Eletroencefalograma infantil: o que é, para que serve e como é feito o exame

Tem dúvidas sobre como funciona o eletroencefalograma infantil?
A indicação desse exame para crianças não é tão comum, mas pode ser bastante útil em alguns casos.
É o que acontece na suspeita de epilepsia e outras condições neurológicas, por exemplo.
Mas a condução e o traçado do EEG sofrem alterações de acordo com a idade, tipo de exame e histórico do paciente.
Daí a necessidade de neurologistas, pediatras e outros profissionais de saúde ampliarem seus conhecimentos a respeito desse tema.

Você pode começar lendo este artigo, que traz informações essenciais sobre o EEG pediátrico.
Acompanhe até o final para conhecer também estratégias para otimizar a emissão de laudos médicos desse importante exame.
O que é eletroencefalograma infantil?
Eletroencefalograma infantil é um exame que monitora a atividade elétrica do cérebro em bebês e crianças.
Seja qual for a idade, o cérebro humano funciona através de impulsos elétricos gerados por células nervosas chamadas neurônios.
Esses impulsos são responsáveis pela coordenação das ações realizadas pelo organismo.
Assim, dão ordens a determinados órgãos e sistemas que deverão executá-las.
Apesar de passar por mudanças ao longo da vida – especialmente na infância –, a atividade cerebral normal segue alguns padrões, que são captados e expressos no EEG na forma de traçado.
Para que serve o eletroencefalograma infantil?
O eletroencefalograma infantil serve para detectar anormalidades, apoiando o diagnóstico de transtornos neurológicos e distúrbios da consciência em menores de 12 anos.
A epilepsia, doença representada por perturbações neuronais que podem, ou não, ser acompanhadas de convulsões, é um exemplo de patologia que pode ser identificada com o auxílio do exame.
Nesse caso, a avaliação clínica é fundamental, uma vez que o diagnóstico de epilepsia tem base nos sintomas e histórico do paciente, encontrando suporte no EEG.
Quando realizado em bebês e crianças, o procedimento pode servir para finalidades específicas, como na identificação de atrasos no desenvolvimento neuropsicomotor.
O exame serve ainda para investigar possíveis complicações após quedas e concussões.
O que o eletroencefalograma infantil detecta?
O exame apoia o diagnóstico de condições como:
- Epilepsia e outros tipos de convulsão, que podem não estar relacionados à doença
- Inflamações como a encefalite
- Tumores cerebrais, tanto benignos quanto malignos
- Edemas (inchaços)
- AVC (acidente vascular cerebral)
- Doenças degenerativas
- Atraso no desenvolvimento neuropsicomotor
- Coma
- Morte encefálica.
Na sequência do texto, explico sobre a importância do EEG pediátrico em diferentes fases da infância.

O eeg infantil serve para detectar anormalidades, apoiando o diagnóstico de transtornos neurológicos
Eletroencefalograma infantil: fases e considerações clínicas
Assim como os demais tecidos do corpo, o cérebro passa por fases de desenvolvimento durante os primeiros anos de vida.

Por isso, o traçado do EEG de um recém-nascido, uma criança e um adulto apresentam diferenças, sem que isso implique em patologias.
Para estudar esse traçado, vale considerar os tipos de ondas mentais, determinados pela amplitude e frequência.
Alfa, beta, teta e delta são as principais ondas que aparecem no resultado do exame, e estão relacionadas a padrões ou atividades do cérebro.
Esses padrões podem variar de acordo com a idade do paciente.
EEG neonatal
Realizar o exame em um recém-nascido pede alguns cuidados, como o posicionamento diferenciado dos eletrodos, adequações para que sejam fixados na pele delicada do bebê e redução na frequência aplicada durante o EEG.
Quanto aos resultados, é comum um traçado descontínuo.
Já traçados de baixa amplitude, períodos de inatividade cerebral maiores que 30 segundos e a presença do padrão teta podem indicar mau prognóstico e a existência de doenças neurológicas.
Em adultos saudáveis, ondas teta estão relacionadas à redução na atividade cerebral e normalmente aparecem durante o estado de sonolência.
Além de diferentes modalidades de inflamações no encéfalo, o EEG é fundamental para diagnosticar crises epilépticas neonatais, como apneia (obstrução súbita e rápida da respiração), taquipneia (aceleração no ritmo da respiração), mastigação, dentre outras.
EEG 1 e 12 meses
Como citei acima, existem ritmos específicos da atividade cerebral, conhecidos como ondas mentais.
Uma delas é a onda alfa, que possui uma frequência entre 7 e 13 Hertz (Hz) e só é formada por volta dos 3 anos de idade.
Mas um ritmo precursor da onda alfa começa a ser registrado a partir dos dois meses de idade, quando possui frequência de 3 a 4 Hz, que aumenta para 5 a 7 Hz quando o bebê tem 12 meses.
Outra característica presente até um ano de idade são frequências lentas e predominantes durante o sono (1 a 3 Hz).
EEG 1 a 3 anos
Aos 3 anos, o precursor do ritmo alfa se torna uma onda, chegando a alcançar 8Hz.
Outras ondas comuns no eletroencefalograma – delta e teta – se apresentam com uma frequência baixa, entre 2 e 6 Hz.
Em um adulto saudável, ondas teta têm entre 4 e 7Hz, enquanto as delta, relacionadas ao sono profundo, permanecem entre 4 e 0Hz.
EEG 3 a 6 anos
As ondas presentes no eletroencefalograma continuam amadurecendo.
Ondas alfa podem atingir 8 a 9 Hz quando a criança ultrapassa os 5 anos de idade.
EEG 6 a 12 anos
Crianças em idade escolar também apresentam evolução no ritmo alfa, que alcança de 8 a 12 Hz entre os 12 e 13 anos.
Durante essa etapa, também são estabelecidos os padrões normais para o sono não REM – fase em que o sono não é profundo.

Essas mudanças são essenciais para que sejam desenvolvidos ciclos de sono saudáveis, alternando entre as fases REM (Rapid Eye Movement) e não REM.
O sono REM descreve a etapa mais profunda do sono, caracterizada pelo movimento rápido dos olhos e atividade cerebral intensa.
Quando fazer o eletroencefalograma infantil?
O EEG não é comumente solicitado durante a infância, exceto na presença de alguma anormalidade, sintoma ou ocorrência em que possa ser útil – como em uma avaliação após concussão.
Dentre os fatores que motivam o pedido do exame, vale destacar:
- Crises epilépticas (suspeita de epilepsia)
- Suporte ao diagnóstico de transtornos do espectro autista (TEA), fornecendo dados complementares ao diagnóstico clínico
- Investigação de coma
- Suspeita ou acompanhamento de encefalopatias
- Distúrbios de comportamento
- Confusão aguda
- Dificuldades no aprendizado
- Eventos com alto risco à vida de lactentes.
Continue lendo para entender como é o preparo para o EEG pediátrico.
Preparo para o eletroencefalograma infantil
Existem três tipos de eletroencefalograma: em vigília, sono e com mapeamento cerebral.
Normalmente, o EEG em crianças é feito enquanto elas dormem, pois, assim, elas tendem a se movimentar menos.
Estudos estimam, ainda, que as anormalidades fiquem mais evidentes durante o sono.
Por isso, é útil que a criança vá dormir tarde no dia anterior e acorde cedo na data do exame, a fim de que esteja com sono.
Se ela tirar cochilos durante o dia, os pais podem agendar o EEG próximo a esses períodos.
Outra dica para que o paciente durma naturalmente é deixá-lo confortável, levando brinquedos, paninhos e objetos aos quais a criança tenha apego.
No dia do exame, o paciente deve se apresentar com o couro cabeludo limpo e seco, sem qualquer creme, condicionador ou gel.
Como a atividade cerebral é acelerada na presença de estimulantes, a criança não deve ter ingerido, nas últimas 24 horas, qualquer alimento com cafeína (achocolatados, refrigerantes, café, chá preto, etc.).
Caso o bebê ou criança não durma espontaneamente, pode ser administrado um medicamento para sedação leve.
Um dos sedativos usados em pediatria é o hidrato de cloral.
Como é feito o eletroencefalograma infantil?
Primeiro, são retirados quaisquer itens que possam interferir nos registros do exame, como brincos e tiaras.
O bebê ou criança é deitado em uma maca ou posicionado em uma cadeira de modo confortável.
Já bebês com poucos meses de vida podem fazer o EEG no colo da mãe.
Em seguida, o médico ou técnico de enfermagem posiciona os eletrodos do aparelho de EEG na cabeça do paciente, de acordo com a recomendação do solicitante.
O equipamento de EEG é ligado, colhendo dados e gerando registros da atividade cerebral em forma de traçado.

Se for analógico, o aparelho de eletroencefalograma imprime as linhas em um papel específico.
Se for digital, envia as informações a um computador que contém um software capaz de transformá-las em imagens.
Eletroencefalograma infantil em vigília
Nessa fase, é feito o monitoramento da atividade cerebral com o paciente acordado.
É comum que a criança precise executar alguns comandos, como abrir e fechar os olhos ou respirar rapidamente (manobra de hiperventilação).
Também podem ser utilizados mecanismos para excitar os neurônios, como uma luz piscante (na estimulação intermitente com luz estroboscópica).
Eletroencefalograma infantil em sono
Como o nome sugere, o EEG em sono é realizado enquanto o paciente dorme.
Muitas vezes, o exame completo, conhecido como eletroencefalograma clínico, combina as versões em sono e vigília, a fim de acompanhar os padrões de ondas mentais com a criança acordada, sonolenta e dormindo.
Conforme mencionei acima, algumas estratégias ajudam o paciente pediátrico a adormecer na hora do exame, incluindo privação de sono na noite anterior, amamentação antes do EEG ou uso de um sedativo leve.
Eletroencefalograma infantil com sedação
Falando em sedação, esse recurso é importante não apenas para a criança adormecer, mas também para que se mantenha imóvel durante o eletroencefalograma.
Quando ela se movimenta, pode prejudicar o registro, gerando artefatos no traçado do EEG.
Cabe ao pediatra ou neurologista decidir pelo uso de medicação com efeito sedativo, que deverá ser aplicada logo antes de iniciar o EEG.
Eletroencefalograma infantil com mapeamento cerebral
Basicamente, o EEG com mapeamento cerebral difere dos demais devido à tecnologia empregada para quantificação dos resultados na forma de imagens.
Para isso, os dados sobre ondas mentais são transformados em um mapa com imagens coloridas, permitindo que o médico identifique os locais do cérebro acometidos pelas condições que mencionei nos tópicos anteriores.
Quanto tempo demora o eletroencefalograma infantil?
O eletroencefalograma infantil geralmente dura entre 20 e 40 minutos.
Porém, em casos mais específicos, dependendo da suspeita clínica, indicação de EEG em sono e vigília, além da colaboração da criança, o exame pode durar de algumas horas a dias.
Em bebês e crianças pequenas, pode ser preciso estimular o sono para captar atividades específicas, o que pode estender a duração.
Também influenciam fatores como a preparação para a colocação dos eletrodos, a tolerância da criança ao exame e possíveis repetições para garantir a qualidade dos sinais.
Contraindicação do eletroencefalograma infantil
O EEG não usa qualquer tipo de radiação, é indolor, não invasivo e seguro.
Portanto, contraindicações são bastante incomuns e costumam estar relacionadas ao gel condutor de eletricidade utilizado para fixar os eletrodos no couro cabeludo do paciente.
Caso a criança tenha alergias ou lesões na pele, os pais devem consultar o pediatra para que ele avalie se o paciente está apto a fazer o eletroencefalograma.

Também é imprescindível informar se a criança tem alergia a algum medicamento, pois pode ser necessária uma leve sedação para registro do EEG em sono.
Pacientes com grandes ferimentos no couro cabeludo, grandes queimados ou portadores de placas metálicas para compor a caixa craniana também terão muita dificuldade na realização do exame de EEG, e o médico deverá analisar cada caso.
Crianças com epilepsia podem sofrer convulsões durante o exame, mas serão rapidamente atendidas por médicos ou equipes de emergência na clínica ou hospital.
Vantagens do eletroencefalograma infantil
A vantagem mais evidente é a identificação precoce de doenças como epilepsia, inflamações e inchaço no cérebro.
No entanto, o eletroencefalograma infantil tem um papel importante no apoio ao diagnóstico de atrasos no desenvolvimento e outros problemas restritos às crianças.
Isso porque o exame é uma forma não invasiva, segura e indolor de obter registros das atividades cerebrais, comparando-as aos padrões esperados em cada idade.
No caso dos bebês, o EEG ganha ainda mais relevância, dando indícios de sintomas que eles não conseguem expressar.
Um exemplo é a apneia do sono que, se não observada e tratada rapidamente, pode interromper a respiração por alguns minutos, levando à morte da criança.
Resultados do EEG Infantil
Expressa no laudo médico, a conclusão vai apontar um laudo de eletroencefalograma normal ou alterado, justificando qual a anormalidade identificada.
É importante ter em mente que a simples análise do EEG não significa que o paciente apresenta ou não uma doença.
Sua função é apoiar o diagnóstico, confirmando ou afastando a hipótese diagnóstica.
Entretanto, resultados normais estão atrelados a melhores prognósticos, como explico a seguir.
Eletroencefalograma infantil normal
O resultado normal é constatado quando o traçado do EEG segue os padrões esperados para a idade e condições de saúde do bebê ou criança.
Geralmente, são detectados os ritmos alfa, beta, teta e delta em frequências dentro dos padrões de normalidade.
Eletroencefalograma infantil alterado
Já o resultado alterado indica que houve anormalidades na frequência e/ou amplitude das ondas mentais.
Essas alterações podem ser sinalizadas por picos de onda, que são relacionados a eventos como convulsões, lesões e AVC.
O aparecimento de ritmos fora do normal para a idade do paciente pode indicar problemas em seu desenvolvimento neurológico.
Exemplo de laudo de EEG infantil
- Características técnicas do exame:
Eletroencefalograma digital, realizado durante a vigília, em condições técnicas satisfatórias.
- Descrição dos achados:
Ritmo dominante alfa, 09 Hz, posterior, contínuo, irradiando-se para as regiões centrais, bem modulado em amplitude e em frequência, sincrônico, simétrico, sinusoidal e organizado.
Ritmo beta presente na frequência de 18 a 25 Hz, baixa amplitude, simétrico.
Durante o decorrer do exame e com manobras de ativação realizadas como olhos abertos, olhos fechados, hiperventilação e fotoestímulo intermitente, não alteraram o traçado ou precipitaram descargas epileptiformes, não registrando com isso, grafoelementos patológicos.
- Conclusão sobre o EEG infantil:
Eletroencefalograma dentro dos limites da normalidade para a faixa etária na presente data.

O EEG não é comumente solicitado durante a infância, exceto na presença de alguma anormalidade
Qual clínica faz eletroencefalograma infantil?
O EEG infantil pode ser encontrado em estabelecimentos como:
- Clínicas de exames que atendem a especialidade pediatria
- Clínica neurológica
- Clínica pediátrica
- Hospital pediátrico.
Esses locais podem se beneficiar da telemedicina com o laudo a distância, que permite a ampliação do portfólio de exames sem grandes investimentos.
Vantagens da emissão de laudos a distância na neurologia
Segundo as exigências do Conselho Federal de Medicina, o EEG pode ser conduzido por um técnico de enfermagem treinado.
Porém, o exame só pode ser interpretado por médicos neurofisiologistas clínicos (eletroencefalografistas).
Essa avaliação envolve amplo conhecimento técnico e, no caso do EEG infantil, informações sobre as mudanças nos padrões observadas em diferentes idades.
O problema é que nem sempre há especialistas disponíveis em locais remotos, o que dificulta o acesso da população a resultados confiáveis e rápidos.
Mas esse cenário pode mudar com a contratação do serviço de laudos online.
Criado por empresas de telemedicina, ele possibilita a emissão de laudos remotamente, evitando que pacientes precisem percorrer longas distâncias até os grandes centros urbanos.
As unidades de saúde também ganham força, com laudos disponíveis de forma ágil e segura.
Basta que um técnico em enfermagem ou médico realize o eletroencefalograma com um equipamento digital.
Os registros serão enviados ao computador, de onde são compartilhados imediatamente através da plataforma de telemedicina.
Uma vez lá disponíveis, os dados são acessados mediante login e senha por especialistas qualificados, que os avaliam e produzem o laudo digital.
Por manter um time de especialistas sempre a postos, a Telemedicina Morsch entrega o documento em até 30 minutos, enquanto casos urgentes são acompanhados em tempo real.
Assim, há redução na espera pelos exames, deixando profissionais de saúde e pacientes satisfeitos.
Comodato de aparelho de eletroencefalograma
Clínicas e hospitais que não possuem o aparelho de EEG também podem oferecer o exame para pacientes adultos ou pediátricos.
Basta aderir ao comodato de equipamentos médicos, disponível para clientes que contratam pacotes de laudos online.
Ao assinar o contrato, o cliente ganha o direito de usar dispositivos modernos sem custo adicional, pagando somente a mensalidade pelo telediagnóstico.
O serviço dura enquanto se estender a parceria, incluindo suporte e manutenção, bem como a substituição de equipamentos com problemas de funcionamento.

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Conclusão
Abordei, neste artigo, indicações e peculiaridades na realização do eletroencefalograma infantil.
Ficou clara a necessidade de contar com especialistas qualificados para laudar esses exames, o que se torna acessível por meio de parceria com a Telemedicina Morsch.
Entre em contato para saber mais sobre o serviço de teleneurologia.
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