Análise preliminar de riscos: o que é, objetivos, exemplos e como elaborar

Por Dr. José Aldair Morsch, 25 de março de 2024
Análise preliminar de riscos

A análise preliminar de riscos oferece dados fundamentais para a estratégia de prevenção de acidentes e doenças relacionados ao trabalho.

Até alguns anos atrás, ela era exigida apenas em situações pontuais, até que passou a integrar o Inventário de Riscos Ocupacionais do PGR (Programa de Gerenciamento de Riscos) .

Na prática, dados da APR se tornaram obrigatórios para a maioria das empresas, o que torna imprescindível conhecer sua estrutura, objetivos e como deve ser feita.

É o que você vai ver a partir de agora.

Nas próximas linhas, explico esses e outros tópicos e trago dicas para agilizar a emissão de documentos de SST com a telemedicina ocupacional.

O que é análise preliminar de riscos (APR)?

Análise preliminar de riscos (APR) é um documento que reúne dados sobre o levantamento dos riscos ocupacionais em uma empresa.

Como mencionei acima, trata-se de parte indispensável do PGR, conforme estabelece o item 1.5.7.3.2 da NR-01.

Veja o que diz um trecho da norma:

“O Inventário de Riscos Ocupacionais deve contemplar, no mínimo, as seguintes informações:

d) dados da análise preliminar ou do monitoramento das exposições a agentes físicos, químicos e biológicos e os resultados da avaliação de ergonomia nos termos da NR-17”.

Qual o objetivo da análise preliminar de riscos?

A análise preliminar de riscos tem como objetivo antecipar a identificação das ameaças no ambiente laboral.

Nesse contexto, se torna essencial para uma estratégia de Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (GRO) efetiva, oferecendo a oportunidade de mitigar os perigos antes mesmo que se tornem riscos à vida, integridade ou saúde dos colaboradores.

Vale lembrar que o perigo corresponde às fontes de risco, enquanto o risco pode ser definido como:

“Combinação da probabilidade de ocorrer lesão ou agravo à saúde causados por um evento perigoso, exposição a agente nocivo ou exigência da atividade de trabalho e da severidade dessa lesão ou agravo à saúde”.

Ao reconhecer as possíveis ameaças inerentes a determinados ambientes, tarefas e condições de trabalho, a APR possibilita o planejamento e implementação de medidas corretivas.

E, por consequência, dá base à prevenção de acidentes de trabalho e doenças ocupacionais, promovendo o bem-estar nas empresas.

Ferramentas para evitar essas ocorrências têm papel importante para reverter o quadro alarmante de acidentes e mortes no trabalho no Brasil.

Somente em 2022, o país registrou 612 mil acidentes de trabalho, sendo 2.538 acidentes fatais.

Veículos de transportes, máquinas e equipamentos estão envolvidos em grande parte das ocorrências que levam a óbito.

Por isso, exigem maior atenção desde as etapas de planejamento do PGR.

Quais empresas devem apresentar a análise preliminar de riscos?

Por fazerem parte do PGR, dados da análise preliminar devem ser apresentados por quase todos os empregadores com funcionários CLT.

De acordo com a norma regulamentadora 01, somente estão dispensados o microempreendedor individual (MEI), as microempresas e empresas de pequeno porte (EPP) enquadradas como grau de risco 1 ou 2.

Exemplos de análise preliminar de risco

O documento deve atender à realidade da empresa e, portanto, não existem modelos universais.

Mas apresento dois exemplos para inspiração a seguir.

Análise preliminar de risco para construção civil

O setor de construção civil tem uma série de particularidades, começando pelas diferentes etapas de uma obra.

A APR deve ser feita pensando em cada processo de cada fase, a fim de contemplar ao máximo as fontes de perigo.

Trabalhos em altura e transporte de cargas são tarefas comuns durante o processo de alvenaria, como neste exemplo.

Análise preliminar de risco para máquinas e equipamentos

Segundo a NR-12, a Análise de Risco é a combinação da especificação dos limites da máquina, identificação de perigos e estimativa de riscos.

A referência para elaborar o documento se encontra na NBR 12.100 (Segurança de máquinas – Princípios gerais de projeto – Apreciação e redução de riscos).

Estudo preliminar de riscos

Análise preliminar de riscos é um documento que reúne dados sobre o levantamento dos riscos ocupacionais

Como fazer uma análise preliminar de risco?

Veja um roteiro básico para elaborar a APR:

1. Reúna a equipe responsável

Profissionais do SESMT, CIPA e gestores devem participar da elaboração da APR, bem como outros trabalhadores envolvidos nos processos.

2. Divida os processos

Você deve criar uma análise preliminar para cada etapa e processo, por isso, saber quais são eles é o primeiro passo.

Por exemplo, a operação de uma empilhadeira ou o descarte de lixo hospitalar.

3. Identifique e classifique os riscos

Em seguida, é hora de fazer o levantamento das fontes de risco presentes no ambiente laboral.

Aproveite para classificar os riscos ocupacionais, dividindo-os em físicos, químicos, biológicos, ergonômicos ou de acidentes (mecânicos).

4. Pontue os possíveis incidentes

Cada processo de trabalho poderá gerar mais de uma consequência, e o ideal é prever o máximo de situações perigosas.

O contato com material perfurocortante usado numa incisão, por exemplo, expõe o trabalhador a se contaminar com microrganismos (risco biológico).

E também a se cortar (risco de acidentes).

5. Proponha medidas de controle

Com os incidentes relatados, especifique soluções para diminuir as chances de eventos adversos.

Dê preferência a ações amplas e de proteção coletiva, que poderão ser reforçadas com o uso de equipamento de proteção individual (EPI).

Quem é responsável pela análise preliminar de riscos?

Cabe à empresa providenciar a APR, que deve ser produzida e assinada por um engenheiro de segurança do trabalho.

Entretanto, é importante a colaboração de outros profissionais do SESMT, como técnico de segurança e médico do trabalho, além da equipe da CIPA.

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Conclusão

Gostou de saber mais sobre a análise preliminar de riscos?

Lembre-se de providenciar a APR antes de iniciar novas atividades ou etapas na sua empresa, para preservar a saúde e segurança do trabalho.

Leia mais artigos de medicina ocupacional que escrevo aqui no blog.

Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin