Proteção respiratória: entenda o que é e quais os principais tipos de máscara

Por Dr. José Aldair Morsch, 30 de outubro de 2024
Proteção respiratória

Investir em proteção respiratória é fundamental para preservar a saúde dos trabalhadores em ambientes com ar contaminado ou restrição ao oxigênio.

Para complementar outras medidas de SST, eles devem contar com equipamentos de proteção respiratória (EPR) escolhidos segundo critérios técnicos e testados para garantir a vedação.

Nesse contexto, cabe às equipes do SESMT, CIPA e gestores adotarem as ações propostas pelo Programa de Proteção Respiratória (PPR).

É sobre elas que falo neste texto.

Siga com a leitura para saber mais sobre proteção respiratória e como implementar boas práticas no seu ambiente de trabalho, incluindo dicas para otimizar as tarefas burocráticas com a telemedicina ocupacional.

O que é proteção respiratória?

Proteção respiratória é a área que se dedica a evitar ou reduzir a inalação de agentes prejudiciais à saúde dos trabalhadores.

Falo, aqui, dos agentes de risco químico, presentes em certos locais sob a forma de poeiras, fumos, gases, neblinas, névoas ou vapores.

Quando inalados em quantidades maiores, podem provocar lesões imediatas por envenenamento ou intoxicação.

Já a inalação por longos períodos pode levar à sua deposição em diferentes órgãos e tecidos.

Como consequência, cresce o risco de desenvolver doenças ocupacionais que comprometem estruturas do sistema respiratório, nervoso e digestivo, entre outros.

O que é Programa de Proteção Respiratória (PPR)?

Programa de Proteção Respiratória ou PPR é um manual com recomendações para seleção e uso de respiradores, desenvolvido pela Fundacentro (Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho).

Ligada ao Ministério do Trabalho, a Fundacentro elabora materiais de suporte técnico relativos às questões de saúde e segurança do trabalho no Brasil.

No caso do PPR, o objetivo é auxiliar os empregadores quando houver a necessidade de complementar as medidas de proteção coletivas previamente realizadas.

Assim, o manual traz boas práticas para a identificação dos riscos respiratórios, o procedimento de escolha do respirador adequado e o treinamento dos trabalhadores para seu uso correto.

O PPR é referenciado por legislações como a Portaria n° 672/2021, que disciplina os procedimentos, programas e condições de segurança e saúde no trabalho (SST), estabelecendo o Regulamento Técnico sobre o uso de equipamentos para proteção respiratória.

Proteção individual respiratória

O programa é essencial para garantir a saúde dos funcionários e cumprir as normas regulamentadoras

Quais empresas precisam de um Programa de Proteção Respiratória?

Empresas cujos trabalhadores estão expostos a contaminantes aéreos nocivos, como poeiras, fumos, névoas, gases ou vapores, ou a ambientes com deficiência de oxigênio, precisam de um Programa de Proteção Respiratória.

Isso inclui indústrias químicas, construção civil, mineração, agricultura, soldagem, pintura e outras atividades com riscos respiratórios. 

Como informa o próprio PPR, suas orientações se destinam “à proteção de trabalhadores contra a inalação de contaminantes perigosos e contra a inalação de ar com deficiência de oxigênio nos locais de trabalho por meio do uso de respiradores”.

O programa é essencial para garantir a saúde dos funcionários e cumprir as normas regulamentadoras de segurança do trabalho.

Vale lembrar que o uso de EPR deve ser usado como última barreira aos riscos respiratórios, que devem ser alvo das medidas de engenharia, ventilação e controles administrativos presentes no Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR).

Tipos de máscaras de proteção respiratória

Existem diversos tipos de protetores respiratórios, que estão divididos em cinco categorias dentro da Norma Regulamentadora 06 – que trata de EPIs.

