedicina nas internações hospitalares?

A telemedicina coloca um time de especialistas a serviço da sua equipe, agregando agilidade aos diagnósticos e tratamentos. Plataformas completas como a Telemedicina Morsch funcionam 24 horas por dia, mesmo aos feriados e finais de semana.

Basta que o cliente utilize um computador, tablet ou smartphone com acesso à internet para fazer seu login e solicitar a emissão de laudos a distância.

Funciona assim: sua equipe faz os exames complementares normalmente e compartilha os registros em nosso software de telemedicina em nuvem.

Em seguida, um especialista de plantão os analisa e interpreta sob a luz da hipótese diagnóstica e histórico do paciente.

Ele anota as conclusões no laudo online, assinado digitalmente para garantir a autenticidade. Dessa forma, o resultado é entregue em minutos pelo sistema.

Também oferecemos teleconsulta com prontuário eletrônico, aluguel em comodato, segunda opinião médica, teleconsultoria e muito mais!

Veja soluções pensadas para seu hospital!

Conclusão

Ao longo deste artigo, falei sobre a importância, modalidades e fluxo de internação hospitalar, que se torna mais célere com o auxílio da tecnologia.

Conte com a praticidade da Telemedicina Morsch para otimizar as rotinas de registro e diagnóstico de pacientes internados.

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Leia mais artigos para médicos que publico aqui no blog.

Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin