Silicose: o que é, causas, tratamento e como prevenir no trabalho

Por Dr. José Aldair Morsch, 21 de junho de 2015
Silicose

Geralmente, a silicose leva mais de uma década para se manifestar, o que pode dificultar o diagnóstico.

No entanto, quase sempre essa é uma doença ocupacional, suspeitada ao identificar atividades com exposição à sílica na trajetória profissional do paciente.

Daí a importância do monitoramento médico contínuo, que permite o diagnóstico precoce e início rápido do tratamento, a fim de evitar ou reduzir complicações de saúde.

Falo sobre o conceito, causas, sintomas, diagnóstico e prevenção da sílica ao longo deste artigo.

Ao final, também apresento soluções de telemedicina que auxiliam na detecção dessa doença com agilidade.

O que é silicose?

Silicose é uma doença pulmonar desencadeada pela inalação de partículas de sílica.

Trata-se de uma pneumoconiose, nome dado ao grupo de patologias pulmonares causadas pelo acúmulo de poeira nos pulmões.

A sílica (ou óxido de silício) é o principal componente da areia e matéria-prima para a fabricação do vidro e do cimento.

A inalação dessa substância (principalmente se duradoura), limita a capacidade respiratória.

Isso ocorre tanto no que diz respeito à capacidade de oxigenação do sangue quanto à expansão pulmonar, com repercussão em outras funções orgânicas, sobretudo a cardíaca.

Como adiantei na introdução do texto, a silicose é uma doença ocupacional conhecida, afetando trabalhadores, como os mineiros que trabalham em túneis e galerias.

A sílica se deposita nos alvéolos pulmonares (pequenas bolsas presentes nos pulmões), causando graves danos a eles e progredindo para casos de fibrose pulmonar nodular irreversível.

Silicose pulmonar

Ela é causada pela inalação de partículas de sílica e leva alguns anos para manifestar sintomas

O que causa silicose?

Ela é causada pela inalação de partículas de sílica e leva alguns anos para manifestar sintomas.

No entanto, os agravos aos pulmões são inevitáveis, a menos que a inalação seja precocemente interrompida.

A princípio, aparecem pequenas áreas cicatriciais, conhecidas como silicose nodular simples, as quais posteriormente evoluem para áreas mais extensas de fibrose pulmonar.

Comumente, a doença resulta de exposição ocupacional contínua à sílica cristalina, que, conforme estudos, é característica das atividades de:

  • Mineração e extração, beneficiamento de pedras que contenham o mineral
  • Perfuração de rochas em mineração, construção de túneis, barragens e estradas
  • Construção civil, em etapas da obra fundações, acabamento, corte de azulejos e de pedras, misturas de cimento e areia
  • Jateamento de areia, utilizado na indústria naval, na opacificação de vidros, na fundição e no polimento de peças na indústria metalúrgica. Essa atividade é proibida no Brasil desde 2005
  • Fundição de ferro, aço e outros metais
  • Fabricação de pisos, azulejos, louças sanitárias e domésticas
  • Produção, uso e manutenção de tijolos refratários
  • Fabricação de vidros
  • Moagem de quartzo e pedras
  • Construção de fornos refratários
  • Execução de artesanatos e acabamento em mármore, ardósia, granito e outras pedras
  • Fabricação de material abrasivo
  • Escavação de poços
  • Atividades de protético
  • Atividade agrícola de aragem.

Entenda a seguir quais são os seus sintomas.

Quais os principais sintomas da silicose?

A intoxicação maciça e aguda por sílica pode provocar dificuldades respiratórias, febre e cianose.

A silicose crônica causa fibrose progressiva dos alvéolos pulmonares, o que leva a dificuldades respiratórias e baixa oxigenação do sangue, provocando tontura, fraqueza e náuseas e, muitas vezes, incapacitando o trabalhador para suas funções.

O coração é submetido a um esforço maior que o normal, porque tem que trabalhar com mais intensidade para garantir a oxigenação do organismo e disso decorrem consequências sobre esse órgão (insuficiência cardíaca, por exemplo).

Deve-se estar atento para o fato de que a silicose favorece o aparecimento da tuberculose pulmonar.

Como é feito o diagnóstico da silicose?

O diagnóstico combina dados do exame clínico a procedimentos complementares, especialmente exames de imagem que mostrem os pulmões.

As primeiras informações surgem durante a anamnese ocupacional, na qual o médico pergunta sobre o histórico do paciente, sintomas e quando se iniciaram.

Além de questionar sobre as funções laborais e uma possível exposição a riscos químicos, como poeiras minerais, fumos e névoas.

Com base nesse relato, o médico fará a avaliação física e a solicitação de exames complementares, com destaque para o RX de tórax OIT.

Realizada conforme os parâmetros da Organização Internacional do Trabalho, essa radiografia permite identificar sinais de silicose, segundo descreve este material técnico:

“O Rx de tórax caracteriza-se pela presença de pequenas opacidades nodulares que iniciam-se mais comumente nos campos superiores do pulmão, estendendo-se depois para os campos médios e inferiores.”

Se ainda restarem dúvidas, a hipótese diagnóstica pode ser corroborada com o suporte de outros procedimentos, como a espirometria, que mede a capacidade pulmonar do paciente.

Ou a tomografia do pulmão, que coleta centenas de radiografias de uma só vez, permitindo uma análise detalhada dos achados suspeitos.

Silicose tem cura?

Essa patologia não tem cura, mas tem tratamento.

Muitas vezes, a silicose causa incapacidade para o trabalho, principalmente devido à falta de ar aos esforços.

Por se tratar de uma doença progressiva, é fundamental iniciar a terapia o mais brevemente possível, a fim de retardar a evolução da silicose.

Que, conforme citei nos tópicos anteriores, leva à formação de fibrose ou cicatrizes nos pulmões, comprometendo cada vez mais a capacidade respiratória e cardíaca, o que tende a provocar quadros graves e fatais.

Qual o tratamento para silicose?

Como agora você já sabe, uma vez estabelecida, a doença não tem cura.

Mas sua evolução pode ser bloqueada a partir da interrupção da exposição ao pó de sílica.

Também é feito o tratamento sintomatológico das queixas do paciente.

Pessoas com dificuldades respiratórias, por exemplo, podem ter o sintoma aliviado com o uso de medicamentos broncodilatadores, supressores da tosse, corticoides e, em alguns casos, com administração de oxigênio em ambiente hospitalar.

Se houver tuberculose e outras infecções respiratórias, pode ser preciso utilizar antibióticos.

Pneumoconiose

A intoxicação maciça e aguda por sílica pode provocar dificuldades respiratórias, febre e cianose

Como evitar a silicose?

A prevenção da silicose deve se basear em uma estratégia adequada de Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (GRO), relatada em documentos como o Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR).

De forma sucinta, é necessário seguir a ordem de prioridade na implementação de medidas preventivas, ou seja:

  • Eliminação dos fatores de risco, substituindo matérias-primas e processos geradores de silicose por outros menos danosos à saúde
  • Adoção de medidas de proteção coletiva, tais como exaustão, ventilação e enclausuramento total ou parcial do processo produtor de poeiras
  • Adoção de medidas administrativas ou de organização do trabalho, a exemplo de escalas ou trabalho em turnos para diminuir o tempo de exposição ao risco ocupacional
  • Adoção de medidas de proteção individual, caso as demais ações sejam insuficientes, deve-se implementar o uso de EPI (equipamento de proteção individual), elaborando um Programa de Proteção Respiratória (PPR) para a seleção e uso do respirador adequado.

Por fim, os trabalhadores em risco devem passar pelo exame ocupacional periodicamente, nos termos do que determina o médico do trabalho responsável pelo Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO).

Raio-X de tórax e espirometria fazem parte dos exames complementares do PCMSO nesses casos.

Como a telemedicina ajuda a monitorar a saúde dos trabalhadores?

O monitoramento médico previsto no PCMSO requer a inclusão de exames de rastreamento da silicose, como raio-X e espirometria.

Esses procedimentos costumam ser feitos por uma clínica ocupacional, mas há casos em que a própria empresa dispõe da estrutura para sua condução.

Seja qual for o cenário, vale lembrar que os exames podem ser realizados por um técnico em radiologia ou técnico de enfermagem devidamente treinados.

Porém, sua interpretação é restrita a especializados na área do exame, de acordo com as normas do Conselho Federal de Medicina (CFM).

É aí que contar com uma empresa de telemedicina parceira faz a diferença, pois sua equipe pode delegar a emissão de laudos para o time de especialistas online.

Basta compartilhar os registros dos exames via plataforma de telemedicina para que, em seguida, um médico qualificado os avalie e emita o laudo a distância.

Sistemas robustos como o da Telemedicina Morsch viabilizam a entrega de laudos online em minutos, acabando com a espera pelos resultados e apoiando intervenções ágeis em prol da saúde do trabalhador.

Nossos clientes também dispõem do aluguel em comodato, que facilita a aquisição do aparelho de espirometria de maneira econômica.

Ao contratar um pacote de laudos, eles ganham o direito de utilizar dispositivos modernos sem custo adicional, pagando uma única mensalidade.

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Conclusão

Doença relacionada ao trabalho, a silicose deve ser prevenida por meio de medidas efetivas, com destaque para a proteção coletiva e os exames que permitem seu diagnóstico precoce.

Dessa forma, será possível intervir antes que a doença avance e comprometa a estrutura dos pulmões, causando danos irreversíveis.

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Dr. José Aldair Morsch
Dr. José Aldair Morsch
Cardiologista
Médico formado pela FAMED - FURG – Fundação Universidade do Rio Grande – RS em 1993 - CRM RS 20142. Medicina interna e Cardiologista pela PUCRS - RQE 11133. Pós-graduação em Ecocardiografia e Cardiologia Pediátrica pela PUCRS. Linkedin