A seguir, trago um resumo sobre as classificações:

  • D.1 – Respirador purificador de ar não motorizado: utilizado para impedir a inalação de partículas contaminantes, esse grupo reúne as peças faciais filtrantes (PFF), subdivididas em: PFF1, PFF2 e PFF3
  • D.2 – Respirador purificador de ar motorizado: geralmente, oferece vedação facial, podendo ser do tipo peça semifacial ou facial inteira com filtros químicos e/ou combinados
  • D.3 – Respirador de adução de ar tipo linha de ar comprimido: empregados em atmosferas deficientes de oxigênio, apresentam diferentes tipos de vedação facial, escolhidas conforme o nível de concentração desse gás
  • D.4 – Respirador de adução de ar tipo máscara autônoma: trata-se de peça facial inteira, contendo circuito aberto ou fechado de demanda com pressão positiva
  • D.5 – Respirador de fuga: usado para proteção em atmosferas perigosas, engloba os tipos purificador de ar para fuga, com bocal e pinça nasal, capuz ou peça facial; e máscara autônoma para fuga.

Veja na sequência como adotar medidas de proteção respiratória no ambiente de trabalho.

Como implantar medidas de proteção respiratória na empresa?

Embora não exista uma receita única para a proteção respiratória, as empresas podem seguir as medidas do PPR e do regulamento que citei nos tópicos anteriores.

Com base nesses materiais, organizei cinco etapas fundamentais para essa tarefa:

1. Avalie os riscos respiratórios

Conte com um profissional especializado em SST e áreas correlatas como a higiene ocupacional para fazer uma Análise Preliminar de Riscos (APR) completa.

Nela, devem constar dados como a presença e concentração de agentes químicos no ambiente, como amianto, sílica, mercúrio etc.

Também serão consideradas as características físicas e específicas de trabalho, tendo em vista possibilidade da existência de atmosferas imediatamente perigosas à vida ou à saúde.

Proteção respiratória trabalhadores

As empresas podem seguir as medidas do PPR e do regulamento que citei nos tópicos anteriores

2. Siga a hierarquia de controle de riscos

Mencionei, anteriormente, que o empregador deve respeitar a hierarquia para a mitigação dos riscos ocupacionais identificados, dando preferência a:

  • Eliminação dos fatores de risco
  • Medidas de proteção coletiva
  • Medidas administrativas ou de organização do trabalho
  • Adoção de medidas de proteção individual – só aqui é que entram os equipamentos de proteção respiratória (EPR).

Feito isso, passamos à elaboração do PPR.

3. Elabore o PPR

A partir da APR e da identificação da necessidade de EPR, estabeleça a política da empresa na área de proteção respiratória e elabore o PPR.

O programa deve atender a uma estrutura mínima, tendo um administrador, regras e responsabilidades dos principais atores envolvidos, avaliação das condições físicas, psicológicas e médicas dos usuários, entre outras regras.

4. Seleção e manutenção dos respiradores

Iniciado após a avaliação ambiental, o processo de seleção do respirador considera a exposição ocupacional, características da atividade laboral e do trabalhador para determinar a classe de respirador adequada.

O EPR deverá ser guardado e higienizado com regularidade.

Em seguida, são realizados ensaios de vedação para garantir a proteção à saúde, bem como o treinamento dos empregados para que façam uso correto do EPR.

Um exemplo está na necessidade de remoção da barba por parte dos homens, a fim de melhorar a aderência da máscara facial.

5. Monitore a saúde dos empregados

Um PPR completo caminha alinhado ao PCMSO, mantendo a vigilância em saúde dos colaboradores para prevenir doenças ocupacionais.

Nesse cenário, os trabalhadores expostos a riscos respiratórios devem passar pelo exame ocupacional previsto no Programa, que pode englobar exames complementares do PCMSO como espirometria e RX de tórax OIT.

É fundamental manter essa rotina preventiva em dia, e sua empresa pode contar com a eficiência de uma plataforma de telemedicina para a interpretação e entrega de laudos online.

Basta realizar os exames normalmente e compartilhar os registros via Telemedicina Morsch, usando qualquer dispositivo conectado à internet.

Em seguida, um de nossos médicos especialistas fará a avaliação e emissão do laudo em minutos!

Sua equipe ainda vai dispor da assinatura digital para os seguintes laudos de SST:

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Conclusão

Encerrando este artigo, você está informado sobre as principais medidas de proteção respiratória.

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Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin