Silicose: o que é, causas, tratamento e como prevenir no trabalho

Geralmente, a silicose leva mais de uma década para se manifestar, o que pode dificultar o diagnóstico.
No entanto, quase sempre essa é uma doença ocupacional, suspeitada ao identificar atividades com exposição à sílica na trajetória profissional do paciente.
Daí a importância do monitoramento médico contínuo, que permite o diagnóstico precoce e início rápido do tratamento, a fim de evitar ou reduzir complicações de saúde.
Falo sobre o conceito, causas, sintomas, diagnóstico e prevenção da sílica ao longo deste artigo.
Ao final, também apresento soluções de telemedicina que auxiliam na detecção dessa doença com agilidade.

O que é silicose?
Silicose é uma doença pulmonar desencadeada pela inalação de partículas de sílica.
Trata-se de uma pneumoconiose, nome dado ao grupo de patologias pulmonares causadas pelo acúmulo de poeira nos pulmões.
A sílica (ou óxido de silício) é o principal componente da areia e matéria-prima para a fabricação do vidro e do cimento.
A inalação dessa substância (principalmente se duradoura), limita a capacidade respiratória.
Isso ocorre tanto no que diz respeito à capacidade de oxigenação do sangue quanto à expansão pulmonar, com repercussão em outras funções orgânicas, sobretudo a cardíaca.

Como adiantei na introdução do texto, a silicose é uma doença ocupacional conhecida, afetando trabalhadores, como os mineiros que trabalham em túneis e galerias.
A sílica se deposita nos alvéolos pulmonares (pequenas bolsas presentes nos pulmões), causando graves danos a eles e progredindo para casos de fibrose pulmonar nodular irreversível.
O que causa silicose?
Ela é causada pela inalação de partículas de sílica e leva alguns anos para manifestar sintomas.
No entanto, os agravos aos pulmões são inevitáveis, a menos que a inalação seja precocemente interrompida.
A princípio, aparecem pequenas áreas cicatriciais, conhecidas como silicose nodular simples, as quais posteriormente evoluem para áreas mais extensas de fibrose pulmonar.
Comumente, a doença resulta de exposição ocupacional contínua à sílica cristalina, que, conforme estudos, é característica das atividades de:
- Mineração e extração, beneficiamento de pedras que contenham o mineral
- Perfuração de rochas em mineração, construção de túneis, barragens e estradas
- Construção civil, em etapas da obra fundações, acabamento, corte de azulejos e de pedras, misturas de cimento e areia
- Jateamento de areia, utilizado na indústria naval, na opacificação de vidros, na fundição e no polimento de peças na indústria metalúrgica. Essa atividade é proibida no Brasil desde 2005
- Fundição de ferro, aço e outros metais
- Fabricação de pisos, azulejos, louças sanitárias e domésticas
- Produção, uso e manutenção de tijolos refratários
- Fabricação de vidros
- Moagem de quartzo e pedras
- Construção de fornos refratários
- Execução de artesanatos e acabamento em mármore, ardósia, granito e outras pedras
- Fabricação de material abrasivo
- Escavação de poços
- Atividades de protético
- Atividade agrícola de aragem.
Entenda a seguir quais são os seus sintomas.
Quais os principais sintomas da silicose?
A intoxicação maciça e aguda por sílica pode provocar dificuldades respiratórias, febre e cianose.
A silicose crônica causa fibrose progressiva dos alvéolos pulmonares,
Isso leva a dificuldades respiratórias e baixa oxigenação do sangue, provocando tontura, fraqueza e náuseas e, muitas vezes, incapacitando o trabalhador para suas funções.

O coração é submetido a um esforço maior que o normal, porque tem que trabalhar com mais intensidade para garantir a oxigenação do organismo e disso decorrem consequências sobre esse órgão (insuficiência cardíaca, por exemplo).
Deve-se estar atento para o fato de que a silicose favorece o aparecimento da tuberculose pulmonar.
Como é feito o diagnóstico da silicose?
O diagnóstico combina dados do exame clínico a procedimentos complementares, especialmente exames de imagem que mostrem os pulmões.
As primeiras informações surgem durante a anamnese ocupacional, na qual o médico pergunta sobre o histórico do paciente, sintomas e quando se iniciaram.
Além de questionar sobre as funções laborais e uma possível exposição a riscos químicos, como poeiras minerais, fumos e névoas.
Com base nesse relato, o médico fará a avaliação física e a solicitação de exames complementares, com destaque para o RX de tórax OIT.
Realizada conforme os parâmetros da Organização Internacional do Trabalho, essa radiografia permite identificar sinais de silicose, segundo descreve este material técnico:
“O Rx de tórax caracteriza-se pela presença de pequenas opacidades nodulares que iniciam-se mais comumente nos campos superiores do pulmão, estendendo-se depois para os campos médios e inferiores.”
Se ainda restarem dúvidas, a hipótese diagnóstica pode ser corroborada com o suporte de outros procedimentos, como a espirometria, que mede a capacidade pulmonar do paciente.
Ou a tomografia do pulmão, que coleta centenas de radiografias de uma só vez, permitindo uma análise detalhada dos achados suspeitos.

Ela é causada pela inalação de partículas de sílica e leva alguns anos para manifestar sintomas
Silicose tem cura?
Essa patologia não tem cura, mas tem tratamento.
Muitas vezes, a silicose causa incapacidade para o trabalho, principalmente devido à falta de ar aos esforços.
Por se tratar de uma doença progressiva, é fundamental iniciar a terapia o mais brevemente possível, a fim de retardar a evolução da silicose.
Conforme citei nos tópicos anteriores, leva à formação de fibrose ou cicatrizes nos pulmões.
Isso acaba comprometendo cada vez mais a capacidade respiratória e cardíaca, o que tende a provocar quadros graves e fatais.
Qual o tratamento para silicose?
Como agora você já sabe, uma vez estabelecida, a doença não tem cura.
Mas sua evolução pode ser bloqueada a partir da interrupção da exposição ao pó de sílica.
Também é feito o tratamento sintomatológico das queixas do paciente.
Pessoas com dificuldades respiratórias, por exemplo, podem ter o sintoma aliviado com o uso de medicamentos broncodilatadores, supressores da tosse, corticoides e, em alguns casos, com administração de oxigênio em ambiente hospitalar.
Se houver tuberculose e outras infecções respiratórias, pode ser preciso utilizar antibióticos.

Como evitar a silicose?
A prevenção da silicose deve se basear em uma estratégia adequada de Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (GRO), relatada em documentos como o Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR).
De forma sucinta, é necessário seguir a ordem de prioridade na implementação de medidas preventivas, ou seja:
- Eliminação dos fatores de risco, substituindo matérias-primas e processos geradores de silicose por outros menos danosos à saúde
- Adoção de medidas de proteção coletiva, tais como exaustão, ventilação e enclausuramento total ou parcial do processo produtor de poeiras
- Adoção de medidas administrativas ou de organização do trabalho, a exemplo de escalas ou trabalho em turnos para diminuir o tempo de exposição ao risco ocupacional
- Adoção de medidas de proteção individual, caso as demais ações sejam insuficientes, deve-se implementar o uso de EPI (equipamento de proteção individual), elaborando um Programa de Proteção Respiratória (PPR) para a seleção e uso do respirador adequado.
Por fim, os trabalhadores em risco devem passar pelo exame ocupacional periodicamente, nos termos do que determina o médico do trabalho responsável pelo Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO).
Raio-X de tórax e espirometria fazem parte dos exames complementares do PCMSO nesses casos.

A intoxicação maciça e aguda por sílica pode provocar dificuldades respiratórias, febre e cianose
Como a telemedicina ajuda a monitorar a saúde dos trabalhadores?
O monitoramento médico previsto no PCMSO requer a inclusão de exames de rastreamento da silicose, como raio-X e espirometria.
Esses procedimentos costumam ser feitos por uma clínica ocupacional, mas há casos em que a própria empresa dispõe da estrutura para sua condução.
Seja qual for o cenário, vale lembrar que os exames podem ser realizados por um técnico em radiologia ou técnico de enfermagem devidamente treinados.
Porém, sua interpretação é restrita a especializados na área do exame, de acordo com as normas do Conselho Federal de Medicina (CFM).
É aí que contar com uma empresa de telemedicina parceira faz a diferença, pois sua equipe pode delegar a emissão de laudos para o time de especialistas online.
Basta compartilhar os registros dos exames via plataforma de telemedicina para que, em seguida, um médico qualificado os avalie e emita o laudo a distância.
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Conclusão
Doença relacionada ao trabalho, a silicose deve ser prevenida por meio de medidas efetivas, com destaque para a proteção coletiva e os exames que permitem seu diagnóstico precoce.
Dessa forma, será possível intervir antes que a doença avance e comprometa a estrutura dos pulmões, causando danos irreversíveis.
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